Blog do Pedro Hauck: julho 2015

31 de julho de 2015

Subindo o Charquini para aclimatar

:: Veja o relato anterior

Nosso objetivo é sempre melhorar o curso de escalada que realizamos aqui na Bolívia. Com este objetivo, sai um dia pela manhã do refúgio e fiz cume sozinho no Charquini, uma simpática montanha de 5300 metros localizada em frente ao Huayna Potosi, uma montanha relativamente fácil que nunca havia escalado.

Pedi informações ao prestativo guia Celestino, que estava trabalhando para a gente e cheguei à base da montanha, percorrendo um aqueduto que alimenta a represa de Zongo. Este aqueduto é impressionante. Para manter a queda suave de água ele atravessa uma vertente rochosa, formando um caminho suspenso parecido com o "Camino del Rey" na Espanha.

Fiz cume e regressei ao refúgio em 4 horas. O tempo exato de chegar para o almoço e partir para uma prática de transito em glaciar.

Dois dias depois regressei ao Charquini. Duas novas clientes se juntaram à expedição: Angela Santos de Brasília e Paula Kapp do Rio, que já foi em várias expedições nossas. Elas se juntaram mais tarde pois não estão participando do curso, estão apenas se aclimatando para outra expedição que realizaremos ao término desta: Escalar o Illimani.

Nesta escalada de aclimação pudemos fazer vários testes. A montanha próxima e acessível, apesar de ser fácil, há trechos técnicos, porém seguros, como uma travessia num glaciar (sem gretas nesta temporada), uma escalada semi técnica de 50 graus em gelo bom e uma crista de rocha e gelo para chegar no afiado e belo cume, com vista para muitas montanhas da região, em especial para a visão frontal do Huayna Potosi.

:: Continua...

O aqueduto que dá acesso ao Charquini.
Aqueduto

Huayna visto da base do Charquini.

Glaciar do Charquini

Huayna Potosi

Glaciar do Charquini e Huayna Potosi.

Falso cume do Charquini.

Glaciar do Charquini e nuvens da amazônia.


Cume do Charquini.

Cume do Charquini.

Vista espetacular do cume do Charquini.

30 de julho de 2015

Chegada ao Huayna Potosi e aulas no curso de gelo

:: Ver a postagem anterior

Chegamos ao Refúgio Huayna Potosi, localizado na base da montanha há 4700 metros. Este belo e confortável refúgio será nossa casa durante os dias do curso de escalada em Gelo e Alta Montanha pela agencia GenteDeMontanha, na qual trabalho.

Somos um grupo grande, com 20 pessoas. 2 pessoas chegarão nos próximos dias para realizar uma aclimatação para escalar o Illimani que é a segunda montanha mais alta da Bolívia e que fica aqui perto.

Chegar nesta altitude requer sempre cautela. O lugar é muito bonito, mas é bom "evitar a fadiga", por conta da altitude. Eu sempre falo de altitude aqui no Blog, acho que pouco dão bola pra isso, mas estas 20 pessoas que estão comigo estão aprendendo na pele o significado de ALTITUDE.

Poucos destes 20 não tiveram problemas. O Billy vomitou, aliás o Billy vomitou todos os dias que ganhou altura: No dia em que chegou a La Paz, no dia que foi pro Chacaltaya e também no dia que chegou aqui no Refúgio, ele marca território. Fora isso muita gente com dor de cabeça, sem apetite etc. Pra quem entende, a saturação média de quando a gente chegou ao refúgio foi de 80%, número que se elevou para 90% após o primeiro dia e muita hidratação.

Falando em hidratação, nosso principal exercício é beber água. A meta são 4 litros por dia. É beber ou morrer ou descer. Não há papo com a altitude, exceto por mim. Não sei porquê eu me adapto muito bem. Minha saturação era de 94%. Será que há uma memória de aclimatação no organismo?

Se a regra era evitar a fadiga, aproveitamos para ensinar. Os temas iniciais foram geologia e geomorfologia de montanhas. Estando num lugar como esse, falar de coisas abstratas fica muito didática. O Huayna é uma montanha composta de granitos muito falhados. Há muitas formas de ambientes glaciares e periglaciares. Demos aula também de História do Montanhismo, Climatologia e obviamente dos equipamentos e técnicas de escalada em gelo. A prática fazemos num glaciar aqui perto, o Glaciar Huayna Potosi.
Caminho ao glaciar do Huayna Potosi.


Glaciar do Huayna Potosi, onde são ministradas as aulas práticas do curso de escalada em gelo.

Aulas no glaciar

Interior de uma greta no gelo

Testando o atrito do gelo sem crampons

Aulas no glaciar
:: Continua...

23 de julho de 2015

Ascendendo o Chacaltaya para aclimatar à altitude


O Chacaltaya é uma montanha com 5400 metros perto de La Paz, na Bolívia. Quem vê pela altitude pode imaginar que ascender ela é bem difícil, mas no entanto, seu acesso faz que ela seja uma das montanhas mais fáceis dos Andes.

Isso porque quase em seu cume há um refúgio que era uma antiga estação de ski, hoje desativada por conta da falta de neve. Acaba que ir ao Chacaltaya é um destino turístico para qualquer um. Um destino fácil, mas que pode gerar boas e más recordações, dependendo de quanto tempo você já está na altitude.

Bom, estamos num curso de escalada em alta montanha, então precisamos estar preparados para enfrentar as alturas no Huayna Potosi. Ascender a um local alto é parte da estratégia de nossa aclimatação.

Para mim era motivador ao dobro subir lá. Primeiro porque eu preciso me aclimatar e depois porque apesar de ser a montanha mais fácil do país, eu nunca fiz cume no Chacaltaya. Isso mesmo! Em 2009 eu passei duas noites no refúgio, mas não andei os 40 minutos até o cume. Em 2014 um forte nevasca impediu o acesso por ônibus e paramos muito baixo, acabou que não pudemos chegar ao topo.

Desta vez não houve tempo ruim. Saímos de La Paz pela manhã e logo fomos ganhando altura na autopista. Aproveitei a infra do busão, que tinha um microfone e dei uma de guia de turismo, falando um pouco da história da Bolívia e depois da geologia e geomorfologia regional. La Paz está dentro de uma bacia, mas ao subir a montanha entramos numa área de rochas mais antigas, metamorfizadas durante a primeira orogenia andina. Vimos filitos e ardósias, aliás o cume é ardósia.

Mas antes de chegar lá, tivemos que chegar no refúgio a 5300 metros. Um percurso de muitos zig zags e paradas para ir ao banheiro, observar o Illimani e o Huayna Potosi, nosso objetivo neste curso.
Após chegar ao refúgio, banheiro novamente, aliás, muito pior que as moitas da estepe altiplânica. Como o refúgio é muito alto e lá toda água é sempre congelada, os banheiros nunca são limpos e eles tem um cheiro ocre que causa náuseas. Acho que deve ser arma mais poderosa do governo Morales. Pois é mais radioativa que as ogivas nucleares do Irã.

Depois disso foi apenas uma caminhada onde nossos integrantes experimentaram as boas e más experiências da primeira vez na altitude: Uma vista espetacular para toda a Cordilheira Real, onde foi possível avistar 10 cumes acima de 6 mil metros, dores de cabeças e um vomito. Nada demais, pois em pouco tempo ele já estava bem. Apesar de houver outros enjoos provocados pelo uso do banheiro.
Aclimatar é assim, você tem que beber muita água e aguentar as consequências.

Amanhã iremos ao refúgio na base do Huayna Potosi há 4700 metros de altitude. Ficaremos um bom tempo sem comunicação.

:: Continua

No Refúgio Chacaltaya

Vista para o cume desde o refúgio

Caminho ao cume.

Huayna Potosi domina a paisagem.

Ardosias

O cume do Chacaltaya com o Mururata e o Illimani ao fundo.
Chegando ao cume.
No cume do Chacaltaya

Todo mundo no cume do Chacaltaya.

Clivagem ardosiana. 
Voltando ao refúgio.

22 de julho de 2015

Preparativos para o curso de gelo - Huayna Potosi

É a sétima vez que venho à Bolívia, um país que guardo um sentimento especial, muito de amar, as vezes de odiar, mas certamente com a balança pendendo para a primeira opção. Estou aqui novamente para guiar mais um curso de gelo pela agência GenteDeMontanha com meu amigo Maximo Kausch, com quem escalo há 17 anos.

Pela primeira vez chego a La Paz em avião, pois todas as outras eu vim ou de ônibus ou dirigindo. Apesar de mais rápido e fácil, ir voando tem a desvantagem de não dar para levar muita coisa, limites com o peso, volume, dificuldade de transportar equipamentos e todo o controle de documentos, tira bota, coloca bota, raio x, etc, etc e etc. Ou seja, nesta viagem já bati um recorde ao chegar, pela primeira vez venho escalar de avião.

Logo ao chegar me deparo com antigos colegas, que já passaram por meu curso de escalada em rocha, ou em outras saídas em montanhas brasileiras, como Itatiaia. É legal ver a evolução da galera já encarando uma alta montanha. No entanto, neste ano na Bolívia me deparo com uma grande mudança acarretada pela economia brasileira. A Bolívia que sempre foi um país barato, está caro! Isso por causa da desvalorização do Real. Em 2014, 1 dólar valia 6.95 pesos bolivianos e 1 real 4 bolivianos. Neste ano o dólar continua o mesmo valor, mas o Real vale entre 1.95 a 2 pesos. Tudo está o dobro do preço!

No dia seguinte a minha chegada, fui conhecer alguns dos alunos. Pedro Lepri, advogado de Londrina que mora em Porto Velho - Rondônia e que chegou a La Paz por Guayará Merin, na fronteira com a brasileira Guajará Mirim. Willians Oliveira e Felipe Magazoni, que foram ex alunos de escalada de São Paulo e Thiago sem agá de Americana, que vai ser ainda aluno de escalada com a gente. Além deles, o jornalista de Joinvile Jonatar Evaristo.

Com eles demos uma volta pela cidade, ainda em ritmo de aclimatação, ou seja, bebendo água e tendo que ir ao banheiro o tempo todo.

Nessa, descemos a pé a avenida Mariscal Santa Cruz até um shopping em Sopocachi, onde fomos ao primeiro banheiro. Lá almoçamos , fomos ao banheiro e depois pegamos um taxi para ir a Muela Del Diablo, uma pequena montanha rochosa localizada na Zona Sul de La Paz.

O taxista, um boliviano chamado Alejandro, nunca tinha ido à Muela Del Diablo, mas sem problemas, pois quando errou o caminho foi parar num rua sem saída onde também pudemos ir ao banheiro.

Já no caminho certo, a estradinha de terra que era bem íngreme exigiu de seu carrinho e passamos a ir a pé até o estacionamento do morro, onde nos re encontramos e o convidamos a nos acompanhar no pequeno trekking.

Subimos por uma trilha que virava uma rampa de detritos que dava num degrau de trepa pedra, na verdade um filito bastante fraturado. Depois disso o caminho virava uma trilha e acabava no meio entre duas torres rochosas onde filito e quartzito se intercalavam. Era um lugar bastante interessante e não estou falando em geologia. Lá há belas vias de escalada que dão acesso ao cume que é somente atingido escalando. Me deu um grande vontade de na próxima trazer meus equipos.

Após a rápida incursão à montanha, pedimos para Alejandro nos levar ao Vale da Lua, um parque no meio da cidade que tem relevo com formas bizarras ocasionadas pela erosão. Acho que o Alejandro queria ir com a gente, mas percebi que ele ficou esperando o convite.

Foi um passeio rápido em meio aquelas belas formas de relevo. Uma breve interpretação da rocha deu pra ver toda a história evolutiva do local, trata-se de um tilito, com clastos tipicamente transportados por geleiras, mas com fácies conglomeráticas de antigos rios mais caudalosos em ambiente periglaciar. Tudo isso foi erodido quando o rio La Paz achou uma saída para a bacia amazônica, muito mais recente, e ai evoluiu todo o vale da cidade que é na verdade uma enorme dissecação do altiplano boliviano. Bom, foi isso o que deu para interpretar até achar a saída para o banheiro. Maldita aclimatação!

:: Continua...

Muela del Diablo

Formações sedimentares no caminho à Muela del Diablo

Zona de Cisalhamento

Subida à Muela del Diablo.

La Paz visto da Muela del Diablo

Subindo a Muela del Diablo

Illimani visto da Muela del Diablo

Local para escalar na Muela del Diablo

Felipe, eu, Williams, Jonatar e Thiago.

A turma reunida na base da Muela del Diablo

Visual para a região do Illimani

Locais escaláveis na Muela del Diablo

No taxi do Alejandro

Muela del Diablo visto do Vale da Lua.

Formas Bizarras no vale da Lua 
Uma escala para a erosão do vale de La Paz.

20 de julho de 2015

Fotos da Serra Fina

Este álbum de fotos é a travessia da Serra Fina realizada no feriado de Corpus Christi de 2015, durante a saída guiada realizado pela Agência GenteDeMontanha. Para ler o relato completo, acesse minha coluno no site AltaMontanha: Sherpas na Serra Fina.

Links relacionados:


Jurandir no começo da subida para o Pico do Capim Amarelo 
Vista para a Mantiqueira ao Sul.

Vista para o vale do Paraíba.

Jurandir na subida do Capim Amarelo.

Trecho de crista da Serra Fina que dá o nome à travessia.

Descansando no Maracanã, onde passamos a primeira noite.

Descansando no Maracanã, onde passamos a primeira noite da travessia.

Eu e o Pico da Pedra da Mina ao fundo. Montanha mais alta da Mantiqueira.

Pedra da Mina

Jurandir no cume da Pedra da Mina

Deixando as cinzas do Parofes no cume da Pedra da Mina

Vista para o vale do Ruah desde o cume da Pedra da Mina

Pedra da Mina vista desde o vale do Ruah

Nosso acampamento no vale do Ruah.

Todos reunidos no acampamento no vale do Ruah

Vale do Ruah com neblina e molhado pela manhã.

Montanhas rochosas vistas do Cupim de Boi.

Jurandir no cume dos Três Estados.

Acampamento na base do Alto dos Ivos

Acampamento na base do Alto dos Ivos
Subindo o Alto dos Ivos

Subindo o Alto dos Ivos

Amanhecer no Alto dos Ivos

Amanhecer no Alto dos Ivos

Amanhecer no Alto dos Ivos

Amanhecer no Alto dos Ivos

Amanhecer no Alto dos Ivos

Bruno Masredon

O grupo reunido no Alto dos Ivos. Fechando a travessia com chave de ouro.

Maria Ulbrich

Eu no Alto dos Ivos

Os guias da travessia da Serra Fina: Maria, eu, Maximo Kausch, Bruno e Jurandir.

Jurandir Constantino

Descendo para o Sitio do Pierre.

Montanha e a lua.