Blog do Pedro Hauck: agosto 2016

20 de agosto de 2016

Escalada no Chopicalqui

Esta não foi a melhor temporada de escalada do Peru. Com poucas nevascas no verão, não houve acumulo suficiente de neve nas montanhas e o derretimento do que ficou gerou gelo duro e muitos penitentes. Isso tudo resultou na morte de 4 pessoas no Huascarán, justamente a montanha que pretendíamos escalar nestas “férias” de duas semanas na Cordilheira Blanca, Peru.

Tivemos um insucesso no Nevado Copa, que de nevado não tinha nada, e nos restava apenas 5 dias para tentarmos outra montanha antes de voltar. Acabou que pelo tempo e pelas condições nos sobrou a opção de escalar o Chopicalqui, que com seus 6364 metros é a terceira maior montanha do maior maciço montanhoso do Peru, o do Huascarán.

De taxi saímos de Huaraz e em 3 horas chegamos no começo da trilha, pegando a estrada rumo ao norte até Yungay e de lá entrando no Parque Nacional Huascarán passando pelo setor do lago Llanganuco, um dos lugares mais visitados deste belíssimo parque. Ali conseguimos um porteador por 50 doletas (o que é bem salgado) e fomos direto da estrada até o acampamento Moraina, localizado à 5 mil metros de altitude. Apesar do ganho em altura, a trilha é curta e fizemos tudo em menos de 4 horas.

Encontramos um acampamento Moraina bem frequentado para uma montanha com um nível técnico tão alto, porém nada tão muvucado. Por conta das más condições das outras montanhas, quase todo mundo acabou indo ao Chopicalqui que era das poucas em boas condições.

Após uma noite tranquila, acordamos cedo, selecionamos bem o que levar, arrumamos a mochila e partimos rumos ao glaciar deixando uma sacola de coisas “inúteis” escondido.

A trilha estava bem marcada pelo grande número de pessoas escalando. Ela subia por uma moraina e logo montávamos no glaciar, que em sua parte terminal estava bem inconsolidada e deu trabalho, com trechos de semi escalada em gelo e gretas muito grandes, algumas com paredes negativas que nos obrigava a dar grandes saltos, mesmo com mochila cargueira.

Vencendo alguns obstáculos, chegamos a um local de acampamento onde havia duas barracas de uma pequena expedição comercial de um casal espanhol. Montamos a barraca no gelo, derretemos neve para fazer água e fomos dormir tranquilos, aliás dali era apenas 850 metros vertical até o cume. 

Acordamos com o barulho de nossos vizinhos se preparando para a escalada e saímos da barraca cerca de 30 minutos depois deles. A noite estava clara com a lua cheia, mas bastou começarmos a caminhar que uma nuvem encobriu o céu por completo deixando tudo escuro. A previsão dava que a manhã daquele dia estaria limpa, mas a tarde teria 6 cm de precipitação de neve. Achei que o tempo não iria abrir e que devia ao estado de tempo, não teríamos janela... Porém, como somos insistentes, decidimos caminhar no mal tempo com esperança que o óbvio não fosse acontecer. 

Subimos uma longa vertente com boa neve e atravessamos a primeira ponte de gelo numa grande greta onde encontramos um casal de alemães bivacando (e que sequer tentaram fazer cume devido ao tempo).  Havia uma trilha na neve, o que facilitava muito a orientação e não demorou a encontrarmos o casal espanhol com seu guia e passarmos eles.

Ganhando altitude com velocidade, tivemos a felicidade de ver as nuvens se dissipar por volta das 4 horas da manhã, quando chegamos na base da maior parede da montanha. Com cerca de 60 metros de altura e uma inclinação de cerca 70 graus, escalamos o trecho em duas partes, onde fui incumbido de escalar a segunda, formada por uma pendente de neve em pó solta. 

No topo deste ressalto, pegamos o amanhecer, mas ainda na sombra. Sentindo muito frio fizemos uma travessia na neve fofa até chegar no topo da segunda parede que vencida, ficamos pela primeira vez exposto ao caloroso sol da manhã. No topo pudemos ver a pirâmide do cume muito próximo.

Vencendo uma parte quase plana, chegamos na base da última parede, um pouco antes de uma grande greta que atravessamos numa “boa”ponte. Esta última parede era pouco inclinada e podemos escalar à francesa sem grandes problemas, para chegar ao cume castigados por um vento gélido e sendo premiados com uma vista incrível de toda a cordilheira as 8:30 da manhã, apenas 6:30 de escalada.

Mesmo cedo, não tivemos muito tempo de fotografar e filmar. Ficamos pouco tempo no topo e logo começamos a descer, pois sabíamos que o tempo não ia permanecer bem por muito tempo.

Cruzamos com o casal na última rampa e com apenas uma corda, fizemos um rapel pela metade, sendo obrigados a desescalar um tramo. Na travessia fomos alcançados pelos espanhóis e seu guia peruano e também por uma nuvem que fechou o tempo e ficamos nomeio do um “White out”. Por sorte ali pudemos usar a corda dos amigos que escalavam quase simultaneamente que nós e isso agilizou nossa descida. Na base daquela grande parede sabíamos que estávamos em casa, mesmo no meio do mal tempo.

Diminuindo o ritmo de descida chegamos no acampamento com tranquilidade, porém cansados. Chegamos até a dormir um pouco antes de desmontar o acampamento e voltar ao acampamento moraina com as cargueiras nas costas, o que foi um grande esforço numa condição de muito cansaço e um glaciar muito derretido e cheio de gretas.

Descemos o resto da montanha na sexta feira dia 19 de Agosto e no mesmo dia pegamos um ônibus para Lima encerrando assim nossa expedição peruana de 2016, aproveitando bem a última janela de bom tempo. 

De fato, não foi uma boa temporada. As más condições de gelo não permitiram que fizéssemos 3 montanhas de 6 mil, mas as duas foi de bom tamanho. Foi minha primeira experiência nas montanhas da Cordilheira Blanca e gostei muito. Pude perceber que é possível fazer grandes escaladas ali, desde que as condições nos permita. Pude perceber que na Cordilheira Blanca não basta talento, é necessário muito treinamento e preparo físico. Certamente lá será um local que irei frequentar com bastante assiduidade, mas é necessário comprometimento.

O Peru é um país muito bom de viajar, tem boa estrutura, comida excelente e paisagens deslumbrantes com o preço acessível. Voltarei muitas vezes. 

Trekking de aproximação ao Chopicalqui
Chopicalqui visto do acampamento Moraina, 5000 metros. 
Acampamento Moraina no Chopicalqui, 5000 metros.

Caminhando pelo glaciar para chegar no acampamento alto de 5500 metros.

Glaciar bastante quebrado e ruim na subida ao acampamento alto no Chopicalqui.
Acampamento alto do Chopicalqui, 5500 metros. No meio do gelo.

Neve na saída do acampamento as 2 da manhã.

Vista para o Huascarán Sul (esquerda) e Norte (direita). A primeira e segunda montanha mais alta do Peru.

Vista para a parte sul da Cordilheira Blanca ao amanhecer.

Maximo e o cume do Chopicalqui ao fundo

Maximo chegando ao cume do Chopicalqui.

Cume do Chopicalqui!!!!

Maximo Kausch no cume do Chopicalqui. 

Pedro e Maximo no cume do Chopicalqui, Peru.

Um dos rapeis na descida.

E o tempo fechou. Acabou a janela de bom tempo, mas mesmo assim conseguimos. 

13 de agosto de 2016

Tentativa de escalar o (des)Nevado Copa

Ontem fizemos uma tentativa de escalar o Nevado Copa, de 6188 metros de altitude na Cordilheira Blanca, Peru. Várias coisas deram errado e não conseguimos atingir o cume.

Um dia antes, quando fui ao Mercado Municipal com o Rogério Sarlo, que foi nosso aluno no curso de gelo do Huayna Potosi, estava buscando comida para levar à montanha, pensando em fazer pizza de frigideira mandei uma mensagem pro Maximo para saber o estado do queijo que havíamos levado ao Tocllaraju e que havia sobrado. 

Respondendo que precisaríamos um novo queijo, achei uma banquinha que vendia um Meia Cura muito bonito, que eu adoro e voltei orgulhoso da aquisição.

Mais tarde, quando fechávamos a mochila, sentimos um cheiro podre vindo da sacola onde estava o queijo. Revirando, achei a Mozzarela velha que subiu e desceu o Tocllaraju. Resolvido o problema.

Com um taxi fomos até a cidade de Vicos, um vilarejo indígena que dá acesso à montanha. Casinhas de adobe, plantações de trigo, porcos, vacas e galinhas na rua. As cholas daqui usam um chapéu engraçado bastante alto, algumas com um pano saindo do chapéu e indo ao pescoço, um cenário medieval se não fosse nosso carro percorrendo as vielas de terra. Lá encontramos nosso “arriero” Sabino, carregamos seus dois burricos com a carga e fomos até o ponto mais alto que dá para chegar de taxi e começar a caminhar. A paisagem é incrível, uma mistura de alpes, com idade medieval, campos de altitude, alguns bosques parecidos com a Patagônia com cobertura 3G.

A trilha começa em um vale com rio de águas cristalinas, passamos por um pasto com grama aparada, um talhão de eucalipto e enfim começamos a subir uma encosta com vegetação campestre em uma trilha muito bem aberta e mantida. Fazendo zig zags ganhamos mais de 1000 metros chegando enfim no lago Legiacocha, circulado de glaciares numa paisagem deslumbrante. Montamos acampamento num gramado perto do lago e ao abrir a mochila somos presenteados pelo cheiro podre.

_ Não pode ser, o cheiro deve ter ficado represado na sacola. Disse eu.

Mas não era, ao cheirar o queijo Meia Cura quase que Maximo vomitou. Estava podre...

Adeus pizza de frigideira.

A comida, no entanto foi o menor dos problemas do Copa.

Saímos de madrugada para fazer o ataque ao cume. A lua crescente que iluminava o acampamento havia se posto e a noite era um breu só. Sem enxergar direito chegamos na base de uma canaleta onde começa o gelo. Lá Maximo começou a reclamar de frio. A noite não estava tão fria e ele suou tanto que molhou a jaqueta de pluma e teve que trocar de blusa.

Colocamos o crampon e começamos a escalar com corda, no entanto, o gelo estava muito duro, era um verglas (gelo vítreo) puro! Cheguei a escorregar e fui assegurado. A Única coisa que pensei ao chegar no fim da canaleta foi: _ Como vamos descer essa merda?

Na continuação da escalada começamos a montar o glaciar, que estava muito duro, com gelo ruim e cheio de penitentes. Chegamos o local onde há o acampamento alto da montanha, a 5100 metros 4 horas depois que saímos do acampamento, super tarde!

Já havíamos escolhido não acampar lá, pois sabíamos da condição do gelo e a dificuldade de chegar ali com mochilas cargueiras. A demora achamos que se dera por que pegamos um caminho errado na canaleta. Também não seria possível que este local trivial estivesse tão difícil. 

Tentamos ganhar tempo andando mais rápido. No entanto o gelo piorou de condição e o terreno virou uma sucessão de penitentes com gretas que ficava cada vez maior, mais difícil e penoso. Por conta disso, Maximo sugeriu irmos mais à esquerda, no meio do glaciar, onde havia menos penitentes. Por infelicidade, achamos um caminho sem penitentes, mas que entrou num campo de seracs que acabou sendo uma rua sem saída, chegando num local circulado por gretas intransponíveis. 

Por infelicidade, já era 9 da manhã. A 5400 metros, estávamos 750 do cume, uma ascensão muito grande ainda por um terreno de progressão muito lenta. Para piorar, sabíamos que a tarde haveria neve. Seria muito perigoso continuar tentando para provavelmente voltar com um “White out” num terrenos tão irregular e além disso muito cansados. Talvez tivéssemos que bivacar, mas a jaqueta de pluma de Maximo, que havia molhado, agora estava congelada.

Com nuvens atravessando um colo da montanha, começamos a voltar. Atravessamos o glaciar e chegamos na região da canaleta. Como achávamos que havíamos subido a canaleta errada, começamos a descer uma segunda mais ao norte, colada numa parede de rocha. 

A parte superior da canaleta era formada de gelo duro, com cuidado fomos descendo evitando escorregões até chegar numa crista rochosa que separava esta canaleta à que escalamos na subida. Pela crista fomos desescalando com esperança que dali pudéssemos chegar à moraina, de onde poderíamos chegar caminhando sem dificuldades até o acampamento. Observando de cima não me animava, pois eu via um precipício ao contrário de ver um trepa pedra de fato, após muita dificuldade de desescalar (com bota dupla), pude constatar que era um precipício com uns 100 metros de altura negativo. Fodeu!

O que fazer? Subir tudo o que havíamos descido e tentar rapelar 3 seções de corda com abalakov? Ou continuar tentando descer desescalando? Continuamos na segunda opção...

Achando uma saída por meio do labirinto de pedras, cheguei num local onde pude observar uma rampa com neve e rochas quase colada à parede rochosa que dava acesso à moraina. Dava pra ver a barraca laranja ao lado do lado, estávamos perto de casa. 

Maximo foi a frente e constatou que a rampa era mais inclinada do que pensava e pior, super instável. A neve era recém caída e após um centímetro havia um material incoeso de areia e calhaus de rocha solta a qual não dava para confiar. Ele mesmo me aviou: caiu, morreu!

Equilibrando-se no nada chegamos numa rocha maior, onde pudemos procurar um bico de pedra para laçar uma fita e fazer um rapel, mas não havia nada para fazer isso. Sem opção, cramponamos e começamos a descer fazendo um “dirt tooling”, ou seja cramponando no barro formado pelo derretimento daquela fina camada de neve. 

Assim, com muito perrengue fomos descendo, claro passando por inúmeros perrengues, como as pedras que caiam da parede e também que ias caindo com nossas passadas, sempre passando por um triz. 

Foi muito tenso e difícil descer. Descobrimos na pior maneira que não havíamos subido pelo lugar errado, de fato o problema eram as condições da montanha, seca, com gelo ruim, que estava dificultando tanto a escalada. 

Ao final chegamos no acampamento moídos. Tivemos tempo de descansar um pouco e logo chegou nosso arriero com os burros e começamos a descida, sendo recepcionados na base pelo taxi que pedimos pelo celular. Confirmando a previsão, choveu e nevou a tarde.

Impressionante como no Peru as montanhas são acessíveis, mas não fáceis. Até mesmo o Copa, que é considerada uma montanha fácil, pode se tornar muito difícil devido a condição de gelo. Um ano ela é trivial, no outro é mortal. Cordilheira Blanca é assim!

Trecho florestal da trilha que sobe ao Nevado Copa

Trilha para o Nevado Copa

Chegando ao campo base. Ao lado direito das torres de rocha se vê as duas canaletas que sobem a montanha. Subimos pela direita e descemos pela esquerda.

Chegando no campo base.

Local da acampamento.

Acampamento noturno.
Subindo a canaleta a noite. A neve é ilusão, há uma camada de 1 cm dela e abaixo é gelo puro ou rocha.

Gelo muito ruim.

Labirinto de gretas e penitentes.

Gretas sem fim

Precipício e nosso acampamento ao lado do lago abaixo.

Rampa instável com rochas soltas


8 de agosto de 2016

Escalando o Tocllaraju, meu 40º 6 mil andino

É apenas a segunda vez que venho ao Peru. Na primeira, há 15 anos atrás, estive em nosso país vizinho apenas para conhecer Cuzco e Machu Picchu. É com muito atraso que venho pela primeira vez à Cordilheira Blanca, trecho peruano dos Andes que tem 19 montanhas acima de 6 mil metros, a mais alta do país e as mais difíceis do continente.

A oportunidade surgiu por conta de uma janela de tempo entre dois trabalhos na Bolívia. Já aclimatado, por que não tentar algo por aqui?

Tomei um voo La Paz x Lima junto com Maximo Kausch e logo me lembro o motivo pelo qual demorei tanto em vir aqui. O Peru é longe, distante para ir de carro e somos obrigados a viajar de avião que é um meio de transporte incompatível com montanhismo devido a restrições de bagagem. Tudo bem, deixamos a empresa aérea mais rica e chegamos a Lima.

De taxi deixamos o aeroporto a caminho da rodoviária. “Plaza Norte”. Muita pobreza no caminho na periferia de Lima, a cidade de Callao. Contrastando com a simplicidade da região, a rodoviária é moderna e limpa e passa uma boa impressão. Tratamos de conseguir uma passagem a Huaraz e embarcamos as 10 da manhã, capotando de sono.

Dormi muito e mal pude ver a paisagem mudando e no final da tarde pude observar as primeiras montanhas nevadas se destacando em meio a uma paisagem elevada dominadas por estepes de altitude. Pouco depois o ônibus estaciona numa rodoviária particular da empresa de transporte e cá estamos em Huaraz.

A primeira impressão que tive da cidade é que ela é uma Bolívia melhorada. O povo é mais acolhedor, a comida melhor, há mais opções de refeições e bons preços, além de ser mais limpo.

Passamos um dia organizando os equipamentos e logo partimos para a primeira montanha no terceiro dia depois que pisamos no Peru. O destino é o vale de Ishinca, que dá acesso à montanha de nome homônima, o Urus, Ranrapalca e enfim o Tocllaraju.

Chegamos na entrada do vale de taxi. Algo impensável em locais como a região da Puna do Atacama. O carro nos deixa em um campo e lá um jovem nos espera com um burro, organiza a bagagem e sai na frente. Vamos atrás apenas observando a paisagem.

Conversando com um menino arriero no começo da trilha. 
Carregando o burro com equipamentos.

Rio Ishinca com suas águas azuis celestes.

Bosque de Keñuas

A trilha bem aberta e mantida sobre uma rampa de pedimentos recoberta por vegetação rasteira e entremeada por árvores de tronco grosso e casca que parece uma cebola, as Keñuas. Dali entramos no vale do rio Ishinca no meio da vertente escarpada com picos rochosos que dominam a montante. Ali a Keñua ganha um porte arbóreo e passamos a caminhar no sub-bosque ao lado do rio encachoeirado com suas águas azuis celestes.

A caminhada é prazerosa e fácil, ao ganhar altitude, deixamos a floresta para começar a caminhar em um campo plano circulado de paredes rochosas, onde um ou outro local desponta uma cachoeira gigante. Em determinado ponto o vale faz uma curva e meio que escondido desponta uma bela construção de pedra de dois andares, o refúgio Ishinca.

Acampamos na parte de fora do refúgio em um passo baixo e plano, um luxo contando que nem precisamos cozinhar, apenas pagar como comer no refúgio.

O dia seguinte foi o momento de colocar tudo na mochila e aproximar o campo alto carregados. Estava muito lento devido ao peso da comida. Mesmo assim chegamos aos 5100 metros de altitude numa caminhada de 4 horas, a tempo de cozinhar algo e dormir.

Cachoeiras gigantes na lateral do vale.

Fim do dia no acampamento base.

Acampamento base.

Noite no acampamento base.

O relógio tocou as 2 da manhã, antes disso sai da barraca para ir ao banheiro e vi a movimentação da barraca ao lado. Entretanto só começamos a caminhar as 4 da matina, bem tarde.

A noite era de lua nova, escura. Não dava para ver nada e por isso com a lanterna no modo de iluminação máximo não terminou para ela acabar e eu precisar das pilhas do GPS para continuar iluminando.

O gelo não era do melhor, estava bem derretido, formando penitentes e verglass. Porém questão de atravessar as várias gretas (abertas) até cegar na base da parede e continuar a escalada.

Galgamos uma crista de quando percebemos estávamos na base de um fungo de gelo que era o cume. Ali encontramos nossos vizinhos apressados, um italiano e um guia peruano de poucas palavras que nos avisou estarmos perto.

Ali esticamos a corda e Maximo foi na frente guiando uma seção de escalada técnica de gelo. Ele protegeu com estacas e me chamou para uma reunião. Deixei minha mochila na base eu fui escalando.

Houve mais uma enfiada de escalada em gelo técnica e quando percebemos o cume estava super perto.

No topo do fungo de gelo havia uma greta, uma pequena subida, uma greta bem grande e enfim o lugar mais alta da montanha.

A descida foi um pouco radical, com direito a um rapel no negativo no fungo, mas deu tudo certo e as 2 da tarde já estávamos no acampamento a tempo de desmontar a barraca e descer tudo de novo até o refúgio e no dia seguinte até Huaraz.

Foi uma escalada quase cirúrgica, sem perder tempo e bem precisa. Nada extraordinário, porém, sem erros. Começando com pé direito na Cordilheira Blanca e deixando tudo redondo. Meu quadragésimo 6 mil e septuagésimo cume nos Andes.

Subida ao campo alto do Tocllaraju

Caminho do campo alto do Tocllaraju

Vista para o Ranrapalca
Tocllaraju
Vista ao amanhecer.
A caminho do cume.
Vista para o cume desde a crista.
Vista para o resto da cordilheira Blanca
Travessia na ida ao cume.
Cume. Ao fundo o impressionante Chimchey
Maximo no cume.
Eu no cume.
Cume do Tocllaraju
Vista do Fungo do cume.
Tocllaraju no fim de tarde.