Blog do Pedro Hauck: outubro 2016

26 de outubro de 2016

Pequeno Alpamayo, Bolívia – Pequeno no nome apenas

Julho e agosto foram meses puxados na montanha. Ajudei a realização de um curso de escalada em gelo onde 12 alunos fizeram cume, depois fomos ao Peru, onde tentamos 3 montanhas de 6 mil metros e fizemos cume em 2. Na volta à Bolívia ministrei mais um curso de gelo, mas particular e fiz cume no Huayna Potosi pela quinta vez, ufa! Hora de descansar? Que nada!

Mesmo depois de tanta coisa, faltava mais um trabalho que seria desafiador. Guiar 9 pessoas em uma expedição longa com 4 montanhas, sendo que 2 seriam acima de 6 mil metros. Já guiei muitas expedições. Montanhas em locais muito diferentes, Andes Centrais, Puna, Cordilheira Real... Montanhas bem estruturadas, outra sem nenhuma estrutura, onde tivemos que fazer tudo: Logística, comida, ajuda psicológica, dirigir.... Digo tivemos no plural pois sempre estava acompanhado de alguém. No curso de gelo fiz tudo sozinho, mas com uma turma pequena. Na expedição que estava por começar eu teria que ser o líder, ou seja, o chefe. Teria de tomar todas as decisões, avaliar os quadros clínicos dos clientes, cuidar da comida, da logística e de todo o staff. Estava apreensivo, pois tocar tudo isso sozinho eu nunca tinha feito.

A novidade, para melhorar, ou piorar, era que 1/3 dos clientes eram estrangeiros: Alex, russo que mora na Austrália, Frances, norueguesa e Christine, belga. A comunicação seria toda em inglês, mas também em português e meu staff eu teria 2 bolivianos e 1 argentino. Confesso que tive um pouco de medo de falhar, mas quando começou tudo foi ficando natural e saindo muito bem.

O grupo de 9 pessoas foi começando a chegar e assim que tudo ficou pronto partimos para a aclimatação na região do Condoriri. O trekking até o acampamento é bem tranquilo, a paisagem é deslumbrante, mas altitude é impiedosa e claro que nos primeiros dias a regra foi se hidratar e não se desgatar.

Após 2 dias de descanso, instruções básicas de transito em glaciar, fizemos nossa primera montanha, o Cerro Áustria de 5225 metros. Uma montanha em que sua dificuldade é inversamente proporcional a sua beleza! Todos no cume e muita emoção ao apreciar as montanhas da região, como a Cabeza del Condor e o próprio Huayna Potosi. 

Após mais um dia de descanso partimos para o Pequeno Alpamayo. Para escalar a montanha é preciso escalar no meio do caminho o Tarija. Boa parte do grupo que estava com o Carlos, um guia boliviano de confiança que contratei, acabou descendo e apenas eu e o Alex com nossas respectivas cordadas chegamos lá. 

A vista do cume do Tarija não era nada animadora. A montanha não parecia em nada com aquela que eu conheci anos antes. Estava completamente derretida, com grandes penitentes e gretas, além de muitas partes que antes era gelo com rocha pura. Continuamos junto com Marcelo Figueiredo, Marcelo do Valle, Alex russo e Frances.

É difícil contar em detalhes como foi difícil esta escalada. Gelo duro, rocha, pendente instável fez parte. Isso sem falar nos rapeis na volta. Foram 5 horas de ida e volta o que antes eu levei apenas 40 minutos! Há anos em que escalar fica muito difícil e este foi um deles.

Demoramos tanto para escalar que o pessoal que chegou antes e quem ficou estava preocupado, mas deu tudo certo e seguimos para La Paz no mesmo dia para chegar na cidade a tempo de comer uma pizza, tomar banho e descansar. 

Primeira visão para o Condoriri.

Instrução para caminhada em glaciar

Instruções para transito em glaciar

Trekking ao Cerro Áustria

Cabeza del Condor

Trekking ao Cerro Áustria 
Parece o Matterhorn

Asa esquerda e Cabeza de Condor

Frances, Christine, Alex, Marcelo Figueiredo, Marcelo Braga e Tiago Melo.

Frances, Christine e Alex

Frances, Christine e Alex

No cume do Austria

Huayna Potosi

Angel Arnesto.

Alex, Frances e Christine no cume do Tarija totalmente seco.

Pequeno Alpamayo visto do Tarija, muito derretido.

Alex, Marcelo Figueiredo e Braga.

Muito penitente na subido ao Pequeno Alpamayo.

Eu, Alex, Frances, Marcelo Braga e Figueiredo e Alex Tinta.

5 de outubro de 2016

Fotos do curso de escalada em Gelo na Bolívia - Turma Refúgio Serra Fina

No final de Agosto ministrei um curso especial de escalada em gelo e alta montanha para a equipe do Refúgio Serra Fina, Maurício Anchovas, Alex Bonifácio e Pieter Claeys. 

Foi um curso personalizado que segue o objetivo do curso do GenteDeMontanha, formar montanhistas para enfrentar uma escalada em alta montanha e vencer obstáculos comuns em montanhas com rotas de dificuldade fácil e média.

Como sempre, cada vez que ensinamos, aprendemos muita coisa junto. 

O grupo surpreendeu e batemos um recorde. Nunca fizemos cume junto com alunos no Huayna Potosi tão rápido! Foram cerca de 5:30 horas do refúgio alto até o topo. Isso por que eu tive que enrolar o grupo, fazendo mais paradas e gastando tempo, senão teríamos chego antes do sol nascer.

Pra mim foi satisfatório duplamente, tanto pelos alunos que se deram bem, quanto por ver a Maria fazendo sua revanche na montanha. Ela tinha tentado em 2014 e chego até a base da ultima parede. De lá pra cá evoluiu muito. Uma pena o Anchovas ter passado mal e não ter participado do ataque junto com a gente. Foi o que faltou pra tudo sair perfeito. Foi meu quinto cume no Huayna Potosi.

Alex, eu e Pieter no caminho para o Huayna. No fundo o Tiquimani

Instruções no glaciar

Transito em glaciares no meio da neblina

Alex Bonifácio

Pieter Clay
Os parças 
Maria Tereza

Alex

Alex

Subida ao glaciar do Charquini.

Alex na subida do Charquini


Preparando-se para cramponar na base do Charquini.


Aprendendo nó de encordoamento.

Transito em glaciar


Alex, Anchovas e Pieter

No caminho para o glaciar, encontramos estas moças andando pela trilha. Foi a primeira vez delas num ambiente de montanha e quiseram tirar foto com estes seres estranhos que somos nós.






Abalakov da Maria

Escalando em gelo

Ataque ao cume a noite no Huayna Potosi, chegando na base da Pala Grande.

Maria no cume.
cume

cume

no topo

Junto com nossa cozinheira de volta ao refúgio.