Blog do Pedro Hauck: janeiro 2010

31 de janeiro de 2010

Palestra na Defesa Civil

Nas últimas semanas estive afastado da montanha, primeiro por conta das chuvas que não páram e depois para estudar para concursos e também para as séries de palestras que venho ministrando voluntáriamente. O governo investiu em mim, tive uma ótima qualificação e tenho que retribuir de alguma forma.

As chuvas que nos impede de ir pra montanha, causam grandes tragédias também. Nossos problemas são ridículos diante dos outros problemas gravíssimos que vêm acontecendo.

A maior parte da população brasileira vive próximo ao atlântico, numa região natural onde o relevo é muito amorreado e colinoso, com sistema de serras anteriormente florestados. Um território de difícil ocupação.

Desenvolvemos nosso sistema econômico urbano e industrial nestas paisagens. Logo, os poucos espaços disponíveis para serem ocupados sem riscos foram usados e toda uma população sem recursos foram viver lugares inaptos para tal uso.

A realidade da ocupação do espaço é dialética e histórica e ela se manifesta materialmente sob a forma de favelas nas antigas várzeas de rios, nas encostas inclinadas dos morros, locais que nunca deveriam receber construções humanas. Para piorar, estas pessoas não têm o mínimo recurso e quando ocorrem fenômenos climáticos de chuvas intensas, eles são os primeiros a sofrerem e quem arca com os prejuízos é o poder público.

Quem é culpado pelos desastres das chuvas? A natureza? Os pobres que ocupam as áreas desvalorizadas? Quem especula os imóveis e fazem os pobres ocupar estas áreas? O ser humano como um todo que alterou a paisagem, causando desequilíbrios?

A resposta mais sensata é, todos eles...

Não resta dúvida que exista uma indústria da tragédia que vive de realizar trabalhos urgentes sem licitação. Há também gente que lucra com a especulação e uma grande injustiça de termos que socializar os prejuízos. Tudo isso é resultado da falta de planejamento que provocou a concentração de gente e de renda em São Paulo, provocando a necessidade de ter que desenvolver a economia por lá. Para terem uma idéia, cerca de 60% das pessoas que moram em SP dizem que se tivessem oportunidade deixariam a cidade, mas não deixam, pois é lá que está o emprego...

Hoje podemos falar que existe no Brasil uma população de refugiados ambientais. São eles, os sem teto das chuvas de Santa Catarina em 2008, de Angra dos Reis, São Luis do Paraitinga e da zona Leste de São Paulo neste ano.

Cada caso é um caso, mas podemos dizer que a razão de existir estes flagelados é por culpa do sistema econômico, e não das chuvas. Porque permitiu-se a construção de hotéis e casas na base de grandes morros nos sistema montanhoso da Serra do Mar, porque permitiu-se o plantio de milhares de hectares de florestas de Eucalipto em áreas de mares de morros no alto da bacia do rio Paraíba, e porque permitiu-se a ocupação da várzea do Rio Tietê? A resposta é simples: Para o que dá dinheiro tudo, para o que não dá dinheiro nada!

Na cidade onde eu cresci, Itatiba – SP, esta lógica do sistema está sendo aplicada. Vivemos um caos ambiental que só tende a piorar e ao longo do tempo resultar em tragédias, como já está acontecendo em pequena escalada para as pessoas que vivem ao longo do vale do rio Atibaia. O mau uso do solo está resultando no assoreamento dos rios, provocando enchentes no verão e falta de água no inverno.

Desta vez que as chuvas estão sendo mais intensas, está ocorrendo pela primeira vez prejuízos materiais e econômicos.

Minha palestra na Defesa Civil foi para alertar que os problemas não são por causa de uma mudança global no clima, mas sim mudanças locais no meio ambiente. Não adianta pensar numa esfera de atmosfera, se ecossistemas (geo e biosfera locais) estão em desequilíbrio provocando a destruição.

Espero que a minha palestra tenha sensibilizado para que as pessoas tentem buscar a solução dos problemas e não apenas remediá-los com obras urgentes, onerosas e impactantes que serão necessárias novamente quando outra chuva forte acontecer.

A solução é buscar minimizar os impactos, recuperar as matas ciliares, desaassorear os rios, reflorestar as encostas íngremes, evitar a impermebilização dos solos, impedir o escoamento superficial da água, permitir a infiltração dela no solo, reduzir as ilhas de calor urbano, ou seja, promover um planejamento ambiental urbano e rural em contraposição as medidas emergenciais.

Isso é um grande desafio, espero que eu tenha outras oportunidades de poder falar sobre isso, não apenas aqui neste blog...

Veja as fotos abaixo e os comentário. Quem se responsabilizará por recuperar estes ambientes? Me digam se resolver os problemas abaixo é uma atividade economica que dá dinheiro?

Encostas sem a floresta nativa e improdutivas, falta de mata ciliar protegendo as drenagens da sedimentação e o resultado: Assoreamento do rio. Isso provoca enchentes.

Solução de engenharia para fazer a água escoar em drenagem assoreada. Grande impacto na paisagem para não resolver o problema, já na proxima chuva haverá novamente sedimentação, "entopindo" o rio.

Deslizamento de encosta por causa da chuva e escoamento superficial por falta da cobertura vegetal. Poderia ter sido uma tragédia se fosse uma área ocupada, entretanto o atulhamento do rio irá provocar outra dentro do sistema da drenagem.

Resultado do escoamento de água superficial em uma area de eucaliptais. As florestas de eucalipto não protegem o solo da erosão. Nesta foto, há uma estrada que é asfaltada, mas ela foi coberta por lama vinda de uma fazenda que planta eucalipto em encosta. Quem arcará com o prejuízo? o fazendeiro que não faz o manejo adequado ou a prefeitura?

Resultado do escoamento superficial de água sobre área de pastagem. O capim protege o solo com seu sistema radicular, mas permite o escoamente superficial de água que com uma declividade acenturada ganha energia, vindo a causar destruição à juzante. Veja a quantidade de materia que foi transportado pela água que destruiu um alambrado.

Enchente ocasionada pela deficiencia de vasão de um lago assoreado.

Detalhe para o lago. Onde está a água? Bancos de areia já estão aflorando, tamanho é o assoreamento. Quem pagará a recuperação da capacidade deste lago armazenar água? Será recuparado a mata ciliar para o impedir o aporte de sedimentos para dentro do lago?

Barranco de estrada desmoronando durante chuva forte. Estradas rurais mal conservadas e sem sistema de drenagem viram rios com as chuvas.



25 de janeiro de 2010

Palestra sobre a Serra dos Cocais

Paisagem na Serra dos Cocais


A Serra dos Cocais é uma das últimas serras do planalto atlântico paulista rumo ao interior. É uma região de uma paisagem excepcional, seja por conta de seu relevo, onde afloram diversas rochas, quanto por conta de sua cobertura vegetal, onde se mistura a floresta estacional semi decidual, cerrados e individuos relictuais de caatinga.

Para quem gosta de escalar, a Serra é o paraíso dos boulders da região de Campinas. Localizada entre Valinhos e Itatiba, dá pra ver de seu topo os prédios do centro de Campinas e até as chamas da refinaria de Paulínia, não é a vista mais bonita que se pode esperar de uma montanha, mas a proximidade da metrópole dá a importância para sua conservação e também mostra o perigo, pois a cidade está muito próxima.

Apesar de já ser totalmente alterada, a manutenção da economia rural na Serra dos Cocais é muito importante, pois ali existe um ecossistema que é responsável pela manutenção de muita vida, seja por conta de sua biodiversidade, quanto por conta da água das nascentes que irão abastecer as cidades da região. Por isso ali é uma área inapta para a urbanização.

Por conta de todos estes argumentos, no último sábado, dia 23, eu fui a Valinhos proferir uma palestra, na ocasião da criação da Associação Amigos da Serra dos Cocais, para dar força ao movimento que pretender conservar a aludida Serra.

Pretendo nos próximos meses estar publicando um artigo científico com um resumo de tudo o que eu já pesquisei sobre a Geografia Física da Serra dos Cocais para poder dar mais argumentos, reiterando a necessidade da criação de uma APA e ter instrumentos legais contra a expansão urbana e favor de um uso mais apropriado do solo na região.

Enquanto isso, quem quiser ter acesso a outros artigos que eu já produzi sobre a Serra dos Cocais é só ir nos links abaixo:


A Paisagem primitiva da Serra dos Cocais, setor ocidental do planalto atlântico paulista

Campos, matas e mandacarus: A Teoria dos Refúgios Florestais aplicada ao estudo da Paisagem da Serra dos Cocais entre Itatiba e Valinhos - SP.
 

Paisagem na Serra dos Cocais

Este sou eu explicando superfícies de erosão na palestra do sábado.

19 de janeiro de 2010

Nos campos e nos pinhais





Esta semana meu blog foi homenageado pelo Blog História Viva. Este, um blog que trata de temas reflexivos das ciências humanas, muito interessante...

De uma certa maneira, terem escolhido meu blog se deve , de um lado, por meu afastamento da montanha, o que é triste, já que estou impossibilitado de escalar por conta de trabalho. Por outro lado, este trabalho me deu um pouco de incentivo para eu escrever mais sobre meus pensamentos e minhas memórias, que foram os posts deste mês de Janeiro, um mês que fomos também bombardeados com informações sobre tragédias, onde não deixei de manifestar minhas experiências.

A tragédia do momento é o terremoto no Haiti, um desastre natural globalizado, pois além de atingir diretamente aquela população sofrida, ainda atingiu pessoas que ajudavam no combate à pobreza daquele país que é o mais miserável de todo o continente americano. Dentre estas pessoas estava a Dr. Zilda Arns, responsável pela pastoral da criança e também pelo baixo índice de mortalidade infantil que o Brasil alcançou na última década.

Zilda que é paranaense, começou a trabalhar contra a mortalidade infantil no interior do Estado, numa pequena cidade chamada Florestópolis. Apesar do atual progresso, o Paraná, um dos Estados mais ricos do Brasil, tem em suas origens uma história de muito sofrimento, pobreza e subdesenvolvimento. A economia do Estado foi durante muito tempo atrelada ao extrativismo florestal, sobretudo da exploração predatória da Araucária, a árvore símbolo do Estado. Hoje resta menos de 1% da área natural de Florestas de Araucária original no Paraná.

Por trás desta história de degradação, boa parte incentivada pelo governo a partir da década de 1940, existe a história privada de famílias que moravam nos acampamentos no meio da floresta e que vivam da derrubada da floresta, os Pinhais, com sua população composta de imigrantes europeus, poloneses, ucranianos, com os mesmo pés descalços e barriga vazia que os cablocos originais da região.

Estas pessoas sofriam do isolamento, da falta de acesso à educação, da fome e do frio dos planaltos sulinos, além é claro que ficavam suscetíveis às chuvas comuns que inclusive dão nome científico àquela formação florestal, a “Ombrófila (que gosta de chuva) Mista (por misturar espécies latifoliadas com os pinheiros gimnospermas)”.

Para exemplificar um pouco com era a vida neste Paraná típico, eu escolhi um fragmento do livro “Nos Campos e nos Pinhais” de Hellé Vellozo Fernandes, que faz uma bela descrição das paisagens e do modus vivendi das pessoas neste Brasil subtropical tão pouco relatado e conhecido:

Lá na fábrica as máquinas ficam rodando.

No pinhal, diante das escolinhas de mato, cercam-nos mulheres invariavelmente pálidas e apáticas, em torno, olham-nos com receio e curiosidade.

Fazemos a pergunta de praxe: Já ganharam feltro?

_Feltro?
São novos em Pinheiral. Vieram de um dos povoados da redondeza e não sabem que, na fábrica, os feltros servem de correia transportadora do papel e da celulose, em uma fase do seu processo de secagem. Quando, desgastados, se tornam inadequados a tal uso, são secados e cortados em pedaços – verdadeiros cobertores de tecido duro – mas quente, resistentes ao vento, à geada, à chuva ao frio.

Vamos distribuí-los entre a gente dos acampamentos de lenhadores e plantadores de pinheiro, no início do inverno.

Numa enxerga sem colchão estão deitadas quatro crianças. Enrolam-se num feltro e, aquecidas, dão risinhos de contentamento. Escondem as cabeças, quando nos vêem. Depois, lentamente, os cabelos revoltos vão aparecendo na borda do feltro e quatro pares de olhos escuros nos fitam, risonhos. A mãe explica:

_Dois são da vizinha. Os menorzinhos, vieram aproveitar a quentura da cama.

Esfriou muito estes dias. Geou valendo, nos pinhais. O tempo está brusco. E chover piorará. As crianças não foram para a escola porque não têm agasalhos. Debaixo do feltro, riem, sem se incomodar com o tempo.

Encontramos Virso acocorado diante do fogo aceso, sobre o chão de terra batida, no rancho.

_Então, Virso não vai trabalhar hoje?

O lenhadorzinho de dez anos sorri, fitando-nos com seus meigos olhos azuis:

_ Tá muito frio dona!

Onde ele, um cabloco da terra dos caingangues, arranjou aquele par de enormes olhos azuis?

De escolinha em escolinha vamos distribuindo feltros.

Os olhinhos das crianças luzem. A oferta é generosa; poderá cobrir cinco ou seis irmãozinhos. Vamos seguindo a rotina, como se não nos emocionasse a avidez com que as mãos encardidas agarram o pesado volume.

O Ismair contou-nos que é irmão do Saur. Olha-nos todo satisfeito, mal podendo sobraçar o grande feltro.

_Nome do seu pai?

_João de Jesus.

_ De sua mãe?

Parece não nos compreender. Subitamente ri, os dentes alvos realçados no rostinho escuro. E, de olhos muito abertos, afirma-nos com precisão e firmeza:

_Nome da minha mãe? Mãe, ué!





18 de janeiro de 2010

10 anos se passaram....


Mapa do caminho que percorremos de carona


... da primeira grande aventura e que aventura!

Não foi fácil, 10 mil quilômetros de carona, quase sem dinheiro, equipamentos precarios e escassos, muito peso nas costas, sem experiência, sem conhecimentos, angustia, felicidade, liberdade... Quanta coisa aconteceu e até hoje ainda não consegui entender.

Escalei minhas primeiras montanhas andinas, pra começar, o Cerro Plata, de quase 6 mil metros de altitude. Em seguida, escalei um vulcão ativo, vi a lava desde o cume... Ainda escalei mais outros e estive em montanhas que não deu pra fazer cume.

Foi uma Odisséia e o pano de fundo, a Patagônia, me inspirou para chamá-la de "Austral".

Veja mais no site AltaMontanha clicando na imagem...

Chaltén numa época que não tinha hotéis, nem tanta gente

15 de janeiro de 2010

GDM em revista da Argentina, de novo!

Não é só a Revista Aventura & Ação que traz matérias do GentedeMontanha neste mês. A revista argentina Weekend está com uma matéria especial sobre uma escalada que oMaximo fez nos Andes de Mendoza.

No inverno, ele e Isabel estabeleceram uma nova rota no Cerro Vallecitos, no popular Cordón del Plata.
O relato de Maximo está em nosso site. Mas a matéria completa tá na revista, vá pra Argentina e traga uma pra mim também!




13 de janeiro de 2010

Nova edição da Aventura & Ação nas bancas!

Nova Aventura & Ação é uma das melhores revistas de Esportes de Aventura e Natureza.
Na nova edição, que está nas bancas, há novamente uma contribuição minha.
Passem lá e dêem uma olhada!






 

12 de janeiro de 2010

Maximo escala a Face Sul do Mercedário. Segunda maior parede andina


Pico Polaco (esquerda), Mercedário (centro) e Cerro Negro (direita). Foto tirada por mim em Janeiro de 2008 desde o cume do Cerro Ramada.

Parede esta que é meu sonho escalar.

Já estive na região uma vez e fiz a primeira ascenção brasileira na face Sul do Cerro Negro, de 5600, uma escalada semelhante à da face Sul do Mercedário.

A base da face Sul do Mercedário fica a 3600 metros. É preciso escalar direto até os 6 mil metros, o primeiro lugar plano que dá para montar uma barraca e dormir nesta parede. Isso significa que vc tem que escalar com tudo nas costas (barraca, saco de dormir, isolante, comida) 2400 metros de parede de gelo com inclinação que orça os 60 graus, o suficiente para, se você cansar, levar uma queda rumo ao infinito...

Maximo escalou pela Sul, fez cume e desceu pela rota normal, fazendo uma travessia completa pela montanha.

Veja a matéria no site AltaMontanha


A gigantesca face Sul do Mercedario. Segunda maior parede dos Andes. Foto tirada por mim desde o cume do Cerro Ramada. Janeiro de 2008.


11 de janeiro de 2010

É preciso aprender a contestar os idiotas


Eu com Aziz Ab'Sáber

Dando continuidade à minha revolta de como é tratado os desastres ambientais e por não dizer, "sociais" no Brasil, venho aqui reproduzir uma entrevista com o grande mestre Aziz Nacib Ab'Sáber, cuja sabedoria sempre norteou meus estudos e que inclusive o citei em meu breve texto (ver abaixo) sobre os acontecimentos em Angra dos Reis e no Vale do Paraíba.

O problema está em nossas mãos e caberá a pessoas de minha geração resolver os problemas do passado, principalmente combater a maneira de se fazer política neste país. No post anterior já dei dicas, o povo brasileiro tem que aprender a deixar de valorizar apenas os conhecimentos que dão dinheiro imediato e dar valor à uma cultura mais altruísta que busque reconhecer a origem e a dinâmica das coisas e não apenas remediar problemas crônicos.

Deixarei que o mestre Aziz fale por mim. O resumo das idéias está em suas palavras finais, que dão nome ao título deste post.

Por Mônica Manir - O Estado de São Paulo

O pai de Aziz era homem de poucas letras brasileiras. Mas esse libanês maronita entendia o idioma do bom negócio. Quando a economia de São Luiz do Paraitinga começou a ruir por causa da Central do Brasil, ferrovia que tirou a cidade do eixo da exportação de café, seu Nacibinho levantou a barra da sua lojinha e foi-se embora com a família para Caçapava. Aziz tinha apenas 5 anos. Oito décadas depois, sua memória de São Luiz é viva o suficiente para que lamente todo o patrimônio histórico levado pela inundação e para que aponte nesta entrevista, colhida em interurbanos intermitentes para Ubatuba, os motivos "fisiológicos" que teriam levado a cidade do Vale do Paraíba a sucumbir sob as águas. Um deles é a periodicidade de uma crise climática anômala. Dependendo da região, de 12 em 12 anos, de 13 em 13 ou de 26 em 26, o mundo desaba. E os homens e as moradias sofrem com as chuvas, ainda mais se decidem ocupar o que não pode ser ocupado.

As escorregadelas políticas também cá estão. Aziz não é de poupar burrices administrativas, especialmente na área ambiental. Critica todas as camadas do governo - do federal, com quem se desentendeu logo no início do mandato do presidente Lula, ao municipal, com seus "prefeitos incautos". Só o enchem de esperança os jovens, mas aqueles que frequentam as boas universidades brasileiras, para quem este eterno mestre da geografia escreve o terceiro volume de suas Leituras Indispensáveis.

São Luiz do Paraitinga perdeu ¼ dos imóveis tombados. Foi um dos maiores desastres culturais do País. Como o senhor reagiu a isso?


É compreensível que, tendo nascido lá, eu sinta uma tristeza imensa com essa destruição. Houve, no passado, uma tragédia semelhante. Quando eu era menino, com 4, 5 anos, meus parentes comentavam: "A cidade foi inundada até a beira do mercadão". A casa dos meus pais ficava numa esquina em frente do mercado e o fundo dela era o rio, que volteava tudo. Mas, na época, São Luiz tinha um crescimento populacional mais razoável. Lembro que a margem de ataque do rio, à beira d'água, era uma estradinha tangenciando o morro para poder chegar ao caminho de Ubatuba. Andei muito do outro lado do rio, onde ia coletar pitangas gostosas na borda da mata. Hoje, além das pousadas, há os eucaliptais, que são uma presença extremamente perigosa no entorno de São Luiz. Os eucaliptólogos descobriram os morros da cidade, plantaram num nível de até 15, 20 quilômetros de São Luiz para oeste. Isso mudou todo o esquema.

Como assim?


Os eucaliptos oferecem vantagens econômicas para os donos de empresas, mas, com eles, há o sugamento da água subterrânea. Na estrada de Tamoios, próximo da represa do Paraibuna, a formação de bosques de eucaliptos é ainda maior. Os eucaliptólogos se reúnem sempre lá para fazer seus projetos. Ocorre que os prefeitos são incautos. Dando um pouco mais de impostos e de dinheiro para a prefeitura, eles deixam acontecer.
Que características tem a cidade para já ter sofrido inundação no passado?


Toda aquela região da Praça da Matriz, que é a região da Rua das Tropas e a região do mercado, tudo aquilo é envolvido por um meandro. Meandro é uma volta do rio às vezes muito alongada, às vezes mais estreita. Todo meandro tem um lóbulo interno, a várzea. Do outro lado, sobretudo em áreas de morros, ficam os declives. Bom, tudo isso se modificou muito. Antigamente, o povo chamava o período de maior cheia do rio, embora não catastrófica, de tromba d'água. As duas expressões mais bonitas de São Luiz eram rio acima e rio abaixo. Vinham de rio acima grandes aguadas, mas elas raramente subiam até o lóbulo e, portanto, até a praça. Desta vez, as grandes chuvas desceram os patamares de morros e chegaram aos terraços. Houve deslizamentos de blocos de terra, árvores, pedaços de rocha. Foi uma tragédia total.

Técnicos atribuem a desgraça também ao excesso de chuvas. Está mesmo caindo mais água do céu?


Este é um período anômalo, de grandes interferências na climatologia da América do Sul, provocadas por um aquecimento relacionado ao El Niño. Primeiro foi no nordeste de Santa Catarina, depois no Rio e no Espírito Santo, depois em São Paulo, depois em Minas, depois no sul de Mato Grosso. A coisa foi se ampliando por espaços do tropical atlântico e por outras áreas do planalto brasileiro. Na época da enchente catarinense, fiz uma listagem da periodicidade climática de exemplos bastante prejudiciais para cidades e campos. Esse trabalho está publicado na revista do Instituto de Estudos Avançados de dezembro e mostra que, de 12 em 12, ou de 13 em 13, ou de 26 em 26 anos, desde 1924 até dezembro de 2008 e dependendo do lugar, houve essa periodicidade. Cheguei à conclusão de que é preciso muito cuidado nos próximos 12 anos em Blumenau e fazer obras de retenção na área de extravasamento do rio no sítio urbano. Caso contrário, quando esse ciclo atormentado da climatologia se repetir, será reanunciada a desgraça.

Mas o senhor previu que Paraitinga também poderia sucumbir?


Quando passei a visitar de novo o município para conhecer melhor minha terrinha, não senti a possibilidade de invasão de águas no lóbulo interno pegando a Praça da Matriz. Não senti. Não achei que isso ia acontecer. Tanto que insisti muito em trazer a biblioteca de ciências, que estava na ex-casa de Osvaldo Cruz, para um lugar mais baixo e frequentado por crianças. A Praça da Matriz seria o lugar ideal. Transpuseram os livros, montaram uma bibliotecazinha ali. Os empresários, aliás, em vez de se preocupar com a cidade, resolveram fazer uma dádiva apenas para mostrar colaboração. Criaram a biblioteca infantil e mandaram comprar livros que não tinham nada de relação com a educação infantil. Eu fiquei furioso com isso. Continuei levando muitos livros para lá, auxiliado por uma pessoa que fez história na USP. Foi a minha tarefa. Mas a gente não sabia que ia chegar o dia dos 13 em 13 e dos 26 em 26. Passei a me preocupar com isso depois que estudei o quadro na região de Blumenau. Já estava escrito.

Também já estavam escritas as mortes em Angra?

Lá foi invasão em áreas de risco, pousadas sucessivas nas encostas. Morro é sempre complicado. Como os prefeitos deixam isso acontecer sabendo que embaixo dos morros tropicais tem solo vermelho fofo, de forma que casas bem construídas ou mal construídas podem, durante esses ciclos de climatologia anômala, descer pelas encostas, matar as pessoas, derruir as cidades? O principal derruimento, minha filha, é a ignorância das pessoas. Ao saber que o governo do Estado do Rio havia liberado áreas de risco e de proteção ambiental para a expansão das cidades, fiquei desesperado. É preciso ter menos ignorância, mais planejadores, mais equipes interdisciplinares capazes de observar o sítio urbano, a região do rio acima, a região do morro, a do lóbulo interno dos meandros. A moça que trabalha aqui comigo em Ubatuba me dizia que, por morar em bairro afastado, não tem escola para os filhos. Começa por não ter escola, começa por não conhecer a história da cidade, tampouco o clima da região.
 

Que história se perdeu sob as águas do Rio Paraitinga?

A história de uma cidade que enriqueceu durante o ciclo do café e decaiu com a estrada de ferro. Durante o ciclo, a única maneira de exportar o café era saindo de Taubaté e passando pela região onde hoje está São Luiz. Ali se formou uma rua alongada, com as casas à direita e à esquerda, a Rua das Tropas. Pois bem, algumas pessoas dos arredores de São Luiz também tiveram ali fazendas de café. Houve uma época, inclusive, em que empreendedores de origem francesa tentaram fazer uma indústria de tecidos no caminho que vai de São Luiz a Ubatuba, por isso muitos nomes da cidade têm origem híbrida, portuguesa e francesa. Mas foi um investimento fracassado.

E como surgiram os casarões?

Os fazendeiros de café ficaram tão encantados com a exportação do produto pela estrada que tiveram, a partir de 1850, a ideia de construir casarões para morar na cidade. E toda roça é muito triste à noite, sobretudo aquelas com riachos cortando os morros. Enquanto na roça permaneceram os capatazes, na cidade os fazendeiros receberam imigrantes de várias partes, especialmente de Portugal, que tinham tradição e capacidade de construir casarões de pau a pique e taipa. Não é uma coisa que resista a todos os tempos, sobretudo quando há enchentes dramáticas. Bom, filha, essas pessoas receberam uma tragédia socioeconômica em torno de 1900, quando se estabeleceu a Estrada de Ferro Central do Brasil. Todo o café, do vale inteiro, passou a sair pela estrada por Taubaté, São José dos Campos e Lorena em direção ao Brás e, de lá, pela Estrada Santos-Jundiaí. Mudou-se o eixo da exportação. O problema era sério e grave. Algumas famílias de fazendeiros foram fenecendo. Pessoas de Minas Gerais, que sabiam guardar seu dinheirinho, vieram para São Luiz e compraram terras para fazer o que sabiam fazer: criar gado leiteiro. Disso viveram por muitos anos. Quanto aos casarões, muitos foram transformados em hotéis.
 

O senhor acredita que Paraitinga voltará a ser polo turístico?

A USP, universidade em que nasci como pessoa cultural, vai fazer um grupo de trabalho para compreender a cidade em todos os níveis. Disseram que queriam colocar o meu nome em primeiro lugar na equipe. Pedi que não me constrangessem. Eu já estou muito constrangido com mil coisas, estou desesperado com os péssimos políticos que o Brasil tem.

O senhor disse certa vez que o governo não tinha noção de escala. Continua achando o mesmo?


Em projetos médios e maiores, continua sem noção. E quem não tem essa noção dirige mal o seu país. No caso do presidente da República, sempre insisti com ele: "Você, que sabe fazer discurso, fale nas suas prédicas que vai pensar no nacional, no regional e no setorial". O nacional é a Constituição, são as reformas especiais que precisam acontecer de tempos em tempos. Regional é o conhecimento do Brasil como um todo: as terras baixas da Amazônia, os afluentes do Amazonas, o Golfão Marajoara, as colinas recobertas por caatingas entre as chapadas do Nordeste, entrando um pouquinho pelo Piauí e muito pelo Rio Grande do Norte, com raros solos vermelhos, bons quando a topografia é suave. Esses locais foram muito úteis para o Ceará, mais úteis que alguns políticos que existem lá. O setorial pressupõe pensar em educação, saúde pública, transportes, comunicação livre, setor socioeconômico e setor sociocultural.

Há quem atribua essas tormentas climáticas dos últimos meses ao aquecimento global. Há alguma verdade nisso?

Isso é bobagem. O ciclo deste ano é um ciclo periódico complicado. Essas pessoas que falam em aquecimento global erraram tanto até hoje... Diziam, por exemplo, que o aquecimento iria derruir a mata amazônica. Outro publicou num jornal de São Paulo que, por causa do aquecimento global, a mata atlântica de Santa Catarina até o Rio Grande do Sul seria destruída. Ele não sabia que essa mata só está na costa. Agora, é verdade que, somando os aquecimentos das áreas industriais e das áreas urbanas, dá um aquecimento contínuo. Daí em Copenhague terem defendido o combate a ele.

O senhor achava que a COP-15 teria outro desfecho?

Eu sabia que seria um insucesso. Quero um bem imenso à Dinamarca, tenho razões culturais para isso, mas note bem: quando vi que o Lula ia indicar um grande número de pessoas, foram mais de 740, eu disse: como é que em Copenhague, cidade relativamente pequena, tradicional, como é que vai haver uma reunião em que mais de 740 pessoas possam fazer debates? Ia dar numa coisa zero.

Foi um insucesso por causa da grande comitiva brasileira?

Foi por causa de tudo, mas o Brasil viajou para lá exuberante. Levaram a Dilma. A Dilma nunca entendeu de meio ambiente. Não tem culpa. Ela tem outro passado, daí ter sido colocada inicialmente no Ministério de Minas e Energia.

E o que o senhor acha de Marina Silva como candidata, ela que sempre esteve ligada à preservação ambiental?

Ela não conhece o Brasil. É uma mulher do Acre, uma pessoa que acredita no criacionismo. Ela é ela, e acabou. Tudo o que sabe é que existiram aquelas fantásticas atitudes de Chico Mendes.

Quem entende de meio ambiente no governo, professor?


No governo, apenas os técnicos mais jovens do Ibama, com o auxílio de promotores públicos também jovens, saídos das boas universidades brasileiras. São eles que me dão entusiasmo, são eles que me dão esperança. Mas o Ibama está gradeado pelo governo federal, o que é um absurdo. Isso vai redundar, no futuro, em muita coisa contra a biografia de todos eles, sejam governantes federais, estaduais ou municipais. Digo e repito: nós no Brasil precisamos aprender a contestar os idiotas.

10 de janeiro de 2010

Sobre a tragédia do Vale do Paraíba e Angra dos Reis


Rio Sapucaí Mirim - Serra da Mantiqueira, 1 de Janeiro de 2010.

Todos os anos vemos esta história se repetir. Chega o verão, com ele as chuvas e junto com a água enchente e deslizamentos de terra.

Uma parte deste fenômeno é absolutamente natural e ocorre por conta da dinâmica da região natural onde se encontra a maior parte da população do Brasil, uma região natural chamada por Aziz Ab'Sáber de Domínio dos Mares de Morros florestados.

Pois bem, a explicação do porquê Aziz chama boa parte das paisagens do Sudeste deste nome já explica um pouco os motivos deste desastre. Primeiro o "Mares de morros". Bem, este nome diz respeito ao relevo do Sudeste, repleto de morros arredondados em forma de "meias laranjas" resultado de milhares de milhões de anos de clima tropical úmido com o favorecimento da evolução de solos e entalhamento dos canais de água.

Em seguida vem o nome "Florestados", bem aí não é preciso ser um gênio pra entender. Onde estão as floresta? No Estado de São Paulo existe apenas 1% da Mata Atlântica original. Ou seja por um lado o desmatamento é responsável por "desproteger" as vertentes com alto grau de instabilidade, seja pela inclinação quanto pelos solos.

Os solos profundos e desenvolvidos (latossolos) são muito antigos e apresentam diferenças entre os horizontes subsuperficiais. Há migraçào de argilas dentro dos perfis do solo e a concentração em certos horizonte provoca a dificuldade da água percolar entre os poros do solo, de forma que ela pode se concentrar e saturar uma camada de solo, que com o peso, pode ceder, mesmo com vegetação.

Foi mais mais ou menos isso o que aconteceu em Santa Catarina em 2008, quando depois de meses com muita precipitação, uma chuva fora do normal veio por desestabilizar as encostas que se liquifizes e o resultado foram corridas de lama e inundação da várzea dos rios, até mesmo em locais onde a natureza estava preservada.

Mesmo estes desastres tendo um "Q" de catastrofismo, eles poderiam ter ao menos perdas menores, se os planejadores entendessem um pouco da dinâmica natural das paisagens. Algumas simples de se prever, como o regime de chuvas durante o verão.. outras um pouco mais complexa, como a mecânica dos solos, ou até mesmo o mapeamento geológico abaixo do manto de intemperismo, já que existe uma grande relação entre ravinamentos e erosão, com falhas geológicas, que são mais frequentes do que vocês imaginam.

Obviamente não há como evitar uma chuva fora do normal, mas podemos evitar o assoreamento dos rios, também a ocupação das várzeas, o mesmo com a ocupação das encostas e o desmatamento delas...

O pior de tudo é que isso continuará acontecendo, pois a propria sociedade não valoriza os conhecimentos da dinâmica da paisagem. Procure nos concursos dos orgãos ambientais a relação de vagas entre quem tem o conhecimento técnico e o cientifico? Quantas empresas tem geógrafos, biólogos e ecólogos em seu efetivo? pouquíssimo.... Pra piorar, na formação de engenheiros não existe discpinas como por exemplo Geomorfologia, ou qualquer outra de Geografia Física.


Enfim, para mudar estas tragédias, é preciso haver uma evolução na propria mentalidade do povo brasileiro que é demais pragmático e desvaloriza todo e qualquer conhecimento que não serve pra ganhar dinheiro. A experiencia mostra que ignorar este tipo de conhecimento é muito pior...


Cheia no Rio Sapucaí Mirim - MG


Rodovia São José dos Campos - Monteiro Lobato. 1 de Janeiro de 2010.


Cheia no dia 1 de Janeiro em Monteiro Lobato - SP


Como ficou no dia seguinte, ainda cheio....


Várzea ainda cheia e morros em "meia laranja" sem vegetação florestal.

6 de janeiro de 2010

Campeonato Brasileiro Juvenil de Escalada está aí!!!

Falta só um mês para o Campeonato que vai montar a segunda Seleção Brasileira de Escalada, para competir no Mundial Juvenil de Edimburgo, Escócia!

Então se vc nasceu entre 1991 e 1996, faça sua inscrição, através de uma Federação de Montanhismo e Escalada e venha para Curitiba nos dias 6 e 7 de Fevereiro para participar!

Mais informações, clique na imagem!




5 de janeiro de 2010

AltaMontanha no Twitter



O Twitter é um tipo de um microblog com informações mais do que mastigadas, quase não há espaço sequer para o resumo de uma notícia e muitas vezes há somente para o título.

Por conta desse simplismo exagerado, eu havia decidido não aderir ao Twitter, pois eu era contra informações absurdamente resumidas que a Web 2.0 nos possibilita, pois achava que nela havia uma grande perda de qualidade.

Eis que eu estava errado. Não que que a simplicidade de informações seja algo bom (eu na verdade não acho que um resumo pode dar ao leitor toda a dialética que existe por trás de uma notícia), mas ao menos há a possibilidade de colocar nas mensagens o link para as matérias completas do AltaMontanha e assim divulgar melhor o conteúdo do site, que de tão dinâmico, sai da página principal muito rápido e não são todas as pessoas que tem tempo de acompanhar estas atualizações.

Então o Twitter além de poder ajudar na divulgação de coisas novas, ainda pode resgatar as coisas mais antigas de qualidade.

Ainda não criei um Twitter pessoal meu, pois estarei usando o espaço do AltaMontanha para divulgar também as coisas do GentedeMontanha e do meu blog, por isso lá será um endereço completo não só do site de notícias, mas também das minhas escaladas, do Maximo e dos Colunistas do AltaMontanha.


Não deixe de conhecer o Twitter do AltaMontanha, é claro, Acompanhar:

http://twitter.com/AltaMontanhacom

4 de janeiro de 2010

Reveillon de chuva, muita chuva...

A idéia era ir pra Itatiaia, lugar onde a altitude, mesmo no verão, não permite calor como no resto dos lugares neste país (eu odeio calor), Talvez São Pedro ouviu minhas reclamações e mandou chuva para esfriar o tempo e os ânimos...

Me encontrei com a Eliza e a Aline, duas amigas do Paraná, para escalar na Mantiqueira, entretanto os planos mudaram e fomos parar em São Bento do Sapucaí. Para não dizer que não escalamos, fizemos algumas vias que ficam embaixo de tetos rochosos e não molham com chuva, tanto na Falésia dos Olhos quanto na Pedra da Divisa.

Minha vontade era escalar algo mais fácil, meses sem poder treinar direito fizeram cair meu grau e eu não to agüentando via tão forte. Me acabei nos sétimos destas paredes...

No Reveillon o tempo parecia ter dado uma trégua. Junto com a Família do Eliseu, resolvemos ver os fogos do topo do Bauzinho. Que ilusão! A estrada estava enlameada e passamos o ano novo desatolando os carros. Foi um sufoco voltar para a cidade. Com 25 anos de São Bento, o Eliseu me ensinou umas técnicas simples pra andar em lama escorregadia que eu não sabia....

Dizem que o ano será como foi a passagem de réveillon. Não sou de superstição, mas se for, terei um 2010 cheio de aventura e com muita chuva! Bom, se as coisas continuarem como foram nos dois últimos anos, certamente será, aliás, como choveu em 2009!

Na volta tivemos problemas na estrada. Além das inúmeras quedas de barreira, ainda enfrentamos enchente em Monteiro Lobato. Chuva como caiu nestes últimos dias na Mantiqueira eu só vi durante a tragédia de Santa Catarina de 2008.... Veja as fotos!

Aline, eu e Eliza


Por que somos assim?


Divisa com chuva


Falésia dos Olhos com chuva


Não é cachoeira, é chuva!


E não pára de chover...


Passando o Reveillon na lama!

Ps. todas as fotos são da Eliza