O dia amanheceu de maneira espetacular em nosso acampamento base a 4250 metros de altitude. Sem vento e um sol sereno que nos aqueceu na medida e deixou o azul das lagoas ainda mais celeste. No entanto, infelizmente, Max teve uma noite de cão, com dor nas costas e torcicolo. Acabou que ele decidiu por ficar um pouco mais no acampamento e eu e a Suzie fomos sozinhos ao cume do vulcão 5335.
Cruzamos uma crista de rocha vulcânica enegrecida e entramos num vale circulado pelo topo por rochas bem íngremes. Neste momento Suzie já estava à minha frente e tive que gritar para ela ir para o lugar certo.
Vencendo este vale saímos numa planalto que era a base da crista que usamos para ascender o vulcão. O terreno no começo era bom, e a Suzie ganhou ainda mais distancia de mim. Fui atrás num ritmo mais lento e viajando em meus pensamentos.
Uma hora depois que sai, liguei o rádio para falar com o Maximo, que ainda não havia saído do acampamento. Estávamos todos separados.
O terreno que era bom dá lugar a uma vertente com muitas rochas soltas do tamanho de seixos e cada passo para cima significa escorregar um pouco para baixo, num tipo de terreno que na Argentina se chama “Acarreo”. Suzie, por sua vez foi mais para o lado e montou numa crista rochosa que deu acesso ao falso cume.
Já eu decidi continuar pelo acarreo, realizando uma travessia diagonal por baixo do falso cume e assim chegar no ponto mais alto da montanha, onde Suzie me esperava. Ela fez cume em 3 horas somente! Ela estava sentada em frente a uma pilha de pedras, o que demonstra novamente que não fomos os primeiros a chegar lá. Mas quem seria?
Novamente nenhuma sinal de algum elemento moderno, uma santinha, um caderno de cume, uma placa com homenagem, cruz, nada! Só havia a pilha de pedras que poderia ser sim uma apacheta incaica. Dado que a mesma é agora somente uma pilha de pedras, pode ser que tenha 500 anos.
Aproveitei para registrar o cume, tirar fotos de todas as montanhas ao lado. Diversas delas 5 mil sem nomes e sem registros, e outras não, como o Tridente, que faz fronteira com a Argentina e o Doña Ines. Fora eles pudemos ver o Cerro Condor, Cerro Colorados, Cerro Vallecitos e o Sierra Nevada, simplesmente as montanhas de 6 mil metros mais remotas dos Andes e as últimas nesta altitude a serem escaladas. Respectivamente em 2003, 2006 e 2006 e a última somente em Dezembro de 2014!
Sim, estamos no meio do nada!
Ps. Após escalarmos descobrimos que este vulcão se chamada Lagunas Bravas e tinha pelo menos 2 ascensões. Uma realizada por um Clube Andino Horizonte e outro por Alvaro Rojas Rivera.
:: Continua
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Acampamento ao lado de dois 5 mil sem nomes perto da laguna Brava, Chile. |
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Acampamento pela manhã e a montanha de 5335 mts ao fundo. |
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Parte da laguna Brava e outras montanhas de 5 mil metros sem nome. |
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Rochas vulcânicas. |
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Inicio da subida do vulcão |
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Vista do acampamento a distância. Nossas pegadas são as únicas. |
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Primeira plataforma rochosa |
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Vista para o Vulcão do planalto. |
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Vertente do vulcão e a laguna Brava |
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Suzie no cume |
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No cume |
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Uma montanha de 5 mil sem nome. |
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Sierra Nevada ao fundo. |
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Laguna Brava Norte, direita o Cerro Tridente e ao Fundo Cerro Colorados (esq) e Vallecitos (dir). |
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Dois vulcões sem nome. |
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Com Parofito. |