Blog do Pedro Hauck: julho 2010

24 de julho de 2010

Idéia boa é aquela que evolui...

Nesta quarta feira acontecerá a Assembléia ordinária que definirá os novos integrantes da diretoria da Federação Paranaense de Montanhismo, aonde irei entregar meu cargo de diretor de escalada na entidade.

Na penúltima assembléia em 2008, foi votada a filiação direta de pessoas físicas na federação, que foi reprovado, com meu apoio, diga-se de passagem.

Minha visão na época era de que a filiação direta iria criar uma competição com os clubes de montanhismo, que poderiam entrar em conflito e transformar a federação em um clubão estadual e os papéis entre clube e federação poderia ser confundido.

Naquela oportunidade escrevi uma coluna no AltaMontanha, em que eu culpava os mais experientes de serem pouco participativos, não passando adiante sua experiência na montanha e portanto não reproduzindo a chamada cultura do montanhismo. Pra mim, clubes seriam os locais aonde esta cultura seria disseminada.

Eu só não sabia dos motivos que as pessoas mais experientes não estavam mais no clube. Hoje sei que alguns nunca deixaram de estar, mas só aparecem quando tem interesse. Entretanto pude com minha própria experiência ver que pelo menos no Paraná, estas agremiações são um convite à antropofagia...

Na quarta feira não entrego somente meu cargo na Fepam, vou também me desassociar ao Clube Paranaense de Montanhismo. Instituição que eu ajudei com muito trabalho voluntário. Só com cursos de escalada arrecadei mais de 6 mil reais, dinheiro que foi suficiente para comprar muito equipamento de escalada, reativando esta diretoria que estava esquecida e fazendo muitas palestras, sempre passando gratuitamente o meu conhecimento. Com o dinheiro também compramos um data show, para ajudar nas atividades sociais de quarta feira, sem dizer que promovi o clube por todo o Brasil e exterior. Levei até camisa pro topo de algumas montanhas andinas e influenciei muita gente a se associar.

Gratidão não é uma coisa muito corrente na vida das pessoas. Quando em um assunto polêmico fui contra à opinião do “dono” do clube, fui ridicularizado e colocado no ostracismo. Tentei levar o tema à debate de forma polida e educada, mas fui boicotado e assim as escadas no Pico Paraná foram recolocadas junto com outras facilidades urbanas da mesma forma tacanha e unilateral como foram retiradas, minimizando pequenos impactos locais, mas potencializando grandes IMPACTOS, pela extensão de todo o resto daquela trilha. Uma atitude que no futuro irá trazer restrições à liberdade, pois infelizmente montanhas não são lugares para todos. Trilhas têm capacidade de carga e as dificuldades naturais desta montanha poderiam por si realizar uma seleção natural sem a necessidade de controle e proibições, que ainda virão...

Não se trata da decisão da maioria, mas sim da imposição. Nunca ninguém ouviu meus argumentos, então como a maioria poderia chegar a uma conclusão? Fui calado com demonstrações de poder:  VC q tome cuidado com suas atitudes e textos sem embasamento...pode até entender de geografia, geologia ou o que quer q estude... agora de montanhismo ainda tem muito q aprender...

Se você teve o trabalho de ler a minha coluna de 2008, deve ter percebido a maneira que eu pensava até então. E se tem algo que aprendi no montanhismo é que tudo é como é, porque as decisões já foram tomadas, mas eu achei elas haviam mudado (a história se repete?)

O Paraná está desatualizado em relação à ética do montanhismo mundial há pelo menos 60 anos e há 27 em relação ao Rio de Janeiro. Aqui, até hoje, as pessoas não conseguem entender o significado do Manifesto pela escalada natural de André Ilha, publicado naquele longínquo 1983. Certamente o que Ilha sofreu naquela época é o que pessoas que tem um pensamento mais evoluído hoje sofrem no Paraná. O problema é que no Paraná de hoje, a contra-evolução é imposta, já que não é permitido a presença de montanhistas individuais na federação, que é dominada pelo pensamento dos “donos” de clubes que não hesitam em calar e ridicularizar quem pensa diferente, realizando verdadeiras inquisições e caça às bruxas aos "anti-éticos" e "criminosos ambientais" que tanto insistem em explorar novas montanhas, sair das trilhas e fazer coisas novas.

Chegou a hora de mudar. A evolução já aconteceu e o Paraná não pode persistir em continuar com seu atrasO. Naquela ocasião, eu falei que a melhor solução para lidar com os problemas ambientais seria a divulgação da chamada “cultura do montanhismo”, formando pessoas conscientes que pudessem freqüentar nossas serras  sem estragos à ela. “Apagar fogo, ajudar a conter a erosão, isso tudo é importante, mas paliativo, pois não vai combater o principal problema que são as pessoas, ou melhor, a má formação delas”.

Entretanto não é este o método escolhido. Escolheu-se nivelar tudo por baixo, pouco importando com os valores do montanhismo. O tiro final da prepotência e demonstração de pOder e intolerância foi o episódio de difamação do proprietário da Fazenda que dá acesso ao Pico Paraná, que somado ao boicote ao diálogo sobre a instalação de escadas na montanha, desrespeitou a todos os apelos da declaração do Tirol colocados abaixo:

• Aceitem os riscos e assumam responsabilidade
• Equilibrem seus objetivos com suas habilidades e equipamentos
• Joguem por meios razoáveis e relatem honestamente
• Esforcem-se pela melhor prática e nunca parem de aprender
• Sejam tolerantes, respeitem e ajudem uns aos outros
• Protejam o caráter selvagem e natural das montanhas e paredes
• Apóiem as comunidades locais e seu desenvolvimento sustentável.

Por todos estes motivos eu vejo que neste local aonde anteriormente acreditei ser o caminho da evolução, é na verdade usado para “promover” o retorno ao passadO. Não vamos ficar parados e nem se submeter às inquisições e desovas muito menos à acusações. Montanhismo se faz na ponta da corda e não precisamos de escadas, proibições, regras absurdas e muito menos dos síndicos de montanha.

Por isso meu pensamento evoluiu: Filiação direta à FEPAM SIM!


22 de julho de 2010

Palestra com o Manoel Morgado no CAP

Ontem tive a oportunidade de ir para São Paulo, reencontrar amigos e conhecer outros que só tinha contato pela internet, além de poder conhecer um cara que é história viva do mundo de aventura do Brasil, e que inspira muita liberdade: Manoel Morgado.

O Manoel é médico, já viveu em muitos lugares no mundo, mas há cerca de 20 anos vive de guiar pessoas em trekkings famosos na Ásia. Ele não tem casa, mas carrega consigo uma culutura e conhecimento incrível.

No meio deste ano, Manoel que tem mais de 50 anos, conseguiu realizar um sonho pessoal dele, que é o sonho de muitos montanhistas: Ele escalou o Everest. Sem patrocinios e contanto apenas com suas economias, ele entrou numa expedição modesta e após 20 anos vendo o Chomolungma por baixo, conseguiu fazer cume.

Manoel contou esta história no CAP, o Clube Alpino Paulista, e confesso que foi muito emocionante, todos que estiveram lá viajaram junto nas palavras de Manoel e conseguiram captar os bons sentimentos que ele trouxe desta experiência incrivel. Quem não foi simplesmente PERDEU!

Veja as fotos!

Vitor Carvalho, Didier, eu e Parofes


Parofes, eu e Manoel

12 de julho de 2010

Domingão em Pedra Bela

Pedra Bela, na região de Bragança, é um dos locais mais famosos para a prática de escalada de São Paulo, mas eu frequentei muito pouco as rochas locais, pois tinha o preconceito de que a rocha de lá era muito machuquenta.

Eis que neste domingo, com novos amigos, a Ariela e o Daniel, conheci um novo setor com uma via muito bacana, a Back to Chile, que é um quinto grau em estilo meio tradicional muito bonito.

Também escalei no setor mais tradicional do Morro do Santuário, mas desta vez não achei tão machuquento, será que eu tava enganado ou mal acostumado quando escalei lá pela última vez, uns 4 anos atrás?!

Já falei pra Ariela e pro Daniel que se vou botar eles na roubada, me disseram que estão afim de provar do tradicional. Eles toparam, legal ter novas parcerias. A Ariela é uma super fotografa (veja o site dela), ela deu uns cliques ontem, nossa, que diferença das minhas fotos, veja só:

Eu na Back to Chile

Back to Chile

Até o rapel ficou bonito rsrsrs

Daniel

Eu, Ariela e Daniel

Pôr do Sol


8 de julho de 2010

A revolução dos Bichos

“Lembro-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. Animal nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem comerciar. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.”

O início de uma fábula contemporânea. O dono da Granja do Solar, Sr. Jones, embriagado com o poder, tranca o galinheiro e vai para a cama cambaleando.

Major, porco ancião e premiado, reúne todos os animais e conta seu sonho visionário de como será o mundo depois que o homem desaparecer. Declara em tom profético a necessidade dos bichos assumirem suas vidas, acabando com a tirania dos homens.

Os animais são contagiados pelos versos revolucionários e entoam apaixonadamente a canção "Bichos da Inglaterra". Sr. Jones acorda alarmado com a possível presença de uma raposa e, com uma carga de chumbo disparada na escuridão, encerra a cantoria.

Major falece três noites após. A morte emoldura o mito e suas palavras ganham destaque nas falas dos animais mais inteligentes da granja. Os bichos mais conservadores insistem no dever de lealdade ou no medo do incerto: “Seu Jones nos alimenta. Se ele for embora, morreríamos de fome”.

Os perfis dos animais são traçados: os porcos, as ovelhas, os cavalos, as vacas, as galinhas, o burro... Todos com traços marcantes de manipulação, alienação, rigidez, ignorância, dispersão, teimosia...

A rebelião ocorre mais cedo do que esperavam. Com a expulsão do Sr. Jones da granja, surge o momento de reorganizar o funcionamento da propriedade. Os porcos assumem a liderança, dirigem e supervisionam o trabalho dos outros. Os demais dão continuidade à colheita. Alguns bichos se destacam pela obstinação, como o cavalo Sansão, cujo lema é “Trabalharei mais ainda.”

Os sete mandamentos declarados por Major são escritos na parede:

“Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
O que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Nenhum animal usará roupa.
Nenhum animal dormirá em cama.
Nenhum animal beberá álcool.
Nenhum animal matará outro animal.
Todos os animais são iguais.”


Bola-de-neve e Napoleão se destacam na elaboração das resoluções. Sempre com posições contrárias. Os demais animais aprenderam a votar, mas não conseguem formular propostas. A pluralidade de pensamentos dá margem aos debates e às escolhas.

Os sete mandamentos elaborados na revolução são condensados no lema “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. A síntese do “animalismo” é repetida pelas ovelhas no pasto por horas a fio.

Sr. Jones tenta recuperar a propriedade, mas é vencido pelos bichos na “Batalha do Estábulo”. O porco Bola-de-neve e o cavalo Sansão são condecorados pela bravura demonstrada no conflito. Mimosa foge para uma propriedade vizinha seduzida pelos mimos oferecidos por um humano. Surge a idéia de construção de um moinho de vento... Os animais ficam divididos com a perspectiva do novo.

Bola-de-neve e Napoleão sobem ao palanque e montam suas campanhas políticas. A eloqüência de Bola-de-neve conquista os animais, mas a força dos cães de Napoleão expulsa Bola-de-neve da granja e “legitima” Napoleão no cargo de líder diante dos atemorizados bichos.

Os bichos trabalham como escravos na construção do moinho de vento e gradativamente vão perdendo a memória de como era a vida na época do Sr. Jones. Animais trabalhadores, como Sansão, acordam mais cedo, trabalham nas horas de folga e assumem as máximas elaboradas pelos donos do poder: “trabalharei mais ainda” e “Napoleão tem sempre razão”.

Como a maioria dos animais não aprendeu a ler, os mandamentos vão sendo alterados na medida em que Napoleão e seus assessores vãos assumindo posições contrárias aos princípios que nortearam a revolução: os porcos começam a comerciar a produção da granja, passam a residir na casa do Sr. Jones, dormem em camas, usam roupas, bebem uísque, relacionam-se com homens... A maioria dos animais é facilmente convencida dos seus “equívocos de interpretação”. Os poucos que conseguem ler e interpretar as adulterações do poder se omitem...

Alguns animais são executados sob a alegação de alta traição. Tudo o que ocorre de errado na granja é de “responsabilidade” de Bola-de-neve. Sua história é enterrada na lama de mentiras e manipulação imposta pelo novo regime. As reuniões de domingo são proibidas e a canção “Bichos da Inglaterra” é censurada. Os bichos trabalham mais e não são reconhecidos por seus esforços. Todas as condecorações são dadas ao líder.

Os animais passam privações. Suas rações são diminuídas em prol do bem comum. Os porcos são agraciados com os privilégios do poder. Uma segunda batalha com os humanos surpreende os animais enfraquecidos, mas, apesar das muitas perdas, eles vencem e permanecem sob a ditadura imposta por Napoleão. Infelizmente perderam os parâmetros para avaliação, perderam a memória da história antes do governo de Napoleão.

Os homens destroem o moinho de vento e os animais trabalham mais para reconstruí-lo. A dedicação do cavalo Sansão é assustadora, abdica da própria saúde em prol do ideal. Depois de alguns dias é vencido pela fragilidade da avançada idade e do pulmão debilitado... Os porcos simulam uma internação num grande hospital, mas entregam o velho cavalo ao matadouro. Os direitos do trabalhador e do aposentado se encerram na indiferença dos poderosos.

O burro Benjamim que aprendeu a ler, apesar de ter preferido o silêncio durante todo o período, tenta alertar os demais animais, mas é tarde... O porco Garganta convence os bichos de que a carroça que levou o cavalo foi comprada pelo grande veterinário, mas continuou com os letreiros do velho dono... Poucos dias depois, o anúncio da morte de Sansão chega à granja e os porcos recebem uma caixa de uísque...

Os animais escravizados ganham alento nas palavras do corvo Moisés que garante que, finda esta vida de sofrimentos, haverá a “Montanha de Açúcar – Cande”, “o lugar feliz onde nós, pobres animais, descansaremos para sempre desta nossa vida de trabalho”.  As atitudes dos porcos com Moisés são ambíguas: afirmam, aos bichos, que a história de Moisés é uma grande mentira, porém ele permanece na granja sem trabalhar e ainda com direito a um copo de cerveja por dia. A religião arrebanha algumas “ovelhas”.

“Passaram-se anos. As estações vinham, passavam, e a curta vida dos bichos se consumia.” A nova geração só conhecia esta realidade, exceto Quitéria, Benjamim, o corvo Moisés e alguns porcos... A vida era muito difícil, mas existia a certeza de que todos os animais eram iguais... Não tardou para os bichos espantados presenciarem os porcos andando sobre duas patas com chicotes nas mãos.

Só restava um único mandamento e mesmo assim adulterado: “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros”. Depois disto nada mais se estranhava. Os porcos fumavam, bebiam e andavam vestidos – haviam se assenhorado dos hábitos do Sr. Jones. Uma noite, os porcos receberam os vizinhos humanos para uma reunião na casa. Os demais animais ficaram à espreita na janela da sala de estar.

Seguiram-se pronunciamentos, declarações de mútuo afeto e admiração por parte dos porcos e dos homens. Os vizinhos humanos parabenizaram os porcos pelos métodos modernos de ordem e disciplina impostos: "... os animais inferiores da Granja dos Bichos trabalhavam mais e recebiam menos comida do que quaisquer outros animais do condado."

Todos os alicerces da revolução estavam corrompidos nas palavras de Napoleão. Até mesmo a granja voltaria a ter o mesmo nome da época do Sr. Jones: “Granja do Solar”.

Os animais estupefatos se afastaram, mas não alcançaram vinte metros quando iniciou uma violenta discussão entre Napoleão e o vizinho humano motivada por uma jogada no carteado...

“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”

Helena Sut sobre A revolução dos Bichos - George Orwell
Publicado no Recanto das Letras em 25/01/2005


Nascendo um novo dia - Foto Elcio Douglas Ferreira

6 de julho de 2010

Expedição de Maximo Kausch no Paquistão

O Maximo Kausch é um grande amigo, praticamente um irmão. Ele me ensinou a escalar há 12 anos atrás e somos ainda hoje parceiros de montanha.

Há uns 8 anos atrás ele decidiu percorrer um caminho dificil, de se tornar um montanhista profissional. Prefiri ficar por aqui, estudar e ser um montanhista no tempo livre somente. Hoje ele está muito perto de realizar aquele sonho, pois praticamente está vivendo de montanha.

Apesar de ter nascido na Argentina, ele aprendeu a escalar e deu os primeiro passos na montanha aqui, por isso dizemos que ele é fruto do montanhismo brasileiro, apesar de muita gente dizer que não, o que é uma grande bobagem.

Desde 2002 mantemos juntos o site GenteDeMontanha.com, que é nosso site pessoal aonde escrevemos nossos relatos e experiências. Neste mesmo site, estou postando as notícias que chegam todos os dias do Paquistão, país aonde Maximo está agora, escalando duas montanhas de 8 mil metros, o Gasherbrum I e II.

Acompanhe as aventuras de Maximo lá no Karakoram e aproveite para adicionar o GenteDeMontanha para sua lista de RSS e blogroll, se tiver um blog.

 Maximo no caminho à Skardu, base do Karakoram, o "bigodinho" ao lado é o oficial de ligação da expedição dele! rsrsrsr

:: Notícias de Maximo Kausch no GenteDeMontanha

5 de julho de 2010

Novidade no Rumos: Navegação em Montanhas!

Neste fim de semana fiquei em casa e aproveitei o tempo livre para atualizar o site Rumos: Navegação em Montanhas!

Para quem não sabe, o Rumos é um site de locais de escalada, trilhas e montanhas. Ele divulga o que tem nestes locais para fazer, mostra fotos e o diferencial do Rumos para outros site é que vc pode baixar um arquivo kml que pode visualizar os pontos e as trilhas no Google Earth e ainda exportar para um GPS.

 Veja as atualizações:

 Falésia Paraíso: Novo local de escalada em São Paulo

Annapurna Cicuit: Um dos mais famosos roteiros de trekking no Nepal, com 20 dias de caminhada!

Escaladas em Juiz de Fora: A cidade mais carioca de Minas Gerais tem excelente escaladas praticamente urbanas.

Monte Crista: Uma das mais conhecidas montanhas de Santa Catarina

3 de julho de 2010

Entrevista com Eliseu Frechou no Blog ESPN

 Eliseu Frechou

Não é novidade que o Eliseu Frechou é um dos melhores escaladores do Brasil no cenário esportivo, seja por suas escaladas propriamente ditas, ou contribuições com abertura de vias, que são mais de duzentas! Agora para mim o que lhe confere um status de grande respeito é que ele é responsável pela documentação e divulgação da cultura da escalada no Brasil. O que para mim é uma contribuição infinitamente maior do que ser um bom escalador!

Ele mantém há cerca de 20 anos o mais antigo jornal de montanhismo e escalada ainda em atividade no Brasil, o Mountain Voices, publicação que eu já tive o prazer de contribuir mais de uma vez. A qualidade de suas publicações e seu conhecimento abriu espaço para que a escalada pudesse ser divulgada em outros meios maiores, ou seja, graças ao Eliseu, a escalada brasileira tem um espaço no maior canal esportivo do Brasil, a ESPN.

Tá certo que competir com o blog do Juca Kfouri e dos "boleiros" é difícil, mas a qualidade do blog do Eliseu na ESPN é indiscutivel, prova disso é que outros blogueiros copiaram a formula de entrevistas "papo rápido" que o Eliseu implementou em seu espaço e que nesta Quarta Feira, pela terceira vez, foi minha vez de ser entrevistado.

O tema desta entrevista foi o site AltaMontanha.com, que eu participo desde 2007 e que sou editor desde o ano passado, ajudando na missão, que desde principícios da década de 90, o Eliseu faz muito bem, divulgar, incentivar e fomentar a cultura do montanhismo e escalada.

:: Confira a entrevista!

1 de julho de 2010

Cabritagem na Ana Chata

Segunda Feira, jogo do Brasil.... Enquanto todo mundo se concentrava na televisão para ver futebol, eu e meu parceiro de escaladas Tacio Philip aproveitávamos o transito livre para ir à São Bento do Sapucaí. O projeto era simplesmente escalar, o que? Ah, sei lá, apenas escalar bastante!

Terça feira levantamos cedo, mas sem madrugar e fomos em direção ao complexo do Bau para escalar o máximo possível na Pedra da Ana Chata, o maior campo escola de vias de parede de São Paulo.

Ana Chata
Chegamos por volta das 9 e meia e começamos a escalar a via Peter Pan, 4 V grau, que escalamos rapidamente e sem nenhum problema e com rapidez, já  que emendamos as duas primeiras enfiadas e na seqüência a 3 e 4 e fizemos cume em três lances.

Eu indo de segundo nas duas primeiras enfiadas da Peter Pan

Guiando a terceira

Tacio na última enfiada já no cume

Terminando a crista da Lixeiros e indo para o primeiro cume do dia
Descemos à pé do cume, e rapidamente já estávamos na base da pedra para outra escalada, desta vez, a linha escolhida foi o começo da lixeiros, 3 V grau, que eu escalei emendando as três primeiras enfiadas de uma só vez e deixando o Tacio escalar na seqüência a enfiada crux de outra via que começa na terceira parada desta via, a Cavaleiro das Trevas , um 7a difícil. Na seqüência, eu vim de segundo e já emendei até o cume pela segunda vez, aonde paramos para comer um Lombo Canadense liofilizado da Liofoods, delícia!
Descemos a trilha mais uma vez e chegamos na base da Tom Sawyer, 3 IV grau, que escalamos à francesa, engatando na lixeiros até chegar na crista desta via, aonde rapelamos até a face norte pela “Walking on the Dark Side”, para evitar o trecho de escadas e a caverninha da Ana Chata. Esta escalada foi tão rápida, que acho que não chegou a durar 20 minutos. Fizemos as vias literalmente correndo! Detalhe, foram cinco enfiadas escaladas tudo em simultâneo...

 Eu na Lixeiros, escalando direto até a P3

Tacio na sequência...

... e emendando na Cavaleiros da Trevas (7a).

Esticando na segunda e terceira enfiada da Cavaleiro das Trevas, V grau.

Descansando no cume...

... e degustando um Lombo Canadense liofilizado...

Descemos a trilha mais uma vez e já às 4 da tarde e cansados, entramos na última via da parede: A Elektra, um 4 V grau que é uma das vias  mais bonitas da Ana Chata e é a maior também.

Escalei guiando as 4 primeiras enfiadas sem parar, abaixo, o Tacio ia em simultâneo, fazendo a famosa “escalada francesa”. Cheguei ao platô aonde fica a famosa árvore cansado. Não pela escalada, mas sim pelo dia inteiro e pela falta de água, que assim como em Andradas há uns 10 dias atrás, eu acabei levando pouco e ficando desidratado.

O Tacio veio na seqüência, já com o rack cheio de costuras e com os móveis. Mesmo eu não equipando todas as chapas, fazer 4 enfiadas de uma só vez consumiu as 9 costuras que eu estava levando. Já pronto para guiar a próxima enfiada, Tacio foi à frente, fazendo a enfiada numero 5 e 6 de uma só vez.

Tacio chegando no platô da árvore.

Fui na seqüência limpando as proteções e de lá emendei até o cume, fazendo uma via de 7 enfiadas em apenas 3 e em menos de 40 minutos, à tempo de ver o sol indo embora e descer no alvorada.

Chegando na P6 e partindo para o cume

Último cume do dia e o Bauzão no fundo...

Fizemos 4 vezes o cume da Ana Chata e experimentamos pela primeira vez escalar em simultâneo. Foi uma experiência cansativa, mas interessante. Acho que dá pra tentar escalar as 8 vias em livre do Morro em um só dia. Vamos tentar?


:: Veja mais no site do Tacio: Escalada de Diversas vias na Ana Chata - SBS
                                                 Vídeos das Escaladas na Ana Chata
                                                 Fotos escaladas na Ana Chata

Aziz Ab´Sáber e o novo código Florestal brasileiro

Quem acompanha este blog sabe de toda a admiração que eu tenho pelo geógrafo Aziz Nacib Ab´Sáber e que ele é para mim um grande mestre e que com seus textos eu aprendi a entender e a praticar Geografia.

Estou publicando abaixo e na íntegra, o artigo que Aziz publicou sobre um dos temas mais atuais e temerósos que estamos enfrentando hoje em dia: A proposta do novo código florestal brasileiro.

Para quem não sabe, é uma proposta que pretende flexibilizar e permitir a ocupação do restante que temos de áreas naturais e ainda tira a responsabilidade do colonizador em manter alguma porcentagem de area nativa dentro de suas propriedades (reserva legal) e também a preservação da vegetação de beira de rios.

Trata-se de um código (de)florestal, com consequências gravíssimas para o funcionamento das paisagens e tiro no pé para a manutenção da biodiversidade e que são apoiados por argumentos políticos e interesses sociais estapafúrdios que nós, que temos conheciemento mais aprofundado sobre o meio ambiente brasileiro, sabemos que resultará numa tragédia socio-ambiental.

Veja na íntegra o texto de nosso querido Aziz Ab´Sáber:


Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade

Exposição de Aziz Ab'Saber no Fórum Agenda21 SP

Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macro biomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias, e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem que ser conduzido por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis. Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. Favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais. Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos. Não tem qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos tecnico-cientificos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, , seja no Brasil Tropical Atlântico, ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.

Por muitas razoes, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília, e recebemos em resposta que essa era uma idéia boa mas complexa e inoportuna (...). Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras sobretudo de países hegemônicos venha a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (...). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.

O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território especifico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Policia Federal rural, e o Exercito Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que tem muito a aprender com um Código novo que envolve todos os macro-biomas do pais, e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimatico e fitogeográfico do território. Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização”, é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza dos pais. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras: a zonal amazônica e a azonal das matas atlânticas o domínio dos cerrados, cerradoes e campestres: a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos: os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, alem de nosso litoral e o Pantanal Mato-grossense.

Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exercito paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília, e diferentes membros do executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres, o dono da fazenda e sua esposa, e os filhos em cavalos lindos. E,os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E , alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos, deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.

Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”. Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do cetro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (...). Ou sejam, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo, são libertados para madeireiros contumazes. E, o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para re-utilizar ter ras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominadas por areias finas (siltizaçao).

Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora esta reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do pais. Imagine-se que para o rio Amazonas, a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.

Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.

Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ripario-biomas) , e, depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas) .

Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma critica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, porque na Amazônia a lei exige 80%. Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição. Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa, foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros”, colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma derruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia Brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².

Os relatores do Código Florestal, falam em que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestramento. Esse último,pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que, eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas, foi feito um plano de (re) organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: Projeto FLORAM. Os eucaliptologos perdem éticos quando alugam espaços por trinta anos, de incautos propr ietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis,do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinos, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.

Por todas as razoes somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo,que conhecemos ha muito tempo, e de quem sempre esperávamos o melhor, no momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem que pensar na sua biografia, e , sendo político, tem que honrar a historia de seus partidos. Mormente,em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.

Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente, deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia, e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Tratam-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições socioambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do executivo federal, teríamos que conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia que envolve conexões com nove estados do Norte Brasil eiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.

Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.

Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico, que vem sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80%,haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas ficarao à mercê de corte de arvores dotadas de madeiras nobres. E além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.

Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocasse indicações de 20% correspondente às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.

Aziz Nacib Ab’Sáber

São Paulo, 16 de junho de 2010


Eu com o Aziz em Piracicaba SP em 2006