Blog do Pedro Hauck: 2011

31 de dezembro de 2011

Retrospectiva da montanha 2011

Vale a pena reler o que foi destaque no meio da montanha neste ano: Retrospectiva da montanha do Site AltaMontanha.com. Minha última contribuição este ano.

:: Parte 1
:: Parte 2



12 de dezembro de 2011

Artigo na revista Ecologic

Recentemente publiquei um artigo na revista Ecologic. O artigo é sobre planejamento urbano e ambiental no Brasil, perda da qualidade de vida do brasileiro, especulação imobiliária e tragédias ambientais. 

O que isso tem tudo tem a ver? leiam na íntegra abaixo:


Tragédias ambientais e a tragédia do dia a dia no Brasil

Recentemente temos assistidos com alarde casos de tragédias ocasionadas por chuvas fora da normalidade que vitimou algumas milhares de pessoas no Brasil. Estes episódios, que são discutidos como resultados nas mudanças climáticas globais, atingiram cidades do vale do Itajaí em Santa Catarina em 2008, São Luis do Paraitinga em 2009, Angra dos Reis no Reveillon de 2010, Rio de Janeiro e Niterói neste mesmo ano e a grande tragédia da Serra fluminense em Petrópolis e Teresópolis que produziu o maior número de vítimas ambientais na história do Brasil em 2011.

A causa direta destas tragédias, como já falado, é o clima que está cada vez mais quente e chuvoso. Este tipo de clima, quente e úmido, é o clima típico de boa parte do Brasil e ao longo de milhares de milhões de anos foi responsável pela elaboração do relevo do Sudeste, com seus “Mares de Morros” e solos profundos anteriormente florestados.

Não é novidade, no entanto, que as chuvas resultem em tragédias quando elas ocorrem com uma concentração acima da média. Foi o que houve no dia 18 de março de 1967 em Caraguatatuba-SP. Neste dia, uma tempestade de poucas horas despejou sobre a Serra do Mar uma quantidade de água esperada para o mês inteiro. As vertentes da Serra do Mar não suportaram o volume d´água despejando toneladas de lama e vegetação sobre a cidade, numa tragédia de proporções superiores aos eventos recentes, mas que vitimaram menos pessoas pois na época o município era menos habitado que hoje.

Tragédia Ambiental.


Quando falamos de meio ambiente temos que ter em mente que os sistemas ambientais têm uma dinâmica e uma história de evolução no tempo. As tragédias que mais assustaram os brasileiros aconteceram em paisagens dominadas pelos mares de morros e não dá para falar nas origens deste tipo de paisagem se antes comentar as idéias do geólogo Francês Henri Erhardt, que na década de 1960 elaborou a teoria da bioresistasia.

Erhardt estudou camadas geológicas no litoral de Madasgacar e notou grandes diferenças nos sedimentos, atribuindo isso à transições de climas tropicais secos para úmidos. Em climas tropicais úmidos, a tendência é que a vegetação se desenvolva em extensas florestas, as chuvas e o calor seriam responsáveis pela evolução de solos profundos e o relevo ficaria ao longo do tempo amorreado com formas mais suaves. Para este tipo de dinâmica de paisagem ele deu o nome de “biostasia”.

Já a resistasia seria o oposto. Em um clima tropical seco, a vegetação desapareceria e o solo desnudo ficaria desprotegido, favorecendo a remoção de solos, exposição das rochas e formação de planícies com o material proveniente desta erosão.

Milhares de milhões de anos da presença de uma dinâmica biostática na orla atlântica do litoral brasileiro resultaram na elaboração do chamado domínio morfoclimático dos mares de morros florestados, hoje, um domínio quase totalmente alterado com séculos de ocupação sem planejamento do espaço brasileiro.

Com a remoção da mata atlântica, passamos de uma dinâmica biostática para uma resistásica forçada. O livro “Ecodinâmica” do geógrafo Jean Tricart está todo baseado nesta mudança de energia e ele situa bem, ainda na década de 1970, os problemas ambientais que iríamos enfrentar com o desrespeito à dinâmica da natureza.

A floresta além de ajudar na evolução dos solos, ainda os protege da ação da água. A copa das árvores quebra a energia das gotas de chuva, que chegam ao solo e percolam pelos poros, alimentando os lençóis freáticos. Sem esta proteção, a gota da chuva chega diretamente ao solo com alta energia, desorganizando a estrutura superficial deste solo que perde a impermeabilidade e favorece o escoamento superficial, causando enchentes nos rios que recebem mais água que o normal, além de sedimentos, que pioram ainda mais a capacidade de drenagem dos cursos d´água cada vez mais sobrecarregados.

Este fenômeno não ocorre somente em áreas desmatadas. Em áreas reflorestadas com Pinus e Eucalipto elas também são comuns, uma vez que estas árvores têm um porte arbóreo muito elevado e suas folhas não barram a energia da água, pois tem um formato alongado. Uma gota de água que cai da copa de um Eucalipto adulto tem o mesmo efeito de uma gota que cai do céu sem a proteção do dossel de uma floresta. Não é de se estranhar que muitos destes acidentes ocorreram em locais que além de terem um relevo acidentado, tinham também enormes eucaliptais, como no vale do Itajaí, São Luis do Paraitinga e na Serra da Mantiqueira.

A mudança no clima, mais o mau uso do solo são responsáveis por fenômenos de deslizamento de massas, enchentes e fluxos de lama.

Tragédia do dia a dia
Mais do que apontar as causas diretas para as recentes tragédias no Brasil, precisamos ter em mente as relações humanas que levaram estas tragédias a chegar à dimensão digna de uma tragédia.

Nos últimos 50 anos, o Brasil passou por um forte processo de industrialização seguido de uma forte e rápida urbanização. Se até 1950 o Brasil era um país rural, hoje, com 83,75% da população vivendo em cidades, vivemos outra realidade, uma realidade de cidades gigantes!

O rápido êxodo do campo para as cidades, a falta de um planejamento e de infraestrutura levou o Brasil a um tipo de urbanização espontânea conhecido mundialmente com o nome de favela. Hoje, as favelas estão presentes em todas as regiões metropolitanas e de acordo com a ONU, ali vive 26,4% da população brasileira.

As favelas se caracterizam pela ocupação rápida e sem planejamento de terrenos ociosos pela população. O que provoca estas ocupações, no entanto, não é a renda baixa, mas sim o déficit habitacional seguida pela especulação imobiliária e a concentração de emprego nas áreas centrais das cidades. Desta forma, é mais fácil ocupar terrenos ociosos como encostas e fundos de vale do que conseguir financiamento de uma casa própria.

As ocupações da população de baixa renda são as mais prejudicadas pelos problemas ambientais, pois são as que tem as estruturas mais precárias, como por exemplo a ausência de rede de esgoto, o que leva a construção de fossas onde é despejado substâncias saponáceas que floculam as argilas e desestabilizam encostas.

Nos casos recentes das tragédias ambientais, condomínios de luxo e casas de alto padrão também foram afetados, mostrando que exceto pela diferenciação do padrão arquitetônico, muitas das construções do lado oposto da pirâmide social brasileira segue o mesmo caminho das favelas.

Estas são as tragédias do dia a dia os quais os brasileiros estão fadados a viver. A tragédia do mundo sem planejamento, onde as regras do mercado imobiliário dita a história da vida privada do brasileiro e influencia nas tragédias ambientais. Nossas cidades estão cada vez mais apinhadas, ocupando encostas, fundos de vale. Não temos mais áreas verdes e o que resta de verde no cinturão ao longo das grandes metrópoles estão ameaçados por este fenômeno de “rurbanização” que fazem condomínio de luxo viver lado a lado às grandes periferias.

Se não bastasse vivermos sem a mínima qualidade de vida urbana, a ausência de um planejamento provocado pela voracidade do mercado imobiliário de todas as classes está levando o brasileiro a conviver mais e mais com as tragédias da natureza, que as causas na verdade são mais humanas que ambientais.

Políticas para a tragédia

Além do Brasil não conseguir reverter a voracidade da especulação, não há perspectivas de melhora deste quadro. Muito se discute sobre as mudanças climáticas globais e seus efeitos para a sociedade brasileira. Equipa-se as defesas civis, cria-se alarmes para as tragédias, mas as políticas públicas, ao invés de resolver o problema, são coniventes ou senão são culpadas pelas tragédias.

Pouco se fala em planejamento local. As prefeituras têm pouco conhecimento e mão de obra para realizar um planejamento que permita um uso do solo com mitigação de impactos e muitas vezes o que vemos é o contrário disso, prefeituras sendo colaboradoras das tragédias com mudanças de planos diretores que permitem a ocupação de áreas de risco, como ocorre, por exemplo, na prefeitura de Valinhos – SP, onde está sendo discutida a ocupação da Serra dos Cocais para a construção de condomínios de luxo.

Além da ausência de políticas locais, o mau exemplo vem também da esfera federal, com a alteração do código florestal que permite ainda mais a alteração da dinâmica da natureza que provocam as tragédias.

Por todos estes motivos não podemos mais falar em tragédias ambientais isoladamente e devemos situar nosso período histórico, marcado pelo paradigma da crise ambiental, como resultado de um longo processo que ainda está longe de terminar e enquanto houver chuva de verão, haverá mais uma tragédia: A tragédia brasileira.

4 de dezembro de 2011

Curso básico de escalada e GPS em São Paulo



Você que sempre sonhou em superar desafios, calibrar sua energia com a natureza e conhecer profundamente as belezas do mundo, então certamente seu sonho é escalar montanhas.

A escalada não é só um esporte, além do apelo competitivo, esta atividade presente na humanidade há tanto tempo, deixa aflorar muitos outros significados e motivações. Aventura, liberdade, contemplação... Estes são apenas alguns dos sentimentos que a escalada emana.

Começar, no entanto, não é fácil. Escalar pode ser difícil tanto física, quanto psicologicamente.

Para melhor formar escaladores, o AltaMontanha.com e o ginásio 90 graus de São Paulo se unem para divulgar um curso de escalada completo e rápido para quem está começando na atividade e quer aprender com objetividade. O curso abrange conceitos básicos da escalada em rocha, técnicas de ascensão e descenso, técnicas básicas de auto-resgate, bem como o manuseio e manutenção dos equipamentos utilizados e ética.

O curso terá carga horária de 16 horas, sendo 8 teóricas e 8 práticas. As aulas teóricas serão ministradas na Rua do Cursino em São Paulo e as práticas em Pedra Bela, 120 Km de São Paulo SP.

Dias do curso:

13 e 15 de Dezembro: aula Teórica na Rua do Cursino em São Paulo
17 de Dezembro: aula prática em Pedra Bela

Instrutores:
Os instrutores deste curso, além de serem amigos e parceiros de escalada, praticam montanhismo e escalada há diversos anos com experiência no Brasil e exterior. Todos tem grande conhecimento na área técnica da escalada com destaque especial para procedimentos de segurança. Além disso todos estão 'na ativa', atualizados com as novidades da área e se aprimorando a cada dia.

Tacio Philip, 33 anos. Fotógrafo e empresário. Com mais de 10 anos de experiência em escalada em rocha e montanhismo escalou em diversos estados do Brasil e exterior, com destaque para região de São Bento do Sapucaí, Pedralva, Salinas, Rio de Janeiro, 'Aguja de la S' em El Chalten na Patagônia Argentina etc, sempre com preferência para o estilo de escalada tradicional. Ainda possui no currículo cursos como 'Resgate em Montanha' pelo Cosmo e 'Avançado de escalada' com Eliseu Frechou entre outros.

Também é montanhista tendo escalado um grande número de montanhas do Brasil, com foco principal na Serra da Mantiqueira e algumas no exterior (Bolívia e Peru). Também realizou diversas travessias e expedições para montanhas pouco exploradas.

Mais informações no site www.tacio.com.br.

Pedro Hauck, 29 anos. Geógrafo e montanhista. Foi diretor de escalada da Federação Paranaense de Montanhismo e também do Clube Paranaense de Montanhismo, onde ministrou diversos cursos de escalada. É colunista e editor do Site AltaMontanha.com, um dos principais meio de comunicação do montanhismo em língua portuguesa.

Já participou de uma dezena de expedições à montanhas andinas, tendo alcançado cume em cerca de 30 montanhas de altitude. Possui ampla experiência em escalada em rocha no Brasil, já tendo escalado em diversos Estados, desde O Rio Grande do Sul até o Nordeste.

Mais informações no site www.pedrohauck.net.

Victor Carvalho, 27 anos. Oficial do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. É instrutor no Clube Alpino Paulista de Escalada Avançada em Rocha. Possui Curso de Escalada em Gelo e Deslocamento em Glaciares, pela “Andes Ascenciones” (Argentina).


Pelo Brasil já escalou diversas vias na Pedra do Baú, Dedo de Deus, Agulha do Diabo, Pedralva etc. Já escalou diversas vias no Rio de Janeiro e Minas Gerais, em locais como: Pão de Açúcar, Corcovado, Pedra da Gávea, Urca, Babilônia, Parque dos Três Picos, Serra do Cipó, Andradas, região de Itajubá, entre outros locais.

No exterior, realizou escaladas técnicas na região de El Chaltén, patagônia argentina. Já realizou diversas travessias de montanha no Brasil e exterior, como a Travessia Marins-Itaguaré, Petrópolis-Teresópolis e Serra Fina. Fora do país realizou a trilha Inca (Peru), além de caminhadas diversas em Torres Del Paine (Patagônia chilena), Parque Nacional los Glaciares, Parque Nacional Tierra Del Fuego e Cerro Tronador, na patagônia argentina.

Mais informações no site www.victorcarv.blogspot.com.

Investimento:
3 parcelas de R$ 165,00 ou 10% de desconto para pagamento a vista.
Incluso no curso instrução personalizada, equipamentos de segurança certificados e em excelente estado de conservação e material didático.

Não está incluso alimetação e deslocamento até a sala de aula e local da aula prática, sendo organizada entre os instrutores e alunos no decorrer do curso.

É desejável que o aluno tenha sapatilha de escalada, caso tenha dúvida entre em contato! Veja mais detalhes do curso.
Inscrições abertas pela página de contato.
 
Curso de GPS

Além do curso básico de escalada, no dia 18 de Dezembro será realizado o Curso de Navegação com GPS Garmin recomendado pelo site Rumos: Navegação em montanhas!

Este curso, ministrado pelo geógrafo e montanhismo Pedro Hauck, é focado para usuários de GPS de navegação que utilizam o aparelho em atividades outdoor, como montanhismo, corrida de aventura, canyonismo, parapente, caiaque entre outros.

O curso abragerá todos os principais conceitos de GPS, seu funcionamento e os principais programas para edição e tratamento de dados para GPS (veja mais detalhes).

O curso de Navegação com GPS Garmin tem o custo de R$ 250,00.

Inscrições abertas pela página de contato.

11 de novembro de 2011

Novo apoio: Hard Adventure!

Tenho uma novidade para compartilhar. Desde a semana passada conto com o apoio da Hard Adventure, nova fabricante de roupas esportivas para o meio de aventura.

Fiquei muito contente com esta parceria, primeiro por que eu já estava parecendo um "climbing bum" com minhas roupas antigas, de tão velhas e surradas que estavam e segundo por poder fazer parte de uma equipe de atletas que a marca apoia, a qual inclui nomes como Davi Marski, Arthur Estevez e Daniel Casas.

A partir de agora, vc´s verão eu surrar as roupas da Hard, que prometer ter vindo para o mercado brasileiro para oferecer equipamentos de qualidade. Já estou testando a calça Hard Elastic, calça Pro Mountain com cordura (ver revisão do Davi Marski) e as camisetas Bamboo e a com Ions de Prata (que eu fiquei 10 dias usando e não fedeu!).

O legal da Hard é que ela é uma marca que mais do que se identifica com o montanhismo, ela é formado por montanhistas. O proprietário da marca, Thiago Fernandes, começou a fazer montanha bem cedo e com 17 anos já foi sozinho pra Patagônia escalar no Frey. Em sua fábrica em Hortolândia, interior de São Paulo, ele me mostrou não só a linha de produção, mas contou sua história, que é muito parecida com a minha, pelo menos no quesito da busca por aventura e depois estudos.

Agradeço ao Thiago pela confiança. Agora é colocar as roupas em uso!

Eu e Thiago na fabrica da Hard em Hortolândia SP


7 de novembro de 2011

Com amigos

Junto com a Camila Reis, Rafael Marzall, Camila Armas e Rodolfo "Rodox", estive colocando os "amigos" em ação neste final de semana no setor 3 de São Luis do Purunã, que está ficando movimentado com os preparativos e a divulgação do I Festival de Escalada Tradicional do Paraná.

Parabéns ao Elcio, Alessandro, Andrey e a galera que está promovendo o local e o festival (que promete!), mas que não poderei participar por um compromisso com outro amigo (não dos que usei neste fds). (ver link do festival: http://altamontanha.com/colunas.asp?newsID=3116)

Além dos amigos, comecei a testar as roupas da Hard Adventure, nova marca de montanha que também promete equipos de qualidade. Já estou usando e testando a nova calça com cordura "Pro Mountain" e a camiseta com tecnologia de ions de prata, que com 9 dias de uso, não fedeu! (calma, já está no cesto indo pra maquina de lavar...)

Vejam as fotos:

Eu e o setor 3

 Quantos amigos, olha a cara de felicidade do Rafa!

Rafa na segue e eu na Variante Brasilia

Rafa vindo de segundo na Brasilia

 Rafael na Madre Teresa e o meu pé

Travessia da Coringa pra Batman

Robin

Amigos...

nem tão amigo...

Fel da Terra

Entrando no diedrinho da Fel...

... tenso!

Varejo

 Cami

Rodox e Camila


4 de novembro de 2011

Vote nas Cataratas do Iguaçu

... mas não se esqueçam de limpar o rio que pode se tornar uma das maravilhas do mundo.

Hoje de manhã, o Waldemar Niclevicz, que é o montanhista brasileiro com mais experiência em altitude no país e uma das maiores referência no esporte, se juntou a diversas pessoas que defendem que as Cataratas do Iguaçu seja votada como uma das maravilhas do mundo.

O feito do Waldemar é notável. Chamar atenção do público para que esta verdadeira maravilha do mundo se transforme numa maravilha oficial é muito boa para o Brasil e para a Argentina, países que dividem as cachoeiras. É ainda mais pra nós paranaenses, pois o rio Iguaçu nasce em nossa Serra do Mar e atravessa todos os planaltos do Estado até chegar no rio Paraná. As águas deste rio fazem um caminho enorme até encontrar o mar, no estuário da Prata, entre a Argentina e Uruguai, sendo que sua nascente fica apenas 15 km do litoral!

Apóio totalmente a iniciativa do Waldemar, que além de ser uma inspiração, é um colega de montanha com quem eu já dividi corda na montanha. Foi ele que me apresentou algumas das mais belas vias do Marumbi, cordão montanhoso onde nascem alguns rios que drenam para o Alto Iguaçu.
 
Aqueles rios de águas cristalinas que descem as encostas da Serra do Marumbi e Baitaca formam o rio Iguaçu e logo no começo ele atravessa a região metropolitana de Curitiba. Coitado! A capital ecológica tem seu lado feio e este é o lado do rio Iguaçu: Suas margens já foram totalmente destruidas, sem mata ciliar, o rio é constantemente assoreado, o que não é ruim para as cavas de areia, que durante décadas serviram os paranaenses de areia para suas construções, ecológicas ou não...

O rio tão bonito, que serve o povo da RMC de água, torna-se indesejável quando cruza a cidade. Sua margem é tão desvalorizada que ninguém quer morar lá perto e o local se transformou no maior bolsão de pobreza do Estado, onde milhares de familias, sem ter onde morar, construiram precárias moradias em uma situação de risco.

Depois de cruzar a capital, o rio morto vai ganhando vida novamente. Ele corta a escarpa entre o primeiro e segundo planalto e depois entre o segundo e o terceiro, mostrando que é mais antigo que o relevo do estado! Entranto na região dos basaltos, ele vai se encaixando nas fraturas e falhas existentes nesta rocha até a região próxima à sua foz, onde há um desnivel abrupto ocasionado pela diferença de resistencia entre um e outro tipo de basalto. Ali, o rio está enxaixado numa falha, que é o canyon do rio Iguaçu, na fronteira entre o Brasil e a Argentina. O resultado é o espetáculo das Cataratas do Iguaçu, espetáculo que ainda recebe um adicional. Você sabia que lá concentra o maior número de vias de escalada do Oeste do Paraná?

Eu já votei nas Cataratas como maravilha do mundo, entretanto gostaria de votar na idéia de devolver ao rio toda sua maravilha perdida.


Fotos do Rio Iguaçu:

 Vista da represa do Caiguava (rio Piraquara, afluente do Iguaçu), desde montanha na Serra do Marumbi.

Represa e a RMC vista da Serra do Mar.

 Rio Iguaçu na divisa Curitiba x São José dos Pinhais (foto André Bonacin)

 Várzea do rio Iguaçu (foto André Bonacin)

Bolsão de pobreza da vila Audi. (foto André Bonacin)

Ponte sobre rio Iguaçu em Araucária (foto Jeffersonsds)

 Cachoeira do Iguaçu em Balsa Nova PR. (Foto Luiz H. Bassetti)

Cachoeira em Porto Amazonas PR. Logo abaixo deste trecho o rio é navegável. (foto osnyloezer)

 Draga perto de Porto Amazonas (foto mamá)

 Barco em São Mateus do Sul PR (foto Luiz H. Bassetti)

 Porto União - SC. divida com União da Vitória pelo Iguaçu (foto patricschurhaus)

 Rio Iguaçu-Cruz Machado-Paraná (foto rodr_prsznhuk)

 UHE Foz de Areia no rio Iguaçu. (foto Agriconte)

 Usina Salto Segredo (foto Dirceu Gan)

 Ponte da BR 373 sobre o Iguaçu (foto Loivinho A.M.França)

 Salto Santiago na vazante (foto solarsteel)

 Salto Santiago na cheia (foto cjdilger)

UHE Salto Caxias (foto Loivinho A.M.França)

  Margem do Iguaçu onde é e onde não é o Parque Nacional do Iguaçu em Capanema PR. (foto Száller Zoltán)

 E enfim, as famosas Cataratas!

 Canyon do Iguaçu

 Escalando no canyon

 Escalando no canyon 

Canyon!

1 de novembro de 2011

Destruição na Serra da Prata

No dia 11 de Março de 2011 houve um episódio de fortes chuvas que assolaram o litoral e a serra do Mar paranaense, ocasionando muitas enchentes, quedas de barreiras e destruição. A região mais afetada foi a Serra da Prata, cordão montanhoso que se eleva mais de 1500 metros desde o nível do mar entre as cidades de Matinhos, Guaratuba, Morretes e Paranaguá.

Chuvas muito fortes, com grande volume de água com alto poder destrutivo são fenômenos não muito normais, mas que ocorrem com uma freqüência episódica. Eventos como este não são exclusivos da atualidade, sendo que o pior desastre por chuvas no Brasil aconteceu no dia 21 de Março de 1967 na cidade de Caraguatatuba-SP.

Infelizmente nos últimos 3 anos vários episódios como este aconteceram no Brasil, a começar pela tragédia do vale do Itajaí (SC) em 2008, passando pelas tragédias de 2010 no Rio de Janeiro, Niterói, Angra dos Reis, São Luis do Paraitinga e enfim litoral do Paraná em 2011.

Como estive em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis no meio do ano, pude ver os estragos ocasionados na Serra fluminense que superou o número de mortos da tragédia de Caraguatatuba. Na Serra do mar paranaense, no entanto, pude perceber que a força destrutiva foi maior que no Estado do Rio de Janeiro, porém houve apenas uma morte, pois a região é menos habitada.

Em uma saída de campo realizada em meados de Outubro com o Prof. Eduardo Salamuni da UFPR e do doutorando em geologia Edenilson Nascimento, pude ver a força destrutiva das águas no vale do rio Jacareí na Serra da Prata. Observei como as águas conseguiram carregar blocos do tamanho de uma geladeira e deslocar blocos maiores que um ônibus! As fotos abaixo são prova da força da água e um alerta e uma sugestão:

Apesar de houver apenas uma vítima fatal, a região nunca mais deverá ser habitada. Sugiro que seja aproveitada esta necessidade para que a área do Parque Nacional Saint Hilaire Lange seja ampliada, garantindo mais áreas de preservação, que deverão permanecer intocadas e também fazendo justiça social, pois a idenização com a ampliação do parque é a única maneira das famílias que moram na região ter algum retorno por suas propriedades destruídas que não tem mais nenhum valor de mercado.



 Visão do alto vale do Jacareí, onde havia um pequeno riacho.

 O pequeno riacho em 3 minutos se tornou um mega rio que destruiu tudo o que havia pelo caminho.

 O rio escavou se leito, deixando exposto muitos blocos rochosos. Muitos foram carregados pela água, aumentando a destruição.

 Salamuni serve como escala para percebemos o tamanho de um bloco transportado pela água.

 A foto acima mostra um bloco do tamanho de um micro ônibus que foi transportado. A prova é a presença de madeira esmagada em sua base. Abaixo uma foto mais ampla do bloco. Notem o tamanho da rocha!


 Um bloco que foi transportado apresenta sua prova: Diveras lacas foram quebradas quando se chocaram com outros blocos

 Blocos que foram transportados, veja a quantidade de lacas destruidas pelo choque.

 Preste atenção no grande bloco do centro da foto. Ele teve seu topo "decaptado" pela força de outros blcos que vieram da montante. Alguns não conseguiram transpo-lo se acumularam junto com arvores.

 Notem a quantidade de riscos na parte de trás deste enorme bloco. Vejam como há riscos na parte alta dele, mostrando que rochas pequenas, do tamanho de uma televisão, sofreram tubilhonamento com a agua e arranharam sua parte superior.

 Bloco que foi quebrado no choque como outras rochas.

 Enorme bloco transportado se encontra no topo de outro boulder

 Em muitos locais a água exumou rochas que estavam abaixo do solo e também destruiu parte deles.

Onde antes havia um pequeno riacho, agora há uma grande cicatriz!