Blog do Pedro Hauck: outubro 2010

25 de outubro de 2010

Enfim uma boa notícia!

Faz alguns anos que o montanhismo sofre com problemas de restrição e proibição de acesso. Sem montanhas, não há montanhismo e sabendo muito bem disso, a CBME, através de suas federações, se esforçam para reverter o quadro das proibições existentes e incentivar o montanhismo e a escalada.

Talves o passo mais importante dado foi a sugestão de projeto de lei que garante o acesso às montanhas, projeto este encabeçado pela FEMERJ e levado adiante pelo Deputado Federal Fernando Gabeira (PV-RJ).

O Projeto foi publicado na semana passada. Ele passará por um longo processo até ser aprovado, entretanto, só de existir um projeto de lei, assim como os decretos que incentivam o montahismo no Rio e em Petrópolis, já é um reconhecimento importante e abre caminho para futuras vitórias.

A lei, mesmo sendo aprovada como está, não vai resolver todos os problemas, pois ela trata apenas das proibições particulares, sendo que há muitas que são em áreas públicas, como Parques Estaduais e Nacionais. Entretanto, mesmo para casos diferentes, teremos um procedente histórico para lutar contra as injustiças e morosidades dos parques que ainda relutam em não permitir a presença de montanhistas e escaladores.

Haverá um longo processo e espero também dar minha contribuição, pois se há algo que me incomoda são estas proibições absurdas.



24 de outubro de 2010

Resumo da Semana n. 14 - AltaMontanha.com

:: Ricardo Cosme e a documentação da escalada no Rio
A produção de vídeos e filmes no Rio de Janeiro é impressionante. Sabe-se que o cinema nacional renasceu (em dúvida veja a popularidade de “Tropa de Elite 2“), e de todas as produções realizadas no país, cerca de 80% se passa/produz na cidade do Rio de Janeiro.

:: Roberta Wendorf descobre boulders em Angola

Robertinha Wendorf ficou conhecida no Brasil quando, no ano passado, deixou de ser platéia para entrar numa competição de boulder e vencer. É uma escaladora que tem história, nascida na Bahia, já morou em Goiás, foi frequentadora de Cocal, passou por São Paulo e agora está morando na África. Em Angola, ela não se conformou com o desconhecimento do esporte e saiu atrás de blocos. O resultado está aí, um dos primeiros points de boulder do país. Confira:

:: Eliseu Frechou fala sobre seu novo Filme
Finalizando o ciclo de entrevistas, que serve de cobertura para o Festival de Filmes de Montanha do Rio de Janeiro de 2010 pude conversar com Eliseu Frechou.

:: Atualizações da Falésia Paraíso
A Falésia Paraíso é o mais novo local de escalada no estado de São Paulo e já conta com 56 vias. Veja a lista atualizada:

:: Gustavo Piancastelli e seus filmes Casca Grossa
Por mais distraído que seja todo e qualquer escalador no Brasil, já deve estar sabendo que na próxima semana estará sendo realizado na cidade do Rio de Janeiro o 10º Festival de Filmes de Montanha.

:: Erick Grigororovski e as animações de montanha
Na primeira edição do Festival de Filmes de Montanha que participei tive o prazer de ver ao vivo, e tecnicamente em première o animação “Uruca“. Posteriormente a animação, que soube captar de forma muito bem humorada todos os fantasmas de todos os escaladores virou um clássico, não importando qual nível ele está.

:: Festa do dia das crianças no Morro do Araçatuba
Dia 16 de outubro foi realizada a Festa do Dia das Crianças 2010.

:: Programa acesso às montanha ganha novo site no Brasil
Luta a favor do acesso às montanhas ganha site

:: Primeiro dia do Festival de Filmes de Montanha
Ontem se iniciou o Festival de Filmes de Montanha do Rio de Janeiro.

:: Festival de Filmes de Montanha - Dia 2
O segundo dia do Festival de Filmes de Montanha do Rio de Janeiro teve seu último dia da parte da mostra de filmes nacionais, reservando os mais fortes concorrentes.

:: Festival de Filmes de Montanha - Dia 3
O terceiro dia do Festival de Filmes de Montanha seguiu com a mesma força dos anteriores. Muitas pessoas querendo conferir a atração principal do filme “Nanga Parbat“, filme sobre Alta Montanha, que retrata uma passagem da vida do escalador Reinhold Messer.

:: Coluna Parofes: Continuando a exploração do PNI - parte 2
Acordamos e logo começamos a comer, nos preparando para o que pensavamos que seria uma piramba da braba. Depois do café nos informamos com os locais onde começava a trilha e não demorou muito, um senhor nos levou no início da trilha. Começamos a andar depois de agradecer, sob um sol meio escondido, meio aberto, e calor.

:: Coluna Parofes: Continuando a exploração do PNI - parte 3
(PARTE FINAL) Caminhamos praticamente correndo pro Agulhas. Levando em consideração que as caminhadas dos dias anteriores já tinham mais que aquecido as pernas, deu pra nós três avançarmos muito, muito rápido pela trilha até o Agulhas. Mesmo bastante cansado e com o pé direito doendo, ainda da recuperação da minha unha do dedão que necrosou por causa do Mont Blanc, coloquei pra dentro dois analgésicos e simbora...

:: Coluna Pedro Hauck: Escolhendo um GPS para navegação
Todos sabem da importância dos aparelhos de GPS em atividades em montanha. Muito mais do que serem aparelhinhos que mostram o caminho, eles também são muito úteis para livrar os aventureiros de enrascadas. Neste artigo pretendo mostrar os modelos de GPS que eu acho serem os melhores para pessoas com nosso perfil. Veja a avaliação e escolha o que se encaixa melhor ao seu uso.

:: Sua Aventura  - Antonio Junior: Travessia Sete Picos do Caparaó, em Solitário.
O Parque Nacional do Caparaó é um dos mais visitados do Brasil, devido à facilidade de acesso e principalmente, por abrigar o terceiro maior pico do país, o pico da Bandeira. Outro picos visitados são o Calçado e o belo pico do Cristal. Mas o que poucos sabem é que além desses, existe outros 4 picos que figuram entre os 21 maiores do país, sendo eles o Cruz do Nego, Pedra Roxa, Tesouro e Tesourinho. Essa pernada inédita iniciada em uma antiga trilha de jesuítas, incluiu os 7 grandes picos, e lugares como o Curral e a casa de pedra do arrozal. Finalizando em Alto Caparaó, passando por um caminho sem trilhas, seguindo o ribeirão Vargem Alegre.
Parte I
Parte II

:: Sua Aventura  - Jorge Soto: A Ferradura do Mogi
Com as facilidades de acesso oferecidas de transporte ferroviário até Rio Grande da Serra e pela sua charmosa influencia inglesa, a vila de Paranapiacaba se tornou passeio obrigatório de final de semana pra famílias paulistanas.

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20 de outubro de 2010

Dicas de GPS


Todos sabem da importância dos aparelhos de GPS em atividades em montanha. Muito mais do que serem aparelhinhos que mostram o caminho, eles também são muito úteis para livrar os aventureiros de enrascadas. Neste artigo pretendo mostrar os modelos de GPS que eu acho serem os melhores para pessoas com nosso perfil. Veja a avaliação e escolha o que se encaixa melhor ao seu uso.

Os aparelhos de GPS se tornaram populares na navegação urbana em carros. Os aparelhos que usamos em trilhas são diferentes. Eles não mostram apenas o caminho, eles precisam nos informar a altitude e pressão. Precisam ter bussola eletrônica, marcar pontos e rotas e obviamente suportar mapas.

Por conta de todos estes recursos, os aparelhos de GPS de navegação em trilha são mais caros que os de carro, pois são mais completos. Entretanto, quem tem um GPS destes também pode usar em carros, isso é uma coisa que pouca gente faz. Com os mapas do projeto Tracksource cada vez melhores e roteados, ficamos com um recurso bem interessante, aumento o uso de nossos aparelhinhos.

Sou uma das pessoas que faz uso de GPS em ambos os ambientes, urbano e natural. Por isso escrevo estas dicas, pois dependendo do tipo de uso, você pode escolher modelos diferentes.


19 de outubro de 2010

E se a aventura acabar?

Hoje por acaso me deparei com um texto antigo de meu amigo Hilton Benke, que fala sobre um tema polêmico, mas que precisa de ser mais discutido, sob pena de causar uma mudança muito grande nos valores do montanhismo.

Sempre deixei muito claro que parar mim, os principais valores do montanhismo são a aventura e a liberdade. Vamos ver as palavras do Hilton e refletir sobre a atualidade destas questões:
E se a aventura acabar?

Tem uma máxima que logo aprendemos, quando iniciamos nossas experiências no montanhismo: quanto maior a roubada, melhor será a história!

E isso é verdade! As grandes narrativas das montanhas, ou melhor, dos montanhistas, são das grandes enrascadas que estes se metem. Dias atrás, inclusive, ouvindo um amigo contar sobre a conquista de uma nova via na parede do Ibitirati, pude perceber claramente isso. Ninguém arredou o pé da roda, enquanto ele não terminou a saga!

E isso é intrínseco ao ser humano que, ambicioso por novas aventuras, deixa o conforto e o sossego de seu lar, e parte rumo às montanhas, almejando novas conquistas pessoais.

Porém, estas aventuras são seguidas de perto pelo famoso risco comumente acompanhado e medido pelo tamanho da aventura proposta, seja ele grande ou pequeno. E, como disse anteriormente, é isso que o aventureiro procura, ou não?

Aliás, fazendo um adendo, quando verificamos o saudoso 'Aurélio' encontramos que aventura é 'uma experiência arriscada, perigosa, incomum, de finalidade ou decorrência incertas.'

Ocorre que com a popularização destas atividades, acidentes começaram a ocorrer, o que é natural quando o tal risco existe e é iminente e, ainda, quando muitas pessoas literalmente 'sem noção' aderem ao desejo pelas aventuras!

Assim, sob um pretexto parvo de possibilitar maior segurança ao aventureiro, verificamos uma explosão de grampos, chapeletas, escadinhas, correntes, degraus, fitas, totens, bandeiras e sei lá mais o quê nas vias, trilhas e rotas em montanhas.

Com relação à escalada, existe certo compromisso dos escaladores com as chamadas vias tradicionais, no qual consiste o respeito às características da região, ao padrão utilizado pelos conquistadores da via e, principalmente, as fendas, fissuras e demais características da rocha que possibilitam a chamada 'escalada limpa', utilizando-se de equipamentos móveis.

Apesar de existirem grupos infelizmente contrários a esta visão, no momento vou dedicar este texto ao famoso trekking, que é o estilo mais utilizado no Brasil e, como regra, possibilita maiores acessos à maioria dos cumes brasileiros, os quais, como disse, possuem trilhas abarrotadas de escadinhas, degraus e correntes!

Ora, sei que é importante todo o auxílio e a manutenção visando à segurança que é feita nas trilhas, mas também entendo que quando procuramos as montanhas, procuramos um algo a mais que um contato com a natureza, pois com certeza, se fosse isso que eu procuro, eu seria pescador, freqüentaria hotéis fazendas e alternativas do gênero, menos subir montanhas...

Assim, é de se pensar que se é a essência da aventura que buscamos, retirar toda e qualquer aventura das montanhas, sob o pretexto de que elas têm de se tornar mais seguras, é no mínimo uma grande incoerência da nossa parte.

Outra vez, conversando com amigos que fazem manutenção nas trilhas, estes exclamaram que temos de pensar nas pessoas que não conseguiriam subir o Pico Paraná ou outra montanha da nossa querida Serra do Mar paranaense, se não fossem os degraus ou as escadinhas que foram encravadas nas rochas. Porém, novamente meu pensamento é crítico com relação a isso. O Aconcágua está lá, com toda a sua dificuldade, e não é porque muitos gostariam de escalá-lo que devemos colocar 'escadas e passarelas rolantes' em suas encostas, sob o pretexto de possibilitar o cume, aos menos afortunados fisicamente.

Ou em outras palavras, um pouco mais duras: A montanha está lá, e se você quer chegar ao seu cume, mas não consegue, vá treinar e tente novamente. Ou simplesmente reconheça sua limitação e procure algo que seja 'realizável'. E em minha opinião, isso vale para o Everest, Serra Fina ou Marumbi!

E o pior é que este pensamento nem discutido foi, nem questionado é, e nem examinado será, se não repensarmos esta nossa visão de facilidade de acesso e, principalmente, de segurança, que nos foi imputada.


Original em: http://altamontanha.com/colunas.asp?NewsID=138&CatID=10

Entrevistando o Jorge Soto


Dizem que não se fazem nem estupradores como antigamente, o que dizer dos aventureiros?  Bem, se for depender do Soto podem esperar uma renovação certa, no montanhismo é claro!

Pode estar frio ou calor, seco ou chuvoso, o Jorge Soto sempre tá na trilha! Com seu usual shortinho azul marinho, bota, mochila velha e óculos, esse cara é um dos maiores figuras que eu já conheci e certamente é o trekkeiro mais ativo do Brasil, condição que lhe rende muitas comparações com o saudoso Sérgio Beck.

O Soto é um dos maiores contribuidores do AltaMontanha, enviando semanalmente algum relato de perrengue vindo de Norte à Sul do Brasil. Como o cara consegue estar em tantos lugares ao mesmo? Quem é Soto? O que pensa? Será verdade que ele fugiu do Pinochet?

A resposta para todas estas perguntas você encontra na entrevista que realizei com ele na semana passada, publicada no AltaMontanha.com.

Tenho certeza que depois de ler, você vai votar nele nas próximas eleições!

:: Jorge Soto, o maior caminhante do Brasil

18 de outubro de 2010

Escalando na Pedra Partida

A Pedra Partida é um local de escalada ainda pouco conhecido. Localizado em Atibaia, cerca de 80 Km de São Paulo, lá há ainda poucas vias, mas grande potencial para receber vias de grandes dificuldades, já que a rocha muita inclinação.

As primeiras conquistas foram realizadas em 2006 pelo Kether Arruda, mas o pico ficou famoso mesmo por seus boulderes, já que há poucas vias fazíveis para o grande público, o que não significa que elas não sejam boas, pelo contrário...

Neste final de semana estive lá com meu amigo Fábio Dellalio e escalamos 4 vias, todas muito bonitas. Não fiz nenhum boulder, mas para quem gosta, os blocos são lindos, com um chão plano e alguns na sombra. Vale a pena conhecer.

Adicionei o local no site Rumos: Navegação em Montanha. Lá você poderá saber como faz para chegar na Pedra Partida, visualizar no Google Earth e baixar o tracklog para um GPS e ir escalar.










Barras de cereais e de frutas da Bio Brasil

Recebi da Pro Ativa um novo produto que está no Mercado brasileiro e que é de muita utilidade para quem gosta de praticar esportes ao livre, trata-se das Barras de Cereais e de Frutas da Bio Brasil.

Bom, por que estas barrinhas são uteis? Por que são um opção para levar dentro da mochila e por que são muito gostosas! Testei elas em minhas caminhadas no Parque Nacional do Itatiaia no último feriado, e foram muito uteis.

O bacana destas barrinhas é que elas são feitas de alimentos naturais e têm selo Vegan. Fica aí uma dica pra quem gosta de alimentos saudáveis e querem experimento algo novo.


17 de outubro de 2010

Resumo da Semana n. 13 - AltaMontanha.com

Dicas de acesso às montanhas do Parque Nacional do Caparaó
O Parque Nacional do Caparaó está localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e lá se encontram boa parte das montanhas mais altas do Sudeste brasileiro, entre elas o super visitado e mega turístico Pico da Bandeira.

Cleo Weidlich faz cume no Manaslu
É a primeira vez que uma pessoa natural do Brasil faz cume nesta montanha de 8163 m localizada no Oeste do Nepal.

Jorge Soto, o maior caminhante do Brasil
A história nos mostra que o Brasil é um país que tem ótimos montanhistas nascidos em outros países. Coincidência ou não, até hoje o país tem importantes nomes que se encaixam neste perfil e o Jorge Soto é certamente uma destas pessoas que mais se destaca.

Citroën procura aventureiros para protagonizar expedição
Se você faz o perfil aventureiro e está disposto a encarar uma expedição de 30 dias passando por 23 cidades dos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais tem até o próximo domingo, dia 10 de outubro, para enviar um vídeo se candidatando à Expedição Citroën Aircross.

Curso de manuseio e navegação com GPS
Este curso abordará desde os conceitos e manuseio básico de um aparelho GPS (Global Positioning System) como criação de pontos e tracks, até o uso de softwares para transferência de dados, upload de mapas e navegação urbana e outdoor com e sem mapas no aparelho.

1º Seminário de Mínimo Impacto do Parque Estadual da Pedra Branca
Inea promove palestras sobre escaladas, ecoturismo e trilhas de acesso à maior floresta em área urbana do mundo

Especial: Crônica da Temporada do Karakoram de 2010

Coluna Luciano Fernandes: Avaliação do First Ascent
A produtora americana de filmes de escalada Sender Films liberou para download o conteúdo do “Box“ de DVD´s “First Ascent - the series“. Incluindo neste download os extras do DVD.

Coluna Parofes: Continuando a exploração do PNI
Pois é, depois de um ano, continua a minha exploração particular do Parque Nacional do Itatiaia, primeiro parque brasileiro. A iniciativa do feriadão no parque foi idéia do Tácio, dando continuidade ao seu projeto de montanhas de 2010, para tanto ele reservou o abrigo Rebouças e tratou de convidar toda a trupe que era composta pelas figuras: Elias Maio, Flávio Varricchio, Davi Marski, Cintia Marski, Tácio Philip, Paula Neiva, Dom Miranda, Rafael, Patrick Godoy, Pedro Hauck e eu. E lá vamos todos nós pro parque que é habitat natural de montanhistas e amantes da natureza em geral!!


Sua Aventura  - Jorge Soto: Circuitão Norte pela Serra de Itapetinga
A Serra de Itapetinga é um braço desgarrado da Mantiqueira cuja maior atração é a Pedra Grande, que por sua vez se situa na cidade de Atibaia, a 60km de SP. Composta de duas cristas paralelas q se espicham no sentido norte-sul, esta serra doméstica proporciona passeios diferentes do tradicional sobe-desce-Pedra como por exemplo a travessia Atibaia-Bom Jesus dos Perdões ou Pda Gde-Pda Vermelha.

Sua Aventura  - Beatriz Azevedo: Canionismo no Molha Côco
Em fase de treinamento, pra minha próxima investida nas montanhas, a ser realizada em novembro no Nepal, a bola da vez em Praia Grande é o Molha Côco, canyon que há muito eu tô de olho!

Sua Aventura  - Pedro Novaes: Encontrando o Mundo Perdido
Subir o Monte Roraima era um sonho há muito acalentado. Todos os mitos e lendas que o cercam contaminavam há muito meu coração e, volta e meia, eu me surpreendia admirando, na Internet e em livros, as fotos de suas paredes imponentes e da paisagem lunar que compõe o vasto topo desse tepuy, as montanhas em forma de mesa que marcam a paisagem da savana do sul da Venezuela e do norte do Amazonas e de Roraima.


15 de outubro de 2010

Perrengue nas Agulhas Negras

Após ascendermos o misterioso Pico da Serra Negra, voltamos ao Planalto para curtir o resto do feriado. Apesar do sentimento de missão cumprida do Tacio, por ter ascendido as montanhas mais altas do Sudeste brasileiro, eu não fiquei satisfeito e tinha sede de novas aventuras.

O único problema é que segunda feira amanheceu um dia feio, frio e com risco de chuva. Por conta disso abortamos a escalada na Pedra do Altar e ficamos nos contentando com escaladas ao longo da estrada no interior do ParNA.

Eis que entre as nuvens o sol voltou a aparecer e inexplicavelmente, apenas incentivados pela escalada do Davi, Cintia e Rafael no dia anterior, eu, o Parofes e o Tacio decidimos fazer uma ascensão relâmpago no Pico das Agulhas Negras pela via Bira.

A Bira não é bem uma via. Pra mim, ela poderia ser considerada uma rota, uma vez que locais de escalada, escalaminhada e caminhada se alternam. Apesar da pequena dificuldade técnica, aquilo é uma rota de montanha que requer conhecimento e preparo, eis nosso primeiro erro: subestimamos a montanha... Outro erro foi ter decidido em cima da hora e ter saído tarde do refúgio, às 13:30.

Mas ok, erros são erros e muitas vezes a gente os contorna e até fizemos isso parcialmente, caminhando forte e escalando muito rápido. Levamos apenas 15 minutos pra sair do abrigo e chegar ao rio e outros 15 minutos pra chegar ao começo da via Bira... O tempo (atmosférico e cronológico) estava a nosso favor, mas isso não nos isentou de um outro erro: Interpretamos mal o croquis e saímos da via Bira...

Isso aconteceu no final do corredor da parede negativa, ao invés de irmos reto em direção à canaleta da Bira, viramos à direita e provavelmente entramos na Chaminé dos Estudantes.

O começo da via que fizemos é uma canaleta exposta onde tivemos que escalar lances de terceiro grau sem proteção alguma. O Tacio se incumbiu de realizar esta missão, esticando uns 40 metros de corda para o Parofes ir ao meio (de botas) e eu sair à francesa (escalando em simultâneo), atrás... Era o que dava pra ser feito com uma corda de 50 metros. Tá certo que não era o procedimento mais seguro, entretanto o mais rápido às vezes é o mais seguro e vimos isso na prática mais tarde.

Após uma união, tomei a dianteira e comecei a guiar um trecho onde a canaleta se afunila e é necessário fazer uns movimentos meio eróticos e bem arriscados, onde meu bom psicológico fez a diferença, aliás, qualquer escorregão significaria ficar entalado numa chaminé estreita. Neste trecho também estiquei cerca de 40 metros, fiz uma segurança de corpo e só depois descobri que mais acima havia um grampo “P” num local estratégico, onde pude mudar minha segurança e ficar mais tranqüilo, embora o vento canalizado me fizesse ficar cada vez mais preocupado.

Após uma outra reunião, onde todos nós ainda achávamos ainda estar na Bira, saí na frente novamente deixando para trás este trecho complicado da canaleta, que não permitia um rapel, já que para isso precisaríamos de duas cordas de 50 e muita paciência, pois não é fácil passar por um local tão estreito.

Enfim, saindo da canaleta, estiquei mais 50 metros e cheguei num local com vegetação, onde fiz uma segue de corpo para meus colegas me alcançarem. Foi ali que percebi que não estava mais na Bira. O visual que se descortinava, no entanto, e a sensação de liberdade aliada pelo fato de estarmos num local onde poucas pessoas já estiveram aliviou este sentimento do desconhecido e eu me senti como se fosse um Brackmann ou Spanner brincando de conquistar vias nesta montanha na época de ouro do montanhismo de Itatiaia. Um sentimento que cada vez mais está mais raro no montanhismo.

Continuando a rota pelo caminho mais óbvio, fomos nos afundando na angustia da incerteza, pois dali para frente não encontramos mais vestígios humanos e realizamos diversas enfiadas de terceiro grau sem nenhuma proteção fixa, usando e abusando da segurança de corpo.

Assim, escalando rápido e ganhando altura, fizemos uma reunião num platô e fui incumbido de ascender uma ultima canaleta que supostamente levava ao cume. Ao chegar lá, tive uma reação não muito animadora, que levou o Tacio a subir rápido e compartilhar comigo aquele desânimo.

Observando um labirinto de cumes, precipícios e paredões negativos e sem agarras, não vi o almejado cume do Itatiaiuçu, mas sim um cume que fica antes do Pontão sul, num lugar bem longe do cume principal de Agulhas.

Desci até uma região de vegetação à base daquele cume e sai desesperado na esperança de encontrar um caminho no meio deste labirinto. Encontrei uma belíssima visão para a borda Leste de Itatiaia, onde ficam os picos do Leão, Leoa, Cara de Gorila entre outros, o que nos deu algum ânimo, principalmente pro Tacio, que esteve nestas montanhas há pouco tempo atrás. Eu, no entanto, buscava uma saída para o cume do Itatiaiuçu.

Entre um trepa pedra e outro, cheguei a um cume onde achei uma caixa com um caderno, um sinônimo de civilização que me alegrou, mas que desanimou o Tacio, que conhecia melhor aquela paisagem do que eu: Era a caixa de cume do Pontão Sul. O problema é que este cume faz parte da travessia longitudinal das Agulhas Negras, travessia que o Tacio já havia feito e que ele mesmo não recomenda fazer com alguém que não conhece aquilo na ponta dos dedos, como ele próprio.

Sem saber como fazer para ir para o cume principal, ficamos explorando a zona de cume buscando saídas entre os blocos, túneis, pontes e fendas traiçoeiras que nunca nos levava a um local seguro. De fato, aquele local é um labirinto confuso e pior, já estava anoitecendo...

Meio sem querer, convenci o Tacio de um caminho que ele insistia não ser a saída, mas que mesmo assim fizemos na esperando de achar uma. Assim, fizemos um trepa pedra de descenso em direção ao leste e conseguimos achar um caminho que nos deixou bem próximo do cume principal, mas que era separado por três grandes fendas.

Explorando o caminho menos óbvio e mais arriscado, onde a fenda era mais profunda e onde éramos fustigados pelo vento, enfim o Tacio conseguiu se lembrar de algo e achou um caminho arriscado entre dois blocos separados por grandes precipícios e um túnel insuspeito, para enfim chegarmos na base do cume já de noite.

Estressado, o Tacio deixou pra mim a tarefa de guiar o último lance de terceiro grau, que fica na crista do cume, num local que ele dizia haver 3 proteções fixas, mas que eu achei somente uma...

Enfiam, no cume após 7 anos de ausência, pude visualizar a caixa onde fica o caderno e visualizar que nossa angustia havia terminado, afinal, dali para o abrigo era um caminho fácil, precisando apenas de fazer uma transposição para o cume do pico do Cruzeiro e uma trivial descida pela via do Pontão, que é percorrida por centenas de pessoas todos os dias. Dei segue pro Parofes e pro Tacio e logo estávamos nós três juntos novamente.

Já comemorando a vitória, mal podíamos imaginar que o azar estava ao nosso lado. Nuvens subiram a montanha e impediu que a gente pudesse enxergar o caminho com as laternas e reconhecer a rota de descenso. Nos perdemos inúmeras vezes e tivemos que voltar para não descer por um local técnico como a via que usamos para subir.

Foram momentos de angustia, onde navegamos por aparelhos (por GPS) e ficamos muitas vezes na incerteza, até que encontramos alguns grampos da via e tivemos certeza que estávamos no local certo. Após isso, o que nos salvou foi a excelente memória fotográfica do Parofes, que nos conduziu para a região mais baixa, a salvos de ter que passar uma noite na montanha.

Para finalizar o dia, ainda pegamos um chuvisco ao chegar ao planalto e chegamos no abrigo muito molhados e cansados, mas tranqüilos, apesar da preocupação de nossos colegas.

Apesar de toda imprudência, tenho certeza que se tivesse que passar a noite na montanha, teríamos passado numa boa na medida do possível, pois apesar de não querer, saímos do abrigo sabendo que só íamos voltar de noite e fomos preparados para o frio e a escuridão.

Só que não nos demos por vencidos e conseguimos sair deste perrengue numa boa e sem nenhum arranhão, só cansaço e stress. Como viram, cometemos muitos erros, mas também corrigimos todos eles. No final, se tivéssemos acertado a via Bira, teríamos chegado no Abrigo ainda com a luz do dia, por isso, se fosse pra fazer de novo, teria feito a mesma coisa, mas mais atenção com o croquis para evitar erros desnecessários e não precisar sofrer tanto para corrigi-los mais tarde.
 
Agulhas visto de longe

Aproximando da via Bira

Trecho do teto

 
Primeiros trepa pedra da Bira

Detalhes da erosão da rocha

Começo do erro, entrando na chaminé dos estudantes

Primeiro trepa pedra da chaminé dos estudantes

Trepa pedra da Chaminé dos Estudantes

Entrando na chaminé

Chaminé estreita

Chaminé

Sem proteção

Parofes vindo de segundo

Vista de Prateleiras desde o fim da chaminé

Bela vista quase no topo

Pedra furada quase no topo

Escalando um dos ultimos lances. Foto do Parofes

Chegando no final da via

 O cume é pra lá... fodeu!

 Olha ele aí... veja o labirinto!
Vista para a Borda Leste de Itatiaia

Tacio e suas montanhas

Calma aí, tem muito perrengue pela frente

Bela vista!


Anoitecendo na montanha e nada....





Veja mais no site do Parofes e do  Tacio