Blog do Pedro Hauck: abril 2009

24 de abril de 2009

Escalada em Caçapava do Sul

Posso dizer que Caçapava do Sul é uma excepcional paisagem de exceção nos moldes como propõe Ab’Sáber em seus diversos estudos sobre genética da natureza. Paisagem de exceção é para o grande mestre, um geótopo onde certas características do meio físico (relevo, solo, micro clima) se divergem do tipo normal das macro-paisagens que compõe os mosaicos de ecossistemas que conformam um domínio morfoclimático.

Geralmente um reduto é um geótopo de uma paisagem que predominou na região em uma época pretérita, mas que por mudanças ambientais já não estão presentes, mas estas se preservaram devido à excepcionalidade ali existente.

No caso de Caçapava do Sul, são três períodos geológicos, muito distantes entre si, mas que originaram três dos elementos mais importantes da paisagem regional, que merecem destaque.

A primeira e mais antiga remete-se ao Carbonífero/Permiano, época em que nem sequer existia o continente sul-americano e onde é a atual bacia do Paraná estava nas bordas do continente Gondwana. A porção que nos cabe neste continente situava-se em uma latitude muito maior da que se situa hoje, portanto, estávamos sob ação de um clima periglacial onde o gelo era um importante agente do meio físico.

Geleiras desciam das montanhas e arrastavam consigo todo tipo de material que existia pela frente, criando estrias nas rochas sob as quais se moviam transportando fragmentos rochosos de diversos tamanhos, originando as chamadas “rochas moutonée”. Muitas vezes estes sedimentos chegavam até os lagos, represados pelas próprias morainas da base das geleiras . A diferença de energia entre a sedimentação em períodos mais frios, com o lago congelado e mais quentes, com torrente de águas derretidas das geleiras, originou ritmitos, onde fácies de sedimentação têm uma brusca mudança nos estratos, muitas vezes entremeados com seixos caídos, resultado de um fragmento rochoso preso em meio ao gelo que se derretou. Esta rocha é muito famosa e está preservada em Itu-SP no Chamado “Parque o Varvito”.

Outra feição faciológica da geologia regional desta formação são os conglomerados oriundos das morainas glaciais. Estas são rochas sedimentares onde os clastos apresentam diversos tamanhos, desde argilas, passando por areias finas, grossas, seixos e calhaus, às vezes até mesmo matéria orgânica, como restos de árvores, hoje fossilizadas.

Outro período interessante se deu ao fim do Terciário superior e limite com o Quaternário. Neste período todo o planeta sofreu com uma grande mudança climática que imprimiu profundas transformações nos sistemas ecológicos em nível global. No Brasil, a maior mudança foi a instauração prolongada de um clima quente e seco.

Logo o manto de vegetação então existente deu lugar à estepes, savanas e terras estéreis de pobre biomassa, houve uma mudança de marcha na evolução das paisagens, solos foram dilacerados pela erosão do tipo remontante que destruiu também as vertentes das montanhas que recuavam. O material relativo à esta erosão foram depositados nas baixadas sob a forma de grandes pedimentos que se coalesceram formando extensivas planícies chamadas de “pediplanos”.

Estas paisagens arrasadas de planícies com morros residuais foram retrabalhadas com chegada de um clima mais úmido no Pleistocêno que atuou na evolução e aprofundamento do manto intempérico. Os rios entalharam suas drenagens e as vertentes das montanhas foram se suavizando. É desta época a origem do relevo de Caçapava do Sul, os morros ali existentes são nada mais nada menos que morros resistentes à erosão que entalhou enormes gargantas nas anteriores paisagens aplainadas herdadas do período mais seco anterior.

Outro período interessante é muito mais recente e nele o homem pode acompanhar as mudanças levadas à cabo pela Glaciação de Würm- Wisconsin, pois ocorreu no final do Pleistoceno, apenas à 10 mil anos atrás.

Este período, seco como o anteriormente descrito, foi muito mais curto e não respondeu pela alteração das formas do relevo macro regionais, pois não houve tempo para isso. A maior alteração foi, no entanto, sentida nos solos e na vegetação.

Os solos sofreram coluviamento, dando origem à linhas horizontais de pequenos seixos arestados encontrados na subsuperfície dos solos atuais. Neste período geológico o Rio Grande do Sul era muito seco e é reportado que em muitos lugares houveram campos de dunas ativas pela ação do vento e da ausência de vegetação. Este ambiente foi propício para o avanço da vegetação seco do Chaco argentino e das caatingas do Nordeste. A Flora úmida ficou retraída em locais exíguos de permanência de umidade a constituir refúgios florestais.

Estes refúgios de vegetação úmida sobreviveram ao período seco e sofreram endemismo e especiações. Quando o clima úmido retomou, estes refúgios de vegetação úmida voltaram a se expandir em detrimento da antiga vegetação seca imperante. Esta expansão e retração das florestas são responsáveis pela biodiversidade das florestas tropicais do Brasil.

Há muitos indícios que comprovam a evolução das paisagens, uma delas é a existência de atuais redutos, que as tais paisagens de exceção como a de Caçapava do Sul, que por causa do tipo dos solos e dos afloramentos rochosos, a vegetação seca manteve-se na paisagem até os dias atuais, pois a vegetação úmida não tem condições ecológicas para competir com a vegetação seca em locais de solos seco e sobre a rocha.

Estes são os três períodos mais interessantes da história geológica da região de Caçapava do Sul e que deu origens às rochas, ao relevo e à vegetação. Esta história toda é muito mais complexa e interessante que vocês imaginam e o que a escalada tem a ver com isso? Bom, escalamos nisso, não é?

Chegamos no camping Galpão de Pedra do seu Manoel em um dia à noite e no seguinte fomos direta pra rocha. As condições de tempo e tudo mais eram perfeitas e fomos direto para a via “Elo Perdido”, um quinto grau de 3 enfiadas.

A escalada foi tranqüila, mas teve direito de piti com a Eliza, reportado no blog dela. Até cheguei a ficar bravo com ela, aliás, era só um quintinho. O problema veio depois...

Comecei a ficar meio estranho, enjôo, baixa pressão e logo os primeiros gorfos (na linguagem paulista, vomitei...)

Desci da pedra caminhando e logo senti minha barriga. Tive tempo apenas de tirar a cadeirinha e sair para uma moita passar um fax, liquido por sinal... Passei muito mal, era evacuação por cima e por baixo.

Voltei ao camping para me recompor e acabei parando no hospital pra tomar soro. A família do Manoel me ajudou pra caramba, eles foram super prestativos e muito amigáveis.

Enfim, a estadia em Caçapava foi boa para estudar a paisagem de exceção... Voltarei lá pra curtir a escalada. Vejam as fotos:

Pedra do Leão

Vegetação xerófita relictual

Conglomerado

Escalando

Morros de Caçapava

Morros da região

Apresentando: Parodia ottonis

23 de abril de 2009

Voltando ao Brasil

Na saída da cidade de Minas no Uruguai, pudemos observar a paisagem bucólica das serranias, com seus morros rochosos recobertos por campos onde se cria gado e ovelhas. Visitamos um parque com uma cachoeira em que a atração principal nem era o mais interessante, mas sim o caminho que chegava lá: O salto Del Penitente.

De volta à estrada, as serranias foram ficando para trás e as pradarias novamente dominam a paisagem, transformando a viagem em algo monótono. Atravessamos alguns departamentos e conhecemos inclusive algumas capitais, como Treinta y Tres e Melo, cidade tão pequenas e provincianas que nem de longe lembram uma capital. Até passamos fome nelas, pois como em todo Uruguai, lá não haviam restaurantes e só fomos comer no Brasil (já azuis), em Aceguá.

Aceguá, assim como Chui e Chuy, Santana do Livramento e Rivera e outras cidades de fronteira seca, são duas cidades em uma. Lá é onde começa uma das maiores estradas do Brasil, a BR 153, que vai até a Amazônia, mas tudo isso ocorre muito discretamente, pois é difícil notar a mudança de país, até porque nem houve fiscalização na cidade e sem nenhum impedimento entramos no Brasil, indo parar em Bagé, esta sim uma cidade que é um centro regional.

Bagé ficou imortalizada pelos contos de Luis Fernando Veríssimo na pessoa de um gaúcho macho e tradicionalista que estudou na Sorbonne, Oxford e Harvard, mas que doutorou-se em psicanálise em Bagé, o famoso Analista é autor da identicamente famosa técnica do joelhaço.

De passagem pela cidade pudemos notar a arquitetura meio colonial, ruas de paralelepípedos, praça arborizada com tranqüilidade e limpeza nas ruas. As pessoas mostram em suas faces a diversidade do brasileiro, vi negros, loiros, morenos e até índios pela cidade. Este é o Rio Grande da Campanha, uma terra que apresenta uma homogeneidade de paisagem e cultura. Lá está o verdadeiro gaúcho, de poncho, bombachas, com cuia na mão, lenço no pescoço. Pessoas de origem muito diversa onde se mistura o índio com o negro e o espanhol. Este Rio Grande é totalmente distinto daquele outro Rio Grande do litoral, de colonização açoriana e também do Rio Grande da Serra, de colonização alemã e italiana. Mas não confunda um gaúcho da fronteira com um gaúcho castelhano, o daqui torce pro Inter e pro Grêmio.

Bagé tem um excelente lugar para escalar, mas que infelizmente não pudemos conhecer por falta de tempo, ficará para a próxima oportunidade, pois decidimos continuar viagem até Caçapava do Sul, onde já me haviam dito que o local era de muito boa qualidade, com muitas vias e paisagem maravilhosa. Estive por várias vezes passando em frente à cidade, e desta vez não desperdicei a chance de conhecer os famosos conglomerados de Caçapava.

Continua na próxima...

Salto del Penitente.

Serranias de Minas, Uruguai.

Paisagem das Serranias de Minas.

Serranias de Minas.

Deixando o Uruguai...

Chegando ao Brasil em Aceguá.

Praça em Bagé.

Os verdadeiros Guaranis de Bagé.

Plantações de Girassóis em Bagé.

22 de abril de 2009

Carros uruguaios

As ruas do Uruguai são verdadeiros museus de automóveis. Isso significa várias coisas:

A primeira é que na época em que no Brasil se andava de charrete e cavalo, lá as pessoas já tinham carros (isso lá pra década de 20 e 30!)...

A outra é que os uruguaios não tem mais tanto incentivo ao consumo e sem grana eles tem que usar os carros por muito mais tempo que o normal e ir adaptando peças e aproveitando o que têm.

Independente dos motivos, é muito interessante ver este museu andando, dêem uma olhada naquilo que pudemos flagar pelas estradas e ruas do país.

















15 de abril de 2009

Escalada de qualidade no Uruguai

Quem disse que no Uruguai não tem escalada?

O Uruguai é conhecido pelo bom churrasco, qualidade de vida e o relevo aplainado. Eis que do meio dos pampas e envolto pelas pradarias mistas há um ótimo lugar para a escalada: Cerro de los Cuervos.

A realização de um evento científico em Montevideo foi o convite que faltava para que eu pudesse conhecer, ou melhor, pesquisar sobre as escaladas no país visinho do sul. Pois até então eu não sabia que o Uruguai tinha escaladas, mas já que eu estava indo pra lá, que mal faz?

Acabei encontrando informações sobre a escalada no Uruguai em um site argentino. Nele, quase nenhuma informação, apenas a confirmação que no país tinha pedra...

Nas vésperas da viagem, devido compromissos com minhas pesquisas, pouco pude planejar. Ao comentar com amigos que ia escalar no Uruguai, enxergava nítidos sinais de interrogação e inevitáveis anedotas. Entretanto foi somente em Minas (cidade do Uruguai) que vi que a tal escalada no país das planícies não era para vacas...

Com um nome tão peculiar (Minas, tinha que ser...) a região desta cidade abriga alguns dos poucos morros rochosos do país: Cerro Arequito e Cerro de los Cuervos, sendo que somente neste ultimo há vias equipadas. Aliás, digno de nota, estes morros são resíduos de um antigo relevo planáltico que existiu na região e que foi arrasado por uma erosão remontante poderosa. Eles estão presentes na paisagem só porque suas rochas, o Riolito, são mais resistentes que as do entorno. Em outra oportunidade poderei discutir a gênese do relevo uruguaio, mas vamos voltar às escaladas.

O Cerro de Los Cuervos fica dentro de uma propriedade particular onde funciona um camping em que a atração é um rio alargado, de águas negras e pouco energia, onde as pessoas tomam banho. Apesar de ser um rio, as pessoas chamam a paragem de "Laguna de los Cuervos". A área de acampamento fica dentro de uma mata ciliar de sub-bosque aberto muito agradável. A convivência com os banhistas é cordial e o povo uruguaio é muito educado e respeitador.

O acesso ao morro se dá atravessando uma balsa improvisada pelo dono do camping. Chegando ao outro lado não há arrependimento: As paredes ficam muito próximas à mata de encosta que são povoadas por um tipo muito curioso de árvore, os Ombues, que tem troncos ramificados de coloração clara e que formam um bosque por onde é possível caminhar entre as árvores e na sombra das copas, sem se preocupar com bambus e cipós, numa paisagem de conto de fadas onde é comum avistar blocos enormes que atiçam qualquer escalador e só não me seduziu porque a área fonte destes blocos é igualmente estupenda, bela e vertical parede que em alguns lugares chegam a ter uns 70 metros de altura.

Quando chegamos na base das vias, eu e minhas parceiras Karla, Eliza e Mayara, ficamos admirados pela beleza e verticalidade da rocha. Logo de inicio optei pela linha mais bonita, que imagino ser um 8b, que realizei em artificial (leia-se: Roubei!). Em seguida entrei em uma linha adjacente também vertical e muito alta, com lances de equilíbrio em regletes, abaolados em buraco e muito posicionamento, trinta metros de dificuldade constante em pelo menos 7b, uma linha linda pra mim, mas nem tanto para minha parceira que caiu e machucou o joelho.

Mesmo com a parceria contundida, insistimos na escalada, pois não é todo dia que vamos pro Uruguai escalar. Fizemos mais cinco vias, todas altas, bem trabalhadas e muito belas. A coroação veio no final do dia com um 6 sup de 60 metros, de onde pude avistar o sol se por atrás das Coxilhas formando um dégradé de vermelho no céu.

Infelizmente não pude ficar mais para poder conhecer outros lugares do morro e outros morros da região. Fica então o convite à outras pessoas a conhecer as escaladas uruguaias, se encantar com a paisagem e ainda contribuir com o crescimento da atividade no país visinho, pois a região tem potencialidade de abertura de muitas linhas belas e desafiadores de escalada e de boulder.

Um bosque de Ombues, uma bela e estranha árvore que predomina na região

Tetos virgens no Cerro Arequita

O Cerro Arequita

Boulder impressionante!

Panorama do Cerro de los Cuervos

Laguna de los Cuervos

Atravessando a laguna de balsa

Escalando no Cerro de los Cuervos

Escalando no Cerro de los Cuervos

Excelentes linhas de escalada no Totem e na fenda (60 metros)

Eliza escalando

Quase no pôr do sol

Eu em uma via.

14 de abril de 2009

Montevideo

A capital do Uruguai é uma cidade de pouco mais de um milhão e habitantes que mistura um ar europeu com as tradições gaúchas. Gaúcho que eu digo não tem nada a ver com o habitante do Rio Grande do Sul, mas sim com as pessoas que tradicionalmente vivem nas pradarias mistas da bacia do Prata que se dedicam à criação de gado e advém da mistura do espanhól com o índio e que no Rio Grande são chamados de Gaudérios, mas que são muito mais comuns no Uruguai e Argentina que no Brasil. O gautcho, como eles falam é o resumo do que é o Uruguai.

Montevideo apresenta uma arquitetura parecida com a de Buenos Aires, com edificios esculturais em estilo vitoriano, ruas retilíneas e avenidas alongadas e bem arborizadas que juntam suas copas formando túneis muito agradáveis, tendo em visto que o verão é bem quente. As árvores são plátanos, que são caducifóleas e que nesta época do ano enchem as calçadas de folhas, deixando a cidade mais bonita, mas ao mesmo tempo perigosa, pois escondido você pode acidentalmente pisar numa bosta de cachorro...

A cidade tem um ar de melancolia. Enxerga-se bem que o passado foi mais glorioso e que por aqueles velhos apartamentos viviam uruguaios mais ricos, aliás o Uruguai dá a aparencia de ser um país com população mais envelhecida, certamente devido ao fato de ser um país com índices sociais melhores do que outros na América do Sul.

Em minha estada em Montevideo, me hospedei em um alojamento da Universidad de la Republica no balneário de Atlantida, distânte 45 Km do centro da capital. Em meus trajetos até a periferia observei que haviam, como em todas as cidades grandes latino americanas, bairros pobres, mas nada que chegasse perto de um favela brasileira ou uma "Villa Miséria" argentina.

Mesmo com uma qualidade de vida melhor, o uruguaio enfrenta vários problemas. O país tem uma economia pequena, há pouco emprego para os jovens e o custo de vida é alto. Em montevideo, para terem uma idéia, comer um hamburguer com refrigerante não sai por menos de 12 reais! Me assustei desde o começo de como é caro a comida no país.

Mesmo assim o povo dá um jeito, um deles é não comer fora... Em vários lugares ficamos passando fome, pois não encontramos sequer uma lanchonete para comer... As pessoas também aproveitam as coisas velhas e não desperdiçam o que têm. Isso é bem visivel ao olhar os carros na rua. É impressionante a quantidade de carros velhos rodando no Uruguai, quando forem para lá, não achem estranho vocês cruzarem por um calhambeque sem porta, sem vidro e sem farol pela rua, é até normal...

O que não é normal em Montevideo é a escalada. Na cidade há apenas um muro, que fica dentro de um clube e que não tivemos acesso. Andando pela cidade, acabei encontrando um afloramento baixo com vias de escalada ao lado de uma rua, próximo à Rambla, que é a avenida costaneira da cidade. Claro que aproveitei para escalar no local... As vias não são muito boas, os grampos são mal batidos e as vias estranhas, salvou no final um diedro com fenda e um pequeno teto que fiz em móvel.

Mas não pensem que o Uruguai se resume nestas pequenas falésias... Há muito o que se escalar no interior do país, mas isso é assunto para outro post.

Edificio na Plaza Independencia e a estatua de Artigas... Pode-se dizer que Montevideo é a cidade dos monumentos...

Universidad de la Republica.

Carro em uso...

A Rambla, que é a avenida costaneira. Não se esqueçam que a cidade é beira mar, ou melhor beira estuário do Prata.

Tranporte popular uruguaio: Carro velho!

Não é somente eu que achei a comida cara!

Rua típica de Montevideo no outono.

Minha popularidade em alta!

Escalando no parque Rodó.

As duas melhores vias do Parque: O diedro com fenda e o top rope da aresta, entretanto para fazer a segunda tem que guiar em móvel a segunda.

4 de abril de 2009

Republica Oriental del Uruguay

Este é o nome oficial deste pequeno país enclave entre Brasil e Argentina que se assentou independente sobre as margens orientais do Rio Uruguai.

O sonho colonial português era possuir todas as terras entre a desembocadura do Amazonas e o Rio da Prata, os maiores sistemas fluviais sul-americanos. O Tratado de Tordesilhas atrapalhou o sonho e através da colonização açoriana e das incursões bandeirantes, o Brasil foi definindo suas fronteiras austrais e interiores, assim, fundou-se a Colônia do Sacramento, bem em frente à Buenos Aires, a cidade mais antiga do Uruguai, uma cidade portuguesa.

Toda esta audácia não resultou em ganho de território entre Laguna e o Rio da Prata, houveram muitos conflitos e ao fim, o Território do Uruguai não se tornou nem sequer brasileiro e nem sequer argentino, mas sim um país independente, embora com o nome de Cisplatina, tenha sido umas das províncias brasileiras na época do império.

Por conta desta história, este pequeno país sempre foi muito dependente de seus vizinhos maiores, entretanto o uruguaio tem sua própria cultura e não podemos deixar de dizer que todo o Sul do Rio Grande recebe muita influência uruguaia e lá, não é eles que falam português, mas sim o brasileiro que fala espanhol, aliás um pseudo espanhol, um idioma híbrido onde se mistura tudo...

Ao ponto em que fomos chegando próximos à fronteira, fomos notando a mudança na maneira que as pessoas falam e até mesmo a maneira como as coisas estão escritas nas placas de trânsito e nas propagandas de estrada. Em Chui, que junto com Chuy (uruguaia) formam duas cidades em uma só, todos falam este idioma híbrido e lá se paga e se recebe tanto em Real quanto em Peso.

Chui é a cidade mais meridional do Brasil. O que a divide da cidade de nome idêntico no Uruguai é uma rua, ou melhor, o canteiro central de uma rua. Na Barra do Chui, que é uma praia que faz fronteira, a divisão é um córrego, o tal arroio Chui, que teve que sofrer uma intervenção para que sua desembocadura não sofresse com a evolução natural e ela ficasse estática, transformando o começo do Brasil em um córrego canalizado e feio.

Adentrando-se no Uruguai, a paisagem continua a mesma. É a continuidade das Pradarias Mistas, ou melhor, o Sul é que seria a continuidade, pois a área nuclear deste domínio encontra-se em território uruguaio e argentino.

Também no Uruguai a paisagem original está bastante alterada. Há por todos os lados reflorestamentos de Pinus e de Eucaliptos, aliás, esta última é hoje a árvore mais comum do Uruguai, pois é uma árvore de crescimento rápido, grande resistência à solos pobres e de uso diversificado. Entretanto pudemos observar um trecho de paisagem original das pradarias, o Parque Nacional de Santa Teresa.

Rapidamente pode-se cruzar o Uruguai. Quando menos demos conta, já estávamos em Maldonado, a segunda maior cidade do país, vizinha da badalada Punta Del Este. Claro que não perdemos a chance de conhecer a cidade balneário mais badalada do Uruguai... Punta del Este é pequena, mas muito adensada. Lá tudo é muito caro e a cidade se parece com Miami, mas num litoral subtropical. O interessante de Punta, é que lá é o encontro entre o estuário da Prata e o oceano Atlântico, um encontro bastante discreto.

Obviamente não pudemos ficar num hotel em Punta, nos dirigimos à nosso alojamento que ficava perto de lá, em ciudad Atlantida, 45 km antes de Montevideo. Ficamos em um lugar chamado CERP, que eu não sei o significado e nem a razão da existência deste lugar. Sei apenas que é da Universidade que está abrigando o Encontro que eu vim participar. Íamos ficar mais perto da cidade, mas o preço de Montevideo é desanimador e por outro lado, ciudad Atlantida é um lugar muito bacana.

Estou colocando umas fotos, mais tarde vou dar uma pernada por Montevideo e posto mais imagens e histórias deste pequeno e curioso país

Barra do Chui, ponto mais austral do Brasil é um rio canalisado

Os gabiões e concreto do arroio Chui

Lado esquerdo: Uruguai. Lado direito: Brasil. Assim é Chuy e Chui.

Isso não é museu, é transporte no Uruguai!

Fronteira...

Fortaleza de Santa Teresa

Fortaleza de Santa Teresa, hoje um Parque Nacional

Paisagem típica das pradarias mistas preservadas no Parque de Santa Teresa.

Típica pradaria mista

Pradaria Mista, paisagem em extinção devido a penetrante invasão de espécies exóticas.

Cena típica do interior uruguaio

Alguém passando a mão na Karla

Fim do dia em Punta del Este sobre o estuário da Prata

Punta del Este

Diversão dos ricaços de Punta del Este

Pôr do sol no porto de Montevideo