Blog do Pedro Hauck: novembro 2009

29 de novembro de 2009

Fotos do Campeonato Brasileiro de Escalada

No sábado, dia 28 de novembro, aconteceu a última etapa do Campeonato Brasileiro de 2009.

Eu estive lá pra prestigiar e fotografar o evento deste que é o campeonato mais importante da escalada brasileira, mas que nem todos dão seu devido valor.

Mesmo tendo menos participantes e público que eu achava que ia encontrar, o campeonato foi bom, valeu a pena ficar o dia inteiro na Casa da Pedra, pois assistir um campeonato de escalada é muito legal!

Só lembrando, em 2009 comemoramos 20 anos de competições de escalada no Brasil! Leia as matérias sobre o campeonato que escrevi para o AltaMontanha na íntegra:

Cesinha e Janine são campeões brasileiros de escalada 2009
Resultado da Etapa Paulista e do Ranking brasileiro de Escalada Esportiva 2009



26 de novembro de 2009

No Irã não tem só presidente maluco, tem tb muita escalada!


Farnoosh Asadpoor escalando o Sabalan, no Irã. Ela escreveu alguns textos que mostram como é o montanhismo em seu país, o Irã. Veja no Altamontanha.com


A vinda de Mahmoud Ahmadinejad, com suas idéias nazistas, para a América do Sul trouxe muita polêmica, mas colocou seu país, o Irã, em destaque na mídia nacional.

Muitos pensam que o Irã é um país onde apenas existem Aiatolás e fanáticos xiitas. Isso tem mesmo, mas não só isso não! Apesar da liberdade ser controlada, fato comprovado pelas eleições deste ano, o Irã é um país que tem um lado moderno e também uma paisagem maravilhosa, repleta de montanha.

O Irã é talvez o país islâmico com a cultura de montanhismo mais desenvolvida. Eles tem clubes, bons escaladores de rocha e muitos montanhistas de altitude. O país favorece este desenvolvimento, pois ele é quase todo montanhoso e ainda fica perto do Himalaia.

Nem todos os iranianos são religiosos ou radicais. No ano passado, um escalador iraniano escalou uma montanha no Himalaia com o Eyal, amigo israelense de meu parceiro de montanha, Maximo Kausch. Ambos tiraram uma foto no cume com a bandeira de seus respectivos países, mas o escalador iraniano, que não vou citar o nome aqui, pediu para nunca divulgar esta foto, pois ele teme que no Irã alguém persiga ele por ter escalado com um israelense. Foda, mas real....

No começo do ano eu conversei com Farnoosh Asapoor, uma iraniana que mora na Índia e ela me contou um pouco de como é o montanhismo em seu país. Não deixe de ler!

Especial: O montanhismo no Irã - Parte I
Especial: O montanhismo no Irã - Parte II

23 de novembro de 2009

Maximo e Isabel escalando tudo na Argentina


Maximo e Isabel no cume do Tolosa, ao fundo se vê a face Sul do Aconcagua



Era pra eu estar nessa, mas não deu, pois infelizmente minha realiadade é que eu preciso arranjar um emprego.

Acabei dando um cano no Maximo e na Isabel, mas fico feliz que eles estão podendo escalar sem terem um meio de transporte, pois eles não tem carro e nem carteira de motorista.

Neste meio tempo desde que voltamos pra Bolívia, o Maximo com a Isabel abriram uma nova rota no Cerro Vallecitos, fizemos uma nova variante na Super Canaleta do Rincón, tentaram sem sucesso escalar a face Sul do Cerro Plata e agora escalaram uma das montanhas mais difíceis da região do Aconcagua, onde poucos vão e que inclusive não tem registro de uma ascensão pela rota que eles subiram, sendo que possivelmente é uma nova rota na montanha.

Para quem quiser ver o relato e as fotos desta nova conquista, veja o Site GentedeMontanha.

19 de novembro de 2009

Uma verdadeira "verdade incoveniente"


Eliseu conquistando mais uma via na Pedra da Divisa, São Bento do Sapucaí - SP. Impacto para os eco xiitas, mas uma solução para a preservação das montanhas brasileiras para mim.


O artigo "O Mito Moderno da Natureza Intocada", publicado por mim nesta semana no site Altamontanha.com, foi uma readaptação de um texto que eu escrevi em 2004 para o antigo site GentedeMontanha, que antes recebia o nome de "O mínimo impacto na escalada", mas que não teve muita divulgação na época.

Cinco anos se passaram desde que publiquei o original e salvo algumas modificações, o texto é quase o mesmo, com a diferença que neste tempo adquiri mais experiência e hoje acredito com muito mais embasamento no que estou dizendo.

Do dia que eu publiquei o artigo até agora (2 dias), 4600 pessoas acessaram o site Altamontanha de acordo com o Google Analytics. Tal estatística é de acesso único, realizado pela contagem a partir do IP da computador da pessoa, ou seja, se ela acessou várias vezes conta apenas como uma.

Tal artigo foi amplamente divulgado (e lido) em listas de discussão sobre montanhismo, mas excetuando o Parofes, ninguém fez nenhum comentário. Embora seja um assunto que esteja correndo nas mesmas listas sob outros títulos e sob outros pontos de vista,  ninguém comenta esta verdade incoveniente de que muito do ecológicamente correto não é socialmente responsável e só é bom para ONG's e pessoas que se valem pelo marketing verde para ganhar popularidade e por não dizer, outros favorecimentos.

Sei que no montanhismo as pessoas têm alta escolaridade e bom nível social. Não podemos culpar a falta de interesse em comentar ou se manifestar contra ou a favor destas idéias por uma limitação intelectual. Mas então por que as pessoas fogem do assunto? Seria este a verdadeira "verdade incoveniente", parafraseando o badalado e ecológicamente correto documentário de Al Gore?

Eu acho que sim!



18 de novembro de 2009

O Mito Moderno da Natureza Intocada e o Montanhismo.


O cerrado em chamas no século XIX. Gravura de Carl Friedrich Von Martius



O paradigma de Antonio Carlos Diegues trouxe a discussão para as ciências humanas dos efeitos da preservação forçada para as chamadas Populações Tradicionais, que são pessoas que não vivem nas cidades e para quem não faz sentido o conceito de impacto ambiental e muito menos a necessidade da preservação da natureza. São pessoas que não têm a cultura do consumismo e nem de acumulação, entretanto são eles os que mais sofrem com as conseqüências das intervenções preservacionista que, de certa forma, privilegiam quem está longe dos espaços naturais e que compram estas idéias por modismo e também por uma idéia simplista sobre preservação, onde o meio ambiente teria que estar livre da atuação humana, mesmo que tenha que ser artificialmente protegido de nós mesmo, apenas para gerar uma contemplação momentânea da população urbana que precisaria de um refúgio espiritual num ambiente maqueado de selvagem, dentre outras interpretações estéticas que não são reais. O que estas idéias têm a ver com os problemas do montanhismo?


Para enteder veja:  coluna no site Altamontanha.com

17 de novembro de 2009

Pacotão de dicas sobre o Aconcágua.


Eu, com vinte anos de idade, no cume do Aconcagua, sem mulas, em 2002.


Hoje eu postei uma matéria especial no site altamontanha.com sobre o Aconcágua.

São dicas sobre tudo, aclimatação, equipamentos, enfim, há muitíssimas informação que servem não somente para o Aconcagua, mas sim para qualquer montanha de altitude.

Quem está com planos de ir para lá não deixe de ler estes dicas.

Aconcágua: Um desafio ao alcance de (quase) todos

16 de novembro de 2009

Ciriricando (Graciosamente) a Serra do Mar

A segunda placa do Ciririca ao fundo e em primeiro plano um Ipê anão florido. Serra do Ibitiraquire - Novembro de 2009.

Cumprido o prometido, o relato completo da Travessia Ciririca - Graciosa, está no ar no GentedeMontanha.com. Veja o Resumo:

Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre travessias serranas. Se você acha Petrô-Terê ou Serra Fina difícil, tá na hora de rever conceitos... Muito longe das tradicionais e badaladas travessias do Sudeste, a Travessia Ciririca - Graciosa, na Serra do Mar paranaense, resgata o melhor estilo do montanhismo brasileiro: Mato, campo, frio, calor, solidão e aventura em um lugar onde poucos conseguem ir.

Veja o relato completo



12 de novembro de 2009

Elcio Douglas Ferreira, o cara!


Elcio no cume do Aconcagua de camiseta, só ele mesmo!!!!

Elcio é um mito vivo do montanhismo no Paraná, mas fora de lá ele é pouco conhecido, talvez porque ele seja uma pessoa discreta ou porque ele nunca subiu montanha fora do Paraná, Santa Catarina embora já tenha realizado feitos notáveis nos Andes.

Ele já foi escalador, chegou a escalar 7c, mas parou pois gosta mesmo é de caminhar e se tornou um caminhante de nossas serras como ninguém.

Na década de 1990 ele foi o responsável pela abertura da primeira travessia Ciririca Graciosa, que é outro mito no Paraná, uma travessia difícil, sem trilhas e que passa por diversos tipos de terreno. Na ocasião esteve junto Oséias de Araujo e Corrêa e se orientaram com bússola e carta topográfica para achar uma saída saindo do Ibitiraquire até sair no marco 22 da estrada da Graciosa.

Um dos maiores parceiros do Elcio foi o Oséias, chamado pelos amigos como Black. Ele levou o montanhismo de travessias inatas até o cúmulo e morreu na Serra da Farinha Seca em um dia chuvoso que ninguém iria querer sair de casa. Até hoje quando há dias a chuva não cessa em Curitiba e junto com ela vem o frio e a neblina, meu parceiro de montanha Júlio Fiori diz: "O dia pra se morrer na Serra".

Além de Black, outro parceiraço do Elcio era o Taylor Thomas, que mais tarde afundou-se na escalada em rocha e se tornou um dos melhores do Paraná. Taylor ficou famoso por abrir a via "Musgos eternos das mentes delirantes" no pico do Ibitirari, a maior parede do Sul do Brasil, via que ainda não teve repetição, pois é um sétimo grau E5!

Pois bem, o Elcio com o Taylor fizeram muitas loucuras juntos. Na passagem do ano de 1999 para 2000, junto com Ivon Cezar Sales, o Indio, em pleno verão com suas chuvas intermináveis, eles fizeram a travessia intitulada "Travessia do Milênio", que consistia em sair do Bairro Alto de Antonina, na baixada litorânea do Paraná, subir o Pico do Ferraria por sua pouco explorada crista que desce até o rio Cotia, logo atravessar toda a Serra do Ibitiraquire, passando pelo Taipabuçu, Caratuva, Itapiroca, Tucum, Cerro Verde, Luar, Ciririca e enfim sair na civilização na estrada da Graciosa. Quem não sabe o que é isso, basta ver a postagem abaixo. É uma travessia latitudinal na parte mais escarpada da Serra do Mar paranaense, um feito realizado por poucos até hoje.

A parte mais engraçada de toda essa fodição, foi que eles chegaram no fim da travessia famintos, pois quem conhece o Elcio já sabe, ele não leva nada pra comer em suas caminhadas. Uma macumba fresca na curva da Santa ao lado da Rodovia da Graciosa foi a salvação. Taylor e Índio brigaram pra ver quem devorava a galinha e o Elcio, que é vegetariano, se lambusou de comer arroz e melão, o melhor da vida dele!

Além destas loucuras serranas, recentemente ao lado do catarinense Arlindo Rossi, Elcio fez uma das travessias mais longas do Sul do Brasil em apenas 19 horas e vinte minutos. Trata-se da Travessia entre o morro do Araçatuba, que fica no Paraná, até o Monte Crista, em Santa Catarina, uma pernada gigante de 68 quilômetros que poucos fazem em menos de 3 dias!

Entretanto o que fez do Elcio um cara famoso, foi sua escalada relâmpago no Aconcagua no ano passado. Ele nunca tinha ido pra Mendoza, nunca tinha escalado aquelas montanhas secas e de aproximação longa e elevadíssima altitude. Eu fui um dos que disseram pra ele não tentar fazer a mesma coisa que ele fazia na Serra do Mar, pois lá a altitude dificulta tudo. Vi no final que o cara pode tudo mesmo!

Ele ignorou tudo e resolveu ir para a montanha de sua maneira. Na mochila, algumas caixas de chocolate, amendoim. Barraca ele levou só até Plaza de Mulas, era pesada e inútil. Fogareiro, pra quê?

Pois bem, nosso colega Elcio chegou no cume do Aconcagua em apenas 3 dias, sem se aclimatar, sem conhecer a montanha, sem pegar mula e além de tudo, sem levar blusa! Ele disse que estava muito quente e fez cume de camiseta!!!!!

Pois é, estas poucas linhas são muito pequenas para dizer quem é Elcio Douglas. Quem quiser conhecer tem que passar um fim de semana com ele na Serra. Se alguem tiver pique, tem que correr atrás, pois o cara é mesmo muito foda!

Parabéns Elcio por seus 22 anos de montanhismo e que continue por mais outros vinte anos! Aliás, você é o cara!!


9 de novembro de 2009

Ibitiraquire em boa resolução no Google Earth

Essa novidade está no ar desde a semana passada, o Google Earth finalmente disponibilizou imagens em boa resolução para a Serra do Ibitiraquire, onde ficam as montanhas mais altas do Sul do Brasil.

Antes, montanhas importantes, como o Pico Paraná, estavam cortadas ao meio e não dava pra ver a região mais baixa recoberta por florestas. Agora não só o PP, mas também a Trilha do Itupava, a Serra da Farinha Seca e a Torre da Prata em boa resolução.

Aproveito a oportunidade pra divulgar o link com o relato da primeira vez que alguém fez a Travessia Ciririca Graciosa, uma das travessias mais difíceis do Brasil situada no Ibitiraquire, muito maior que a Serra Fina e muitíssimo menos frequentada. No grupo que abriu a picada pela primeira vez nesta travessia, estava ninguém mais, ninguém menos que Elcio Douglas, uma lenda viva do montanhismo brasileiro. Veja o relato completo.




Ferraria, Taipabuçu, Caratuva e Itapiroca (primeiro plano) ao fundo Pico Ibitirati, União e Paraná.



Ibitirati visto de Norte para Sul


Vista do Planalto para a Serra


Vista do Ibitirati desde a Serra da Graciosa


Pico do Ciririca, Camapuã e Tucum


4 de novembro de 2009

Identificadas novas espécies da fauna de Escaladoridae



A família Escaladoridae é muito abundante, apresenta diversos gêneros e espécies. Recentemente uma pesquisa conduzida por Esdras et. all. (2009) identificou uma série de indivíduos com hábitos ecológicos parasitas. De acordo com os autores, são eles:

Pseudosescalus mycota (Escalador Fungo) - escalador que não respeita as articulações e organizações locais para liberação das áreas de escalada e nem as regras das propriedades. Na maioria das vezes já chega escalando mesmo sabendo dos impasses. Geralmente não causam grandes doenças, mas atrapalham o desenvolvimento e incomodam como se fosse uma coceira. São infecções oportunistas causadas pela falta de articulação local. Reproduzem-se facilmente com argumentos de que "eu desorganizando posso me organizar".

Falacioescalus diplococos (Escalador Bactéria) – É a espécie mais diversa e atacam todos os espaços. Geralmente iniciam sua infecção por meio da internet, com fofocas e falsas discussões sobre ética. Esse tipo costuma dizer que fazem e acontecem, mas geralmente se juntam em colônias e não saem do lugar. Podem causar doenças sérias quando criam falsos conflitos entre cidades.

Estragopicovirus – (Escalador Vírus) – é o pior tipo. Utiliza-se do ambiente para seu benefício e o destrói em seguida. Como exemplo aqueles que escalam nos locais e depois poluem rios e descartam o lixo nas bases das vias. Esse tipo de escalador engana o sistema imunológico fazendo todo mundo pensar que ele é legal e gente boa. No fundo o que ele quer é parasitar e sair fora deixando seu rastro de destruição. Recentemente alguns picos brasileiros e o Valle Encantado - Argentina sofreram essa infecção.

Escalochatus micropulos (Escalador Carrapato) – Alimenta-se de tudo o que a comunidade local faz, mas não colabora com nada. Quando identificado já está maior do que o tamanho original e causando certos incômodos, mas são facilmente retirados.

Furavias cirratus (Escalador Pica-Pau) – é aquele que para se saciar fura tudo. Mesmo tendo caminhos ou possibilidades em outros locais, chega cavando agarras.

Faladorus mirmecofagídeos (Escalador tamanduá) – é aquele que tem a língua maior que a boca e acaba metendo o nariz onde não foi chamado. Costuma ser o primeiro a ter opinião e o último a ter atitude para mudar. Sua pior arma é o abraço.

Fazendo uma revisão na literatura, a equipe de sistematas taxonômistas em filogenética de Escaladoridae publicam agora uma nova pesquisa sob o amparo da Fupema (Fundação de Amparo à Pesquisa em Montanha) do site AltaMontanha.com. Conheça estas espécies:

Queimandus cannabis – Espécie que existe em abundância, sendo uma espécie endêmica de pirobiomas, tal como é o cerrado de Brasília e de Belo Horizonte, de acordo com a classificação de biomas de Coutinho (2006). A presença de tal espécie nos Planaltos das Araucárias confirmam a hipótese de Soares (1972) sobre a ecologia do fogo na sucessão de ecológica dos campos para as florestas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Psicopatus persecutorius – Espécie parasita que vive de falar mal dos outros em lista em internet. Geralmente é confundido com Falacioescalus diplococos de Esdras et. all. (op.cit), esta espécie, no entanto, se distingue por ser mais resistente e insistente que a anterior, provavelmente advém de uma mutação genética depois de um vazamento radioativa da Usina Angra II na Baia de Guanabara nos idos dos anos 60. Por conta deste incidente mutante, estes indivíduos, não se reproduzem, daí sua avançada idade frente a outros indivíduos de Escaladoridae.

Ecco chatus – Estes indivíduos têm características muito peculiares quanto seu comportamento, provocando grandes polêmicas por conta de impactos mínimos, que são ocasionados naturalmente pela família Escaladoridae, mas que não provocam grandes danos. Muitos destes indivíduos são confundidos com Nerd cientificcus, mas estes, ao contrário do segundo, não têm cérebro muito desenvolvido.

Nerd cientificus – Uma espécie muito interessante dentro da fauna de Escaladoridae. Costuma gerar indagações e questionamentos que provocam polêmica dentro da família. Esta espécie tinha o hábito ecológico de viver empoeirada em bibliotecas, fazendo um mimetismo simbiótico com os livros que ninguém lê. Hoje, no entanto, esta espécie vive refugiada em algumas montanhas. A hipótese, de acordo com Ab’Sáber (1992), é que o período interglacial em que vivemos afetou a distribuição desta espécie, estando ela refugiada em áreas exíguas, sofrendo um isolamento geográfico das demais espécies de Escaladoridae.

Puxandosaccus sp. São diversas espécies que compõem um gênero muito representativo da família Escaladoridae. P.mariasapatilhus. Espécie que vive de bajular escaladoreaceaes que escalam grau forte, com a intenção de namorar eles. P. malensis. Espécie que posa de amigo dos Escaladoridae fortões, mas não mandam porra nenhuma. Fazem banca pra se sentir o “fodão”, mas não pega ninguém, eles têm o desprezo de P.mariasapatilhus. P. famosus. Espécie que bajula outros Escaladoridae, mas não fazem mal pra ninguém.

Travessias elcensis – Espécie rara da fauna de Escaladoridae já ameaçada de extinção sendo representada por um único indivíduo. Este espécie tem o hábito de ser muito gente boa, mas acabou por ficar sozinho igual a tartaruga solitária das Ilhas Galápagos (Geochelone nigra abingdoni), esta espécie é endêmica da Serra do Ibitiraquire. Diferente das tartarugas, o Travessias elsensis caminha muito rápido, sendo este o motivo de seu isolamento. Tal como uma ave, tem hábitos migratórias, de acordo com a temporada, sendo que já foi vista fazendo “bate volta” no Aconcagua e no Illimani.

Mudancios nomis – Espécie híbrida, sendo que há autores que não consideram como Escaladoridade, mas sim Corredoridae. A polêmica na classificação decorre desta própria espécie, sendo muitas vezes comparado ao Ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus). Tem bico, mas não é ave, nada, mas não é peixe, sobe montanha, mas não escala. Assim como o camaleão (Chamaeleonidae) troca de cor, ele troca também de nome, daí a grande confusão taxonômica.

Tirandossarrus bonachensis – Espécie pandêmica na família Escaladoridae. Trata-se de um gênero que surgiu pela primeira vez no Brasil durante o Cretáceo, sendo então considerado um “fóssil vivo” ocorrendo com humor em diversos estados brasileiros. Recentemente houve casos interessante de dispersão desta espécie, com indivíduos partindo de São Paulo para Brasília e do Rio de Janeiro para a Colômbia. A hipótese aventada foi concurso público


Referências bibliográficas:


AB’SÁBER, A.N. A teoria dos refúgios: Origem e significado. Revista do Instituto florestal, Edição especial, São Paulo, março de 1992.
COUTINHO, L. M. O Conceito de Bioma. Acta Bot. bras. 20 (1): 1-11. 2006
ESDRAS, D; ALVARES, A; SÁ, J; A sociedade médica alerta... A vida por alguns fios. Brasília. 2009. Acessado em 03,Nov.2009. disponível em: http://avidaporalgunsfios.blogspot.com/2009/11/sociedade-medica-alerta.html
SOARES, R. V; Considerações sobre a regeneração natural da Araucaria angustifólia. Revista Floresta, v. 10, n. 2. Curitiba. 1972

Matéria no Mountain Voices




Mais uma vez é uma satisfação poder escrever no mais antigo meio de divulgação da escalada e montanhismo brasileiro, o Jornal Mountain Voices, que há 19 anos mantém bem informada a comunidade de montanha brasileira.

Nesta edição de número 110, disponibilizei um pequeno relato de minha escalada ao Ancohuma, a terceira montanha mais alta da Bolívia. Foi a primeira ascensão brasileira.

Agradeço ao Eliseu Frechou pelo espaço concedido. Aos leitores, mais um relato da perrengue que passei nessa montanha.

3 de novembro de 2009

Ciririca - Graciosa

Para quem tem mente poluída: Ciririca é uma montanha e não outra coisa...

Pico do Ciririca: 1705 mts de altitude.


Travessia Ciririca - Graciosa é um dos trekkings mais difíceis da Serra do Mar do Paraná, pois consiste em subir o Morro do Ciririca (a montanha com trilha mais distante da Serra) e depois caminhar sem trilha até a Estrada da Gracisa, atravessando campos, Matinhas nebulares, Florestas e muita quiçassa. Não sabe o que é quiçassa? Então é porque nunca pegou um perrengue na Serra. Procure no google e verá!

Croquis da travessia feito pelo Elcio no Google Earth

Pois bem, a idéia surgiu no meio da semana, quando algumas meninas do CPM disseram que estavam indo ao Agudo da Cotia, uma bela e remota montanha depois do Ciririca. Era uma pernada só de luluzinha, por conta disso, resolvi ir com meus amigos Julio e Hilton pra Serra, até porque o Ibitiraquire é para mim um objeto de estudo geomorfológica e eu tinha que conhecer esta parte importante da Serra que eu nunca tinha ido.

Acabou que o Hilton desistiu e eu saí de Curitiba no Sábado, dia 31 de outubro apenas com Julio. Chegamos na fazenda da Bolinha, que dá acesso à montanha, bem cedo e antes das 7 já estávamos caminhando pela floresta.

A trilha para o Ciririca já foi muito dificil, há pouco tempo atrás. Hoje ela já é mais bem delimitada, mas continua sendo fácil para se perder. Isso só não aconteceu comigo, pois o Julio conhece a trilha com a palma da mão.

Caminhando com tranquilidade, fomos percorrendo a bela trilha que percorre todo o sub-bosque da Floresta Ombrófila Densa da Serra do Mar. Nem parecia que fora do manto verde das árvores fazia um calor próximo dos 30 graus. Sem muita pressa, chegamos cerca das 11 da manhã na cachoeira da última chance, onde paramos para comer um lanche e beber água. Eis que do meio do mato surge o maior conhecedor daquela serra, o Elcio Douglas, um mito vivo do montanhismo paranaense.

Elcio tinha partido da fazenda da Bolinha no dia anterior com duas amigas que foram somente até o Camapuã. Depois dali, ele seguiu sozinho por cima das montanhas e sem querer nos encontrou na última chance, ficando feliz em ver que teria companhia dali para frente.

Juntos subimos o Ciririca e chegamos pero do meio dia nas famosas placas, onde paramos um pouco para descançar. Após uma breve folga, descemos o Ciririca por sua face Sul, uma trilha super escorregadia e inclinada, com trechos que tem cordas fixas, muita quiçassa e pedra sabão. Apesar da dificuldade, me alegrei por estar fazendo a travessia e não precisar subir aquilo.

Já nos campos, deixamos nossas mochilas na encruzilhada e subimos até O agudo do Lontra, que é o segundo mais alto e que tem uma vista excepcional para o Cotia, o Ciririca e o PP, mas lá em cima o tempo estava fechado e não pudemos fazer nada senão que voltar para montar o acampamento.

Julio e eu em cima da Placa do Ciririca

Vista para os Agudos. Da esquerda pra direita: Lontra, Cotia e Cuíca.

Eu e o Júlio na descida

Montamos nossa barraca na Colina Verda. Comi, Julio e eu uma feijoada e alguns liofilizados que ganhei de brinde da Liofoods, uma delícia! Elcio só ficava ouvindo os elogios de seu mocó, pois ele não come carne. Aliás, ele quando caminha na Serra não come nada! E ainda passas as noites somente em bivaques. Algo que acho que seria muito arriscado, tendo em vista a época do ano que nos encontramos.

Fim de tarde na Colina Verde. Atrás o Ciririca e uma de suas placas

Júlio em nosso local de camping na Colina Verde

Por fim, passei uma noite tão boa dentro da barraca que não acordei quando de manhã, Elcio me chamou para fazer um ataque no Agudo da Cotia. O tempo não estava lá aquelas coisas e prefiri a preguiça do que ter uma das vistas mais lindas da Serra. Engano meu que o tempo ia ficar fechado. Elcio voltou com umas fotos lindas lá de cima. Vai ficar como incentivo para eu voltar lá em breve!

Eu e Júlio desmontando acampamento de manhã. Foto desde o Agudo da Cotia

No retorno, com mochilas arrumadas, começamos a caminhas pelo campo, que ainda estava molhado pelo orvalho. A idéia era encurtar caminho, abrindo novas picadas (sem facão) pelo mato e assim chegar em um trecho que pudéssemos economizar caminhadas pelo rio, quer dali por diante seria nossa trilha.

Fomos caminhando atravessando falhas geológicas recobertas pela matinha nebular e também quiçassas de bromélias que me cortou inteiro... Abrindo o mato no peito e se enroscando nos bambus, fomos parar em um dique de diabásio que era uma depressão por onde corria um afluente do rio Forquilha, que seria nossa trilha até que pudesse haver um local para transpormos de bacia e sair do outro lado da serra, já na Graciosa.

Uma falha servindo como ponto de incisão da drenagem nos altos da Serra.


Descemos o Forquilha com um grande esforço. Não que exista uma dificuldade técnica em andar no rio, mas ali a rocha é o Diabásio, que fica um sabão quando molhado. Todo cuidado era pouco, mas depois de algumas horas lá estava o Elcio procurando um local para sair do rio e começar a subir as encostas do Tangará e do Coxotós, para alcançar a garganta entre estes dois morros. Ali é o divisor entre a Serra do Ibitiraquire e Serra da Graciosa.

Rio Forquilha

Transpondo cachoeira de diabásio

Um ralo de "sumidouro", local onde o rio entra dentro das rochas

Já na graciosa, não estávamos livres dos rios, pelo contrário, ali iniciava o maior trecho. Começamos a caminhada de descida alcançando a nascente do rio Mãe Catira e fomos percorrendo este rio até seu médio curso, deviando algumas vezes de umas curvas em "S" que ele fazia, mas sempre tendo ele como guia de caminhada.

Após algumas horas chegamos um acampamento permanente de caçadores. Por sorte não tinha ninguém lá, mas deu para notar que suas atividades estavam bem diversificadas, pois não era apenas de caça que eles se moviam, mas também da extração de Palmito.

Acampamento dos extrativista. Infelizmente os maiores frequentadores destas paisagens são quem destrói!

Deixamos o acampamento para trás e continuamos nossa jornada pelo rio, chegando em pouco tempo em um enorme Dique de Diabásio que ao contrário do alto da serra, onde estas falhas preenchidas pelo material magmático são pontos de incisão de rios, lá em baixo, ele era uma saliência no relevo. O mãe catira acabou perfurando o Dique, fazendo um belo canyon e no fim deste, no contato com a outra rocha (provavelmente migmatito) ocorre um denivel do terreno, é a cachoeira da Mãe Catira.

Canyon no Dique de Diabásio

Tomando café no topo da cacheira (por essa vc não esperava hein Elcio?)

Cachoeira da Mãe Catira

Descemos a cascata pelo lado e continuamos pelo rio mais alguns quilômetros para enfim achar a saída que por trilha, nos levou até o marco 22 da estrada da Graciosa, já às 9 e meia da noite. Estávamos exaustos!

Caminhamos pela estrada feito indigentes, de tão sujos que estávamos... Para variar, chovia na Serra da Graciosa. Fomos até um ponto onde há sinal de celular e fomos resgatados pela mulher do Fiori, a Solange.

O espaço de um blog não é o mais apropriado para o que eu tenho para contar sobre esta travessia e sobre a Serra do Ibitiraquire. Nesta incursão pela Serra, conheci muito mais do que sobre este lugar onde poucos vão. Encontrei alguns materiais de grande valia para uma pesquisa futura e trouxe comigo muitas indagações cientificas. Entretanto como meu espaço na internet é mais reservado para montanha, não deixem de ver, daqui alguns dias, o relato completo sobre esta travessia no site GenteDeMontanha.com.

Por enquanto fiquem com as fotos de nosso grande Elcio Douglas:

Ombreiras no Ciririca: Altitude na cota dos 1550 mts.

"Sela" entre o Caratuva e o PP. divisor de duas drenagens recentes (rios Cotia e Cacatu) que tem o nivel do mar como base.

Relevo de "Tor" conhecido como "Ovos de Dinossauro. Cota altimétrica: 1550 mts. O mesmo do Morro do Camelo que tem a mesma feição geomorofológica. O Morro do Getulio, que tb tem este relevo, está à 1450 mts na vertente oposta da serra. Será um escalonamento?

Paredão do canyon voltado para o mar: Erosão remontante.

Detalhe na parede: O avião do Bamerindus que se chocou na década de 80.