Blog do Pedro Hauck: setembro 2012

27 de setembro de 2012

Incêndio no Caratuva: 5 anos depois. O que podemos aprender?

Neste artigo trato do grande incêndio ocorrido no Pico do Caratuva, segunda montanha mais alta do Sul do Brasil, localizada na Serra do Mar paranaense no ano de 2007, através de uma perspectiva diferente: Um exemplo sobre a dinâmica da vegetação nas montanhas e sua evolução.

Para ler o texto completo, veja minha coluna no site AltaMontanha.

Incêndio no Caratuva no dia 7 de setembro de 2007. Foto Elcio Douglas Ferreira.

21 de setembro de 2012

No rádio

Amanhã vai ao ar a entrevista cedida à Zélia Sell na Rádio E-Paraná (AM630) sobre história do montanhismo paranaese. Estive ao lado de dois grandes figuras ilustres de nossa história, Vitamina e Nelson "Farofa" Penteado, além de Daniel Faria. vale a pena ouvir:

http://altamontanha.com/Noticia/3621/nelson-farofa-e-vitamina-darao-entrevista-em-radio


19 de setembro de 2012

Go Outside de setembro 2012


Em setembro, na Go Outside (ed. 88):

Nesta edição temos duas matérias sobre o montanhismo paranaense:

Matéria especial: Mato e morro
História da abertura da travessia alfa crucis, onde Elcio Douglas e Jurandir Constantino percorreram as principais montanhas da Serra do Mar Paranaense

VIDA LONGA VIDA
Pesquisas e atletas ensinam como podemos viver mais e melhor, curtindo a natureza e os esportes que amamos. Destaque para o montanhismo Vitamina!


BOCA A BOCA
Especialistas do esporte, do  meio ambiente e da vida ao ar livre dizem que o pensam sobre os temas de sua especialidade, entre eles a senadora Marina Silva, o repórter Clayton Conservani e o ciclista Claudio Clarindo  

UM NOVO LAR CHAMADO BRASIL
O escritor norte-americano Peter Stark se mudou com a família para uma pequena cidade do Nordeste brasileiro, onde moraria durante um ano. Roubada ou sonho? Pergunta complicada
ÁGUA & SAL
Desde pequeno, o havaiano Kai Lenny esbanja talento em esportes aquáticos; agora, aos 19 anos, se firma como grande nome do stand up surf


ATIRE PRIMEIRO, PERGUNTE DEPOIS
Novo método polêmico é colocado em prática no Parque Nacional de Kaziranga, localizado na Índia. O objetivo é afastar caçadores ilegais do maior recanto de tigres e rinocerontes do planeta
BATEU, TOMOU, VOOU
Há decadas que os atletas de resistência buscam um jeito de aumentar a absorção de oxigênio. A resposta pode ser mais simples que se imaginava: suco de beterraba. 
Conteúdo online extra: Confira em nossa página algumas ótimas receitas para você incorporar esse aliado a sua rotina de treinamento.

BIZARRO SIM. CHATO, NUNCA
O grupo britânico The Adventurists organiza rallies inusitados nos quais a única regra é dirigir os piores veículos já construídos -- e rir adoidado. Conteúdo online extra: Assista em nosso site a alguns dos vídeos incríveis que essas provas já renderam e saiba como participar de um desses desafios

OLIMPO TECNOLÓGICO
De bikes a roupas, os equipamentos mais modernos e avançados apresentados nos Jogos de Londres





17 de setembro de 2012

Mitos e arqueologia no Pico Paraná

No sopé do Pico Paraná, na localidade de Bairro Alto, distrito de Antonina, há diversas ruínas de projetos hidrelétricos do passado que foram abandonados ou esquecidos que se misturam com mitos de época mais antigas, quando tropeiros desciam a Serra do Mar carregando erva mate e charque e garimpeiros, ávidos por riqueza fácil, bateavam o rio Cachoeira à procura de ouro.

Na atualidade, rumores do tempo se misturam, como se cada acontecimento tivesse ocorrido junto, na verdade a região hoje conhecida como bairro Alto tem uma história bem interessante que sustenta estes mitos populares.

Onde hoje é o bairro Alto, era no passado um entreposto isolado de Antonina. Dali vinham tropas de mula que desciam a Picada do Cristóvão, no passo entre a Serra do Ibitiraquire e a Serra do Capivari. Nesta trilha antiga, que já foi um caminho de índios e durante a colônia se tornou um caminho calçado, escoava a produção de todas as fazendas da região do vale do Capivari, no primeiro Planalto. As mulas desciam o caminho e iam até o Porto de Cacatu. Dali a carga era dispensada em Canoas, que navegavam rio abaixo e penetravam a baia de Antonina, indo descarregar no porto da cidade homônima.

Não era possível chegar à Bairro Alto de Canoas, isso por que o Rio Cachoeira não permitia, aliás, ele não tem este nome à toa. Daí a utilização do Rio Cacatu e Nunes como meios de transporte fluvial. A rodovia PR 340 não existia. Ela só construída na década de 1950, por decorrência da construção da Usina da Cotia, localizado no Bairro Alto.

O projeto desta Usina era bem primitivo para os padrões atuais. O rio Cotia, no canyon entre o Pico Paraná e o Caratuva/Taipa/Ferraria foi represado formando o que hoje se chama de “Piscina dos Elefantes”. Dali saia tubos metálicos levando água que desciam o vale e alimentavam a usina quilômetros abaixo.

Esta primeira usina funcionou por cerca de 15 a 20 anos somente e foi abandonada quando entrou em operação a Usina Parigot de Souza, esta sim um mega projeto de engenharia que impressiona por sua ousadia.

A Usina Parigot utiliza as águas do rio Capivari, represado a 850 metros de altitude no primeiro planalto. Desta represa há uma captação que leva a água por um túnel subterrâneo que percorre 12 km no interior das montanhas. Dentro do Pico Paraná, este túnel sofre uma queda de cerca de 600 metros que alimenta as turbinas da represa na baixada litorânea.

Na construção desta usina, na década de 1960, foi cavado janelas auxiliares, por onde saiam o material detrítico do interior do túnel principal. Hoje estas “janelas” estão abandonadas no meio do mato, que consumiu também a estrada que dá acesso à ela e suas pontes.

Caminhando atualmente pela estrada da Conceição, que utilizou parte da antiga picada do Cristóvão, vemos indícios já “arqueológicos” destas obras recentes, engolidas pelo abandono e pela floresta que cresceu no antigo canteiro de obras.

Os tubos e aquedutos da Usina da Cotia parecem restos de um Eldorado antigo e a estrada e as pontes da usina mais recente também. As épocas se misturam e temos a impressão que aquelas obras seriam da época dos tropeiros que desciam a serra de mula.

Os garimpeiros ainda bateavam no rio Cachoeira, muitos eram escravos e seus senhores eram jesuítas, que ao saber da aproximação de uma expedição de portugueses à procura de seus tesouros, trancaram os escravos em jaulas no meio da floresta e fugiram com todo o ouro. Dizem que até hoje existem trilhas e pontes que levavam até a antiga vila no meio da floresta, da qual restaram apenas os trilhos dos vagonetes utilizados na lavra do metal precioso.

Confuso? Não, basta usar a imaginação.

Veja as fotos da minha ultima pernada pela região, na companhia de Edson “Du Bois”, Miriam Chaudon e Cacá Reis.

 Aquetudos da Usina da Cotia abandonados

Aqueduto abandonado
 
Olha o sapinho folha de novo! será que é época?
 
Se não viu na foto anterior, agora viu...
 
 Estrada da Conceição e floresta de 50 anos de idade.

Estrada calçada com pedra, abandonada desde a década de 1960.

Estrada abandonada

Duto de concreto da estrada usada em 1960 na construção da usina Parigot.

Restos de uma ponte sobre o rio Cotia.

Rio Cotia, parece calmo, mas durante eventos de muita chuva há muita cabeça d´água. Será que isso levou a usina da Cotia ao colapso?

Rio Cotia

Ibitirati, cume secundário do Pico Paraná.

Vale do Cotia

Janela da Cotia, da década de 1960.

Interior da Janela. Escravos aprisionados?

Calcita do concreto usado dentre do túnel.


Cacá no interior do Túnel

12 de setembro de 2012

Noche Estrellada: Livro de Isabel Suppé

A editora Desnível publicou seu primeiro livro com sotaque argentino e o autor, ou melhor autora da obra é uma alemã que viveu e escalou muito aqui na América do Sul: Isabel Suppé.

Conheci a Isabel em Julho de 2009 no Illimani na Bolívia e pouco mais tarde dividi cordada com ela na montanha de 6 mil metros mais dificil daquele país, o Illampu. Um ano mais tarde, também na Bolívia, Isabel sofreu um acidente que quase tirou sua vida e é até hoje considerado um "Touching The Void" feminino, alusão ao livro e vivência do britânico Joe Simpson.

Isabel sofreu uma queda de 400 metros na Asa Esquerda do Condoriri, sofreu diversas fraturas na perna e permaneceu mais dois dias na montanha, com osso exposto, até finalmente ser resgatada. Foi um milagre nos Andes. Mesmo de muletas, ela ainda escala. 

Isabel escreveu seu livro durante a recuperação no hospital, conseguiu ficar em segundo lugar no premio Desnivel de 2011, perdendo apenas para a obra Huida al Tibet.

Recebi seu livro com dedicatória e recomendo a todos que gostam de boas leituras e histórias perrengosas.

Quem quiser adquirir o livro, não custa muito na Livraria Desnível.



10 de setembro de 2012

Pedra Branca do Araraquara em dois tempos

Poucos montanhistas frequentam a Pedra Branca do Araraquara, montanha de 1200 metros localizada na divisa entre Paraná e Santa Catarina, localizada de frente à famosa Serra do Quiriri. Por outro lado, muitos caçadores frequentam o local, como pude constatar recentemente. Trilha bem aberta e lixo atestavam isso.

A Pedra Branca exerce atração à estes frequentadores ilicitos por suas características naturais. É uma montanha toda florestada, da base até seu cume amplo e amorreado. Pássaros e mamíferos são ouvidos aos montes. Não era isso, no entanto, que nos atraia àquela montanha naquela manhã de Agosto. Guiando dois pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa, estávamos procurando bromélias, ou melhor uma espécie do gênero Racinaeae, visto no Paraná apenas uma vez pelo saudoso botânico Gerdt Güenter Hatschbach em 1968 exatamente naquela montanha.

Então à procura deste pequena epífita subimos eu, Camila, Julio, Moisés, Berenice e Shyguek, os mil metros de desnível daquele incrível paredão verde para encontrar muitas bromélias, que não eram as procuradas por Berenice, e muita chuva no cume.

Na correria para descer, esqueci meus óculos e minha marreta no cume e uma semana depois, junto do Cacá e do Manoel voltei para resgatá-los, sem ter encontrado a sumida bromélia e achar meus equipamentos intactos no local onde os largue, depois que muita água passou por lá. Voltei com ótimas fotos e muita pedra na mochila.


Neblina na Pedra Branca - primeira investida.

Além de bromélias, lindas orquídeas.

Mata no cume da Pedra Branca

Chuva no topo!

Sapinho camuflado nas folhas do chão da floresta.

Conseguiu ver o sapo?

 Manoel e Cacá no cume da Pedra Branca na segunda investida.

Vista do cume para a Serra do Quiriri.

Serra do Quirir e Garuva
 
Vista para o Leste, onde destaca-se a Torre da Prata no horizonte.

 Morro dos Perdidos e Araçatuba no horizonte.