Blog do Pedro Hauck: fevereiro 2009

22 de fevereiro de 2009

Maximo na Jordania

O Maximo me mandou noticias do Oriente Médio. Sim, ele está lá com seu amigo israelense Eyal. Sem nada de guerras, ele nos mandou umas fotos e um recado:

Olá gente,

Aqui tudo está bem. O carro do Eyal anda bem (o motor é a unica coisa que funciona). Escalamos rocha por 17 dias seguidos e também fomos às ruínas de Petra. Escalamos 12 vias e inclusive uma nova, próximo às ruínas de Jebel Rum. Fomos ao Canyon de Barrah próximo da Arábia Saudita e ficamos vários dias totalmente isolados, sem rádio, telefone e fora de estrada. O lugar é impressionante. Estou mandando umas fotos. Estive convencendo umas pessoas a tomar mate. Eles gostaram!

Nos vemos logo!

Maxi

As ruínas de Petra,lembra do Indiana?

Isso pode?

Este deve ser o carro do Eyal. Acho que o Maximo tá com saudade com do velho corsinha branco.

Maximo e Eyal



Será que esses caras querem trocar os camelos pelo carro do Eyal.









Olha a cara de gaúcho!

18 de fevereiro de 2009

Escadas na montanha


Essa discussão de escada em montanha é algo muito batido e não quero me prolongar muito nisso. Antes que alguém venha com o argumento que escadas estão presentes há muito tempo nas montanhas, já adianto que há muita diferença entre a época dos nossos avós, quando foram instaladas algumas escadas em montanhas famosas, como no Dedo de Deus e Pedra do Baú, com a atualidade.

Primeiramente há hoje um avanço significativo das cidades sobre as regiões naturais e também há uma maior valorização da natureza, o que leva muita gente para dentro de parques e consequentemente montanhas, que em contrapartida desta admiração, sofrem muito mais com a degradação do que há 50 anos atrás.

Hoje existe muita informação disponível para que pessoas se tornem montanhistas e isso não custa muito. Em Curitiba, por exemplo, custa apenas R$ 15 por mês para ser sócio do Clube Paranaense de Montanhismo e ter acesso a muita coisa. Então não há desculpas de que existe uma conspiração de elitazar o montanhismo e tirar os "pobres" da montanha.

No entanto há uma grande preocupação no crescente afluxo de pessoas no meio natural, principalmente pessoas sem educação a quem se convenhou chamar de "Farofa". Estes não respeitam a cultura do montanhismo, não por que são maus, mas sim por que são simplesmente "Sem noção".

Ir para a montanha é tão democrático e barato que "sem noção" e gente experiente convivem juntos na montanha e atritos ocorrem por conta da diferença de visão que estes grupos têm da natureza. Enquanto o primeiro quer se divertir e se libertar das regras da sociedade, o segundo vê a montanha como um local sagrado e de respeito.

Vira e volta culpam alguém pela crescente presença dos "Sem noção" na montanha. Culpam a moda do ecoturismo, as agências, os guias, os sites e meios de comunicação, o fácil acesso e também as escadas, que facilitam e muito a vida de quem quer subir uma montanha.

Éticamente é errado ter uma escada para facilitar uma escalada. De acordo com a Declaração do Tirol, elas têm que ser usadas apenas como último caso para resolver problemas com erosão e outros impactos da presença humana.

Acontece que certas pessoas acharam legal este artifício e resolveram encher as montanha de degraus, para facilitar a subida e de marcações, para ninguém se perder, rompendo totalmente com a proposta do montanhismo que é estar em contato e calibrar-se com a natureza. O excesso de escadas tirou a graça do montanhismo e emprestou à montanha facilidades da vida urbana.

A proposta de ter escadas em montanhas tem que ser a original, que é a que está na declaração do Tirol e nas regras do mínimo impacto da CBME. Elas não podem ser desvirtualizada para favorecer pessoas. Em hipótese alguma a montanha deve se preparar para receber visitantes, estes sim devem se preparar para subir uma montanha.

É para isso que existem clubes e associações, assim como as federações, que devem zelar pelas montanhas junto com os orgãos ambientais. A atitude de tirar as escadas do Pico Paraná que eram excedentes e desnecessárias foram boas, embora tenha sido ruim ter ocorrido sem a permissão da FEPAM.

Quem se sentir lesado que procure por se aperfeiçoar. O desafio nem é tão dificil assim!

Estou deixando um link interessante para o blog do montanhista Waldyr Neto em que ele mostra um exemplo bom de intervenção deste tipo. Comparem com o PP e vejam como estavamos errado e com excesso de escadas:

Intervenções na montanha, qual é o limite ético?

17 de fevereiro de 2009

Como resolver o problema do trânsito nas grandes cidades?


Recentemente está acontecendo em Curitiba uma grande discussão sobre transporte coletivo. A cidade é candidata a ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, mas na atualidade estamos enfrentando um sério problema de mobilidade urbana causada principalmente pelo excesso de automóveis.

A cidade sempre foi exemplar no quesito transporte público, que sempre foi eficiente sem precisar de grandes investimentos. O sistema escolhido foi o de ônibus de canaleta exclusiva, os bi-articulados, que são ônibus enormes e circulam com velocidade. Para complementar, há os ligeirinhos, que são os ônibus dos tubos e enfim os amarelos, que são os alimentadores.

Quando inventado há cerca de 20 anos atrás, o sistema de tubo era interessante, pois possibilitava a integração do passageiro, que podia sair de um ônibus e pegar outro sem pagar outra passagem. Entretanto hoje o tubo não é mais tão eficaz. Pra começar, é comum ver pela cidade vários locais cheios de tubo, um ao lado do outro, em que eles não são conectados, ou seja, a pessoa tem que sair de um tubo e entrar em outro, pagando uma segunda passagem.

Esses tubos desconectados são ruins por que não cumprem o seu papel de integrar. Outra critica ao tubo é que ele é caro. Os vidros dobrados custam muito mais caro que o normal e ainda o formato de tubo, faz com que seu espaço interno seja reduzido e não haja janelas, fazendo que no verão as pessoas passem mal por causa do calor e no inverno por causa do frio.

Apesar de serem bonitos, os tubos ficaram obsoletos, caros e inúteis. A tecnologia dos cartões magnéticos possibilitam a integração sem precisar de intervenção na infraestrutura de terminais, pois as pessoas compram um bilhete única saem e entram dos ônibus até o tempo do carão terminar. É muito mais barato.

Outro problema é que o ónibus ficou caro e ele ainda fica parado no trânsito, pois com excessão do bi-articulado, os ônibus dividem espaço com os automóveis particulares. Desta forma o veiculo particular sempre será previlegiado e as pessoas vão optar pelo transporte privado ao público, piorando a situação da mobilidade urbana.

Os ônibus de Curitiba deveriam ter preferência aos automóveis, deveriam ter faixas exclusivas nas grande avenidas para agilizar o transporte e favorecer o coletivo em detrimento do particular.

Por conta da falta de coragem de desmotivar o transporte privado, a prefeitura está cada vez mais namorando um projeto muito caro e que vai dar um atestado de incopetência de gestão da URBS, o projeto de metrô.

O porquê deste atestado de incopetência? Ora, não pensem que o sistema de transporte através de ônibus não foi planejado. Desde os anos de 1960 com Osmar Sabbag ele foi pensado e poderíamos ter um transporte mais eficiente e mais barato, mas a pressão pelo automóvel é muito maior e não permite que as ruas seja dos ônibus.

A linha do metrô irá acompanhar o bi-articulado entre Santa Candida e CIC. Ele será construido debaixo da canaleta do onibus, ou seja, aonde temos o melhor transporte hoje em dia é onde será feito o metrô, em um sistema cava e tampa o buraco...

Ao final da obra certamente teremos extinta a canaleta de onibus e as avenidas estarão livres aos carros. Embaixo da superfície toda a lotação dos bi-articulados irá se repetir nos vagões do metrô.

Outra saida econômica, limpa e muito mais popular é a construção de ciclovias. Nosso sistema de ciclovias é totalmente voltada ao lazer. Não há ciclovias nos locais de trabalho.

Novamente a prefeitura não quer mexer no privilégio dos motoristas, a construção de ciclovias requer a substituição de vagas na rua para automóveis em faixas exclusivas para as bicicletas. Vc's acham que os politicos vão querer? Claro que não!

O resultado vc's já sabem. Irão gastar uma fortuna do dinheiro público e não ser resolverá nenhum dos problemas. A cidade ficará abarrotada de carros, o povo vai ficar se abarrotando em ônibus e metrô saturado, caro e ineficiente. Enquanto isso se vc disser basta e querer independencia do transporte coletivo e do transporte motorizado, corre o risco de perder a vida em cima de uma bicleta.

Ah, a foto que ilustra este post é de um conhecido que trabalha comigo chamado Gustavo. Ele foi preso em um protesto contra a URBS e o aumento da passagem de ônibus na ultima semana. Não reclamem dos maus serviços prestados...

16 de fevereiro de 2009

Sobre a tragédia dos italianos no Aconcagua

Ventos brancos varrem o cume do Aconcagua em um dia de tempo bom! Imaginem isso com tempo fechado? Pois bem, a tragédia na montanha começou assim...

No mes de Janeiro, a comunidade andinista voltou sua atenção para mais uma tragédia no Cerro Aconcagua.

As notícias que foram passadas na mídia, contavam que um guia argentino, Federico Campanini, que conduzia amigos italianos, se perdeu na região do cume, quando uma tempestade fustigante os alcançou. Sem visão por causa dos ventos brancos, o guia conduziu o grupo ao glaciar Polacos, que é uma rota mais técnica que fica ao leste da montanha. Um dos italianos, uma mulher, sofreu uma queda e quebrou uma perna. Este grupo permanececeu dois dias ao relento na região do cume e no final, contava-se que quando chegou a patrulha de resgate, o guia argentino e a mulher com perna quebrada já tinham falecido...

Os italianos sobreviventes foram encaminhados ao hospital e depois retornaram ao seu país sem dar detalhes sobre a morte do guia. Caso encerrado, todos calados... Até agora.

Nosso amigo Hilton Benke esteve em Puente Del Inca recentemente e comentou o caso com alguns muleiros que trabalham no Aconcagua e nos trouxe uma nova informação sobre o caso que não divulgamos, pois pareciam mais intrigas e fofocas do que algo real. Segundos os muleiros, o guia argentino não tinha sido encontrado morto, ele havia se matado na montanha, pois tinha sentido culpado pela morte da italiana.

Agora com a divulgação do video com cenas do resgate, a verdade vem a tona. O guia argentino estava muito debilitado, mas vivo. Ele foi deixado para trás na montanha, pois a patrulha de resgate não conseguiu descê-lo.

Muitos vêm a criticar a patrulha de resgate pelo fracasso da operação, mas colocando-me no lugar deles, sei que é dificil realizar um resgate deste tipo, a quase 7 mil metros de altitude, com tempo ruim e muito cansados.

O video é muito chocante. O guia sem forças é arrastado por uma corda. Ele tenta se levantar, mas não consegue. Talvez tenha sido uma das últimas ações que ele tenha tentado fazer com vida. Depois foi deixado abandonado e morreu congelado.

Muitos ficaram com raiva de Federico Campinini e o culparam pela tragédia. Entretanto o Hilton trouxe da argentina outra versão do acidente. Segundo os muleiros, o guia não se perdeu no cume. Ele e o grupo chegaram lá com a tempestade formada, com ventos brancos vindos do norte muito fortes. Foi por este motivo que eles sairam da região do cume, pois tentaram se abrigar na outra encosta dos ventos que vinham do lado de onde vieram. Essa história faz todo sentido. Pois depois de descerem um pouco pela rota dos polacos, a italiana que estava sem visão e muito cansada, caiu e fraturou a perna e por isso o grupo ficou por lá.

Essa história trágica é uma lição para todos nós. Pois tudo isso teria sido evitado se o grupo tivesse percebido a formação do mal tempo e tivessem descido, como fez uma das integrantes da expedição que se salvou. O pior que eles puderam fazer foi não terem desistido.

Esta decisão é muito dificil e muitas vezes somos relutantes em tomá-la. Eu mesmo já fiz isso em duas ocasiões em que quase me dei mal. A primeira foi no Huayna Potosi em 2002, quando tive sorte de retornar ao acampamento em meio aos ventos brancos. Na segunda vez foi no Incahuasi em 2006, quando eu o Maximo só voltamos porque estávamos com um GPS. Os ventos brancos são ventos carregados de neve em pó em ambientes já nebulosos em que não conseguimos enxergar um palmo à frente. Os gringos chamam este fenômeno de "white out" ou seja, "branco total".

Nesta situação vc não consegue ficar parado, pois congela de frio e não consegue nem caminhar, pois pode ir para um lugar errado, cair num precipício ou numa greta ou ir para em local distante na montanha.

Acho complicado culpar alguém pelo ocorrido. Todos tiveram a chance de desistir, inclusive uma das integrantes do grupo desceu e se salvou da tempestade. A patrulha não pode ser culpada pela morte de Federico, pois ele tentaram ajudar, eles são na verdade heróis por terem descido os outros italianos e não bandidos por terem fracassado no içamento do guia argentino.

Deste episódio trágico fica uma lição que sempre é dada e que todos ignoram. Saiba a hora certa de desistir. Um cume não vale a sua vida. Volte e tente novamente mais tarde. Se alguém tem alguma culpa do ocorrido são os próprios andinistas que não desistiram do cume.

Esta é a minha opinião.

Veja mais sobre o caso: Aconcagua: Pai de guia afirma que seu filho foi deixado na montanha para morrer!

13 de fevereiro de 2009

Problemas de Itatiaia e a demagogia das grandes intervenções

Está rolando no Parque Nacional de Itatiaia uma polêmica sobre o reassentamento de algumas propriedades que ficam no entorno do parque que existem há muito tempo. Esta polêmica está dividindo as opiniões dos escaladores, pois alguns acham que o parque tem que ter prioridade sobre o ser humano e outros acham as estas propriedades convivem com o parque há muito tempo de uma forma harmônica, não sendo necessária a remoção de pessoas, o uso do dinheiro público e a grande intervenção em prol da uma melhoria na preservação.

Não vou me alongar neste caso, pois quem frequenta as listas já deve estar cansado de debater. Entretanto eu gostaria de comentar um outro caso particular de grande intervenção em que uma idéia politicamente correta e verde, pode acarretar no final em uma grande tragédia social sem sequer resolver os problemas ambientais. Este é o caso do reassentamento das mais de 1000 famílias que vivem no vale do Rio Itaqui, em São José dos Pinhais, Paraná.

Embora seja um caso totalmente diferente daquele de Itatiaia, vejo que é motivado pela mesma razao em um caso que vou tentar contar com poucas palavras.

Ao longo do Rio Itaqui há 2 bairros que foram loteados na década de 60 e aprovados pela prefeitura, em cima do rio. As pessoas que compraram os lotes que tem uns 500m2, eram pessoas humildes que procuravam fugir do aluguel. Lá era o local ideal, pois o terreno era barato.

Logo que foram ocupando a área, perceberam a cagada que fizeram, pois em cada chuva forte, tudo alagava. Entretanto, como o povo é muito guerreiro, eles lutaram contra as enchentes... aterrarando os lotes. Muitas das pessoas que vivem lá gastaram mais de 50 caminhões de terra para resolver este problema.

Com o tempo, estas pessoas foram fazendo outras melhorias, substituiram as casas de madeira por alvenaria, solicitaram melhor arruamento, receberam anti-pó, iluminaçõa pública, esgoto e água da Sanepar.

Hoje, estas pessoas vivem em casas boas e bonitas. Mas são todas pessoas humildes que gastaram o dinheiro de uma vida inteira de trabalho naquelas casas. Por outro lado, por ser um bairro distante e barato, houveram muitas invasões, estas, nos piores terrenos que nunca foram vendidos, ou seja, os que estavam em cima do rio.... Vi o drama destas pessoas, todas sofrem com vários problemas da falta de higiene, é comum ver crianças com micoses por causa da água suja do rio...

Agora a prefeitura de SJP quer remover estas pessoas e preservar o rio, pois este é um dos menos sujos da região do alto Iguaçu e lá tem captação de água pela Sanepar. O discurso é lindo, todo mundo aplaudiria no final.

Para poder de fato preservar a área de proteção ambiental ao longo dos 30 metros da margem do rio, eles irão utilizar a área de uso restrito, a de 100 metros para criar um parque, fazendo com que a população tenha um apego por aquela área de lazer e assim preserve a natureza através deste parque linear. Assim resolve-se a questão ambiental e de captação de água, também é criado uma área de lazer, melhorando a qualidade de vida da população e se resolve o problema do déficit habitacional promovendo justiça social com sustentabilidade. Pois bem....

Pra começar, este projeto irá favorecer quem está errado, que é quem invadiu um terreno e ainda por cima em área de preservação ambiental. Sim, existe todo um contexto por trás, mas estou falando na questão legal... Na questão legal, desfavorece que está em situação regular, que tem escritura do imóvel, mora há anos no local e que ainda saiu de uma situação social desfavorável e gastando o dinheiro de uma vida de trabalho, construiu uma casa boa em um terreno grande.

Acontece que estas casas boas não valem nada (o valor imobiliário é de 20 mil e tem gente que gastou mais de 100), pois aquele loteamento não tem valor imobiliário e o dinheiro que eles gastaram nas melhorias do terreno não contam, mas sim as casas, que apesar de serem boas, são humildes...

Eles serão levados para um conjunto de predinhos loooooonge de lá... Todos juntos... nivelando por baixo as pessoas que prosperaram e tirando da informalidade as pessoas que vivem informalmente.

Com o passar do tempo, os informais, que são os que vivem nas ocupações, certamente irão se endividar e terão que sair dos predinhos e irão retornar à outra ocupação... No final da história, vc terá feito injustiça social, colocando pra baixo quem tinha prosperado, não terá resolvido a questão dos sem teto e nem a ambiental, pois estes últimos voltarão à outra beira de rio para construir barracos. E sem o dinheiro da venda de seus apartamentos, pois este $ irá saldar suas dívidas em suas breves experiências como pagadores de IPTU, luz, água, condomínio, etc etc...

Por isso sou cada vez mais contra estes grandes projetos, pois eles não levam em conta as questões pessoais de cada família. Eles custam uma fortuna e não resolvem nada, pois são feitos de maneira genérica para todos. Melhor seria se houvessem políticas de inclusão social, de incentivo ao empreendedorismo, reforma tributária e combate aos grande monopólios, pois isso tudo é que faz com que haja as disparidades sociais. Ninguém mora na beira do rio porque quer... Se esta população tivesse condições financeiras mínimas, eles teriam saido de lá por conta própria. Não adianta dar casa se eles continuam sem emprego e renda.

Bom, até aqui esta experiência não tem muito a ver com o caso do PNI, a não ser que os planejadores em ambos os casos são movidos por razões tecnocratas, em aplicar a legislação sobre um Sistema de informações geográficas e impor a regra em um contexto totalmente aburdo. É por isso que dizem que o inferno está cheio de pessoas com boas intensões...

12 de fevereiro de 2009

Qual é o papel de um clube na escalada?

Publiquei este texto ontem no site do Clube Paranaense de Montanhismo, o qual sou diretor de escalada, achei que ia dar o que falar, mas ninguém até agora se expressou. Irei reproduzi-lo aqui, quem sabe então haverá comentários...



Durante a seletiva nacional para formar a seleção brasileira juvenil de escalada, um dos idealizadores do projeto proferiu um discurso em prol da escalada brasileira, explicando os objetivos da seleção e valorizando os clubes e as federações. Entretanto fica uma questão: Será que os clubes estão fazendo seu dever de casa? Veja o exemplo e as dificuldades do CPM.

Em uma coluna no site altamontanha.com, eu expus minha percepção sobre o momento atual da escalada no Brasil, que acredito estar sofrendo um retrocesso. Vários foram os motivos que me levaram à esta conclusão: Picos de escalada com menos frequentadores e muitas proibições, lojas e ginásios fechando, campeonatos vazios, revistas de escalada falindo, pouco interesse de empresas em apoiar a atividade.

A escalada é uma das atividades do montanhismo, eu diria que é a parte técnica deste meio, sendo que há uma escalada mais tradicional em que o objetivo é subir montanhas e também há uma parte esportiva onde ocorre os campeonatos. Não existe uma escalada melhor que outra, há sim vertentes distintas, mas ao meu ver a escalada esportiva de competição é das atividades mais prestigiadas e visíveis do meio montanhístico, embora ocorra distante das montanhas.

Com o surgimento dos ginásios, a escalada esportiva ganhou muitos adeptos e se tornou mais popular do que a escalada tradicional. Isso trouxe uma certa popularidade, sendo que os ginásios se tornaram porta de entrada à vários jovens que se tornaram grandes escaladores. Entretanto, nem todos se tornam "montanhistas" no sentido conceitual da palavra. Talvez por isso, ao passar do tempo, houve todo este distanciamento da escalada com o montanhismo, ao ponto que em 2007 foi criada a IFSC (International Federation of Sport Climbing), separando-se da UIAA (União internacional das federações de montanhismo).

No Brasil este distanciamento foi ao longo do tempo esvaziando os clubes de montanhismo, que se tornaram "centros de excursionismo", onde atividades de escalada se tornaram cada vez mais raras ao ponto que não foi se renovando os associados escaladores, estes, por fim cada vez mais independentes.

É por este motivo que as federações estaduais (com excessão do Rio, por causa da acessível escalada urbana) se esvaziaram e se endividaram, não conseguindo sequer executar projetos para os montanhistas e sequer para os escaladores. Mas não achem que estes últimos, por estarem munidos da possibilidade de organizar campeonatos ficaram nadando no dinheiro, pelo contrário.

As associações de escalada sempre enfrentaram dificuldades, mesmo tendo alto poder apelativo por causa das competições, talvez pelo pragmatismo dos empresários brasileiros que querem para cada real investido, receberem mais de cem! Os campeonatos foram cheios entre o final da década de 90 até mais ou menos 2003. Mas com a falta de apoio, premiações ridículas e baixa renovação, logo eles também sofreram com o retrocesso, ao ponto de que na última etapa do brasileiro de 2008 haviam somente 7 atletas competindo!

O projeto pro-escalar, idealizado pela AEEP e homologado pela CBME e FEPAM, tem como objetivo reverter este quadro. Para isso eles buscaram qualificar-se, enviando Anderson Gouveia, um dos melhores escaladores de Curitiba, para certificar-se Route Setter pela IFSC. Além de organizar e conseguir apoio para formar uma seleção de jovens atletas que irão competir num mundial, este projeto visa organizar a escalada esportiva e dar sangue novo ao esporte e isso passa pela federação dos escaladores, valorizando os clubes e associações.

A escalada esportiva é um esporte de alto rendimento, exige muito do atleta e poucos chegarão à um nível para conseguir competir numa final de Copa do Mundo, mas não duvido que deste grupo seleto de jovens haverão até mesmo futuros campeões. Entretanto o mais importante deste projeto não formar um campeão mundial, mas sim incentivar os jovens a praticar escalada.

Tenho certeza que mais do que campeões, o projeto pro-escalar irá formar escaladores concientes e vai disseminar a cultura do montanhismo, se houver, é claro um trabalho por trás e aí que entra o clube.

De que adianta dermos apoio aos jovens para escalar se não passarmos a eles nossa experiência? Mais do que levar estes jovens ao ginásio, temos que levar eles à nossas rochas e montanhas e resgatar os valores existentes na cultura do montanhismo.

Por isso acredito que nosso Clube de montanha tem que abraçar este projeto, dar suporte aos atletas e também trazer estas pessoas para dentro do CPM. Para isso acontecer todos têm que ajudar, pois senão perderemos esta chance de reverter este processo de pragmatização do montanhismo. Se o clube não exercer seu papel de porta de entrada para a escalada e montanhismo, o projeto pro-escalar estará fadado a continuar na mesmisse, pois somente os jovens com melhores condições estarão aptos de participar de uma seletiva e ocorrerão novamente categorias com somente dois participantes.

Os clubes têm que realizar um trabalho de base no fomento de novos escaladores, mas isso também só ocorrerá se os mais experiêntes ajudarem, ou melhor, se os mais experiêntes abraçarem o clube, pois o que tenho visto é que estas pessoas deixam de frequentar os clubes quando não mais precisam deles e esta é a maior dificuldade do CPM, onde estão os escaladores experiêntes que por lá passaram???

Na atualidade não temos como pagar por um projeto. Tudo tem que ser feito voluntariamente e aí espero que a conciência dos mais experientes pese à favor da escalada e do montanhismo, pois se não foi o montanhismo o que melhorou nossas vidas, onde está a retribuição para melhorar aquilo que tanto gostamos?

Espero que todos os sócios ajudem neste árduo trabalho e também que os montanhistas e escaladores independentes se unam a nós para lutar por algo em comum: A valorização, reconhecimento e desenvolvimento da cultura da montanha no Brasil.

Junte-se a nós!

Foto: Luan Wagner de Oliveira, 16 anos, campeão paranaense iniciante 2008, 8 lugar na seletiva na categoria juvenil A em sua segunda vez no Anhangava, 8 de Fevereiro de 2009.

10 de fevereiro de 2009

Finais da seletiva de escalada - II parte

Segue a continuação das fotos das finais...
Pedro Gomes, Juvenil A





Público

Mariana Gomes Aguilar - Juvenil B







Ana Paula Veloso - Juvenil B



Camila Shaw - Juvenil A







Jenifer - Juvenil A





Maria - Juvenil A



Victor Greipel - Junior



Pedro Alves - Junior







Felipe Camargo - Junior













9 de fevereiro de 2009

Fotos das finais da seletiva - I parte

Como prometido, estou colocando mais fotos do segundo dia da seletiva. Dividi em partes para que este post não fique gigante (o que acabou ficando!) Enfim, neste post tenho fotos da categoria Juvenil B masculino, Junior feminino e Juvenil A masculino. Amanhã publico o resto.

Abraço a todos!

Felipinho e Pedro Alves visualizando a via da final.

Jonas e Luan do juvenil A.



Concentração

Andreas antes da virada do teto...

... e depois....







Caio Lopes









Thaís Miranda





Ana Shaw











Deco





Luan







Jürgen







Bruce







Jonas







Continua amanhã com as outras categorias... (cansa pra ca.....lho ficar inserindo foto!)