Blog do Pedro Hauck: maio 2009

31 de maio de 2009

O dia da montanha de Campo Mourão

Pessoal da CNOPAM entre eu e a Andressa


Fui convidado a abrir o dia da montanha de Campo Mourão, cidade que fica a 400km de Curitiba no interior do Paraná. O evento foi realizado pela CNOPAM, Clube Noroeste Paranaense de Montanhismo.

Mesmo sem ter montanhas na região, é surpreendende saber e ir trocar experiências com pessoas em locais distantes que se organizaram e buscaram fazer o montanhismo, mesmo que para isso eles tenham que empreeder longas viagens. A CNOPAM, que foi fundada pelo Wilson Baptista Alves "Guga", é um clube novo, mas consegue realizar eventos, viagens e até mesmo consegue apoio para abertura de vias e outros projetos.

Na região de Campo Mourão, onde o clube está localizado, não há afloramentos rochosos expressivos para a abertura de vias. Isso não foi problema para eles começarem a escalar. O CNOPAM fez um projeto e junto com uma pedreira desativada, proporam a recuperação ambiental da área utilizando como proposta a abertura de vias de escalada nos paredões e a realização de paisagismo na parte interna da ex. pedreira.

Ele conseguiu que uma empresa pagasse o transporte de muitos caminhões de terra para poder reflorestar a parte interna da pedreira, que receberá mudas na primavera, depois da época das secas. O proximo passo será a transformação da pedreira em um parque público para lazer.

Para mim foi um grande prazer e um orgulho poder vir a Campo Mourão realizar esta palestra e conhecer os integrantes deste clube que são um exemplo em determinação e comprometimento com o montanhismo. Espero que eles tenham gostado de minha palestra, que foi sobre a história do montanhismo, enfocando os acontecimentos históricos e suas influências na evolução das técnicas, equipamentos e da mentalidade e ética de subir montanhas.

Gostaria de agradecer à Andressa Zanlorenzi, sem a qual não teria sido possivel este intercambio, já que ela me convidou e com ela eu vim para Campo Mourão. Andressa é Secretária da CBME e da vice presidente FEPAM e ela tem realizado importantes contatos e aproximado os mais distantes clubes de montanhismo do interior do Paraná com os da capital. Também está muito empenhada na aproximação da Federação com órgãos público e é responsável pelo bom momento de nossa atividade, assim como a valorização da cultura do montanhismo no Paraná. Parabéns à ela e também à CNOPAM.

Praça central de Campo Mourão

27 de maio de 2009

Um bom momento da escalada?!

No ano passado escrevi um artigo, baseado em minha percepção sobre como estava a escalada daquele momento e minha experiência com a escalada no passado. O cenário daquele momento era bem pior do que o de 4 ou 5 anos atrás.

Como indicativo tínhamos a possibilidade do fechamento da Casa de Pedra, o mais importante ginásio de escalada de São Paulo, sobrevivente de uma turbulência que fez fechar outros 4 ginásios no Estado. Os campeonatos estavam esvaziados, as pessoas desmotivadas, os picos de escalada já não tinham mais tantos freqüentadores como antes...

Para piorar nossa atividade estava sofrendo uma marginalização, pois é assim que eu interpreto as proibições das escaladas em áreas públicas como em parques. Só para citar uma breve lista tínhamos naquele momento todas diversas restrições impostas pelos órgãos que administram parques: P.E. da Pedra Azul, ES; P.E. Gruta do Monge, PR; P.E. da Gruta da Lapinha, MG; P.E Canyon do Guartelá, PR; P.N. do Iguaçu, PR; P.E do pico do Jaraguá, SP, entre outras proibições particulares.

Agora nos princípios da temporada de 2009, vejo que esta história começa a mudar e há vários indicativos para isso.

Para começar, os campeonatos voltaram. Este ano já foi realizado etapa do campeonato catarinense, paranaense, carioca (de volta em 2008 depois de anos sem realizações), mineiro (que contará com diversas etapas), brasiliense e agora o gaúcho, que no ano passado teve só uma etapa, realizada às pressas em Dezembro. Há ainda o boulder fest da Casa de Pedra, que não vale como paulista, mas terá uma premiação como há tempos não se via em campeonato.

Para melhorar ainda mais, neste ano tivemos duas re-inaugurações de ginásios de escalada, um em Curitiba (Estilo Aventura) e outro em Belo Horizonte (7 cumes). Alguns lugares de escalada foram reabertos, como o Parque do Jaraguá em SP. Claro que a situação atual não é a melhor de todas, mas fica mais ou menos claro que a escalada tem momentos de alta e de baixa. Estive falando com o Eliseu Frechou e ele me disse que em sua escola de escalada ele observa estas tendências, que é quando ele não ministra cursos de escalada básico. De acordo com ele, o pior momento foi entre os anos 2003 e 2004, quando o país sofreu uma recessão pela troca de governo e o dólar chegou ao patamar dos quatro reais.

Fora isso há também a questão da moda. Há épocas que a escalada fica mais em evidência. Lembro-me que até 2003 a escalada era negócio e as marcas estavam na feira de esportes de aventura em SP, mas depois desapareceram... e a tal feira virou um espaço para corrida (gincana) de aventuras, que tem um apelo para os patrocinadores muito grande.

Se estamos melhorando ou não só o tempo dirá... Mas iniciativas como a do projeto pró-escalar certamente estarão dando um sangue novo, assim como pessoas de associações e clubes que passaram a estar mais atuantes promovendo mais atividades. Há ainda muito que percorrer para que a escalada atinja um nível de destaque no mundo, mas alguns sucessos individuais, como o Felipe Camargo são boas amostras e uma aposta para o futuro.

Felipinho na seletiva juvenil de escalada: Jovem e experiente

22 de maio de 2009

Nova via na Pedra da Divisa: Só as Cachorras

Na quarta feira fomos chamados (eu e Tacio) pelo Eliseu para ajudá-lo, junto com o Crevinho, na abertura de um novo projeto no setor dos Tetos, o mais popular da Pedra da Divisa em São Bento do Sapucaí.

A linha saía de um diedro positivo e subia até uma fenda. Pela aparência, a via daria um sexto grau. Eliseu subiu pela via ao lado, a Morcheeba e bateu o primeiro grampo à cerca de 13 metros do chão, abaio de platô de mato cheio de abelhas...

Ele dali subiu delicadamente até a fenda, onde entalou uma peça móvel e percebeu que daria para subir ainda mais. Por grande obra do acaso, mais para cima chega-se em um super negativo com agarras enormes, mas sem pé. Ele foi até ali e bateu uma parada.

Depois disso desceu e deixou a furadeira em nossa mão para que batessemos as chapas sainda do chão, colocamos três.

Hoje eu e o Tacio voltamos lá para terminar o serviço. Subimos a divisa com um enxadão e uma vassoura. Subi guiando e fiz uma "parada" em móvel na fenda e comecei a limpar de baixo pra cima, até chegar no platô das abelhas.

Dei a primeira enxadada, e foi abelha pra tudo quanto é canto... Desci de rapel cheio de abelhas pela roupa. Por sorte a abelha é do tipo cachorrinha, aquela que não pica, mas inferniza.

Deu um tempinho e voltei para o platô. Comecei a pôr pra baixo todo o mato (eco-xiitas fiquem tranquilos que eram brachiaria!) e limpei o faltava. Pus muita terra pra baixo e também outra cachopa de abelha. Foram duas! Desci escovando a parede para deixar tudo pronto para a primeira ascensão.

Enquanto esperamos as abelhas irem embora, o Tacio entrou guiando e encadenou a "It's Only Rock and Roll", eu fui depois em pink point... de volta ao chão, olhei para cima e apesar das abelhas ainda estarem lá, não aguentei, peguei a ponta da corda e parti pra cima.

O começo da via é bem fácil. Entre a segunda e a terceira chapa tá faltando ainda uma outra proteção, apesar de ser um lance de sexto, pede-se atenção para quem for repetir logo neste final de semana (em breve será colocada uma chapa lá!)

Passando a quarta chapa, entra-se em um lance fácil até o antigo plato das abelhas e lá começa a fenda. Utiliza-se um camalot n. 3 ou 2 para preteger este lance. Ao término da fenda, vc terá que sair e logo terá uma outra chapa na direita. Ali há um baita agarrão pra mão direita. Para passar o lance é preciso subir o pé bem alto e sair quase na horizontal para pegar um outro agarrão, onde se junta a mão e passa para uma terceira agarra grande na direita. Ali já dá pra ajeitar os pés e só bater a solteira... Grau final da via: 7a/b? Venha repetir e dar sua sugestão!

O nome da via? Não podia ser outro, pois quase que as abelhas cachorras ganharam a briga, quase...

Eliseu batendo a primeira chapa no primeiro dia

Pedra da Divisa

Indo pro trabalho com a enxada

Saida da via

Depois da quarta chapa

Final da fenda, indo pro crux

Peça de tamanho ao camalot n. 3 na fenda. À prova de bomba!

Tacio entrando na fenda de segundo

Tacio indo pro crux

Para ver mais fotos, entre no site do Tacio: www.tacio.com.br

20 de maio de 2009

Anormal aprendendo a voar no teto do Baú



Calma, eu ainda não tenho a intenção de saltar de Base Jump como o Nick. O nome deste post é, ainda que fora de ordem, os nomes das vias que escalei ontem no Baú. Saindo do Col e indo para o cume elas foram: “Learnig to fly”, Anormal e Teto.

Saímos, Tacio Philip e eu, ontem pela manhã de São Paulo rumo a São Bento do Sapucaí, na Serra da Mantiqueira. Chegamos ainda cedo na cidade, despejamos nossas coisas no refúgio do Eliseu e fomos diretos para um restaurante, onde nos entupimos de comida mineira, a que eu mais gosto!

Depois de ingerir quase um quilo de tutu, com couve refogada, carne de panela, linguicinha, berinjela empanada entre outros, ainda tive espaço na pança para devorar um pouco da sobremesa, cortesia da casa... Dirigi quase passando mal rumo ao bauzinho, onde chegando lá ainda tive um tempinho para apagar e cochilar por 15 minutos antes de começar a caminhada até o Col do Bau, que folga!

Renovados, chegamos ao col rápidamente, onde nos equipamos e caminhamos até o começo da "Learning to fly", onde me ancorei num bico de pedra e dei segue para o tacio abrir a primeira enfiada que é uma travessia horizontal, totalmente em móvel.

Depois que ele chegou no fim, bem curto por sinal, ele montou uma parada em móvel e fui em seguida, para depois guiar o lance mais complicado da via, um diedro totalmente em móvel. No começo há uma proteção fixa, ou melhor, um velho píton batido na fendinha do diedro, uma fenda tão estreita que só píton pra entrar lá... Subindo um pouco, a coisa muda e pude colocar um nut pequeno, blz... pensei... isso aqui segura um vôo...

Mas para cima o lance ficava sem agarras de mão, então é preciso usar os pés e subir com cuidado, até porque neste momento era difícil ver o pé, de tanto equipo pendurado no rack, o que fez lembrar o dilema do homem gordo no mictório, mas ok.. não mijei no meu pé continuei com muita cautela, aliás o nome da via é “Aprendendo a voar”.

Em um determinado momento eu saí do diedro para cair em outro diedro melhor, onde deu para proteger bem com um camalot. Seguindo, saí em um tipo de platô positivo onde escalei na horizontal, até achar uma saída para cima usando agarras bem grandes. Neste lance, é preciso se pendurar nos agarrões e subir bem o pé, porque lá a pedra faz uma barriga. Este movimento é super aéreo e a última peça móvel estava lá embaixo... Apesar dos agarrões com locais para proteger, eu nem fiz isso pois neste lance a via fica ligeiramente negativa e achei melhor tocar pra cima do que ficar gastando o braço pra entalar o camalot.

Deu uma baita esticada na corda e cheguei na parada na via normal do Baú. Acho que é por isso que essa via tem esse nome, mas não vou testar pra ver.

O Tacio veio em seguida limpando e na sequência entrou na via “Anormal”, que é um quarto bem tranqüilo. Neste momento estava vindo da Domingos Giobbi um escalador que acabou parando no final onde estávamos, trata-se do Julio Campanela do Rio, que agora mora em Brasília.

Batemos um papo com o Julio e na sequencia o Tacio foi se equipando para terminar nossa escalada. Guardou os móveis, pegou os estribos e partiu para finalizar a escalada pelo “Teto” do Baú, uma via linda feita inteira em artificial A0. Apesar deste “zero” no final ser um tanto quanto insignificante, esta escalada não foi, pelo contrário...

Tacio guiou o artificial com muita tranqüilidade. Enquanto isso eu fiquei na base dando segue morrendo de frio, já que eu tinha tirado minha blusa da mochila, pois não tinha sido usada nos últimos dias de escalada, que erro, pois ali na base do teto, o vento canaliza e como ficamos na sombra, o frio era congelante...

O Tacio demorou cerca de 40 minutos para guiar o teto. Terminado, vim de segundo escalando também, pois neste caso é muito mais fácil repetir a escalada do que jumarear.

O teto do Baú não é difícil, mas fazer ele sem estribos deve ser terrível. Mesmo com equipamento de artificial e com o teto todinho costurado, dá muito trabalho passar os estribos, subir, encurtar a Daisy chain com o fifi, passar o estribo em outra chapa, repetir tudo de novo uma centena de vezes... Tava muito frio e já escurecia, então por conta disso quis agilizar o processo, mas não adianta, artificial é demorado e fazer as coisas mais rápidas acabam em desarrumar tudo e aí piora muito a situação. Embora não tenha sido nenhum perrengue, terminei a via já na escuridão da noite, quando me reuni com o Tacio na parada e guiei em livre o final de quarto grau da via, indo sair no parapeito do baú, no cume.

"Anormal aprendendo a voar no Teto" é uma boa opção pra quem quer diversificar a escalada no Baú. Há ainda outras linhas que podem ser imendadas, poderia ser Anormal aprendendo a voar como pássaro, ou como bravo... bom, o Baú é bem democratico na escolha.

Veja as fotos do Tacio

Eu vendo o croquis das vias no col do Baú

Saida da Learning

Tacio na parada do meio da Learning

Tacio guiando a Anormal e o teto do Baú acima

Eu vindo de segundo na Anormal

Tacio no começo do teto

Tacio no teto



Bauzinho visto por baixo do teto do bau. Foto do Tacio

Eu no segue, Julio na parada da Normal.. Mó friaca!

Pé do Tacio e a piramba morro abaixo...

Final do Teto...



Sombra do Baú. Foto do Tacio

Terminando a via de noite com meu tradicional capacete torto.

18 de maio de 2009

Escalando o Baú pelo lado mais fácil

A Pedra do Baú é mais do que um simples morro, é um mito e isso advém do fato de que lá ficam os únicos big walls do Estado de São Paulo e também porque as vias que não se utilizam técnicas artificias (Marvada Bunda e Parque dos Dinossauros) são bem difíceis.

Entretanto, muito tempo antes de serem abertas estas vias, o acesso ao cume da montanha feita sem escadas não era tão complicada e parece que muitas pessoas esqueceram da via "Normal" do Baú que é acessada desde o Col com o Bauzinho.

A "Normal" não é uma via grande e muito menos dificil. É o caminho mais fácil para ir pro cume da montanha escalando, já que são apenas duas enfiadas de terceiro grau seguidos por caminhadas e trepa pedras. Mesmo fácil, isso não quer dizer que a via seja pouco interessante, ao contrário disso, ela é muito bonita e chega a dar medo aos menos acostumados com altura.

Realizei esta escalada com uma pessoa muito especial neste fim de semana, a Vivian. Mas como não sou muito chegado a coisas muito normais, realizei a primeira enfiada da via por outra rota, a Marrasmo, que é um quinto grau com passagem em móvel.

A Marrasmo é um trecho bem curto que sai no meio da Cresta do baú, onde dá pra fazer uma parada em móvel usando peças pequenas e médias. Em seguida, sobe-se pelo terceiro grau da Cresta, que é muito bonita e afiada, para não falar em exposta para quem não está acostumado. Esta via termina na Normal.

Dali em diante é outro terceiro grau até a base do "Teto" do Bau, de onde começa a trilha para o cume.

Esta é uma escalada bonita e diferente que vale a pena uma investida.

O Baú visto do topo do Bauzinho.



Lance da Cresta

Segunda enfiada da Normal, com Gustavo que estava fazendo curso com o Galassini e o Aranha na foto...

Vivian no segundo lance da Normal

Eu com o Bauzinho ao fundo.

13 de maio de 2009

Cidade Deserta.

Não gente, isso não é um retrospecto de Curitiba durante o carnaval, mas sim o nome da via que o Tacio Philip e eu escalamos hoje na Pedra da Ana Chata em São Bento do Sapucaí SP.

Cheguei antes de ontem em São Bento pela noite para uma semaninha de escaladas. Ontem o dia não rendeu nada, mas hoje ta começando a ficar melhor com a escalada desta via que é bem exigente no que diz respeito a compromisso: Entrou, tem que fazer. A não ser que você leva duas cordas pra cima e muita fita de abandono, que não foi nosso caso.

A via é graduada em 4° V, A2, parece fácil, mas não é. Primeiro porque é bem exposta, o que dificulta a nossa interpretação. Na segunda enfiada da via eu errei o lance e fui parar na via “Peter Pan”. Acabei que continuei reto pra cima, montando uma parada em móvel para que o Tacio emendasse de volta na via, esticando um monte até o local que nos interessava, a enfiada em artificial da Cidade Deserta.

Bom, deixei o filet pro Tacio e ele mandou muito bem o lance, ganhando altura gradativamente sobre este trecho super negativo do morro. Eu fui em seguida, jumareando, ou melhor, me fudendo pra jumerear, pois acho que não sou bom nisso...

O crux foi sair do artificial e entrar em livre em um trecho que ainda era negativo, mas com buracos bem grandes, muito maiores que as maiores peças que tínhamos, o que resultaria em uma queda no vazio do negativo e ainda pendulando, já que essa saída é feita numa transversal pra direita. Novamente foi o Tacio que teve o prazer de passar a perrengue...

A mim ficou incumbida a missão de esticar novamente uma enfiada fácil e depois curtir a crista que existe no final da via, com uma super visão para a “Bunda” do Baú.

Tacio na primeira enfiada da via

Parada em móvel sem querer

Tacio, na parada antes do lance em artificial.

Ganhando altura...

Chegando lá...

Içando equipo...

Jumareando

Jumarear não é fácil...

Na parada...

Na Crista da Ana Chata

Eu na Crista, foto do Tacio...

Bunda do Bau e sua sombra com a do bauzinho na direita (foto do Tacio).

10 de maio de 2009

Escalando em Andradas

Alguns dias que antecederam o feriado de 21 de Abril, contrariando minhas obrigações com a redação da minha dissertação, logo após de ter ficado mais de 15 dias no Sul e no Uruguai, fui à convite do Hilton Benke e do Maximo Kausch, que passou pelo Brasil, ao Sul de Minas escalar em Andradas.

Eu já tinha ido duas vezes para Andradas, mas ambas as vezes escalei pouco. Desta vez, já que estava botando o pé na jaca, resolvi ir pra escalar freneticamente, e foi isso o que fizemos nestes 5 dias que ficamos por lá. Se duvidam, perguntem ao meu xará Pedro Zenetti (Jacaré) e a Dona Nice do Refúgio do Pantano.

Andradas é um lugar fenomenal pra quem gosta de escalada de qualidade. Lá as paredes não são grandes como Salinas, mas também não são pequenas. Elas orçam entre 150 e 200 metros, sendo que a maioria têm entre 4 e 5 enfiadas.

O diferencial é que são escaladas clássicas, mas mais difíceis. As vias são bem protegidas, mas também se utilizam um estilo bem arrojado, pois ontem tem buracos e fenda, não tem chapa e isso vale pra todas as vias mais novas que 10 anos (a maioria) e pra qualquer grau.

Posso dizer que embora estivesse apto a me dar mal com minhas obrigações, valeu muito a pena, pois foram dias de escaladas perfeitas em que me superei. No final, acabou tudo dando certo e agora que já entreguei meu trabalho, posso divulgar estas escaladas fantásticas sem peso na consciência.

Nestes dias escalamos várias vias. Dentre as quais posso destacar: 5.15, Zênite no Morro do Elefante; Irmãos Rocha e Supreme a Cubana, no Morro do Boi; Monstro do Pantano, Nini Van Prehn, Savamu, Tendências Sociofóbicas e de saidera, Andragônia.

Todas as vias são lindas e é difícil dizer qual foi melhor. Daria um destaque para a Tendencias Sociofóbicas, por ser uma via exigente (7a em móvel) e as vias do Morro do Boi, que é um lugar muito bonito.

A via mais difícil foi a Andragônia, que dá um 7a, VIIC (150 metros). A via tem 3 enfiadas seguidas de 7b, sendo que na última há um lancezinho liso que eu achei ser 7c. Via complicada, pouco repetida, muito exigente física e psicologicamente. Tem muitos lances delicados protegidos em móvel e utiliza-se muitas peças grandes, acima do Camalot n. 3.

Deixarei para falar desta via mais tarde em minha coluna no Altamontanha. Vou deixar uma sequencia de fotos do local para instigar mais nosso retorno ao local. Andradas é o bixo!


Eu e Max no meio da parede na Pedra do Elefante. Reencontro com a montanha alguns anos depois...


Eu guiando a primeira enfiada da Supreme a Cubana no morro do Boi.


Topo da cabeça do Elefante com dois escaladores, não viu?


Hilton vindo de segundo na Zênite


Parada em móvel,  a prova de bomba na Zênite.

Eu na Andragônia. Uma das difuldades da via é levar todas essas peças gigantes pra cima!


Jacaré na Andragônia


Parada em móvel na Andragônia


Jacaré vindo de segunda na primeira enfiada de 7b da Andragônia


Max esticando a corda no morro do Elefante


Jacaré no começo onde tudo fica dificil na Andragônia, Pedra do Pantano.


Eu na Pedra do Elefante... Leve sempre costuras longas!


Max na Zênite


Enfiada mista na Zênite


Este é o alien (não eu, mas sim a peça!)
 

Indo de terceiro na Zênite


Hilton faceiro


Max na primeira enfiada em móvel da Zênite


Max


Eu na monstro do Pantano


Monstro do Pantano, via linda!

Morro do Boi, otimas vias e lugar muito bonito, com direito a cachoeira na base das vias



Max limpando a Irmãos Rocha


E agora limpando a Supreme a Cubana


Chuva!!!


Dando segue numa cordada a três


Max


Tamanho da parede e a Floresta que restou

abaixo

Morro do Elefante


Hilton na 5.15

Os três patetas na parada!