Blog do Pedro Hauck: janeiro 2009

31 de janeiro de 2009

Dica de blog

A geógrafa e escaladora de Guarapuava Eliza Tratz inaugurou um blog há algum tempo e eu fui meio displicente em não divulgar.

Mas agora estou me retratando deste negligência histórica. Conheçam as histórias que ela tem pra passar. O propósito do Blog da Eliza é passar a experiência. Ela escala há pouco tempo, mas gosta de dificuldade. Em alguns meses já está guiando sétimo grau. Ela é um exemplo de dedicação e insistência, acho que todas as meninas deviam se espelhar nela.

www.elizatratz.blogspot.com

29 de janeiro de 2009

Mais um videozinho

Não é falta do que falar, mas sim falta de tempo. Vou preencher mais um post com um video antigo do Gentedemontanha.

Este é um dos mais engraçados que o Maximo já editou. Também foi naquela viagem do Corsa em 2006.

Estou na correria danada. Fiz uns trabalhinhos neste mês e estou escrevendo minha dissertação de mestrado. Não tem sobrado tempo nem pra escalar. Só ginásio à noite nos dias de semana. Este final será recheado de mais estudos. Tudo bem que não estou perdendo muita coisa, já que a chuva não pára!

Então para distrair e dizer que sou um blogueiro de plantão aí vai mais um video: Star Wars Andes 2006!

27 de janeiro de 2009

Maltratando um Corsa nos Andes

:: Leia o relato da expedição Andes 2006 desde o começo:

Aproveitando o sucesso que o vídeo do Maximo fez no ultimo post, vou publicar mais um video editado por ele.

Neste video estão imagens de uma trip que fizemos pelos Andes há 3 anos atrás com meu antigo Corsa, que saudade deste carro! Parceiro de muitas aventuras, quase ficou pelo caminho.

Nesta viagem tivemos que ir até Brasilia pegar autorização do Ministério das relações exteriores para poder cruzar a fronteira, pois o carro tava no nome da minha mãe. De BSB fomos até Foz e de lá até San Fernando del Valle de Catamarca, passando pelas provincias de Misiones, Corrientes, Chaco, Santiago del Estero e enfim Catamarca.

Subimos o Paso San Francisco, indo até a fronteira com o Chile. Lá ficam alguns dos maiores vulcões do mundo, como o Ojos el Salado e Incahuasi, que tentamos escalar. Chegamos muito próximo ao cume, mas pegamos uma tempestade com white out muito foda lá. Acabou que só subi o Cerro San Francisco, o 6 mil mais fácil do mundo!

De Catamarca fomos até La Rioja, passando por Talampaya e Ichigualasto. Passamos por San Juan, Mendoza, indo parar em Santiago no Chile. Lá fomos para o Cajon del Maipo, onde tentamos escalar o Cerro Morado, onde pegamos uma baita avalanche que por pouco não nos atingiu. Já era Março e tudo estava derretendo... Cansados desta situação, fomos mais ao sul...

Fomos até Talca e cruzamos a fronteira por Mallargue, muito linda a paisagem... Pegamos a 40 no sul da provincia de Mendoza, e cruzamos Neuquen, chegamos a Bariloche onde escalamos o Tronador de novo!

Na volta cruzamos Rio Negro, La Pampa, Cordoba (escalando en Los Gigantes), Santa Fé, Entre Rios, Rio Grande do Sul (escalando em Santa Maria e Torres), Santa Catarina, Paraná e enfim São Paulo... Total, 15.000 km!


21 de janeiro de 2009

A casa do Maximo

Todo mundo deve conhecer Maximo Kausch, um grande figura da escalada brasileira, embora tenha nascido na Argentina e hoje more na Inglaterra.

Comecei a escalar com ele há mais de 10 anos atrás quando ele morava na minha cidade, Itatiba -SP. Corremos os Andes escalando grandes montanhas em diversas viagens por vários países. Em uma delas ficamos 5 meses na Patagônia!

Trabalhando em Londres, ele mostra neste video como faz para ficar em forma, apresentando a via do sofá:

(só não me pergunte como deve ser a via do banheiro?)

18 de janeiro de 2009

Seletiva para o mundial juvenil: Um grande avanço!



Pela primeira vez o Brasil irá montar uma seleção brasileira de escalada juvenil para competir em um mundial.

Este projeto está sendo encabeçado pelo experiente Anderson Gouveia, escalador curitibano que já participou de diversas competições internacionais e que atualmente é o único route setter brasileiro reconhecido pela IFSC.

Anderson esteve no último mundial juvenil realizado em Sidney na Austrália, onde ele fez o curso de route setter. Nesta ocasião, ele pôde ver o drama de brasileiros que participam da competição de forma independente, sem apoio e tendo que ser ajudados pelos staffs das outras seleções.

Depois de presenciar a desclassificação do Felipinho no campeonato e não poder fazer nada para ajudar o garoto, ele decidiu que este quadro tinha que mudar.

Segundo ele me contou, a escalada de competição vinha decaindo desde a época que ele era profissional. Há 10 anos atrás os campeonatos eram muito mais disputados e haviam mais participantes. Hoje, por mais tenha havido um grande avanço individual com certos atletas, a escalada esportiva em geral sofreu um retrocesso e segundo Anderson, isso ocorreu porque não houve renovação. Concordo com ele!

Esta seletiva tem como objetivo não apenas montar a seleção brasileira, mas também incentivar os jovens escaladores a competir e também trazer mais crianças e adolescentes para a escalada.

A seleção juvenil é ainda um teste. Se ela der certo, em alguns anos estes jovens escaladores serão os másters do futuro. Não custa sonhar, mas o que o Anderson e a AEEP quer com este projeto é dar uma guinada na escalada brasileira para daqui alguns anos nós tenhamos campeonatos brasileiros com várias etapas, muitos atletas competindo e termos também, de repente, algum escalador brasileiros entre os finalistas de uma copa do mundo.

Países muito pequenos, como a Eslovênia e a Austria, além da Espanha, tem as melhores seleções do mundo. Por que o Brasil, com todo este potencial de escalada, não pode um dia se tornar uma potência também?

Hoje, na América Latina, temos os melhores talentos individuais. Nossos escaladores Felipe Camargo, Cesar Grosso, Belezinha e Janine Cardoso vencem qualquer parada contra nossos hermanos. Entretanto, em termos de organização a Venezuela dá de 10 a zero na gente. Eles tem uma seleção de escalada há muito tempo e já tiveram atletas vencedores de etapas de Copa do Mundo (de velocidade).

Para o projeto funcionar perfeitamente, a CBME precisa de cerca de 150 mil reais por ano. É muito dinheiro! Mas não é algo impossível de se conseguir, depende da união e organização dos escaladores.

Para este ano, a AEEP, que é a associação de escalada filiada à FEPAM, que está organizando a seleção, já conta com algum patrocinio. Eles não conseguiram todos este dinheiro, mas o que conseguiram já garante algumas passagens de avião para a Europa, além do material esportiva para os atletas. Até a competição, é esperado que se consiga mais e que todos os selecionados, mais o técnico, consiga viajar para a França.

O Mundial será no final de Agosto em Valence, França. Espero que nossos guris e gurias façam bonito por lá. De antemão já posso citar nomes de escaladores que tem tudo para se classificarem e fazer bonito lá fora. São eles o Felipe Camargo, Caio da Via Aventura e a Ana Paula Veloso. Entretanto pode-se esperar um novo garoto prodígio aprontando nesta seletiva e conquistando um espaço merecido entre os melhores. Aposto todas as minhas fichas nos guris da academica Pé na Agarra de Campo Alegre - SC.

16 de janeiro de 2009

O capitalismo sem regra no Brasil

O capitalismo é um sistema econômico e política que têm como prática a mais valia. Uma industria produz algo por um valor e vende por outro. Um comerciante compra uma produto e vende mais caro. Isso é ajustado e está dentro das regras do sistema. Sem infantilismos, não é pecado lucrar e nem ganhar dinheiro.

Acontece que o capitalismo tem controle. Uma empresa não pode exercer monopólio e várias empresas não podem se juntar e fazer um acordo para controlar o preço de um produto, fazendo um cartel. As regras do capitalismo ocorrem para valer a antiga lei da oferta e procura.

Em tempo de crise, como agora, é comum haver deflação, pois com a baixa no consumo, as empresas tenderão a baixar o preço de seus produtos para vender mais. Pois a circulação de dinheiro e de mercadorias é sinônimo de saude de mercado. Se um empresa tem produtos emperrados, ela está na pior.

Nos Estados Unidos, que é o país onde o capitalismo está no "way of life" da população, é possivel achar promoções de mais de 70%. Lá, tudo baixou de preço. Os imóveis, que são os vilões da crise, estão mais baratos do que há 10 anos atrás (e mesmo assim não tem gente que os compre).

Um dos principais indicadores de crise é o preço das commodities, que são as principais matérias primas da indústria, como aço, petróleo, gás etc... Como elas são regidas pela lei de mercado, se a economia estiver aquecida, o preço destas matérias primas sobem, se o mercado estiver em baixo, elas caem.

Com o petróleo podemos notar isso. Antes da crise o barril estava custando US$ 147,00. Agora, ele custa US$35,00 (preço de ontem). Uma baixa de 75%.

Com esta redução gritante no preço desta importante matéria prima, eu achei que a gasolina no país ia ficar mais barata. Pura ilusão...

A Petrobrás resolveu aumentar seu caixa lucrando com a baixa do preço do barril do petróleo, não reajustando o valor dos combustíveis, o que pela regra do capitalismo é ILEGAL!

Com isso, a gasolina do Brasil hoje é a mais cara do mundo. Para você ter uma idéia, nós, pobres brasileiros, pagamos por litro de gasolina 50% mais caro que o americano paga lá nos Estados Unidos pelo mesmo produto. Detalhe, sem adição de 25% de alcool como aqui. O preço do Diesel no Brasil é 30% mais caro que lá.

Mais uma vez estamos sendo lesados pela conivência do governo que não toma nenhuma atitude. Aliás o governo brasileiro é culpado por muitos dos abusos do capitalismo no país. Diferente de outros lugares onde o Estado é um agente fiscal regulador, aqui ele é agente distribuidor de privilégios à pequenos grupos econômicos, regulando monopólios, como por exemplo, nos Transportes. Já notou que aqui não temos concorrência entre empresas de ônibus? E que as Agências de transporte regulamentam o monopólio das empresas explorarem trechos rodoviários? Pois é...

Esta crise já engoliu cerca de 35% de nossos salários com a desvalorização de nossa moeda frente ao dólar. Mesmo ganhando menos, ainda somos punidos pelas empresas que aumentaram suas taxas de lucro, ilegalmente, para anularem os prejuízos da crise.

Resumindo, este país é o paraíso dos grandes empresários. Pois aqui eles nunca se dão mal, pois é na crise que se ganha mais dinheiro. E o povo? bom, aí já sabem... Nossa triste segunda colocação entre os países mais desiguais do mundo é o resultado destas políticas.

13 de janeiro de 2009

Ótica distorcida no Oriente médio

Não vou ficar dando juízo sobre os acontecimentos de guerra entre Israel e os Palestinos da Faixa de Gaza. Estamos a milhares de Km de distância e não vivenciamos o dia a dia destas populações para dizer quem está certo ou errado.

Entretanto, por mais que seja uma guerra desigual, quem provocou ela foi o Hamas que é um grupo político radical e nem sequer reconhece o Estado de Israel (como vão negociar a paz se ele não reconhece o outro?).

Por ser uma luta de um país rico e poderoso contra um outro pobre e superpopuloso, que históricamente acumula derrotas, é natural que exista um sentimento de torcer pelo mais fraco e muita gente "torce" pelo Hamas, o que na minha opinião é um absurdo!

O Hamas, assim como o Hezbollah, recebem a simpatia de muitos militantes da esquerda no Brasil e no mundo, pois são grupos anti-Estados Unidos. Mas isso não significa uma oposição no sentido de ser contra a conduta política de exploração americana de países mais pobres. Eles são oposição porque sabem que os EUA são aliados de Israel. Dentro do Hamas e Hezbollah não há nenhuma ação em prol de um bem estar social do povo palestino, eles não são um grupo de esquerda no sentido da filosofia política. Pelo contrário, atacando e não reconhecendo o poderoso vizinho, só estão causando desgraça ao seu povo.

Hoje olhando no Orkut, pude ver uma coisa me chamou a atenção pela distorção do ideal de esquerda e do ideal de justiça social. Tratava-se de um jovem, destes com grande potencial artístico e com um espírito contestador. Até aí tudo bem, mas eis que eu vejo que ele vendendo camisetas de revolucionários de maneira muito distorcida: Um Che Guevara estilizado de palestino e também camisetas do Hamas e do Hezbollah. Ora, que liderança libertadora é essa? Foi o tempo que jovens contestadores vestirem camistas de Gandhi, Salvador Allende, Chico Mendes etc...

A impopularidade da Guerra para o lado israelense é uma realidade dada como certa antes da guerra começar, eis que da imagem de tirano que o Estado Judeu e os Estados Unidos têm advém este absurdo... Daqui a pouco vão fazer uma camiseta do Dalai Lama com uma AK 47 defendendo o anti-ocidentalismo.

Não sou a favor da guerra contra a Palestina e nem tenho conhecimentos empíricos para dar meu juízo. Mas peço que diante desta situação sejamos sensatos.

Há uns 20 anos atrás o Iraque invadiu o Irã dos Aiatolás e o ocidente vibrou com a vitória da democracia e liberdade no Oriente Médio. Festejaram nada mais nada menos do que a tirania de Saddam Hussain. Hoje o que temos no Iraque?

O Ocidente tem que aprender com os erros do passado e de repente não se meter na guerra dos outros para não produzirem outros Saddam Hussains e outros Al Qaedas da vida. Vejam as camisetas. Elas custam R$40,00, mas não comprem...

Che Palestino. Imaginem um argentino viver sem vinho?! Ele nunca poderia morar em país islâmico...



Essa Ak 47 é um simbolo de paz?

Use uma camiseta incitando a Guerra!

Sem comentário...

10 de janeiro de 2009

Aumento da Tarifa de ônibus em Curitiba e a bicicleta

Na próxima segunda-feira a tarifa de ônibus em Curitiba soferá um reajuste de 15,7%, passado de R$ 1,90 para R$ 2,20. As tarifas do circular centro serão reajustadas em 20% passando de R$ 1,00 para R$ 1,20 e a linha turismo 25% passando a custar R$20,00.

Este é o presente de ano novo que nosso prefeito reeleito dará a seus eleitores. Tá certo que desde 2004 que a tarifa não era reajustada, mas os atuais valores são um ônus a mais para a população utilizar nosso pouco eficiente sistema de transporte público.

Ao mesmo tempo em que as tarifas aumentam, o preço dos veículos particulares diminuem, pois com a crise mundial e os incentivos governamentais para incrementar o consumo, foi reduzido o IPI de veículos e certamente isso resultará em um acrécimo nos congestionamentos de trânsito da cidade.

Nunca no Brasil se comprou tanto carro e isso já é sentido nas ruas. Curitiba que ainda é uma metrópole pequena, causa espanto a quem estava acostumado com o trânsito daqui uma ou duas décadas atrás. Eu que sou de São Paulo, acho o transito curitibano ainda muito trânquilo, mas em um passado recente não havia congestionamento na cidade. Levando em conta que a população de Curitibae está estável há cerca de uma década, a mudança que houve é no número de veículos.

Infelizmente no Brasil o transporte público é caro e ineficiente. Realizo com frequência viagens para o interior de São Paulo e gasto menos em combustível do que eu gastaria se fosse de ônibus. Isso estando sozinho no carro.

É claro que se o brasileiro tiver condições ele vai abandonar o tranporte público e vai comprar seu carro próprio. Este é o sonho de qualquer um e é triste ver o governo apoiar estas idéias, contribuindo para a não mobilidade urbana e para o aumento da poluição.

Ao mesmo tempo, o transporte mais popular que existe, as bicicletas, sofrem com o descaso. As prefeituras nunca se lembram dos ciclistas. Poucas são as cidades que tem ciclovias e outros tipos de infra-estrutura para a bicicleta, como bicicletários, que são muito baratos comparando a infra-estrutura para os veiculos.

Recentemente, aqui mesmo em Curitiba, o grupo "bicicletada" realizou um protesto pacífico em plena luz do dia pintando uma "ciclo faixa", que como o nome diz, é uma faixa especial ao lado das ruas para as bicicletas circularem com mais segurança. A Polícia Municipal agiu com truculência, levou alguns ativistas para a delegacia e aplicoua eles uma pesada multa por depredação do patrimônio público: "Pixação"!

Eu tenho um carro, mas também tenho tenho uma bicicleta. Infelizmente não posso me locomover todo o tempo com a bike pois todos sabem do perigo que é pedalar. Tenho mais medo de ser atropelado em Curitiba andando de bicicleta do que escalar uma alta montanha nos Andes. Já perdi um primo ciclista, Bruno Akimoto, que tinha uns 22 anos na época, que foi atropelado por um caminhão em São Paulo. Desde então tenho um certo trauma com segurança no trânsito e vejo que nada tem sido feito para melhorar a segurança dos ciclistas nem para melhorar a trafegabilidade e tão pouco a qualidade de vida urbana, seja com propostas de um transporte de fato popular, quanto à questão da melhoria da saúde da população. Com um incentivo para as bicicletas tudo poderia mudar, mas as autoridades não querem!

Ainda bem que existem pessoas que lutam pela inserção da bicicleta no trânsito: O bicicletada Curitiba. Dou todo apoio a eles.

Estação central de ônibus em Curitiba

Um ciclovia na cidade. O modelo adotado aqui é de que a bicicletada seja apenas utilizada para lazer, por isso elas existem somente em parques e não no centro e nos locais onde as pessoas possam utilizar para ir ao trabalho.

8 de janeiro de 2009

Morte no Aconcagua

Todos os anos repetem-se as noticias trágicas vindas da montanha mais alta e popular dos Andes, o Aconcagua.

Com um curriculum macabro, qualquer um que não conhece a montanha e nem o montanhismo, vai achar que nossa atividade é extremamente perigosa e nossas montanhas campos de batalha onde o montanhista luta até a morte contra as adversidades impiedosas da montanha.

Esta é uma visão totalmente errônea do que é o montanhismo e o que é o Aconcagua, mas infelizmente histórias trágicas continuam acontecendo e o vilão é a imprudência dos montanhistas. Imprudência em querer escalar algo que não está em sua capacidade física e mental e ingenuidade em achar que contratando um guia e uma expedição particular você irá conseguir chegar ao cume sem riscos.

Já falei várias vezes que o Aconcagua é uma montanha fácil, seja pela normal ou pelo Glaciar Polacos. Mas esta montanha é fácil somente para montanhistas. Ou seja, para quem está acostumado em subir montanhas seja no Brasil ou melhor ainda, nos Andes.

Acontece que todos têm essa facinação pelo mais alto. Todos os anos vejo pessoas treinando para ir ao Aconcagua e se tornar montanhistas, para no ano seguinte deixar de ser. Este é o perfil de quem se envolve em acidentes: Montanhistas da moda, aqueles que se atraem pela montanha, mas nunca praticou, nem mesmo nas montanhas próximas de casa.

Eu já fui ao Aconcagua duas vezes. A primeira, em 2002, eu tinha 20 anos de idade e fiz o cume pela normal sem ter guias, mulas, nada! Peguei cinco dias de tempestade em Nido de Condores e mais um dia em Berlim e persisti até o fim.

Na segunda vez, em 2004, fui com o Maximo para o Glaciar Polacos. No meio do caminho ajudamos os guarda-parques a resgatar dois corpos congelados e presenciamos o drama de uma morte e também o trabalho que a equipe de resgate tem descer os corpos.

Primeiramente a equipe de resgate leva um tambor de plásticos (desses azuis) até o local onde está o corpo. Lá, usando um fogareiro e uma faca quente, eles cortam o tambor ao meio e unem as duas partes com um arame aquecido no fogareiro e assim constróem uma plataforma para arrastar o corpo.

Várias pessoas ajudam na descida, que devido o terreno irregular é preciso fazer muita força. O corpo chega todo destruído na base de tanta batida. Lembro-me que o corpo que descemos, de uma alemão, chegou em Plaza Argentina quase sem queixo, de tanto bater nas pedras.

Quando o corpo chega nos acampamentos base, aí é hora dos helicópteros evacuarem. Eles geralmente embrulham os corpos com sacos de estopa e amarram na escotilha do helicóptero e levam embora, junto com o lixo e outros badulaques abandonados por lá.

Um guarda-parque me falou que antigamente, antes que o serviço do Parque Provincial tivesse helicópteros, eles tinham que evacuar os corpos nas mulas.

Acontece que as mulas não podem ver corpos, senão empacam. Então eles tinham que guardar os corpos dentro destes tambores azuis e assim amarrar na mula para levar embora. Acontece que corpo nenhum cabe dentro de um tambor, a não ser que não esteja inteiro. Para resolver este problema, os guarda-parques se aproveitavam do fato dos corpos estarem congelados e colocando uma pedra na cintura e fazendo uma "gangorra" partiam o corpo ao meio.

Macabro? Pois é....

Então sigam o conselho que eu deixei no site altamontanha. Não façam o Aconcagua como primeira montanha. É muito mais seguro chegar lá mais experiente. É mais econômico também, pois só o Aconcagua tem um permisso tão caro nos Andes.

Experimente outras montanhas, adquira experiência e só vá para o Aconcagua com certeza que é isso o que você quer.

Subimos montanhas para celebrar a vida e não para perdê-las. Montanhismo não é perigoso. Perigoso é tentar imitar montanhistas. Pense nisso.

Links relacionados:

Dicas do Aconcagua e Cordón del Plata
Relato do resgate dos Corpos no Aconcagua

Primeira vista que temos do Aconcagua desde o Vale de los Relinchos, pela face leste.

Corpo congelado que ajudamos a resgatar em 2004.

O mesmo corpo amarrado na escotilha do helicoptero na evacuação.

7 de janeiro de 2009

Curitiba

Curitiba é uma das maiores aglomerações urbanas do Brasil. O municipio tem cerca de 1.700.000 habitantes e a região metropolitana tem cerca de 3.000.000 de habitantes. É bantante? Com certeza! Entretanto esta cidade tem driblado alguns problemas comuns de grandes metrópolis latino-americanas.

Na década de 1990, Curitiba foi comparada como cidades de primeiro mundo, com índices sociais e ambientais muito bons. Isso é apenas uma verdade parcial. Realmente o curitibano pode se orgulhar de viver em uma cidade bonita, mas estes índices só são superiores às outras cidades brasileiras, pois estas sim é que são muito ruins.

Como toda metrópole latino-americaca, aqui temos problemas com poluição. Não há no município, por exemplo, um rio sequer que seja limpo. Há também problemas sociais como favelização e violência. Mas tudo isso, pelo menos o que dizem as autoridades, é muito menos que nas outras cidades do país.

Como por aqui as coisas são um pouco melhores, podemos curtir a vida de uma metrópole sem tantas preocupações. O Curitibano está acostuma em ir ao parque nos fins de semana e fazer churrasco nos quiosques públicos, sem pagar nada com isso, e ainda não ser incomodado por ninguém. Aqui há muito mais ciclovias do que outras capitais brasileiras, embora ainda eu ache que sejam poucas, e há em número, muito mais parques, embora João Pessoa na Paraíba tenha mais verde que aqui.

Se você mora em bairros como Jardim Social, Batel, Cabral, Boa Vista, entre outros, pode se gabar de ter acesso a muitos serviços em locais excelentes comparáveis ao primeiro mundo. Entretanto, ao contrário destes bairros, o Pinheirinho, Vila Zumbi e em outras cidades da região metropolitana, como Colombo e Almirante Tamandaré, a vida não é tão boa assim.

Moro no centro da cidade que é bem preservado e bonito. Diferente de São Paulo e Rio, o centro daqui é bem tranquilo, mas temos também viciados em crack na rua, prostitutas e tudo mais que há em centros de grandes cidades, além é claro de alguns vândalos que pixam o patrimônio público.

Curitiba é um lugar bom para se viver e para se conhecer. É uma cidade muito diferente das demais, seja por causa da arquitetura e até mesmo pela cultura, clima e paisagem. Costumo dizer que todo mundo tem que conhecer três metrópoles brasileiras para entender a diversidade de nosso país: Manaus, no meio da floresta tropical onde a população é quase toda indígena. Salvador, como cidade litorânea tropical e histórica, onde a população é quase toda negra e Curitiba, cidade planáltica subtropical em meio a florestas de pinheiro onde quase toda a população é branca.

São mundos muito distintos que faria qualquer estrangeiro, desconhecedor de nossas paisagens, história e diversidade ficar desnorteado. Até nós mesmos.... Segue umas fotos da capital paranaense dos pinheiros, poloneses e do leite quente.

Praça Santos Andrade e Universidade Federal do Paraná.

Calçadão da XV de Novembro. A rua das Flores.

Edificio histórico no centro

Largo Generoso Marques e estátua de Rio Branco

Av. Marechal Deodoro, centro financeiro.

Monumento Árabe

O Novo e o velho: Estação de Trem e o ônibus bi-articulado.

Museu Oscar Niemayer

Casa de imigrante polonês no Bosque do Papa.

Jardim Botânico

Bosque Alemão

Parque Tanguá

Teatro Guaíra

Espetáculo no Teatro da Reitoria da UFPR

... e é claro, as Araucárias, afinal Coritiba significa "Muita Araucária".

Parque Tingui

Vista do Parque Barigui para a cidade.

Floresta de Araucária no Parque Barigui