Blog do Pedro Hauck: julho 2008

29 de julho de 2008

Algumas novidades

Neste fim de semana foi realizada a quarta aula prática do curso de escalada em rocha básico que eu e o Hilton Benke ministramos para o CPM, Clube Paranaense de Montanhismo. Foram muitos alunos inscritos, 11, pois desde 2006 não haviam cursos de escalada.

Depois de todas estas aulas, posso dizer que sou um professor orgulhoso, pois a galera aprendeu direitinho e muito gente se superou. Pois tinham sérios travamentos por causa do medo de altura.

Estou bastante empolgado, pois quero que este curso reviva a escalada no interior do clube que já teve nomes como Nativo, Chicão, Cintia Daflon, Adriano Bugio e Marielene Lima como sócios, gente que deu boas contribuições para o desenvolvimento da escalada no Brasil e no Paraná.

Com o dinheiro arrecadado pelo curso, vamos comprar equipamentos para que essa galera não fique na mão depois que aprendeu a escalar. Vamos ter corda, costura, material de parada, etc. para emprestar para os sócios.

Me empolguei tanto com esse curso e com o fato dos alunos terem ido tão bem estarem evoluindo, que me tornei agora "diretor de escalada" do CPM. Então daqui pra frente vou organizar novos cursos e vou também agendar atividades de escalada. Vai muito bacana, pois perto de Curitiba não faltam lugares para levar a galera pra evoluir e curtir.

A primeira atividade como diretor do CPM, no entanto, será individual, pois tenho que ir pra Belo Horizonte nesta sexta, pois sábado começa o Simpósio brasileiro de Geomorfologia que eu não posso perder.

Não tem nada melhor de poder ir participar de um evento de primeira na sua área de estudo, fazer curso de datação por termoluminescencia e ainda poder depois disso dar uma esticadinha pra escalar.

Pois é, esta será minha atividade, hehehe....

Pois então é isso. O que vou fazer em Minas depois do evento? uhmm, vamos lá.. Quero conhecer as escaladas da Gruta do Rei do Mato em Sete Lagoas, vou dar um pulinho no sítio do Rod e depois, no dia 11 me encontro com o Tacio pra fazer algo maior, o que? Depois eu falo...

Equalização dupla bonitinha com um camalot na parada da José Peon, uma das vias do curso.

A mulher do presidente da FEPAM (que responsa hein Natan!) guiando uma escalada.

O Presidente do Clube, Marcelo Brotto com sempre bem disposta e simpática Lourdes. Marcelo, valeu pela ajuda e companheirismo!

Opa, essa montanha não tem nada a ver com o curso. O que eu quero insunuar com ela? Depois eu digo...

21 de julho de 2008

Homenagem a Roberta Nunes

Roberta e o maciço do Fitz Roy ao fundo. Ela adorava a Patagônia. Foto de Dálio Zippin Neto

Na noite de 18 de Julho de 2006, Roberta estava praticando direção com seu namorado Sean Leary dentro do Parque Nacional de Yosemite, uma Meca da escalada mundial. Ela estava aprendendo a dirigir, mas bateu o carro e desta forma banal veio a falecer precocemente aos 34 anos de idade.

Logo ela, a melhor escaladora do Brasil, que já havia encarado montanhas perigosíssimas. Ninguém acreditou que um simples acidente automobilístico pudesse tirar a vida de alguém tão acostumada com o risco e a aventura.

Dona de belíssimos olhos azuis, a curitibana Roberta da Silva Nunes já foi modelo fotográfico e também bailarina clássica. Justamente por ser bailarina, ela foi uma vez convidada a conhecer a escalada no Morro do Anhangava, um dos lugares mais freqüentados pelos escaladores de Curitiba. Ela ficou maravilhada ao ver as pessoas escalando em uma perfeita sintonia entre o controle mental e a força física. Foi aí que sua história se encontrou com a história do montanhismo brasileiro, isso foi em 1993.

Com um talento para escalada que poucas pessoas possuem, Roberta começou na escalada esportiva e logo já ganhou destaque por que era muito melhor do que vários marmanjos, mas ela não parou por aí. Em 1993 mesmo, ela já viajou para vários parques nacionais argentinos e chilenos, daí talvez sua paixão por aventura. Com o tempo foi só juntar a técnica com as viagens para as grandes escaladas em montanhas remotas começarem a sair.

Em 1996 e 97 Roberta participou do COSMO, o Corpo de socorro em montanha, localizado no Marumbi, lendária montanha da Serra do Mar paranaense. Só os melhores e mais experientes escaladores do Estado participavam do COSMO, pois era muita responsabilidade lidar com os resgates. Como o Marumbi é a montanha das vias de aventura do Paraná, não demorou para ela enfrentar vias do gênero e até mais desafiadoras Brasil afora.

Assim, em 1998, ela escalou a “Decadance avec Elegance" localizada em Salinas – RJ, (V+, A0-7C, E2 em 850 metros) num tempo de apenas 4 horas, junto a Rosane Nicolau. No mesmo ano ela percorreu os principais pontos de escalada na Argentina e Chile num período de dois meses, foram eles: Los Gigantes, La Ola, Arenales, LosMogotes,Cerro Catedral, Cerro Bonete. E ainda fez um curso de escalada em Gelo com Sebastián de La Cruz no Cerro Tronador na Patagônia Argentina.

Em 1999 ela foi para El Chaltén escalar as torres de granitos mais famosas do mundo, realizou uma tentativa na agulha Mermoz(2.754m) por nova rota cara leste, junto a Ale Garcia,Sebastián Bortolin e Andres Zeggers. Realizou uma cordada feminina na agulha Guillaumet (2.593m) junto com a suíça Barbara Regli. Ficando a poucos metros do cume principal, pela rota Couluir Amy, face leste.

A Patagônia ficou marcada na vida de Roberta Nunes e um ano depois ela retorna a El Chatén com o seu projeto "Patagônia 2000". Lá, ela escala a agulha Inominata (2.500m), pela rota angloamericana, com graduação (V+, 6C, A1), junto com o argentino Fefi. Realiza a primeira ascensão feminina brasileira da agulha Media Luna (1.923m) pela rota de Salvaterra, junto a Sebastian Bortolin com graduação (V+, 6C+, A2+). Ela escalou também o Cerro Solo (2.223m) pela rota normal finalizando com a tentativa da inóspita montanha San Lorenzo (3.720) pela rota Agostini, por terreno gelado, ficando a apenas duas horas do cume.

Em maio do mesmo ano ela percorreu por seis meses os principais pontos de escalada dos Estados Unidos, realizando um trabalho fotográfico e a repetindo centenas de rotas. Ela visitou diversos lugares famosos pela escalada: Zion, Indian Creeck, Turkkey Rock, Vaidawo, Ships Nose, Eldorado Cannyon, Vail, Butter Milks, Yosemite Valey, Tuolome Meadows, Rocky Mountains, The Book, Lampy Redge, Boulder Cannyon, Salt Lake, etc. Obteve destaque quando repetiu a rota Regular Route de dificuldade (5.10C, A2 ou 5.12B) na montanha Half Dome do Yosemite National Park,Califórnia, num tempo de apenas sete horas os 850 metros de verticalidade junto ao renomado escalador venezuelano Jose Pereyra. Também nesta viagem escalou difíceis cascatas em gelo em Vail e Aspen.

Em 2001 ela retorna a Bariloche, Argentina, para realizar um trabalho fotográfico junto a outro escalador Marcos Piffer para a importante marca italiana VIBRAM. Em abril, realiza a repetição de uma difícil big wall na Serra dos Orgãos no Rio de Janeiro, no pico do Garrafão pela rota Crazy Muzungus (VI, A2+, em 700m negativos) junto a Marius Bagnati, envolvendo três dias de empreitada.

Em agosto retorna aos Estados Unidos para escalar e preparar-se para seu novo projeto. Em um período de dois meses no Yosemite National Park, Califórnia repete inúmeras rotas em diferentes picos, destacando o El Captán, Sentinel Rock, Royal Arches, Rostrum, North Dome, Catedral Peak, Leanning Tower, atingindo uma dificuldade máxima de 5.12a na graduação americana.

Neste mesmo ano ela se tornou a primeira mulher a atravessar uma hight line (corda-bamba) de 10 metros de comprimento a 300 m do chão no pico Rostrum. Roberta gostava bastante de praticar slack line e tinha uma técnica e facilidade digna de um artista circense.

Em Janeiro de 2002 Roberta retorna à Patagônia para realizar um de seus maiores sonhos, escalar o Fitz Roy (3.341 metros) sendo a primeira mulher brasileira a tentar esta séria e comprometida escalada. Junto ao escalador venezuelano, José Pereyra, repete a rota Afanassief na cara nordeste, sendo a primeira repetição em vinte anos, com uma dificuldade (V+, 7B, A2+ em 1.300 metros de desnível vertical) envolvendo aproximação por gelo e misto atingindo o topo da torre Nordeste ficando a 300 metros do cume, completando 1.350 metros escalados em trinta horas sem parada (ida e volta) até ao campo base.

Repetiu cinco dias depois na mesma montanha, Fitz Roy, a clássica rota Franco Argentina (VI, 7B, A2+), onde ela e Jose tiveram a oportunidade de abrir uma variante de 500 metros por rocha e pouco gelo, seguindo depois os 700 metros de rota tradicional ficando apenas a vinte minutos de caminhada do cume principal, devido a uma grande tempestade de neve. Eles repetiram também a agulha Saint Exupery (2.548 metros) pela difícil rota Chiaro Di Luna (V+, 7C) em 850 metros de verticalidade num tempo de apenas nove horas.

Em 2003, Roberta recebeu uma proposta para experimentar as montanhas de altitude. Ela viajou para Mendoza na Argentina, onde fez uma aclimatação com a escalada da face frontal do Vallecitos (5.500m), uma escalada que foi muito comentada por lá. Depois, ela escalou o Aconcágua (6.962m) pela rota normal até ao cume, no dia 7 de janeiro sem problemas de aclimatação.

Em junho deste ano, ela foi para Espanha encontrar-se a convite da arogonesa Cecilia Buil para realizar o projeto de abrir uma nova via de escalada no maior acantilado do mundo, o Thumbnail, na Groenlândia. Foram quarenta dias de treinamento em escalada e kaiaque na região dos pirineos, pois aproximação para a parede seria feita por kaiaques marinhos, 80 km.

Ao todo foram três meses para execução total do projeto. Roberta e Cecília abriram a rota Hidrofilia (VI, 1620m,7A,A2+, graduação francesa), no Maujit Gorgassasia, sendo a primeira ascenção humana deste cume e a maior rota aberta por mulheres na história do alpinismo mundial. O estilo utilizado foi o tradicional sem proteções fixas. A travessia foi outro fator extremo nesta aventura, percorreram os 80 km em três dias, atravessando a encostas e partes em mar aberto, talvez a maior aventura da vida de Roberta.

Em Janeiro de 2004, ela escala na região da cordilheira Chilena de Cochamó, junto a Karina Filgueiras, Dálio Zippin Neto e Maurício Tonto, uma região quase selvagem com paredes que oscilam de 500 a 1000 metros de altura. Permaneceram vinte dias na região escalando na Pedra do Gorila e Trinidad Médio. Junto com Karina, realizou a primeira cordada feminina da região.

Em 2005 ela retornou pela quarta vez à Yosemite, desta vez para realizar uma rota de Grade VI (que necessitam de 3 a 5 dias para completá-la). Roberta, junto com Sean, entrou na Lurking Fear no El Capitán onde pegaram uma tempestade a 600 metros do chão. Mesmo com os contratempos, ela escalou a montanha em 15 horas e se tornou a primeira mulher sul-americana a escalar aquela parede de granito em menos de 24 horas.

Com esta grande experiência, Roberta resolveu voltar à Patagônia no ano seguinte para realizar uma primeira ascensão totalmente brasileira no Fitz Roy. Primeiro ela esteve no Frey em Bariloche, onde fez uma aclimatação escalando a Torre Principal pela via variante da Clemenzo, um 6b francês. Esta escalada virou um filme de Mauricio “Tonto” Clauzet que recentemente foi indicado no Festival de Filmes de Montanha de Squamish no Canadá.

Em Chaltén o planejamento não ocorreu como o previsto. O mal tempo deixou a montanha em más condições e o ataque ao Fitz Roy não foi bem sucedido. Com mais um ataque frustrado, Roberta e Sean resolvem escalar de uma só vez os picos Guillaumet (2.593m) e Mermoz (2.754m), que ficam no campo base de Piedra del Fraile. O desafio era atrativo, pois até então somente um casal norte-americano tinha conseguido o feito.

Assim, às 5 horas da manhã do dia 26, a dupla inicia a subida do Guillaumet para alcançar seu topo 3 horas depois. Entre a descida e o trajeto por três picos menores, foram mais cinco horas até a base do Mermoz, que foi vencido numa escalada de 2 horas somente. O retorno ao campo avançado de Piedras Negras se dá à noite e sob nevasca intensa. Com experiência de temporadas anteriores, eles enfrentam o frio, a escuridão e os perigos da montanha, e só vêem as covas às 10 horas da manhã seguinte. Roberta perdeu quatro quilos e foram necessários dois litros de isotônico para hidratá-la e repor os sais minerais. Já no campo base, os dois passam três dias descansando nas barracas.

De volta à El Chaltén, é hora de contabilizar os feitos da Expedição Patagônia. Roberta acabara de vencer o Guillaumet e o Mermoz numa escalada dupla. Resultados que foram comemorados com outros 40 alpinistas do mundo todo durante uma festa no acampamento. Depois de alguns dias para recolher os equipamentos nos campos base, a equipe inicia o retorno ao Brasil no dia 05 de março.

Esta foi a última viagem à Patagônia de Roberta Nunes, o lugar que ela mais gostava. Certa vez ela disse: “A Patagônia é mágica: para arriscar a vida tem que ser algo que te tira do lugar comum. É a oportunidade de viver uma fábula”.

Eu não conheci a Roberta Nunes nem nunca conversei com ela. Tive a chance em 2003 durante a Adventure Sports Fair em São Paulo, mas fiquei com vergonha em abordá-la para um papo. Entretanto várias vezes quase nos cruzamos na montanha.

A primeira vez foi em 2000, quando eu estava realizando a “Odisséia Austral”, uma viagem de 6 meses de carona que fiz pela Patagônia junto com o Maximo Kausch. Cheguei em El Chaltén somente em Maio, e mesmo depois de meses que ela havia partido, seu nome era o mais comentado na cidade.

Depois em 2003, eu estava indo para o Chile escalar o Tupungato junto com o Maximo. Quando passei passamos por Mendoza na Argentina, novamente a Roberta, desta vez com sua escalada no Vallecitos, era o assunto da vez. Três anos mais tarde, quando realizei minha primeira viagem de carro pela Argentina e fui à Bariloche escalar o Tronador, a Roberta tinha acabado de passar por lá e de novo quase nos encontramos.

Me mudei de São Paulo para Curitiba somente em 2007 e aqui conheci várias pessoas que eram intimas à ela. Vejo através destas pessoas como a Roberta era especial. E mesmo sem ter conhecido ela, sei que ela foi uma pessoa muito bacana, que é como são os montanhistas de verdade, que vivem a escalada e a aventura da maneira mais profunda e pura, sem se preocupar com o que os outros acham.

A morte da Roberta Nunes foi um grande golpe ao montanhismo brasileiro. Todos foram pegos de surpresa, foi uma perda irreparável! Infelizmente existem pouquíssimas mulheres que escalam no Brasil e dentre elas poucas que tenham o nível técnico e a coragem que ela tinha. Vai demorar até que surja alguém como ela.

Links para os videos da Roberta:

Saudades da Rober, de Mauricio Clauzet

Pedindo por Clemenzo, de Mauricio Clauzet

Roberta com 16 anos em ensaio fotográfico

Rober durante sua ultima expedição na Patagônia, foto do Dalio Zippin Neto

8 de julho de 2008

Nova via no Pedrão de Pedralva: Tião Simão

A Serra do Pedrão é um enorme Inselberg (clique no link pra entender o que é isso) de Gnaiss com mais de trezentos metros de altura e uma parede super larga que é ainda pouco explorada, mas que já está se consolidando como o melhor point para Escalada Tradicional do Sul de Minas.

A Serra fica na pequena cidade de Pedralva, próximo à Itajubá (37 Km) e Pouso Alegre (70 Km). É uma opção de escalada tradicional interessante para os frequentadores de São Bento do Sapucaí, pois fica somente 83 quilômetros de distância num total de 260 de São Paulo, mas 440 de Belo Horizonte. O que justifica que o local seja mais frequentado pelos paulistas.

A primeira via da Serra do Pedrão foi a "Evolução", 4° VIsup, E2 320 metros. Esta via, conquistada por João Bosco Villela e escaladores de Itajubá, tem dez enfiadas, é considerada ideal para quem quer ter sua primeira experiência em Tradicional, já que ela é bem protegida e toda equipada, sem deixar de ser interessante, pois ela é toda aérea e muito alta!

A Evolução é a via que eu mais gosto, pois ela é linda e constante. Tem muita via tradicional onde costões de 3 grau se alternam com enfiadas em tradicional, a Evolução é toda em livre, fácil e gostosa de escalar.Escalei ela em 2006 com dois amigos, o Leo e o Tacio Phillip, que voltou mais tarde para repetir a Evolução numa escalada solitária fazendo alto segurança.

Depois da Evolução, novas vias que dão acesso ao cume foram conquistadas. "Sabotadores" é um 4° bem protegido, com 200 metros de extenção, é a via mais fácil do Pedrão. Em seguida tem a "Suanu Arco" uma via também com 200 metros, mas com lances de 6 grau e enfiadas de 4° bastante expostas. O grau de exposição é E3, mas a última enfiada, de apenas 20 metros, não tem proteções no meio, por isso o nome da via é bastante sugestivo.

Depois destas vias, que não precisam de material móvel, o Pedrão ganhou no ano passado uma via um pouco mais trabalhada onde se usa proteções mistas. Trata-se da "Racha Cuca" 4° VIsup, E3 D3 300 mts. Esta via é uma evolução para quem já fez as anteriores, pois ela é mais trabalhada e o escalador tem que saber proteger com móveis. No final da via tem um lance de 90° de inclinação que dá 6sup, mas lá é bem protegido, é uma via linda.

Para completar a evolução da escalada em Pedralva, os escaladores de Itajubá, que já vêm fazendo um ótimo trabalho na região, conquistaram recentemente a Tião Simão: 5° VIsup E3 D3 330 metros.

O nome da via é uma homenagem ao proprietário das terras onde se faz o acesso à Serra do Pedrão que sempre acolheu os escaladores com muita simpatia e generosidade. Esta via é novo marco para Pedralva, pois já começa a ter lances bem mais trabalhados, inclusive com duas passadas em artificial fácil.

Aos poucos , a Serra do Pedrão vêm ganhado mais vias. O potencial continua imenso, pois ainda há muita parede sem vias. Parabéns para os escaladores de Itajubá, certamente a escalada da Tião Simão será mais um atrativo para o 6° festival de montanha do Sul de Minas, a ser realizado na da cidade.

Vou deixar uns links com relatos das últimas vezes que eu estive em Pedralva. A sugestão está feita, vamos escalar!

Agradecimentos ao José Nunes pelo Croquis e info.

Escalando as pequenas grandes paredes de Pedralva: Matéria do Altamontanha.com

Pedrão de Pedralva: Postagem do meu blog

Pedrão de Pedralva Visto por outro ângulo: Postagem do meu blog

Site do Tacio Phillip

Eu escalando a Evolução em 2006.

Tacio dando seg pro Leo em 2006 na Evolução.

Eu e Leo no topo da Evolução.

Lado onde ficam as vias novas.

Luciana Maes, eu e Tacio no fim da Suanu Arco.

Tacio escalando a Racha Cuca

Lu guiando a Suanu Arco

Croquis da nova via. Por Zé Nunes.

3 de julho de 2008

Uma revisão sobre nós de união de corda

Recentemente houveram dois acidentes que resultaram na morte de escaladores. Estes acidentes não ocorreriam se os escaladores envolvidos soubessem ou tivessem feito um nó de união de cordas corretamente.

Há pouco tempo a escaladora chinesa radicada em São Paulo, Chang Wei, veio a falecer quando numa situação de emergência fez um rapel numa chapeleta usando um cordelete de abandono. Depois de instalar o cordelete e começar a descida na pedra da Ana Chata, o nó do cordelete se abriu e ela levou uma queda de dezenas de metros.

No Rio, uma situação semelhante. Duas cordadas se reuniram numa parada de via no morro da Babilônia, eles decidiram unir as cordas para fazer um rapel mais rápido. Primeiro desceu o escalador mais experiente e em seguida duas pessoas se engataram, um em cada corda, e começaram a fazer um rapel simultâneo. O nó que unia as cordas correu e se desprendeu, fazendo que os dois escaladores sofressem uma queda enorme. Um deles morreu.

Apesar de situações diferentes, estes acidentes ocorreram quando os escaladores empreendiam o rapel e o que teve em comum entre estes casos foi que em ambos, os nós de união de corda não foram corretamente confeccionados, embora um caso tenha ocorrido em um cordelete e outro numa corda dinâmica de escalada.

Estes incidentes me levaram a uma indagação sobre qual é o melhor nó para unir cordas. Pesquisando na web eu vi diversas interpretações. Pelo que vi existem certos vícios e preconceitos e não há um nó que seja o melhor. Acho que a opinião que eu li no site Mundo Vertical é a mais válida: O melhor nó é o mais fácil de fazer, mais fácil de desfazer e que seja seguro.

Eu aprendi, há muitos anos atrás, que o único nó que serve para unir cordas era o Pescador Duplo. Quando eu morava em Rio Claro, no interior de São Paulo, e ia com freqüência ao Morro do Cuscuzeiro, eu usava bastante este nó para rapelar a via Paredão, que é uma via de duas enfiadas com 50 metros de extensão. Todas as vezes que eu e meus amigos descíamos o Paredão com duas cordas, gastávamos mais tempo para desprender o Pescador Duplo do que para rapelar. Daí começou minha birra com este nó que além de ser chato para desfazer, ainda é ruim para fazer, pelo menos eu acho.

Certa vez eu estava fazendo uma escalada em parede com um amigo que fez o curso de resgate no Cosmo e quando eu ia fazer o Pescador Duplo para unir as cordas, ele as tirou de minha mão e fez o nó Zelha. Eu nunca tinha visto este nó para unir cordas, mas depois desta experiência comecei a gostar dele. O nó Zelha tem outros nomes. Em inglês ele é chamado de nó Overhand ou Half Hitch, na escalada é comum vê-lo como Nó Simples, Direito, Zelha ou popularmente Nó Cego, isso mesmo...

Existe nó mais e fácil que o Nó Cego? Surpresa maior é que descobri através do site da Petzl que este nó é ideal para paredes, pois ele não fica travado em superfícies irregulares. E ele é seguro? Sim. Segundo o site do Davi Marski, ele é o melhor nó para unir duas cordas para realizar rapel.

Outra opção é o popular e também fácil nó Oito Duplo. Já vi muitas pessoas falarem muito mal deste nó, dizendo que ele não é próprio para unir cordas, isso é mito. Se você tiver duas cordas de mesmo diâmetro o Oito Duplo pode ser utilizado sem problemas para uni-las. É o que diz o site Mundo vertical . Se ele é seguro para unir cordas de mesmo diâmetro, este nó é recomendado para fechar cordeletes.

Existe o problema de quanto o nó reduz a resistência da corda. No site do Davi Marski ele transcreveu uma pergunta que um escalador fez ao presidente da comissão de segurança da UIAA. Ele disse que em 35 anos de pesquisas nunca houve um caso de ruptura de corda em um nó, mesmo numa corda com 15 anos de idade. Mesmo assim ele passou uma tabela da porcentagem de redução da resistência da corda com o nó, na qual o resultado é: Nó Zelha: De 40 a 30%. Nó Oito: De 35 a 25%. Nó Pescador Duplo: 30 a 25% (Por isso muitos dizem que o nó pescador duplo é único nó que serve para unir cordas).

Agora o maior problema dos nós é que apenas em situações específicas, usamos nós específicos . Ou seja, acabamos esquecendo como se faz os nós menos usados, como o Pescador Duplo, que é um nó que serve somente para unir cordas.O que não é algo que fazemos nos treinamentos em academia e nem mesmo nas escaladas esportivas cheias de vícios...

O que eu quero demonstrar aqui é que numa situação de emergência você pode usar um nó que você esteja mais habituado a fazer, desde que seja corretamente confeccionado e que haja também uma sobra na ponta para que o nó não corra.

Agora um alerta! Aprender a fazer um nó olhando por figuras de sites na internet somente, é arriscado. Se você deseja aprender melhor como fazer os nós de escalada, peça instrução para uma pessoa experiente e qualificada. Entretanto não caia nos vícios de um instrutor que goste de coisas difíceis. Aprenda todos os nós e pratique aquele que você ache mais fácil, pois quando você mais precisa daquele nó específico, você pode esquecer e faz um errado. Será que não foi isso o que aconteceu nestes acidentes recentes?

Aprendendo o nó Azelha (nó montanha no Rio) e pescador duplo com o escalador Jamaica. Imagens direto do Morro da Babilônia.(ilustrativo hein!)