Blog do Pedro Hauck: 2006

7 de junho de 2006

Aziz Ab´Sáber

Hoje acabei indo para Piracicaba ver o Ab´Sáber na Esalq. Estava meio recluso em meus pensamentos acadêmicos e hesitei no primeiro convite, as depois que o Dú e o Jeca me ligaram convocando minha ida à palestra acabei aceitando e não me arrenpendi.

Todas as pessoas são fãns de alguém. tem gente que é fã do Tom Cruise, outras do Ronaldinho Gaúcho, eu sou fã do Ab´Sáber, admiro muito este homem e o vejo como um exemplo de cidadão e de profissional, pois suas idéias me influenciam muitíssimo.

O tema da palestra era "Planejamento num país sem planejamento", ou seja, pelo título já dava para ver que seria uma coisa extremamente ampla, pois falar do Brasil é a mesma coisa que falar de um Ornitorrinco.

Bom, não vou descrever tudo o que ouvi e que aprendi, somente vou deixar impresso como pequenas coisas podem trazer a vc um grande conhecimento, pois hoje novamente as palavras deste gênio me levaram à reflexões que elucidam muito o estado da arte de minha própria vida.

Como forma de agradecimento, acabei dando à ele uma cópia do meu TCC que foi a respeito de sua Teoria dos Refugios, espero que ele leia.

Vou deixar uma foto que tirei junto como este grande mestre aki no Blog.

6 de junho de 2006

Pedrão de Pedralva

Nesta última semana estive no sul de Minas.

Dei uma super recaída nos estudos, talvez desanimado por ter ido mal numa prova de conhecimentos pedagógicos num concurso para professor. Achei injusto pois somos obrigados a fazer uma prova super dificil para ganhar uma miseria. R$ 15 a hora!

Combinei de na segunda feira à noite encontrar com o Leo que vinha de São Bento do Sapucaí sozinho, no Hotel na entrada de Pedralva, e fui como Tacio pela Fernão Dias saindo de Bragança.

No caminho aproveitamos para conhecer a Pedra de São Domingos, que tem uma via dificil na qual passamos uma perrenguinha, principalmente pq a rocha estava muito cheia de limo e os lances da via eram em aderência. Acabei não gostando muito, até por que o acesso é por cima e temos que primeiro fazer o rapel para depois escalar.

Tudo bem, o que eu queria mesmo era escalar o Pedrão de Pedralva, fazer a via Evolução, de 10 enfiadas e 320 mts de escalada em livre.

E lá fomos nós.

Encontramos com o Leo como no combinado. Jantamos no hotel e fomos dormir cedo. No dia seguinte, após um rápido café da manhã, pegamos o carro e fomos para a estrada. Chegamos ainda cedo até o sitio onde fica o acesso ao Pedrão.

Cruzamos a cerca e começamos nossa caminhada de aproximação, que levou a manhã inteira.

Simplesmente tomamos o pior caminho possivel, atravessamos brejos e montes de capim gordura impenetráveis. chegamos na base da via e quando o Leo começou a guiar, logo percebemos que aquela não era a evolução, mas sim uma via de 6º grau ao lado que estava incompleta.

Só assim fomos mais para o mato e enfim chegamos na Evolução, mas já era meio dia, e não dava mais tempo para tentar, apesar de termos pelo menos feito uma escalada até a primeira parada.

Foi então que decidimos aproveitar o resto do dia para encontrar um caminho melhor e foi o que fizemos, gravamos a rota no gps do Tácio para voltar no dia seguinte sem perder tempo na aproximação.

Dormimos esta noite na casa do Leo em São Bento, muito show por sinal, deu uma super vontade de pegar umas aulas e ficar morando lá.

Acordamos as 5 da manhã, tomamos um café da manhã carboidratado (miojo) e fomos para Pedralva no frio da manhã.

Chegamos à 7 na fazendinha e fomos direto na trilha marcada pelo GPS no dia anterior percorrendo o caminho para chegar até a base da via em uma hora e começando a escalar às 8:30 da manhã.

Logo começamos a progredir. Fizemos um esquema de cordada de três. Um primeiro guia até a parada, monta uma equalização com uma fita e três mosquetões e faz segurança para um segundo que tira a corda do alto e passa a corda de baixo, que vêm atada no terceiro nas costuras, que são tiradas somente para o terceiro que depois vai sacando a proxima enfiada.

Assim fomos progredindo, muito rápido, pois nos mostramos ser uma cordada muito eficiente e entrozada. O Problema era que no croquis da via, os lances de 3 grau pareciam de 4 e os de 4 pareciam um 5. Isso não era um problema para essas graduações mais faceis, entretanto o crux da via estava graduado em 6 sup, então eu torci para que não fosse então um 6 sup mineiro, ou seja uma sétimo grau, pois em parede uma graduação dessas não é nada mole.

Enfim a escalada foi se desenrolando, até que chegamos num buraco chamado de forninho no Croquis. Eu fui o último a chegar, já estava com o rack equipado e comecei a guiada mais dificil, sem querer.

A saida é um lance muito esportiva, com um tetinho com agarras boas que dava para fazer uma escalada à la Tom Cruise, foram movimentos muito interessantes. Sainda disto, começavam a regletera, mas nada demais. A enfiada era bem protegida, exceto por um pequeno esticãozinho antes da parada, foi lindo escalar um quase esportivo com o chão a centenas de metros de vc, me dei conta disso quando dei segurança para o segundo subir.

Em seguida vem um outra enfiada em 6 sup bastante vertical. O Tacio se incumbiu de escala-la, tomou a ponta da corda e guiou sem vacilar.

Era por volta do meio dia e essas duas enfiadas, na pressão, me desgastou muito, me deixando muito cansado.

Enfim chegara minha vez de guiar e fiz a 7º enfiada já meio que passando mal, tanto que nem vi direito as proteções a acabei pulando umas sem querer no total sangue de piguim. Cheguei na oitava parada morto e durante a segurança que fazia para o Leo, eu acabava caindo no sono e só retezava quando ele gritava de baixo... olha a corda!! Quando ele chegou na parada, deixei para ele a tarefa e dar segurança e enquanto ele fazia isso eu dormi tão profundo que cheguei, segundo o Leo, a roncar.

Como eu fiquei por último na oitava parada, escalei a nona enfiada de terceiro e guiei a décima e última enfiada. Foi a enfiada mais fácil e mais empolgante pois a cada proteção mais perto do merecido cume estávamos. Chegamos ao cume às 16:00 e tivemos que comemorar rápido, pois o sol estava baixo e às 17:30 já estava escurecendo.

Fizemos um rapel muito eficiente e só tivemos problemas quase no chão, quando a corda enroscou uma laca. Tocamos o solo às 19:30, totalizando 11 horas de uma escalada eletrizante e empolgante, de pura parede vertical e muito visual. A via Evolução é graduada em 5º VIsup E2. 320 mts.

Terminada a parte vertical, só faltava vencer a trilha de volta na escuridão, e isso não foi fácil pois nos perdemos no bananal e só foi através do GPS que conseguimos sair. No total foram mais duas horas de trilha. Chegamos exaustos, famintos e desidratados ao carro, porém estavamos super felizes, pois a via havia valido a pena.

Vou postar algumas fotos para que elas digam melhor do que eu como foi escalar o Pedrão.



Leo e eu no cume do Pedrão de Pedralva (detalhe). Foto do Tacio.

Eu escalando não sei qual enfiada. Foto Tacio.

Leo Escalando de segundo com corda de cima e pra baixo.

Lance bastante vertical. Abaixo as árvores pareciam brócolis.

Vejam mais no site do Tacio

18 de maio de 2006

Existe vida em Rio Claro

Meus planos para este ano falharam, não me perguntem por que?

Tentei trabalhar em Itatiba, mas não consegui. Não fiz minhas atribuições no começo do ano na diretoria regional de ensino e não posso dar aulas. Como também sou recém formado, não consegui nada em escola particular.

Resolvi voltar para Rio Claro e dar inicio à novos projetos, mas o exame para mestrado é só no fim do ano, então fiquei por aqui para melhorar meu curriculum publicando alguns trabalhos.

No total tenho em mente publicar 5 trabalhos. Não será fácil.
Além disso tenho que escrever projeto de mestrado e também uma especialização.

Minha rotina em Rio Claro tem sido de estudos, embora algumas vezes eu me perca por falta de cobrança.

Acordo cedo todos os dias, almoço no R.U e no fim da tarde vou correr na Florestal Estadual, aqui pertinho de casa.

O Pedrão, com quem eu ia escalar bastante no ano passado, mudou-se para o Rio e deixou a cadela dele aqui com o Lafon. Com isso tenho uma cãopania para correr no Horto.

A cidade de Rio Claro, apesar de falarem muito mal, é muito boa. Que lugar tem um espaço tão gostoso como o Horto, ou uma distração tão tranquila quanto ir assistir um jogo do Rio Claro no estádio de futebol.

Ontem fui ver Rio Claro x Sertãozinho, um jogo emocionante.

Pela primeira vez o Rio Claro tem chances de disputar a primeira divisão do estadual, e olha que o time do Rio Claro é o 4º mais antigo do Estado em atividade, começou a jogar em 1909!

Enfim, se o time ganhasse ontem, ele estaria classificado por antecipação, entretanto quem saiu na frente foi o Sertãozinho. No segundo tempo o Rio Claro melhorou e empatou e mais tarde virou numa jogada aérea. Estava tudo ótimo, o jogo estava terminando, quando o Sertãzinho num contra ataque empatou e depois virou, acabando com os animos da torcida que lotou o pequeno estádio.

Uma outra coisa que gosto daqui é do bairro em que moro. Chama-se Bela Vista, muito bem justificado. Daqui, pode-se ver algumas vertentes da Cuesta Arenito-Basáltica à oeste e lindos pôr do sol, os quais todos os dias quando volto do Horto admiro.

Lance da partida entre Rio Claro e Sertãozinho pela série A2 do paulistão

Estádio Schimitão lotado

Estrada do Horto Florestal de Rio Claro

Construção antiga no interior do Horto Florestal, antigamente ali funcionava uma fazenda de café

Os jardins do antigo solar dos Andrades... não dá pra acreditar que ainda existam lugares públicos como este.

A lagoa do Horto. Hj a FDP da pretinha fez o favor de pular lá para pegar um pato....

16 de maio de 2006

Escalando em Pedra Bela

Desde que voltei da Argentina muita coisa mudou.

Pra começar mudei de casa duas vezes... e não saí do lugar, estou morando em Rio Claro denovo.

O que não mudou é que estou escalando.

Andei por Los Gigantes em Córdoba, Morro do Couto em Santa Maria RS, Torres RS. Depois finalmente voltei para lugares já bastante conhecidos, Visual das Águas e Cuscuzeiro e ainda fui conhecer a pedreira do Garcia em Campinas, que achei que tem um potencial enorme.

Neste ultimo fim de semana estive em Pedra Bela escalando com o Tácio Sansonowski e o Edsinho, que me introduziu ao mundo da escalada à 12 anos atrás e a sua namorada, a Camila.

Fizemos umas filmagens que estão disponíveis no site do Tácio tb. Vou deixar algumas fotos para todos verem:


Edsinho, Tacio e eu numa parada da via Mãe de Prata na Maria Antonia, a mais longa via da região de Bragança com 7 enfiadas, mas muito fácil 4 grau.

Situação da ancoragem numa cordada de três escaladores com duas cordas.

Vista do cume da Pedra de Maria Antonia para a Pedra Bela.

Tacio rapelando depois de escalar um 7a doloridíssimo na Pedra Bela.

10 de março de 2006

Tronador

:: Veja a história que antecede este relato

O Tronador é um velho vulcão que explodiu. Apresenta por isso uma forma diferente que o faz um interessante local para a prática do Andinismo. Ele tem três cumes, um chileno, um argentino e um fronteiriço internacional, entretanto os dois últimos são os mais acessíveis pois do lado chileno a aproximação é muito difícil.

O Monte Tronador e um velho conhecido nosso. Estivemos aqui pela primeira vez em 2000, durante nossa Odisseia Austral. Nesta época não tínhamos nem equipamentos nem experiência para escalá-lo, embora achássemos que sim, e não pudemos tentá-lo, uma vez que os sócios do Club Andino de Bariloche nos impediu de fazê-lo.

Voltamos para Bariloche três anos mais tarde, com mais equipamentos e experiência e fizemos o cume Argentino sem dificuldades.

Nesta nossa última experiência pudemos diferenciar várias rotas alternativas interessantes, com maior dificuldade técnica e pouco risco, ou seja, tudo o que queríamos fazer nesta atual viagem depois de vivenciarmos tanto gelo ruim e perigoso. Chegamos em Bariloche com a esperança então de enfim poder fazer uma boa escalada, já que no norte nossa sorte não foi boa. Entretanto nossa chegada ao sul foi saudada apenas com mal tempo.

Subimos a trilha que dá acesso ao Tronador debaixo de uma chuva entediante e passamos nossa primeira noite no refúgio Otto Meiling sendo “saudados” pela “gentileza” do pessoal do CAB.

Nossa sorte mudou no dia seguinte e enfim pudemos nos livrar dos arrogantes refugeros, o tempo abriu, pegamos nossas coisas e elevamos nosso acampamento para o colo entre o cume argentino e o internacional, mil metros mais alto que ali.

A aproximação a nosso acampamento avançado foi muito penosa. Depois de dias de mal tempo, tivemos que abrir caminho na neve e correr risco de cairmos numa greta escondida. No entanto nosso maior problema foi percorrer o caminho que escolhemos para chegar ao colo, pois ao invés que dar a volta por baixo do filo de la vieja, que é o divisor de águas entre dois glaciares. Acabamos indo por cima dele e não conseguíamos desce-lo, de forma que fizemos umas manobras arriscadas para quem carregava mochilas pesadas.

Apenas chegamos ao local do acampamento quase dez horas depois que saímos do refúgio. O local de acampamento era um reflexo do glaciar, estava cheio de gretas, entretanto não tivemos escolha, acampamos ali mesmo.

Local de acampamento no Tronador. 

Aproximação ao acampamento alto.

No dia seguinte acordamos cedo para fazer uma escalada. Escolhemos uma rota pelo lado sul do cume argentino, que desde o acampamento parecia ser fácil e fomos abrindo caminho entre a neve e as gretas até chegar na base da parede.

O início da rota era muito inclinada, entretanto uma enfiada de corda era suficiente para vencer a parede e chegar a uma rampa menos inclinada que ia direto ao cume. Estávamos esperançosos.

Maximo começou a guiar. Logo equipou-se e começou a escalar imaginando fazer uma linha reta até o topo da parede de gelo. Entretanto, seus planos se foram aos ares quando ele percebeu que o gelo era duro demais e assim começou a fazer uma travessia para a direita.

Eu que estava na segurança o via sofrendo na rota e não imaginava a dificuldade que estava passando. Simplesmente o gelo era péssimo, extremamente duro, impenetrável pelas piquetas e menos ainda pelos crampons que nem sequer davam sustentação para que pudéssemos bater as piquetas.

A escalada pela parede vertical durou horas, e foi quase que uma escalada artificial em gelo. Os parafusos que levávamos não foram suficientes para fazer nem mesmo uns oito metros de parede e tivemos que montar uma parada no meio da parede.

Na minha hora de subir, mesmo indo de segundo sofri muito escalar. Era preciso bater umas oito vezes a piqueta para que ela entrasse e mesmo assim ficava instável, foi horrível.

Depois desta parada, tínhamos para frente uma outra travessia para a esquerda, passando por baixo de uma linha rochosa em um local não muito inclinado, mas que se mostrou um inferno.

Simplesmente além de gelo duro, ele era também fino e muitas piquetadas terminavam na rocha logo abaixo. Cada movimento era friamente calculada e depois de umas duas horas finalmente terminamos o trecho.

Após montarmos outra parada, tínhamos pela frente mais uma centena de metros de escalada em gelo numa inclinação que variava de 60 a 70 graus. Nossa esperança era de que neste trecho o gelo fosse melhor, mas não foi isso o que aconteceu.

Maximo começou a guiar, e ao invés de bom gelo, ele encontrou uma camada de neve em pó e abaixo gelo verglass duríssimo e impenetrável. Logo nas primeiras piquetadas ouvi um estampido e uma enorme placa de gelo abaixo de nossos pés rachou, só não cedendo talvez por intervenção divina. Mesmo assim, com esperança, continuamos.

Era muito lento o progresso, mas assim mesmo Maximo ia pegando distancia, subindo os quase oitenta metros da extensão da corda e chegando a um lugar onde ele quis montar uma parada.

Toda esta cordada demorou quase uma hora e meia, o que quase me congelou lá em embaixo na segurança. Com todo este lento pregresso, o sol de fim de tarde nos fazia lembrar que o dia não ia durar muito. Eram 4 da tarde.

Assim, ao invés de eu subir para continuarmos, foi Maximo que desceu.

Foi uma decisão difícil, pois estávamos em teoria na parte mais fácil da rota, entretanto, com o gelo ruim, nosso progresso era muito lento e estávamos fadados a chegar no cume apenas a noite e exaustos.

Pelo rádio convenci Maximo a descer, foi uma decisão minha. Ver Maximo subindo com tanta dificuldade, o dia chegando ao fim, tive maus pensamento sobre como poderia terminar aquela escalada e tive muito medo de me dar mal.

Convencido o Maximo, em três Abalakovs chegamos no chão semi firme e descemos para a barraca. No caminho, observando onde havíamos chegado, pude ver que meu palpite estava errado e poderíamos ter chegado ao cume uma vez que já estávamos no meio da parede e o sol somente se pôs as nove da noite.

Foi terrível para mim. Fiquei me sentindo um covarde e um incapaz, pois não foi apenas no Tronador, mas em todas as montanhas que estivemos nesta viagem eu falhei. Na verdade tivemos uma grande má sorte em tudo nesta viagem. Burocracia, calor excessivo, gelo ruim…. Tudo deu errado. E não fizemos cume algum a não ser o San Francisco.

A experiência no Tronador me serviu entretanto para aprender muito sobre gelo. Segundo o Maximo, nunca peguei gelo bom na vida, pois todas as vezes que estivemos juntos escalando gelo, sempre foram sob condições adversas, e especialmente nesta oportunidade no Tronador foi segundo o Maximo o pior gelo de sua vida… e olha que nisso ele tem muita experiência.

Fui dormir pensando em revanche, mas no dia seguinte, ao invés de voltar para a montanha e passar por apuros novamente, resolvemos deixar de lado a perrengue e fomos a uma greta treinar escalada em gelo.

Foi uma excelente opção, aprendi muito sobre técnicas e inclusive escalei muito e me diverti bastante.

Assim chegamos ao fim das escaladas nesta viagem, com um sentimento de fracasso mas sem a culpa de ter falhado. Entretanto para mim fica uma pedra entalada e vontade de pegar gelo bom para poder tirar a dúvida sobre os medos que tive na montanha desta vez.

Aprendi muito, mas ainda tenho que pôr em teste o que aprendi. Volto para casa para viver minha nova vida mas novamente com a visão de que tenho que voltar logo para a montanha e revisar as deficiências que tive nesta expedição.

Espero não demorar muito para chegar em casa. Estamos a milhares de quilômetros de distância e para piorar o carro quebrou. Estamos tentando resolver o problema, mas inda não sabemos o defeito.


Ps. Novamente peco desculpas pelos erros de gramaticas e português, não se esqueçam que os teclados aqui ao muito diferentes.

Na parede

Escalando de segundo na parede
:: Veja mais fotos do Tronador

9 de março de 2006

Fotos do Tronador

::Leia o relato da experiência no Tronador em 2006

Vista geral do Tronador e uma de suas centenas de cachoeiras que desprendem dos glaciares pendurados. Esta eh sem duvida uma das montanhas mais lindas da Argentina.

Nosso acampamento avançado e os dois cumes do Tronador

Vista de nosso acampamento avancado (2700 mts) e o cume internacional do Tronador. Em detalhe a greta visinha de nossa barraca ilustra bem o terreno local.

Travessia de uma grande greta para aproximar-se da parede sul do Tronador

  Aproximacao da parede sul do Tronador, abrindo caminho na neve.


Maximo guiando a parte inclinada da parede sul. O gelo mais filho da puta de nossas vidas!

Inclinacao da parte mais plana da parede sul do cume argentino do Tronador
Auto retrato na parede sul do Tronador argentino, momentos antes da descida
Eu brincando dentro da greta de gelo

Maximo guiando um trecho de uma parede de gelo no interior de uma greta.

27 de fevereiro de 2006

Cajon del Maipo

:: Leia a parte que antecede esta história

A ideia de realizar esta viagem de carro foi a de estar livre para irmos em montanhas que sao dificeis de se chegar com transporte normal e poder ir de uma montanha em outra por nossa própria conta.

Ir para o Cajon del Maipo no Chile parecia ser ideal, pois la existem varias montanhas próximas e acessiveis por estradas mas que nao seria nada fácil chegar se fossemos de ônibus. Outro critério de escolha foi o fato das montanhas do Cajon serem escaladas técnicas em gelo que não necessitam mais que um dia de escalada, ou seja, em poucos dias poderíamos escalar varias montanhas bonitas, técnicas e baixas e também não teríamos problemas com a altitude.

O primeiro lugar que escolhemos para ir foi Baños Morales, um pequeníssimo vilarejo no fundo do Vale.

Para Chegar lá foi uma grande odisseia. Sair de Santiago foi dificílimo, pois a cidade não tem sinalização. Há Placas com o nome das ruas, mas não há placas dizendo onde elas vão, ou seja, perdemos horas nas ruas de Santiago procurando uma avenida para sair da cidade.

Toda esta odisséia piorou com o fato de o povo chileno ser muito pouco amistoso. Nao que isto seja um preconceito, mas o chileno eh muito fechado e não sabe dar informação, aliás, parece que não gosta muito de estrangeiros que, como nós, não querem pagar pelas informações que eles teimam em vender e não dar.

Estivemos no Club andino Alemão de Santiago, perguntando sobre as condições das montanhas e coisas do tipo.... Eles não estavam nem aí conosco, e fomos ao Cajon del Maipo sem saber de nada do que iriamos escalar ou encontrar pelas montanhas.

Assim chegamos em Baños Morales... Olhando as montanhas do vale, vimos o Cerro Morado e decidimos que ele seria a nossa primeira montanha a ser escalada no Chile.

O Morado eh uma montanha de dois cumes envolta por glaciares. Há Dois acessos à ela, um eh por Baños Morales e outra mais acima por uma lagoa chamada Morado, fomos por esta ultima pois pela informação que tivemos, lah tinha mais gelo.

O trekking de aproximação na montanha era bem curto, o fizemos em apenas 3 horas. O local era muito bonito, uma lagoa de borda de glaciar com uma cascata de gelo imensa pendurada numa parede de uns 300 metros de altura, este eh o glaciar colgante del Morado.

glaciar colgante del Morado

No primeiro dia apenas descansamos e deixamos a escalada para o dia seguinte, quando fomos ao colgante del Morado.

Este glaciar tem todas as características de uma cascata de gelo, como a do Khumbu no Nepal. Muitos seraks e gretas grandes, tudo isso em movimento, imperceptível à nós que estávamos lah a pouco tempo.

Dormimos bastante e só chegamos na base da geleira por volta das 11 da manha. Chegando lah procuramos uma boa torre de gelo para praticar a escalada em gelo. Encontrada nossa parede de gelo, Maximo subiu por um caminho fácil e no topo montou uma ancoragem para escalarmos um pouco em Top Rope.

Enquanto esperava o Maximo montar a ancoragem no topo da parede de gelo, um estrondo parecido com um trovão se rompeu no topo da geleira e quando olhei ao alto para ver o que havia acontecido, uma imagem que nunca imaginei que iria ver na minha vida, ou que pelo menos apenas imaginei que seriam as ultimas de minha vida aconteceu: Uma grande massa de neve e pedaços de gelo caiam exatamente na direção em que eu estava. Nao dava para acreditar, mas eu estava exatamente na rota de uma avalanche!

Olhei para o alto e vi aquela massa branca se aproximando em velocidade, pensei comigo que nao poderia estar vindo à mim. Varias vezes eu jah havia visto uma avalanche, mas elas nunca caiam onde eu estava. Antes de meu cérebro processar esta realidade, minhas pernas jah tinham respondido ao impulso de sobrevivência e eu sair correndo até embaixo de uma torre de gelo, onde nenhum pedaço de gelo caiu e assim saí sem nenhum arranhão, apenas com o coração na garganta e pernas bambas.

No topo da torre de gelo, Maximo berrava meu nome, achando que talvez eu tivesse sido engolido pela avalanche. Demorei a contesta-lo, pois naquele momento mal conseguia falar. Entretanto, quando recuperei a fala ele se acalmou.

Mesmo depois de um evento que poderia ter acabado conosco, não havia porque nos preocuparmos, pois estatisticamente não ocorrem muitas avalanches num mesmo dia, assim que decidimos continuar escalando. Entretanto o tempo fechou e logo tivemos que voltar para a barraca.

A imagem da avalanche ficava martelando minha cabeça. Esta foi, sem duvida, uma experiencia desagradável.

Escalada no Morado

Glaciar Morado

Dia seguinte acordamos antes do sol nascer e voltamos cedo para a geleira. Começamos a escalar e logo  pegamos altura.

Entretanto a característica da cascata de gelo era a maior dificuldade. Uma cascata não eh como um glaciar de vertente que, mesmo com alguns bergschrund permanece sempre rente e com uma inclinação perpendicular a inclinação da montanha. Na cascata de gelo ha esses seraks, que são blocos gigantes de gelo todos difusos. Há lugares com gelo em negativo, há gretas super profundas, pontes de gelo e coisas instáveis.

Logo no começo, fomos afunilando a escalada e chegamos em uma torre com passagens em negativo que não foram nada fáceis de serem guiadas. Azar do Maximo.

Subimos uns 180 metros, ateh chegar em outra parede de gelo com trecho negativo. Lá o gelo era de tao pouca qualidade que a piqueta não se segurava e era impossível bater um parafuso.

Eu jah estava com medo, pois fazia calor e por onde eu olhava haviam rios de agua se formando, ou seja o gelo estava derretendo e isso poderia significar avalanches, como a do dia anterior.

Depois de avaliar ser muito difícil continuar, começamos a decida.

Por sorte logo no começo encontramos um grande bloco de gelo, que lacamos com a corda e pudemos fazer um rapel, chegando ateh uma plataforma.

Foi muito seguro e tranquilo o primeiro rapel. Chegando na plataforma, desescalamos uma superfície pouco inclinada e entramos em uma gretinha com gelo verglas muito duro, onde fizemos um abalakov para descer.

Para quem não sabe, abalakov consiste em furar o gelo duro e passar por ele um cordim ou fita de escalada, onde passamos a corda para fazer o rapel. Apesar de parecer pouco seguro, este tipo de ancoragem, se bem feito suporta o peso de um caminhão.

Rapelamos pelo abalakov sem problemas, acabei abandonado um cordim que eu achei na lapinha, e novamente paramos em outra plataforma, onde fizemos um outro rapel e enfim chegamos na base. Naquele dia discutimos sobre a questão das geleiras e do aquecimento global. Recentemente escrevemos um artigo no site sobre isso. Concluímos estávamos num lugar errado numa época errada. Numa latitude tao baixa era obvio que o gelo estaria derretido num fim de verão.

Nem fomos para outras montanhas no Cajon del Maipo, era muito previsível que todas estariam na mesma condicao, gelo ruim e rochas expostas.... Fiquei com muita raiva por nao ter tido esta informacao antes!!

Devido a estes fatos, deixamos o Chile e viemos a procura de gelo no sul. Agora estamos em Bariloche, onde o frio eh uma realidade.

Descemos em um dia do Cajon del Maipo ateh Talca, pela ruta 5, uma autopista chilena muito movimentada e com pedágios caríssimos. Em Talca pegamos uma estrada para o interior, que logo perdia o pavimento e se transformou numa estradinha de terra horrorosa, com muitas costelas de vaca e perigosíssima, cheio de precipícios, mas belíssima. Esta era a estrada internacional.

Novamente passamos a noite numa fronteira, dormindo ao lado de um lago maravilhoso, o lago Maule, onde muitos chilenos pescavam trutas e outras delicias de águas frias.

Disjunção colunar no Paso de Maule


Acampamento no Paso de Maule

Paisagem no Paso de Maule

Cruzamos a fronteira, descemos a cordilheira e novamente estávamos no deserto do oeste argentino. Quase ficamos sem gasolina no caminho fomos salvos pela gasolina do fogareiro e fizemos 42 Km com um litro, indo abastecer somente em Malague. Claro que fomos ajudados com varias descidas e muita banguela!

Mais um dia de estrada foi necessário para Cruzar o sul de Mendoza e a toda a província de Neuquen. Passamos por lugares lindíssimos no caminho a cada parada para tirar fotos percebiamos uma ligeira mudança na temperatura, ateh que enfim demos conta que fazia frio demais e o vento estava filho da puta demais... percebemos que a paisagem mudara e por fim estávamos na Patagônia.

Agora em Bariloche o tempo está patagônico. Temperatura de 10 graus, umidade de 45% e ventos de 45 km/h.

Se queríamos frio, conseguimos, agora espero o principal. Pegar bom gelo no Tronador.

Esta sera infelizmente nossa ultima montanha na viagem. Pretendíamos escalar como nunca nesta nossa expedição, entretanto os problemas burocráticos e o calor estragaram os planos.

Quero somente escalar em gelo no Tronador. Nao me importo muito em fazer cume aqui, pois eu jah escalei esta montanha em 2003.

Entretanto estou um tanto decepcionado, pois ateh agora eu soh fiz cume do feio e seco vulcão San Francisco em Catamarca, e o Tronador eh uma montanha de três cumes e eu só subi um. Assim que somente lah em cima vou saber o que vou fazer.

Vou esperar para ver o que o tempo tem a me dizer.


ps. novamente desculpem-me pelos erros de pontuação e etc... estou num teclado diferente do brasileiro.


Paisagem no Sul da Província de Mendoza

Rocha Vulcânica

Rio ao lado da Ruta 40

Ruta 40 no Sul de Mendoza

Vegetação do deserto

Falha ao lado da estrada

Nuvens num final de tarde perto de Neuquén

Coletania de fotos

Rio Limay perto de Bariloche

Paraíso da escalada próximo a Bariloche

Torre de rocha perto de Bariloche

Por do sol na estrada na província de Neuquen... Bemvindos à Patagônia

Duna de areia invadindo a estrada no sul de Mendoza

Rio Encaixado em meio a rochas vulcânicas no sul de Mendoza

Detritos vulcânicos de centenas de quilômetros de extensao no sul de Mendoza

Vegetacao tipica do oeste argentino, sul de Mendoza

Uma falha transcorrente no norte de Neuquén na Patagônia Argentina.

Condicoes do carro apos quilômetros de estradas de terra.

Montanhas na fronteira da Argentina com o Chile, Paso Pehunche.

Linhas de deposicao de Morenas no acampamento base do Cerro Morado

A escalada no glaciar Morado

Maximo lancando a corda glaciar abaixo para fazer o rapel

Eu fazendo o rapel de descida do glaciar ancorado num bloco de gelo

O vale onde fica o Cerro Morado no Cajons del Maipo

Visao do Glaciar Morado de mais longe, ele deve ter uns 300 mts de altura.

Maximo olhando para o Glaciar Morado, o qual escalamos.

Maximo e eu na base do Glaciar Colgante del Morado no Cajon del Maipo, Chile

Vista do Vulcao Incahuasi desde as termas