Blog do Pedro Hauck: De Che Guevara no Popocatéptl, a Rudel no Llullallaico

20 de outubro de 2020

De Che Guevara no Popocatéptl, a Rudel no Llullallaico

Algumas semanas atrás, me dediquei a escrever dois artigos curiosos sobre montanhismo. O primeiro deles, intitulado "Antes da revolução cubana, Che Guevara se dedicou ao montanhismo", conta uma história que descobri recentemente que afirma que o médico e guerrilheiro argentino logrou escalar a segunda montanha mais alta do México, o Popocatéptl, que tem 5420 metros de altitude. 


Che Guevara no Popocatéptl
Che Guevara no Popocatéptl

Este grande vulcão apresenta uma grande beleza cênica e junto com o Pico Orizaba e outras montanhas mexicanas, sonho um dia escalar. Já havia ouvido falar que Che havia tentado escalar o Popocatéptl, mas sem sucesso. No entanto, me deparei com uma matéria de um site argentino que resgatou a história da tentativa bem sucedida de cume que aconteceu no dia 12 de outubro de 1955.

Fui massacrado e  sofri cancelamento por escrever uma matéria de curiosidade sobre Che Guevara que é ícone da esquerda. No entanto, decidi não responder nenhum comentário e nem mensagens que me foi enviada. Já que no próprio texto não há nenhuma menção à ideologia de esquerda, tão pouco o foco não é relacionado a nenhum episódio político envolvendo o revolucionário, que na época ainda era um médico argentino que morava na cidade do México. 

Rudel no Llullallaico

Poucos dias depois, escrevi um segundo texto: "Hans Ulrich Rudel, piloto da Luftwaffe e montanhista que encontrou ruínas incas nos Andes". Em comum com o primeiro texto, é uma história de um homem que lutou numa guerra defendendo um lado que ocasionou coisas horríveis. Neste caso, o nazismo. Rudel foi julgado, mas absolvido por crimes de guerra. No entanto, mesmo tendo se livrado da pena de morte, ele ajudou na fuga de um dos maiores criminosos do holocausto, o médio alemão Josef Mengele, que veio a morrer no Brasil. Condenável? Com certeza, mas o artigo não focou nesta faceta do nazista escalador que realizou seus feitos sem uma das pernas, amputada na guerra. O texto novamente era uma curiosidade histórica sobre um personagem da direita e não uma doutrinação nazista e como esperado ninguém me criticou, se ofendeu ou se revoltou por isso.

Abaixo deixo a foto de Czeslawa Kwoka, 14 anos, uma criança. Ela foi executada em Auschwitz em 18 de fevereiro de 1943, injetaram-lhe fenol, direto no coração. Pouco antes de sua execução, ela foi fotografada por um companheiro de prisão, Whilem Brasse. (Ele mais tarde testemunhou contra o carrasco de Kwoka.) Czeslalawa, apavorada e espancada, não falava a língua de seus carrascos e havia perdido sua mãe apenas alguns dias antes. Ela é uma das cerca de 250.000 crianças executadas em Auschwitz-Birkenau, de Josef Mengele, que graças a seu amigo Hans Ulrich Rudel que usou de seu prestigio com políticos argentinos e paraguaios para se esconder no Brasil. Mengele faleceu por motivos naturais sem nunca ter sido julgado por seus crimes em nosso país em 1979.


Minha pergunta: Por que a revolta contra o texto de Guevara e um silêncio total em relação à história de Rudel e Mengele?


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