Blog do Pedro Hauck: agosto 2014

31 de agosto de 2014

Escalando o Chearoco

:: Leia a parte anterior a este relato

Não dormi bem à noite devido à ansiedade de estar fechando este ciclo de três montanhas tão desafiadoras e misteriosa, fechar um ciclo que durante anos eu sonhei e que estava prestes a realizar. Evidentemente havia o medo de falhar e pensar em ter que voltar a Bolívia para fazer esta montanha de novo com o jipe, era algo a se temer, pois hoje é dia é muito complicado dirigir por aqui por conta da política.

Assim, o despertador acabou tocando antes mesmo de eu achar que estava preparado para o ritual de ataque ao cume. Mesmo assim, meio sem achar que estava preparado, executei todos os procedimentos e as 4:30 da manhã começamos a caminhada.

O tramo inicial parecia com o do Chaupi Orko. Novamente tivemos que escalar uma parede de barro congelado com clastos de seixos e calhaus não muito agradável que foram depositados por uma antiga geleira que ali esteve. O bom desta vez é que pelo menos o tramo foi curto, no entanto a escalada continuou, desta vez num granito que havia na crista mais acima. Executamos trechos de 4 grau de escalada em rocha, novamente com bota dupla e mochila nas costas, no entanto este esforço valeu a pena e ganhamos 300 metros com bastante rapidez, para começar a escalar no gelo logo que os primeiros raios de sol iluminaram o horizonte.

Tivemos que fazer uma pequena travessia num colo preenchido por neve em pó que como em todas as outras montanhas, afundava até o joelho. Esta foi nossa aproximação até o começo da crista, que tinha uma inclinação aproximada de 65 graus no começo. De longe avistávamos uma superfície peluda nesta crista e quando chegamos neste local demos conta que eram pequenos penitentes emergindo de uma superfície de gelo verglass, que é gelo duro de congelamento, fiquei frustrado, pois todas as montanhas técnicas que escalei tinha gelo ruim e nesta não dói diferente.

_ Andes tá foda! Afirmava Maximo. _ Nunca vou escalar gelo de qualidade por aqui. Desabafava meu parceiro que ao contrário de mim, já escalou gelo bom em outras cordilheiras.

Como não havia alternativa, prosseguimos com nossos parcos equipamentos técnicos, já que por falta de informação, não havíamos levado ferramentas apropriadas para aquele terreno. Eu, por exemplo, tinha uma piqueta martelo técnica e uma piolet de travessia ultra leve da Kong que peguei emprestado do Hilton Benke, que é uma ferramenta boa para travessia em glaciar, mas não para escalada em gelo. O Maximo por sua vez, esqueceu de afiar os crampons que arredondados não se prendia ao gelo duro da montanha.

E assim, subindo como dava, superamos esta crista mais inclinada de gelo ruim e chegamos num local menos íngreme de gelo glaciar, onde se podia ficar em pé e progredir também rapidamente.

Atravessamos algumas gretas e ganhando bastante altura vertical chegamos na mãe de todas as gretas, que circulava toda a crista. Encontramos um local onde a greta era mais angosta e conseguimos superar esta adversidade, dando direto numa outra parte inclinada da crista. Parecia perto e ficou ainda mais quando chegamos ao fim deste tramo e a nossa esquerda se erguia um cimo.

Fizemos uma travessia bastante exposta pela crista que levava a este cimo, num local que era o topo de uma cornija e subimos este topo, onde percebemos que se tratava de um falso cume. Após a descida deste cume, chegamos a um colo que era mais amigável, onde pudemos beber chá e respirar aliviados. Lá combinamos que no cume verdadeiro não iríamos fazer muitas fotos e nem depositar as cinzas de nosso amigo Parofes devido à fragilidade e periculosidade do terreno. Foi o que fizemos.

Galgamos os metros finais do cume verdadeiro do Chearoko com rapidez, chegando a seu cimo que era extremamente afiado e pequeno. O tempo estava bom, ainda bem, mas devido a instabilidade do cume mal pudemos comemorar, como prevíamos.

A volta não foi menos tensa, pois mais difícil que escalar é desescalar uma rota técnica. Como estava com o crampon mais afiado, eu descia o Max de baldinho dos trechos de verglass e desescalava o tramo, o que não foi nem um pouco tranquilo. No entanto, ao longo destes anos de montanha, aprendi a manter a calma e ser menos ansioso em momentos difíceis. Como diz um ditado argentino: “Com paciência e muita saliva, um elefante comeu uma formiga”.  Assim, duas formiguinhas venceu um gigante de pedra e gelo.

Chegar de volta ao colo a 5300 metros foi um alívio. Só ali pude deixar as cinzas de nosso amigo Parofes serem levados pelo vento. Levados pela gravidade, fomos deslizante geleira abaixo, descendo onde pudemos até mesmo de ski bunda.

Assim, cansados, porém realizados, chegamos de volta ao lago quando os últimos raios de sol iluminavam o horizonte.

No dia seguinte ainda tivemos que desbravar um caminho novo, descendo pelo vale de Jallpa e fazendo uma travessia até o vale do Kelluani onde estava nosso jipe, no total 13 km de caminhadas.

Descobrimos na descida que uma mineradora está construindo uma estrada no vale de Jallpa, o que irá facilitar bastante o acesso ao Chearoko, se eles deixarem os montanhistas passarem por lá. Se não, o caminho deverá ser este que seguimos nestes 5 dias de exploração nestas montanhas misteriosas. Falei misteriosas? Agora não são mais...

Continua...

Maximo no começo do primeiro paredão pela manhã

Subindo o primeiro paredão.

Por cima, a inclinação da parede.

Continuidade da crista.

Trecho menos íngreme.

Chegando na grande greta.

Chegando no local de travessia da grande greta.

Inicio da crista.
Travessia no falso cume.

Colo e o cume verdadeiro.

Maximo no cume.

Vista para o resto da cordilheira Real.

Nós dois no cume do Chearoko.

Parofito na base!
Continua...

30 de agosto de 2014

Acercando-se do Chearoko

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Mesmo vizinho ao Chachacomani, o acampamento base das duas montanhas não é o mesmo. O Chearoko fica ao norte da outra montanha, porém, a face Sul do Chearoko atualmente não está dando acesso a seu cume, pois formou-se ali uma enorme greta que impede a escalada por esta rota.

Para falar verdade só notei este detalhe depois que escalei a montanha. O Chearoko tem vários cumes enfileirados, todos formando barbatanas como o do Chachacomani, mas ainda mais íngreme e afiado.

Por muita sorte, a interpretação das imagens do Google Earth que o Maximo fez foi muito boa e ele desenhou uma rota por uma crista na face Oeste da montanha que leva diretamente ao cume mais elevado e ao mesmo tempo não tinha tantas gretas (sorte!). No entanto, o acesso a esta crista se fazia por um vale mais ao norte do vale em que estávamos, o vale de Jallpa.

Para chegar à este vale, tivemos que fazer uma travessia cruzando um glacial e um passo recoberto por material sedimentar de morainas.

Por sorte este passo não foi tão complicado. Tivemos sim que atravessar a geleira, onde ainda bem haviam poucas gretas ocultas. Depois subimos o passo pelo moraina lateral de outra geleira acessória, onde ela se apresentava mais gretada, para chegar em seu topo onde estava mais estável e repetir o processo na vertente oposta deste passo, indo cair diretamente em um grande lago que não sabemos o nome.

Este lago é formado pelo derretimento de uma cascata de gelo que desce da face oeste do Chearoko, onde todos os dias há avalanches. Ele tem cor esbranquiçada típica de água de degelo.

Caminhamos pelas orilhas deste lago, onde havia um grande depósito de rochas graníticas empilhadas. Fomos tomando cuidado com as rochas soltas e assim chegamos em um excelente local para acampamento localizado a 5050 metros de altitude, de certa forma baixo, tendo em vista que as duas ultimas montanhas em que havíamos escalado anteriormente tinham uma distância vertical do acampamento ao cume de 850 metros. Em se tratando de montanhas na porção oriental dos Andes, onde prevalecem montanhas mais escarpadas formadas por cavalgamentos de placas, sabia que era uma distância desafiadora, mas depois de tanta caminhada e escalada valeria a pena arriscar, confiando em nossa boa aclimatação.

Continua...

Começo da travessia na geleira.

Geleira no passo.

Que legal, um sinal humano!

Primeira vista pro lago.

Descendo pro lago, não muito confortável.

Chegando ao local do acampamento, no paraíso.

Geleira do Chearoko chegando no lago.

Campo base no Chearoko montado.

28 de agosto de 2014

Chachacomani, a montanha escondida da Bolívia

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Descansamos e nos hidratamos como diz o protocolo, mas diferente deste, acordamos tarde, pois aparentemente estávamos perto do cume. De 5200 até 6078 é pouca coisa para um ataque. Desta maneira, quinze pras seis da manhã parecia que ia sobrar tempo.

Mesmo sem a visibilidade, na madrugada, não tivemos dificuldade em encontrar o caminho em meio a um deposito de moraina lateral e assim ganhar altura até onde começa o gelo na montanha, no local onde instalamos os crampons nas botas e começamos a deslizar pelo gelo bom.

Nossa sorte, no entanto não durou muito e o gelo bom foi substituído por um gelo recoberto por uma camada de neve em pó que começou a afundar na altura da canela, passou pela altura do joelho e terminou na cintura em alguns casos. 

O desespero pela péssima qualidade da neve só não desanimou, pois eu via a aproximação do cume e achava que não duraria aquele pesadelo. No entanto foi só chegar ao topo de uma loma para perceber que aquele cume que eu estava observando não era do Chachacomani, mas sim do Kelluani, uma montanha acessória muito mais baixa. Desta loma pude observar o Chachacomani pela primeira, distante cerca de 4 quilômetros em linha reta dali, mas na real muito mais, pois deveríamos circunferenciar todo um circo glaciar onde havia uma grande quantidade de neve ruim, abrindo caminho na persistência e afundando eventualmente até a cintura.

Acho que ando com meu psicológico muito bem. Pelo menos nestas escaladas pessoais eu não tenho o compromisso de fazer algo, faço por que quero e assim eu coloco em minha cabeça que ir ao cume é apenas não desistir. Assim, mesmo com dificuldades devido a neve ruim, fomos Maximo e eu se alternando na pesada tarefa de abrir caminho. Na minha vez eu tentava acertar um ritmo e ir. Assim, sem olhar muito para o objetivo final, fomos progredindo e pudemos superar aquele terreno tão penoso para ganhar altura numa crista que ia em direção ao cume da montanha.

Já com neve boa novamente, fomos ganhando altura da crista e aos poucos o cume foi se desenhando. Era uma barbatana elevada sobre uma ombreira com falsos cumes. Esta barbatana, a que assim denominei não poderia ter outra descrição, devido seu formato afiado e circulado por vertentes abruptas e ainda em sua base ter uma grande e letal greta, a qual saltamos sem grandes dificuldades.

E foi galgando esta barbatana de tubarão que chegamos ao seu afiado cume, onde em um pé em cada vertente, pude dominar e literalmente galgar o cume da montanha. 

Assim acaba o mistério do Chachacomani, uma montanha que apenas outros dois brasileiros haviam escalado, o Waldemar Niclevicz e o Bruno Versiani, em esquemas e rota diferente da nossa.

O Chachacomani foi fácil tecnicamente, mas as condições e a grande distância do campo base (cerca de 8 km) fazem desta montanha um pico de grande dificuldade física e obriga experiência e resistência do escalar.

Continua...

Vista para o Chearoko na subida ao acampamento alto do Chachacomani.

Chegando na lagoa onde montamos no acampamento alto.

Nosso acampamento alto com o Chearoko ao fundo.

A bela lagoa a 5200 metros no campo alto do Chachacomani.

Nascer do sol durante ataque ao cume.
Primeiros passos no glaciar.


Abrindo caminho na neve no circo glaciar entre o Kelluani e o Chachacomani.

Primeira vista para o Chachacomani e caminho sem nenhuma pegada.

Maximo afundando até a canela.

Ainda distante no objetivo.

Um resumo do que foi a ascensão: Afundar na neve.

Começo da subida da crista.

Superando a greta e o começo da subida da barbatana do cume.

Max no cume.

Eu chegando no topo e imitando a logo do GenteDeMontanha.

Cavalgando no cume.

Homenagem ao Parofes no cume.

27 de agosto de 2014

A caminho do Chachacomani e Chearoco, as montanhas misteriosas da Bolívia


O Chachacomani e Chearoco certamente não são as montanhas mais conhecidas pelo leigo. Também não são parte do curriculum de montanhas da maioria dos escaladores. Estes dois gigantes de mais de 6 mil metros são montanhas desconhecidas até mesmo para os bolivianos.

Elas ficam muito próximas uma da outra, no setor norte da Cordilheira Real, numa região onde o Ancohuma, outro 6 mil grande, se destaca na paisagem. Estas duas montanhas, vistas da região do lago Titikaka não parecem ser tão grandes como realmente são e talvez por isso não são tão famosas.

O Chearoko, que é o pico mais difícil e mais alto, com 6104 metros (oficiais), foi escalado pela primeira vez em 1928. Já o Chachacomani, que tem 6078 e é mais fácil, foi escalado pela primeira vez em 47 pelo lado leste, que é mais longo. Por lá também há um certo problema de acesso, pois as comunidades indígenas do lado leste não gostam muito de estrangeiros e até mesmo de boliviano não locais. Antes de nós, nenhum brasileiro havia escaldo o Chearoko e o Chachacomani só havia sido escaldo pelo Waldemar Niclevicz e Bruno Versiani.

Apesar de haver agencias que levam clientes nestas montanhas, é quase impossível conseguir alguma informação sobre elas. Os livros de escalada da Bolívia têm informações muito simplórias, meio que apenas fala que elas existem e que a gente procure por agencias locais para chegar lá. Os guias bolivianos, por sua vez, não são muito de dar informações. Um pouco antes de embarcar nesta roubada, eu acabei tendo que comprar uma bota sucata de um guia boliviano (até lixo se vende por aqui) para poder arrumar a minha bota arruinada e mesmo tendo que pagar caro numa sucata (boliviano é bom de negócio), o tal guia que me vendeu me sonegou informação...

Por tudo isso e mais um pouco, o Chearoko e Chachacomani sempre foram mim montanhas misteriosas, sem informações de como chegar nelas, de como são suas rotas e até mesmo se o acesso seria pelo lado Leste ou Oeste da cordilheira.

Apelando novamente à interpretação das imagens do Google Earth, o Maximo desenhou um acesso à estas montanhas que foi confirmado pelo guia José Carlos da agência Climbing Bolivia (se o cara é honesto eu falo o nome). Assim, pudemos saber por onde começar a escalada e começar a desvendar o mistério destes dois 6 mil pouco famosos.

Na volta de nossa escalada no Chaupi Orko, na Cordilheira de Apolobamba (bem depois da terra de bem bem distante), nem voltamos a La Paz para descansar, fomos diretamente aonde nossas informações dizia para irmos e assim fomos parar na cidade de Peñas, onde vive um padre que de acordo com nossas fontes poderia nos ajudar em revelar o mistério.

O Padre Antonio veio da Itália há muitos anos e antes de morar na Bolívia morava na cordilheira Blanca no Peru. Ele tem até um livro publicado sobre o Huascarán e vivendo na paróquia de Peñas ele não somente conhece as montanhas da região como também abriu diversas vias de escalada em rocha na cidade. Ele nos recebeu com muita humildade e mostrou os mapas da região, que divergia um pouco do caminho georreferenciado pelo Maximo.

Respeitando a experiência do Padre, decidimos seguir o seu caminho e fomos parar numa escola infantil no pueblo de Kelluani, que julgamos ser mais longe que o caminho georreferenciado pelo Max. Resultado, decidimos parar de seguir a indicação dos outros e passamos a acreditar em nosso senso de interpretação de imagens. Acabamos chegando bem mais perto da montanha.

Em nosso caminho, subimos um morro grande e depois acabamos indo parar mais alto no vale do rio Kelluani, ao lado de uma fazenda estilo inca onde vivia o baqueano Félix e o Santos, que diferente dos desconfiados índios da região, percebeu que ganharia mais guiando trekkers e montanhistas na região.

Deixamos nosso jipe estacionado no final da trilha 4x4 e ali começamos nossa jornada rumo as duas montanhas misteriosas seguindo nosso estilo de sempre: Carregando tudo nas costas, sem depender de ninguém, totalmente independentes seguindo nosso próprio planejamento e sem seguir a informação de ninguém, apenas confiando em nossa experiência em achar caminhos e interpretá-los.

Começando a caminhar tarde, depois das duas devido aos encontros e desencontros, fomos ganhando altura pelo vale do Kelluani, nos atrapalhando vez ou outra com a vegetação campestre bastante encharcada de água que vez ou outra ganhava as ladeiras laterais do vale. _ De onde vem tanta água? Reclamava Maximo sobre esta vegetação de banhado.

Evidentemente não havia trilha por ali, mas existiam caminhos de animais, estes sim que se deliciavam com o pasto e água abundante. Achávamos que estávamos num local selvagem, mas na verdade esta é apenas uma sensação, já que mesmo pouco frequentado por humanos, estes vales são colonizados pelos índios há milhares de anos. Na Bolívia, por mais remoto que você esteja, você nunca está num local selvagem. Sempre brota um índio no meio do nada e ali não foi diferente, vimos cholas levando animais a pastar e outros índios guiando um grupo de trekking.

Percorremos os 9 km do carro até a laguna Kelluani no final do vale em poucas horas, mas decidimos acampar ao lado daquele acidente geográfico devido a hora avançada e o cansaço. Escolhemos como sitio de nossa barraca uma praia arenosa ao lado do lago, que se congelou durante a noite, afinal estávamos a quase 5 mil metros.

No dia seguinte acordamos tarde e começamos a caminhar tardiamente, afinal já vínhamos de outra escalada. Mesmo assim nosso destino não era tão distante, outro lago, desta vez menor e mais alto no topo de um planalto de rochas graníticas a 5200 metros, onde em tese estaríamos perto do Chachacomani e com vista privilegiada do Chearoko. Nossa sorte, no entanto, estava mudando. No caminho até este acampamento, Maximo resbalou numa pedra solta e bateu forte seu já machucado joelho. A dor o incomodava, mas ele não queria desistir tão fácil.

Continua...

Ruta 1 indo de Escoma a Peñas

Chegando ao fim da trilha 4x4

Local onde deixamos o carro a 4700 metros de altitude.

Casinhas incaicas no caminho.

Chearoko, na esquerda e Chachacomani na direita.
De camiseta a caminho das montanhas.

Maximo observando os nevados.

Muitos animais no caminho.

Outros picos no caminho.

Lago Kelluani no final do caminho.

Lago Kelluani.
A caminho do campo alto.