Blog do Pedro Hauck: 2009

29 de dezembro de 2009

AltaMontanha de cara nova!



 O Portal AltaMontanha.com, que diariamente publica notícias do mundo do montanhismo e da escalada, está de cara nova

A mudança de visual há muito já era desejada pelos administradores do site, e começou a ser realizada ainda no mês de agosto. Houve uma grande reformulação no visual do site.

O novo lay out engloba as últimas tendências do mundo virtual, traduzidas em uma página com cores mais neutras, ideal para um site dinâmico como o AltaMontanha.com. Foram muitas as modificações, desde a mudança do Menu, que saiu da lateral esquerda da página e foi realocado logo abaixo da topo, até do código fonte, que agora é construído com uma linguagem moderna, adaptado aos melhores e mais novos navegadores.

Porém as inovações não devem para por aí. É esperado para junho do ano que vem, uma reformulação maior ainda, com a introdução de um novo e sofisticado sistema, que permitirá maior integração entre o usuário e o Portal.

É com esse novo e moderno visual que o AltaMontanha.com deseja um feliz 2010 à todos os seus leitores, e que o ano vindouro, seja o ano das melhores notícias para o montanhismo brasileiro e mundial!

26 de dezembro de 2009

Retrospectiva da montanha 2009



Publiquei no AltaMontanha uma retrospectiva daquilo que aconteceu de mais importante em 2009.

Este foi um ano de muitos acontecimentos para a escalada e montanhismo brasileiro, aí vão alguns dados:
Tivemos 36 etapas de campeonatos, 18 festivais e 18 seminários/encontros. Fora isso, em 2009 tivemos a cadena do boulder mais dificil e a via mais dificil escalada por brasileiros até agora. Tivemos um record de pessoas escalando uma montanha de 8 mil metros, ascensões inéditas nos Andes (protagonizada por mim) e muitos outros acontecimentos culturais e esportivos importantes do mundo da montanha.

Eu como nunca trabalhei como louco no AltaMontanha. Excetuando o tempo que fiquei na Bolívia escalando, todos os dias contribui com matérias, pesquisas e reflexões sobre nosso meio, alguns deles de acontecimentos negativos, como as proibições cada vez mais frequentes e que ameaçam o montanhismo livre.

Não vou repetir tudo o que falei em 2009, pois senão vou escrever um livro. O resumo do ano, no entanto, está na matéria colocada no link abaixo. Clique lá e relembre os principais fatos e acontecimentos que marcaram 2009 no montanhismo/escalada de 2009:

25 de dezembro de 2009

Pra quem tb não gosta de Natal....

Eu não gosto de Natal há muito tempo. Na real gostava bastante quando era criança e ganhava presente, mas logo fui percebendo que a data serve apenas pra "aquecer" a economia e vender aquilo que não se conseguiu durante o ano. Vou deixar um video hilário do Marxzini tirando um sarro dos rappers e fazendo uma sátira bem leve ao espírito de Natal que importamos dos Estados Unidos...

Abaixo, vou reproduzir um texto extraído do blog Classe Média Way of life! É hilário, vale a pena ler...




Não adianta tentar fugir: para ser médio-classista, é estritamente necessário gostar do Natal.

O Natal é uma festa que acontece todo final de ano, onde as pessoas louvam um deus sempre retratado de barba, que veio do céu para trazer à humanidade o que realmente importa nesta vida. Trata-se do Papai Noel, carregado com um saco bem grande de bens de consumo. O Papai Noel é uma divindade muito louvada pelos médio-classistas, um personagem criado pela indústria de refrigerantes como o símbolo da festa mais importante para a Classe Média: a época das compras de Natal.

Apesar de ser uma importante e apreciada época festiva, as origens do Natal, tal como hoje é conhecido, não são bem claras. Algumas correntes científicas defendem que a data era utilizada, em tempos remotos, para festejar o nascimento de Jesus, ícone das religiões cristãs. Esta teoria, no entanto, enfrenta forte combate quando exposta ao fato de que sua comemoração ocorre no dia 25 dezembro, contrariando a lógica pela qual o calendário ocidental moderno se utiliza do nascimento do mesmo personagem como marco zero, o que, por dedução, só estaria correto se o mesmo nascesse no dia primeiro de janeiro. A contra-argumentação dos estudiosos que ligam o Natal a Jesus apresenta duas versões para resolver o imbróglio: ou ele nasceu prematuro de 7 dias, ou ele só foi registrado no cartório 7 dias depois, porque os pais moravam na roça e naquela época era penoso e demorado chegar à cidade no lombo de um burro. Ainda não há consenso na comunidade científica sobre o assunto.

O Natal também é a época da afirmação dos verdadeiros valores da Classe Média, e isto ela faz com demasiado talento. No afã de deixar claro que ter nascido no Brasil foi apenas um acidente de locação geográfica, os médio-classistas se esforçam para compartilhar do mesmo tipo de festividades que os grandes irmãos do hemisfério norte, também conhecidos como "mundo civilizado". Abre-se mão do mundialmente invejado clima tropical, que proporciona, por exemplo, noites de agradável temperatura, preferindo ambientar suas comemorações em uma emulação do inóspito clima de nevasca. Em pleno calor causticante de verão, nossos shoppings se cobrem de neve de espuma e isopor. Velhos gordinhos, coitados, são fantasiados de Papai Noel, enfiados em vestimentas, luvas e botas inclusive, desenvolvidas originalmente para que esquimós consigam atravessar vastíssimos desertos de gelo em busca de focas gordas.

A tortura se completa com milhares de lâmpadas incandescentes, para tornar o ambiente já quente em uma verdadeira chocadeira, e claro, horas a fio de música instrumental das famigeradas harpas natalinas. Haja saco, hein Papai Noel!

HOHOHOHO!

22 de dezembro de 2009

O que fez a Casa de Pedra fechar?




O título desta postagem é uma pergunta que também poderia ser expressa da seguinte maneira: Por que a escalada em São Paulo não deu certo?

Para muitos esta pergunta parece estranha, pois a cidade de São Paulo tem os melhores escaladores do país e isso eu não nego. O problema é que em São Paulo, passado a moda da década de 90, a escalada não se estabilizou como uma cultura.

Eu sou paulista e comecei a escalar, sobretudo, pelas facilidades que a moda da escalada proporciou aos principiantes no final da década de 90. Entretanto de 2004 pra cá a escalada decaiu muito!

Quando me mudei para Curitiba, em 2007, percebi que esta decadência só exisitia em São Paulo e descobri que no Paraná e em todo o Sul, a escalada e montanhismo era algo muito tradicional e antigo e que São Paulo era um lugar secundário neste cenário nacional.

Entretanto como o Brasil é paulicêntrico, eu tinha a impressão que antes da década de 90 não existia a escalada no país, afinal, só quando ela se tornou "moda" em São Paulo é que se tornou evidente e os meios de comunicação sempre exploraram a escalada e montanhismo de forma superficial e nunca tinha tido acesso à rica cultura do montanhismo que existe há muito tempo tanto no Sul, quanto no Rio.

Em Minas a escalada e montanhismo também é recente e como em São Paulo, explodiu após a década de 90. Mas diferente de SP, em Minas ela se perpetuou e se recriou. Hoje só em Belo Horizonte há o mesmo número de ginásios de escalada que todo o Estado de São Paulo junto, após o fechamento da Casa de Pedra do Morumbi.


Então por que em São Paulo a escalada não foi pra frente?

Na minha opinião isso aconteceu por conta da cultura do paulistano, uma cultura que é conflitiva com a cultura do montanhismo.

A escalada foi na década de 90 um objeto de consumo, uma moda, que como toda moda em SP tem vida curta.

Durante a moda, o paulistano consome, mesmo que isso custe caro. Vários parasitas se aproveitaram, sugaram todo o dinheiro e depois que a escalada passou a não ter a pompa que tinha antes, estas pessoas e empresas sumiram.... Em São Paulo a escalada foi mais praticada por publicitários, do que por montanhistas e este foi o motivo para a decadência da atividade na capital ao ponto que já não há mais uma equação que permita que uma Casa de Pedra fique aberta.

No fundo, montanhismo e escalada não dá dinheiro. Estas são atividades difíceis que requer muita coragem, bom condicionamento físico e acesso à meios naturais. Eu não estou dizendo que ginásios são aberrações, pelo contrário, é o melhor meio para uma pessoa se tornar um bom montanhista, mas pra isso acontecer, ela deve assimilar a cultura do montanhismo.

O que houve foi que as pessoas não assimilaram esta cultura. Trocaram os fins pelos meios e quando a moda passou, os holofotes se apagaram, elas deixaram o montanhismo de lado.... Onde elas estão hoje? Ora, veja as atividades de "aventura" que estão atualmente na moda e tire suas conclusões...

Por fim, é até bom o fim da moda da escalada, mas é terrível suas consequências, pois infelizmente foi a grande quantidade de pessoas escalando que manteve aquecido as  vendas nas lojas e o funcionamento dos ginásios. Isso era bom, pois foi através deste dinheiro que locais como a Casa de Pedra foram criados. Mas só amor pela escalada não mantém grandes estruturas abertas e por fim a escalada como um todo saiu perdendo...

Não deixe de ler o artigo completo que escrevi sobre a temática em minha coluna no site AltaMontanha: Fechamento da Casa de Pedra e o cenário dos Ginásios no Brasil

20 de dezembro de 2009

Carta do Chefe Seatle: Primeira declaração ecológica




Em 1854, "O Grande Chefe Branco" em Washington fez uma oferta por uma grande área de território indígena e prometeu uma "reserva" para os índios.

A resposta do Chefe Seattle, aqui reproduzida na íntegra, tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas sobre o meio-ambiente, é considerada a primeira declaração ecológica:

“Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A idéia é estranha para nós.
Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?
Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.
Somos parte da Terra e ela é parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos.
Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei,  e o homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós.
O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra.
Mas não vai ser fácil.
Pois esta terra é sagrada para nós.
A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais.
Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais.
Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo.
O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.
Os rios nossos irmãos saciam nossa sede.
Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês,  e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo carinho que têm para com seus irmãos.
Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras.
Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa.
A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence,  segue em frente.
Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa.
Ele seqüestra a Terra de seus filhos, e não se importa.
O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos.
Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes.
Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto.
Não sei.
Nossas maneiras são diferentes das suas.
A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho.
Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.
Não existe lugar tranqüilo nas cidades do homem branco.
Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto.
Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo.
A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.
E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário
de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa.
Sou um homem vermelho e não entendo.
O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem,  todos compartilham o mesmo hálito.
O homem branco parece não perceber o ar que respira.
Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada,  como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.
Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.
Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não entendo de outra forma.
Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava.
Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.
O que é o homem sem os animais?
Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito.
Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem.
Todas as coisas estão ligadas.
Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós.
Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra
é rica com as vidas de nossos parentes.
Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos,  que a Terra é nossa mãe.
Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra.
Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.
Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra.
Isto nós sabemos.
Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Todas as coisas estão ligadas.
Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra.
O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela.
O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.
Podemos ser irmãos, afinal de contas.
Veremos.
De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo.
Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco.
A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo por seu criador.
Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.
Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade,  queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho.
Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando os búfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista
das montanhas maduras manchadas por fios que falam.
Onde está o bosque?
Acabou.
Onde está a águia?
Acabou.
O fim da vida e o começo da sobrevivência.”

 Extraído de:

Troppmair, H. Biogeografia & Meio Ambiente. edição do autor. Rio Claro 2002.

18 de dezembro de 2009

Choveu? então vamos pra Kaverninha...




Eu fiquei muito tempo no interior de São Paulo e perdi muita forma e resistencia na escalada. Estive aproveitando estes dias para escalar na região de Curitiba e levei uma surra de vias que eu escalava com maior facilidade.

O Bom de Curitiba é que tem muito lugar pra escalar e as vias são alucinantes, mas o ruim é que aqui chove muito!

Pois bem, a sequência de dias bons acabou hoje e na chuva não restou outra opção senão queimar o braço numa academia da cidade (são 3!).

Hoje eu fui escalar na Kaverna, o novo ginásio de Curitiba que fica ao lado de casa. Este ginásio só tem boulder, que é algo que não me dou bem, mas treinando dá pra encarar.

Não fiz nada demais, apenas queimei um pouco de dedos de braços. Vou deixar umas fotos deste ginásio novo pra vc's conhecerem, ele é muito interessante, com um espaço bem aproveitado e bem econômico também! A diária custa 8 reais e a mensal apenas 40!

Uma pena que estou mais por São Paulo do que por aqui, senão eu iria lá todos os dias...










14 de dezembro de 2009

Catarinense de escalada




Neste fim de semana aconteceu a útlima etapa do Catarinese de escalada. Não posso deixar de dizer que é uma satisfação enorme poder ir assistir este campeonato. Primeiro por que as catarinenses são as mulheres mais gatas do Brasil e isso não é diferente na escalada (hehehe), depois porque Santa Catarina tem uma escalada de excelente nível.

Lá, os campeonatos tem várias etapas e todas são realizadas em cidades diferentes, distinto dos demais estados que só fazem campeonatos em suas capitais (bom, no Rio só tem em Niterói), mas enfim, isso mostra como em SC, há escaladores em todos os locais e que eles são comprometidos com a escalada, já que viajam pra competir e ainda aproveitam pra escalar na rocha no dia seguinte e conhecer seus locais de escalada.

Não posso também de deixar de fazer um elogio à atuação do Márcio dentro da recém criada FEMESC. Ele é muito mais do que só presidente, participa de campeonatos (tá certo que não ganha, mas lá em SC, isso é dificil mesmo!), é route setter, juiz e tudo isso pra um cara que gosta mesmo é de montanhismo!

O que também não pode ser esquecido é a atuação da Associação Pé na Agarra, que foi fundada há 10 anos atrás por Eleandro Pauli e Bruno Bruneli e que sem muito dinheiro e com muita vontade, ensinaram vários escaladores excelente a escalar. Hoje, estes meninos, Jonas, Jürgen, Andreas, Rodrigo, Victor são destaques do Juvenil. Aliás, o Andreas "Francês" tá ficando tão famoso que tem até uma imitação dele em Campo Alegre, o "Frances baiano"....

Enfim, deixo aqui o albúm de fotos deste campeonato muito legal! Em 2010 haverá até brasileiro de boulder em Campo Alegre e eu estarei lá!

Veja mais:

Ranking 2009 e fotos da etapa joinvilense do catarinense de escalada
Confirma como foi a Etapa Final do Catarinense de escalada
Muita vontade e muito apoio, mesmo com pouco dinheiro



11 de dezembro de 2009

O dia internacional das Montanhas no O Eco


Serra da Mantiqueira, vista da Pedra da Mina

O dia 11 de Dezembro foi considerado pelo ONU como o dia internacional das Montanhas, e os montanhistas será que eles tem o reconhecimentos de importantes instituições mundiais?

Veja que apesar de haver, ao menos, o reconhecimentos dos ambientes montanhosos como importantes locais para a manutenção do equilibrio e da vida na terra, as pessoas que trilham e conhecem bem estes ambientes sofre muito para conseguir ter o direito de continuar subindo montanhas.

É o caso do Brasil, onde há um grande embate entre montanhistas e órgãos ambientais, tudo por conta do conceito do governo de "Preservação" que vê a impossibilidade da presença humana em ambientes naturais, principalmente para interagir com ele e não apenas contemplar.

Leia a matéria do conceituado site O Eco, onde eu dou minha contribuição sobre o assunto:

É difícil alcançar o topo

10 de dezembro de 2009

E se o mundo estivesse esfriando?

Nessa semana fomos alarmados novamente que nesta última década tivemos as mais altas temperaturas dos últimos 160 anos. Nisso não há nenhuma novidade.

Somos diariamente bombardeados com dados sobre as mudanças climáticas globais. Mas no altamontanha fiz diferente: Resolvi esfriar o clima pra ver como fica...

Não que eu queira ser um "do contra" e nem que eu queira mostrar que o contrário, os resultados serão o oposto, pois a dinâmica do clima é muito complexa.

No final o que eu quero dizer com minha contramão é que para evitar grande tragédias, basta sermos um pouco mais humanos e evitar coisas inúteis... Mas o que o montanhismo tem a ver com tudo isso???

Veja a matéria completa aqui!



7 de dezembro de 2009

Montanhismo no vestibular

Quem foi que disse que montanhismo não é cultura? Pois bem, que lê o AltaMontanha terá boas chances de passar em medicina na Unifesp? Tá duvidando, então veja a pergunta que caiu no Vestibular da UEPB.



Não sabe a respota? então entra na seção técnica do AltaMontanha e estude um pouco...

 A dica e a prova nos foi concedida gentilmente pelo Ítalo de Campina Grande.

3 de dezembro de 2009

Novo Site do AltaMontanha, Rumos: Navegação em Montanhas

Alguns anos atrás, eu e o Maximo estávamos perdidos na Bolívia. Tínhamos recentemente descido do Illimani, fugido de uma tormenta terrível. Já faziam 10 horas que estávamos caminhando e queríamos chegar numa vila chamada Quillihuaya, onde havia um transporte para La Paz. Só havia um problema, eu não sabia onde ficava Quillihuaya.

Chegamos em um cruzamento de estrada e fiquei sem saber para onde ir, até que apareceu um índio e perguntamos a ele onde ficava Quillihuaya. Ele não respondeu nada...

Apontei para a direita e perguntei:

_ Quillihuaya é pra lá?

Rápidamente o índio me falou num aymaránhol

_ Sí

Pra confirmar apontei para o lado oposto e perguntei denovo:

_ Mas me disseram que era por ali?!

Ele respondeu denovo:

_ Sí

Fiquei pasmo. Já estava cansado, com bolhas nos pés. A única coisa que eu queria era chegar em La Paz e comer algo gostoso. Perguntei denovo para o índio:

_ Afinal, onde fica Quillihuaya?

Ele não demorou em dizer:

_ Ahycitos no más!

Ahycitos é para os bolivianos a mesma coisa que para os mineiros é "pertin", "logoli sô". Mas para nós é a mesma coisa que "vai toda a vida"... Este ahycitos me perseguiu durante muitas outras vezes na Bolívia, isso porque na maior parte das montanhas de lá, e da América do Sul, as pessoas não dão informações para os montanhistas, aliás, dão, se vc não pagar bem.

Agora este problema acabou. Estamos liberando um segredo guardado a 7 chaves por guias e agências de  montanhismo. Ninguém mais vai sofrer pela falta de informação, chegou o site Rumos: Navegação em montanhas.





1 de dezembro de 2009

Matéria na Aventura & Ação. Não percam!!!

Oi Pessoal, passei aqui só para divulgar a matéria que saiu na Revista Aventura & Ação deste mês.


A revista já está nas bancas, ficou muito legal!!



29 de novembro de 2009

Fotos do Campeonato Brasileiro de Escalada

No sábado, dia 28 de novembro, aconteceu a última etapa do Campeonato Brasileiro de 2009.

Eu estive lá pra prestigiar e fotografar o evento deste que é o campeonato mais importante da escalada brasileira, mas que nem todos dão seu devido valor.

Mesmo tendo menos participantes e público que eu achava que ia encontrar, o campeonato foi bom, valeu a pena ficar o dia inteiro na Casa da Pedra, pois assistir um campeonato de escalada é muito legal!

Só lembrando, em 2009 comemoramos 20 anos de competições de escalada no Brasil! Leia as matérias sobre o campeonato que escrevi para o AltaMontanha na íntegra:

Cesinha e Janine são campeões brasileiros de escalada 2009
Resultado da Etapa Paulista e do Ranking brasileiro de Escalada Esportiva 2009



26 de novembro de 2009

No Irã não tem só presidente maluco, tem tb muita escalada!


Farnoosh Asadpoor escalando o Sabalan, no Irã. Ela escreveu alguns textos que mostram como é o montanhismo em seu país, o Irã. Veja no Altamontanha.com


A vinda de Mahmoud Ahmadinejad, com suas idéias nazistas, para a América do Sul trouxe muita polêmica, mas colocou seu país, o Irã, em destaque na mídia nacional.

Muitos pensam que o Irã é um país onde apenas existem Aiatolás e fanáticos xiitas. Isso tem mesmo, mas não só isso não! Apesar da liberdade ser controlada, fato comprovado pelas eleições deste ano, o Irã é um país que tem um lado moderno e também uma paisagem maravilhosa, repleta de montanha.

O Irã é talvez o país islâmico com a cultura de montanhismo mais desenvolvida. Eles tem clubes, bons escaladores de rocha e muitos montanhistas de altitude. O país favorece este desenvolvimento, pois ele é quase todo montanhoso e ainda fica perto do Himalaia.

Nem todos os iranianos são religiosos ou radicais. No ano passado, um escalador iraniano escalou uma montanha no Himalaia com o Eyal, amigo israelense de meu parceiro de montanha, Maximo Kausch. Ambos tiraram uma foto no cume com a bandeira de seus respectivos países, mas o escalador iraniano, que não vou citar o nome aqui, pediu para nunca divulgar esta foto, pois ele teme que no Irã alguém persiga ele por ter escalado com um israelense. Foda, mas real....

No começo do ano eu conversei com Farnoosh Asapoor, uma iraniana que mora na Índia e ela me contou um pouco de como é o montanhismo em seu país. Não deixe de ler!

Especial: O montanhismo no Irã - Parte I
Especial: O montanhismo no Irã - Parte II

23 de novembro de 2009

Maximo e Isabel escalando tudo na Argentina


Maximo e Isabel no cume do Tolosa, ao fundo se vê a face Sul do Aconcagua



Era pra eu estar nessa, mas não deu, pois infelizmente minha realiadade é que eu preciso arranjar um emprego.

Acabei dando um cano no Maximo e na Isabel, mas fico feliz que eles estão podendo escalar sem terem um meio de transporte, pois eles não tem carro e nem carteira de motorista.

Neste meio tempo desde que voltamos pra Bolívia, o Maximo com a Isabel abriram uma nova rota no Cerro Vallecitos, fizemos uma nova variante na Super Canaleta do Rincón, tentaram sem sucesso escalar a face Sul do Cerro Plata e agora escalaram uma das montanhas mais difíceis da região do Aconcagua, onde poucos vão e que inclusive não tem registro de uma ascensão pela rota que eles subiram, sendo que possivelmente é uma nova rota na montanha.

Para quem quiser ver o relato e as fotos desta nova conquista, veja o Site GentedeMontanha.

19 de novembro de 2009

Uma verdadeira "verdade incoveniente"


Eliseu conquistando mais uma via na Pedra da Divisa, São Bento do Sapucaí - SP. Impacto para os eco xiitas, mas uma solução para a preservação das montanhas brasileiras para mim.


O artigo "O Mito Moderno da Natureza Intocada", publicado por mim nesta semana no site Altamontanha.com, foi uma readaptação de um texto que eu escrevi em 2004 para o antigo site GentedeMontanha, que antes recebia o nome de "O mínimo impacto na escalada", mas que não teve muita divulgação na época.

Cinco anos se passaram desde que publiquei o original e salvo algumas modificações, o texto é quase o mesmo, com a diferença que neste tempo adquiri mais experiência e hoje acredito com muito mais embasamento no que estou dizendo.

Do dia que eu publiquei o artigo até agora (2 dias), 4600 pessoas acessaram o site Altamontanha de acordo com o Google Analytics. Tal estatística é de acesso único, realizado pela contagem a partir do IP da computador da pessoa, ou seja, se ela acessou várias vezes conta apenas como uma.

Tal artigo foi amplamente divulgado (e lido) em listas de discussão sobre montanhismo, mas excetuando o Parofes, ninguém fez nenhum comentário. Embora seja um assunto que esteja correndo nas mesmas listas sob outros títulos e sob outros pontos de vista,  ninguém comenta esta verdade incoveniente de que muito do ecológicamente correto não é socialmente responsável e só é bom para ONG's e pessoas que se valem pelo marketing verde para ganhar popularidade e por não dizer, outros favorecimentos.

Sei que no montanhismo as pessoas têm alta escolaridade e bom nível social. Não podemos culpar a falta de interesse em comentar ou se manifestar contra ou a favor destas idéias por uma limitação intelectual. Mas então por que as pessoas fogem do assunto? Seria este a verdadeira "verdade incoveniente", parafraseando o badalado e ecológicamente correto documentário de Al Gore?

Eu acho que sim!



18 de novembro de 2009

O Mito Moderno da Natureza Intocada e o Montanhismo.


O cerrado em chamas no século XIX. Gravura de Carl Friedrich Von Martius



O paradigma de Antonio Carlos Diegues trouxe a discussão para as ciências humanas dos efeitos da preservação forçada para as chamadas Populações Tradicionais, que são pessoas que não vivem nas cidades e para quem não faz sentido o conceito de impacto ambiental e muito menos a necessidade da preservação da natureza. São pessoas que não têm a cultura do consumismo e nem de acumulação, entretanto são eles os que mais sofrem com as conseqüências das intervenções preservacionista que, de certa forma, privilegiam quem está longe dos espaços naturais e que compram estas idéias por modismo e também por uma idéia simplista sobre preservação, onde o meio ambiente teria que estar livre da atuação humana, mesmo que tenha que ser artificialmente protegido de nós mesmo, apenas para gerar uma contemplação momentânea da população urbana que precisaria de um refúgio espiritual num ambiente maqueado de selvagem, dentre outras interpretações estéticas que não são reais. O que estas idéias têm a ver com os problemas do montanhismo?


Para enteder veja:  coluna no site Altamontanha.com

17 de novembro de 2009

Pacotão de dicas sobre o Aconcágua.


Eu, com vinte anos de idade, no cume do Aconcagua, sem mulas, em 2002.


Hoje eu postei uma matéria especial no site altamontanha.com sobre o Aconcágua.

São dicas sobre tudo, aclimatação, equipamentos, enfim, há muitíssimas informação que servem não somente para o Aconcagua, mas sim para qualquer montanha de altitude.

Quem está com planos de ir para lá não deixe de ler estes dicas.

Aconcágua: Um desafio ao alcance de (quase) todos

16 de novembro de 2009

Ciriricando (Graciosamente) a Serra do Mar

A segunda placa do Ciririca ao fundo e em primeiro plano um Ipê anão florido. Serra do Ibitiraquire - Novembro de 2009.

Cumprido o prometido, o relato completo da Travessia Ciririca - Graciosa, está no ar no GentedeMontanha.com. Veja o Resumo:

Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre travessias serranas. Se você acha Petrô-Terê ou Serra Fina difícil, tá na hora de rever conceitos... Muito longe das tradicionais e badaladas travessias do Sudeste, a Travessia Ciririca - Graciosa, na Serra do Mar paranaense, resgata o melhor estilo do montanhismo brasileiro: Mato, campo, frio, calor, solidão e aventura em um lugar onde poucos conseguem ir.

Veja o relato completo



12 de novembro de 2009

Elcio Douglas Ferreira, o cara!


Elcio no cume do Aconcagua de camiseta, só ele mesmo!!!!

Elcio é um mito vivo do montanhismo no Paraná, mas fora de lá ele é pouco conhecido, talvez porque ele seja uma pessoa discreta ou porque ele nunca subiu montanha fora do Paraná, Santa Catarina embora já tenha realizado feitos notáveis nos Andes.

Ele já foi escalador, chegou a escalar 7c, mas parou pois gosta mesmo é de caminhar e se tornou um caminhante de nossas serras como ninguém.

Na década de 1990 ele foi o responsável pela abertura da primeira travessia Ciririca Graciosa, que é outro mito no Paraná, uma travessia difícil, sem trilhas e que passa por diversos tipos de terreno. Na ocasião esteve junto Oséias de Araujo e Corrêa e se orientaram com bússola e carta topográfica para achar uma saída saindo do Ibitiraquire até sair no marco 22 da estrada da Graciosa.

Um dos maiores parceiros do Elcio foi o Oséias, chamado pelos amigos como Black. Ele levou o montanhismo de travessias inatas até o cúmulo e morreu na Serra da Farinha Seca em um dia chuvoso que ninguém iria querer sair de casa. Até hoje quando há dias a chuva não cessa em Curitiba e junto com ela vem o frio e a neblina, meu parceiro de montanha Júlio Fiori diz: "O dia pra se morrer na Serra".

Além de Black, outro parceiraço do Elcio era o Taylor Thomas, que mais tarde afundou-se na escalada em rocha e se tornou um dos melhores do Paraná. Taylor ficou famoso por abrir a via "Musgos eternos das mentes delirantes" no pico do Ibitirari, a maior parede do Sul do Brasil, via que ainda não teve repetição, pois é um sétimo grau E5!

Pois bem, o Elcio com o Taylor fizeram muitas loucuras juntos. Na passagem do ano de 1999 para 2000, junto com Ivon Cezar Sales, o Indio, em pleno verão com suas chuvas intermináveis, eles fizeram a travessia intitulada "Travessia do Milênio", que consistia em sair do Bairro Alto de Antonina, na baixada litorânea do Paraná, subir o Pico do Ferraria por sua pouco explorada crista que desce até o rio Cotia, logo atravessar toda a Serra do Ibitiraquire, passando pelo Taipabuçu, Caratuva, Itapiroca, Tucum, Cerro Verde, Luar, Ciririca e enfim sair na civilização na estrada da Graciosa. Quem não sabe o que é isso, basta ver a postagem abaixo. É uma travessia latitudinal na parte mais escarpada da Serra do Mar paranaense, um feito realizado por poucos até hoje.

A parte mais engraçada de toda essa fodição, foi que eles chegaram no fim da travessia famintos, pois quem conhece o Elcio já sabe, ele não leva nada pra comer em suas caminhadas. Uma macumba fresca na curva da Santa ao lado da Rodovia da Graciosa foi a salvação. Taylor e Índio brigaram pra ver quem devorava a galinha e o Elcio, que é vegetariano, se lambusou de comer arroz e melão, o melhor da vida dele!

Além destas loucuras serranas, recentemente ao lado do catarinense Arlindo Rossi, Elcio fez uma das travessias mais longas do Sul do Brasil em apenas 19 horas e vinte minutos. Trata-se da Travessia entre o morro do Araçatuba, que fica no Paraná, até o Monte Crista, em Santa Catarina, uma pernada gigante de 68 quilômetros que poucos fazem em menos de 3 dias!

Entretanto o que fez do Elcio um cara famoso, foi sua escalada relâmpago no Aconcagua no ano passado. Ele nunca tinha ido pra Mendoza, nunca tinha escalado aquelas montanhas secas e de aproximação longa e elevadíssima altitude. Eu fui um dos que disseram pra ele não tentar fazer a mesma coisa que ele fazia na Serra do Mar, pois lá a altitude dificulta tudo. Vi no final que o cara pode tudo mesmo!

Ele ignorou tudo e resolveu ir para a montanha de sua maneira. Na mochila, algumas caixas de chocolate, amendoim. Barraca ele levou só até Plaza de Mulas, era pesada e inútil. Fogareiro, pra quê?

Pois bem, nosso colega Elcio chegou no cume do Aconcagua em apenas 3 dias, sem se aclimatar, sem conhecer a montanha, sem pegar mula e além de tudo, sem levar blusa! Ele disse que estava muito quente e fez cume de camiseta!!!!!

Pois é, estas poucas linhas são muito pequenas para dizer quem é Elcio Douglas. Quem quiser conhecer tem que passar um fim de semana com ele na Serra. Se alguem tiver pique, tem que correr atrás, pois o cara é mesmo muito foda!

Parabéns Elcio por seus 22 anos de montanhismo e que continue por mais outros vinte anos! Aliás, você é o cara!!


9 de novembro de 2009

Ibitiraquire em boa resolução no Google Earth

Essa novidade está no ar desde a semana passada, o Google Earth finalmente disponibilizou imagens em boa resolução para a Serra do Ibitiraquire, onde ficam as montanhas mais altas do Sul do Brasil.

Antes, montanhas importantes, como o Pico Paraná, estavam cortadas ao meio e não dava pra ver a região mais baixa recoberta por florestas. Agora não só o PP, mas também a Trilha do Itupava, a Serra da Farinha Seca e a Torre da Prata em boa resolução.

Aproveito a oportunidade pra divulgar o link com o relato da primeira vez que alguém fez a Travessia Ciririca Graciosa, uma das travessias mais difíceis do Brasil situada no Ibitiraquire, muito maior que a Serra Fina e muitíssimo menos frequentada. No grupo que abriu a picada pela primeira vez nesta travessia, estava ninguém mais, ninguém menos que Elcio Douglas, uma lenda viva do montanhismo brasileiro. Veja o relato completo.




Ferraria, Taipabuçu, Caratuva e Itapiroca (primeiro plano) ao fundo Pico Ibitirati, União e Paraná.



Ibitirati visto de Norte para Sul


Vista do Planalto para a Serra


Vista do Ibitirati desde a Serra da Graciosa


Pico do Ciririca, Camapuã e Tucum


4 de novembro de 2009

Identificadas novas espécies da fauna de Escaladoridae



A família Escaladoridae é muito abundante, apresenta diversos gêneros e espécies. Recentemente uma pesquisa conduzida por Esdras et. all. (2009) identificou uma série de indivíduos com hábitos ecológicos parasitas. De acordo com os autores, são eles:

Pseudosescalus mycota (Escalador Fungo) - escalador que não respeita as articulações e organizações locais para liberação das áreas de escalada e nem as regras das propriedades. Na maioria das vezes já chega escalando mesmo sabendo dos impasses. Geralmente não causam grandes doenças, mas atrapalham o desenvolvimento e incomodam como se fosse uma coceira. São infecções oportunistas causadas pela falta de articulação local. Reproduzem-se facilmente com argumentos de que "eu desorganizando posso me organizar".

Falacioescalus diplococos (Escalador Bactéria) – É a espécie mais diversa e atacam todos os espaços. Geralmente iniciam sua infecção por meio da internet, com fofocas e falsas discussões sobre ética. Esse tipo costuma dizer que fazem e acontecem, mas geralmente se juntam em colônias e não saem do lugar. Podem causar doenças sérias quando criam falsos conflitos entre cidades.

Estragopicovirus – (Escalador Vírus) – é o pior tipo. Utiliza-se do ambiente para seu benefício e o destrói em seguida. Como exemplo aqueles que escalam nos locais e depois poluem rios e descartam o lixo nas bases das vias. Esse tipo de escalador engana o sistema imunológico fazendo todo mundo pensar que ele é legal e gente boa. No fundo o que ele quer é parasitar e sair fora deixando seu rastro de destruição. Recentemente alguns picos brasileiros e o Valle Encantado - Argentina sofreram essa infecção.

Escalochatus micropulos (Escalador Carrapato) – Alimenta-se de tudo o que a comunidade local faz, mas não colabora com nada. Quando identificado já está maior do que o tamanho original e causando certos incômodos, mas são facilmente retirados.

Furavias cirratus (Escalador Pica-Pau) – é aquele que para se saciar fura tudo. Mesmo tendo caminhos ou possibilidades em outros locais, chega cavando agarras.

Faladorus mirmecofagídeos (Escalador tamanduá) – é aquele que tem a língua maior que a boca e acaba metendo o nariz onde não foi chamado. Costuma ser o primeiro a ter opinião e o último a ter atitude para mudar. Sua pior arma é o abraço.

Fazendo uma revisão na literatura, a equipe de sistematas taxonômistas em filogenética de Escaladoridae publicam agora uma nova pesquisa sob o amparo da Fupema (Fundação de Amparo à Pesquisa em Montanha) do site AltaMontanha.com. Conheça estas espécies:

Queimandus cannabis – Espécie que existe em abundância, sendo uma espécie endêmica de pirobiomas, tal como é o cerrado de Brasília e de Belo Horizonte, de acordo com a classificação de biomas de Coutinho (2006). A presença de tal espécie nos Planaltos das Araucárias confirmam a hipótese de Soares (1972) sobre a ecologia do fogo na sucessão de ecológica dos campos para as florestas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Psicopatus persecutorius – Espécie parasita que vive de falar mal dos outros em lista em internet. Geralmente é confundido com Falacioescalus diplococos de Esdras et. all. (op.cit), esta espécie, no entanto, se distingue por ser mais resistente e insistente que a anterior, provavelmente advém de uma mutação genética depois de um vazamento radioativa da Usina Angra II na Baia de Guanabara nos idos dos anos 60. Por conta deste incidente mutante, estes indivíduos, não se reproduzem, daí sua avançada idade frente a outros indivíduos de Escaladoridae.

Ecco chatus – Estes indivíduos têm características muito peculiares quanto seu comportamento, provocando grandes polêmicas por conta de impactos mínimos, que são ocasionados naturalmente pela família Escaladoridae, mas que não provocam grandes danos. Muitos destes indivíduos são confundidos com Nerd cientificcus, mas estes, ao contrário do segundo, não têm cérebro muito desenvolvido.

Nerd cientificus – Uma espécie muito interessante dentro da fauna de Escaladoridae. Costuma gerar indagações e questionamentos que provocam polêmica dentro da família. Esta espécie tinha o hábito ecológico de viver empoeirada em bibliotecas, fazendo um mimetismo simbiótico com os livros que ninguém lê. Hoje, no entanto, esta espécie vive refugiada em algumas montanhas. A hipótese, de acordo com Ab’Sáber (1992), é que o período interglacial em que vivemos afetou a distribuição desta espécie, estando ela refugiada em áreas exíguas, sofrendo um isolamento geográfico das demais espécies de Escaladoridae.

Puxandosaccus sp. São diversas espécies que compõem um gênero muito representativo da família Escaladoridae. P.mariasapatilhus. Espécie que vive de bajular escaladoreaceaes que escalam grau forte, com a intenção de namorar eles. P. malensis. Espécie que posa de amigo dos Escaladoridae fortões, mas não mandam porra nenhuma. Fazem banca pra se sentir o “fodão”, mas não pega ninguém, eles têm o desprezo de P.mariasapatilhus. P. famosus. Espécie que bajula outros Escaladoridae, mas não fazem mal pra ninguém.

Travessias elcensis – Espécie rara da fauna de Escaladoridae já ameaçada de extinção sendo representada por um único indivíduo. Este espécie tem o hábito de ser muito gente boa, mas acabou por ficar sozinho igual a tartaruga solitária das Ilhas Galápagos (Geochelone nigra abingdoni), esta espécie é endêmica da Serra do Ibitiraquire. Diferente das tartarugas, o Travessias elsensis caminha muito rápido, sendo este o motivo de seu isolamento. Tal como uma ave, tem hábitos migratórias, de acordo com a temporada, sendo que já foi vista fazendo “bate volta” no Aconcagua e no Illimani.

Mudancios nomis – Espécie híbrida, sendo que há autores que não consideram como Escaladoridade, mas sim Corredoridae. A polêmica na classificação decorre desta própria espécie, sendo muitas vezes comparado ao Ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus). Tem bico, mas não é ave, nada, mas não é peixe, sobe montanha, mas não escala. Assim como o camaleão (Chamaeleonidae) troca de cor, ele troca também de nome, daí a grande confusão taxonômica.

Tirandossarrus bonachensis – Espécie pandêmica na família Escaladoridae. Trata-se de um gênero que surgiu pela primeira vez no Brasil durante o Cretáceo, sendo então considerado um “fóssil vivo” ocorrendo com humor em diversos estados brasileiros. Recentemente houve casos interessante de dispersão desta espécie, com indivíduos partindo de São Paulo para Brasília e do Rio de Janeiro para a Colômbia. A hipótese aventada foi concurso público


Referências bibliográficas:


AB’SÁBER, A.N. A teoria dos refúgios: Origem e significado. Revista do Instituto florestal, Edição especial, São Paulo, março de 1992.
COUTINHO, L. M. O Conceito de Bioma. Acta Bot. bras. 20 (1): 1-11. 2006
ESDRAS, D; ALVARES, A; SÁ, J; A sociedade médica alerta... A vida por alguns fios. Brasília. 2009. Acessado em 03,Nov.2009. disponível em: http://avidaporalgunsfios.blogspot.com/2009/11/sociedade-medica-alerta.html
SOARES, R. V; Considerações sobre a regeneração natural da Araucaria angustifólia. Revista Floresta, v. 10, n. 2. Curitiba. 1972

Matéria no Mountain Voices




Mais uma vez é uma satisfação poder escrever no mais antigo meio de divulgação da escalada e montanhismo brasileiro, o Jornal Mountain Voices, que há 19 anos mantém bem informada a comunidade de montanha brasileira.

Nesta edição de número 110, disponibilizei um pequeno relato de minha escalada ao Ancohuma, a terceira montanha mais alta da Bolívia. Foi a primeira ascensão brasileira.

Agradeço ao Eliseu Frechou pelo espaço concedido. Aos leitores, mais um relato da perrengue que passei nessa montanha.

3 de novembro de 2009

Ciririca - Graciosa

Para quem tem mente poluída: Ciririca é uma montanha e não outra coisa...

Pico do Ciririca: 1705 mts de altitude.


Travessia Ciririca - Graciosa é um dos trekkings mais difíceis da Serra do Mar do Paraná, pois consiste em subir o Morro do Ciririca (a montanha com trilha mais distante da Serra) e depois caminhar sem trilha até a Estrada da Gracisa, atravessando campos, Matinhas nebulares, Florestas e muita quiçassa. Não sabe o que é quiçassa? Então é porque nunca pegou um perrengue na Serra. Procure no google e verá!

Croquis da travessia feito pelo Elcio no Google Earth

Pois bem, a idéia surgiu no meio da semana, quando algumas meninas do CPM disseram que estavam indo ao Agudo da Cotia, uma bela e remota montanha depois do Ciririca. Era uma pernada só de luluzinha, por conta disso, resolvi ir com meus amigos Julio e Hilton pra Serra, até porque o Ibitiraquire é para mim um objeto de estudo geomorfológica e eu tinha que conhecer esta parte importante da Serra que eu nunca tinha ido.

Acabou que o Hilton desistiu e eu saí de Curitiba no Sábado, dia 31 de outubro apenas com Julio. Chegamos na fazenda da Bolinha, que dá acesso à montanha, bem cedo e antes das 7 já estávamos caminhando pela floresta.

A trilha para o Ciririca já foi muito dificil, há pouco tempo atrás. Hoje ela já é mais bem delimitada, mas continua sendo fácil para se perder. Isso só não aconteceu comigo, pois o Julio conhece a trilha com a palma da mão.

Caminhando com tranquilidade, fomos percorrendo a bela trilha que percorre todo o sub-bosque da Floresta Ombrófila Densa da Serra do Mar. Nem parecia que fora do manto verde das árvores fazia um calor próximo dos 30 graus. Sem muita pressa, chegamos cerca das 11 da manhã na cachoeira da última chance, onde paramos para comer um lanche e beber água. Eis que do meio do mato surge o maior conhecedor daquela serra, o Elcio Douglas, um mito vivo do montanhismo paranaense.

Elcio tinha partido da fazenda da Bolinha no dia anterior com duas amigas que foram somente até o Camapuã. Depois dali, ele seguiu sozinho por cima das montanhas e sem querer nos encontrou na última chance, ficando feliz em ver que teria companhia dali para frente.

Juntos subimos o Ciririca e chegamos pero do meio dia nas famosas placas, onde paramos um pouco para descançar. Após uma breve folga, descemos o Ciririca por sua face Sul, uma trilha super escorregadia e inclinada, com trechos que tem cordas fixas, muita quiçassa e pedra sabão. Apesar da dificuldade, me alegrei por estar fazendo a travessia e não precisar subir aquilo.

Já nos campos, deixamos nossas mochilas na encruzilhada e subimos até O agudo do Lontra, que é o segundo mais alto e que tem uma vista excepcional para o Cotia, o Ciririca e o PP, mas lá em cima o tempo estava fechado e não pudemos fazer nada senão que voltar para montar o acampamento.

Julio e eu em cima da Placa do Ciririca

Vista para os Agudos. Da esquerda pra direita: Lontra, Cotia e Cuíca.

Eu e o Júlio na descida

Montamos nossa barraca na Colina Verda. Comi, Julio e eu uma feijoada e alguns liofilizados que ganhei de brinde da Liofoods, uma delícia! Elcio só ficava ouvindo os elogios de seu mocó, pois ele não come carne. Aliás, ele quando caminha na Serra não come nada! E ainda passas as noites somente em bivaques. Algo que acho que seria muito arriscado, tendo em vista a época do ano que nos encontramos.

Fim de tarde na Colina Verde. Atrás o Ciririca e uma de suas placas

Júlio em nosso local de camping na Colina Verde

Por fim, passei uma noite tão boa dentro da barraca que não acordei quando de manhã, Elcio me chamou para fazer um ataque no Agudo da Cotia. O tempo não estava lá aquelas coisas e prefiri a preguiça do que ter uma das vistas mais lindas da Serra. Engano meu que o tempo ia ficar fechado. Elcio voltou com umas fotos lindas lá de cima. Vai ficar como incentivo para eu voltar lá em breve!

Eu e Júlio desmontando acampamento de manhã. Foto desde o Agudo da Cotia

No retorno, com mochilas arrumadas, começamos a caminhas pelo campo, que ainda estava molhado pelo orvalho. A idéia era encurtar caminho, abrindo novas picadas (sem facão) pelo mato e assim chegar em um trecho que pudéssemos economizar caminhadas pelo rio, quer dali por diante seria nossa trilha.

Fomos caminhando atravessando falhas geológicas recobertas pela matinha nebular e também quiçassas de bromélias que me cortou inteiro... Abrindo o mato no peito e se enroscando nos bambus, fomos parar em um dique de diabásio que era uma depressão por onde corria um afluente do rio Forquilha, que seria nossa trilha até que pudesse haver um local para transpormos de bacia e sair do outro lado da serra, já na Graciosa.

Uma falha servindo como ponto de incisão da drenagem nos altos da Serra.


Descemos o Forquilha com um grande esforço. Não que exista uma dificuldade técnica em andar no rio, mas ali a rocha é o Diabásio, que fica um sabão quando molhado. Todo cuidado era pouco, mas depois de algumas horas lá estava o Elcio procurando um local para sair do rio e começar a subir as encostas do Tangará e do Coxotós, para alcançar a garganta entre estes dois morros. Ali é o divisor entre a Serra do Ibitiraquire e Serra da Graciosa.

Rio Forquilha

Transpondo cachoeira de diabásio

Um ralo de "sumidouro", local onde o rio entra dentro das rochas

Já na graciosa, não estávamos livres dos rios, pelo contrário, ali iniciava o maior trecho. Começamos a caminhada de descida alcançando a nascente do rio Mãe Catira e fomos percorrendo este rio até seu médio curso, deviando algumas vezes de umas curvas em "S" que ele fazia, mas sempre tendo ele como guia de caminhada.

Após algumas horas chegamos um acampamento permanente de caçadores. Por sorte não tinha ninguém lá, mas deu para notar que suas atividades estavam bem diversificadas, pois não era apenas de caça que eles se moviam, mas também da extração de Palmito.

Acampamento dos extrativista. Infelizmente os maiores frequentadores destas paisagens são quem destrói!

Deixamos o acampamento para trás e continuamos nossa jornada pelo rio, chegando em pouco tempo em um enorme Dique de Diabásio que ao contrário do alto da serra, onde estas falhas preenchidas pelo material magmático são pontos de incisão de rios, lá em baixo, ele era uma saliência no relevo. O mãe catira acabou perfurando o Dique, fazendo um belo canyon e no fim deste, no contato com a outra rocha (provavelmente migmatito) ocorre um denivel do terreno, é a cachoeira da Mãe Catira.

Canyon no Dique de Diabásio

Tomando café no topo da cacheira (por essa vc não esperava hein Elcio?)

Cachoeira da Mãe Catira

Descemos a cascata pelo lado e continuamos pelo rio mais alguns quilômetros para enfim achar a saída que por trilha, nos levou até o marco 22 da estrada da Graciosa, já às 9 e meia da noite. Estávamos exaustos!

Caminhamos pela estrada feito indigentes, de tão sujos que estávamos... Para variar, chovia na Serra da Graciosa. Fomos até um ponto onde há sinal de celular e fomos resgatados pela mulher do Fiori, a Solange.

O espaço de um blog não é o mais apropriado para o que eu tenho para contar sobre esta travessia e sobre a Serra do Ibitiraquire. Nesta incursão pela Serra, conheci muito mais do que sobre este lugar onde poucos vão. Encontrei alguns materiais de grande valia para uma pesquisa futura e trouxe comigo muitas indagações cientificas. Entretanto como meu espaço na internet é mais reservado para montanha, não deixem de ver, daqui alguns dias, o relato completo sobre esta travessia no site GenteDeMontanha.com.

Por enquanto fiquem com as fotos de nosso grande Elcio Douglas:

Ombreiras no Ciririca: Altitude na cota dos 1550 mts.

"Sela" entre o Caratuva e o PP. divisor de duas drenagens recentes (rios Cotia e Cacatu) que tem o nivel do mar como base.

Relevo de "Tor" conhecido como "Ovos de Dinossauro. Cota altimétrica: 1550 mts. O mesmo do Morro do Camelo que tem a mesma feição geomorofológica. O Morro do Getulio, que tb tem este relevo, está à 1450 mts na vertente oposta da serra. Será um escalonamento?

Paredão do canyon voltado para o mar: Erosão remontante.

Detalhe na parede: O avião do Bamerindus que se chocou na década de 80.