Tive uma excelente noite no lodge da floresta de Ginepros. Meu mapa está com os nomes errados e acho que a trilha também. Nele eu deveria estar em Tashing Ongma, mas não era esse o nome do local.
Após um ótimo café da manhã com omelete e pão tibetano, começo a caminhada pelo prazeroso bosque. O preço do jantar com café e hospedagem, 30 dinheiros verdes...
Dinheiro é algo que começa a me preocupar. Você pede água, custa. Pede chá, custa. A comida é mais cara que em Kathmandu e sempre tem imprevistos.
A trilha vai descendo sinuosamente. A beleza dos raios solares atravessando os pinheiros pela manhã é indescritível. Decido então fazer várias filmagens, o que toma um tempo. Porém minha câmera não filma e meu celular está com defeito. Ele não focaliza direito. Perdi muitas imagens bonitas. Ficarão gravadas somente na minha memória.
Enfim a trilha chega no leito do rio Hakhun Khola. Seu vale, no entanto, é bastante irregular. Ao invés de caminhar em seu leito, somos obrigados a andar numa encosta cheia de sobe e desce que termina exatamente na vila de Khote, onde chegamos exatamente duas horas depois de sair.
A vila de Khote é um bela vila Sherpa. Suas casas são de pedra com portas e janelas bem ornamentadas em madeira. Há lodges, restaurantes e vendas. Uma pena termos chegado tão cedo. Pois dá vontade de ficar.
Tendu, no entanto pára numa birosca e mostra meus documentos. Não disse que aqui é cheio de surpresas? Ali é um posto do Parque Nacional de Barun e eu como estrangeiro tenho que pagar 3400 rupias para passar, 34 doletas!
Dali pra frente a trilha é totalmente pelo leito do rio. Porém é um leito pedregoso, o que não é agradável. Mesmo assim dá pra andar bem mais rápido e assim vamos subindo o vale.
Em um certo momento avisto uma casa, chegando perto vejo 3 militares sentados ao redor de uma mesa com seus fuzis. Ele me cumprimentam quando passo. São 11 horas, uma boa hora para comer.
Peço macarrão frito com legumes, meu parto preferido na trilha, pois é barato, grande e bem energético. Os sherpas fritam o macarrão com os legumes numa frigideira e adicionam um molho levemente picante que fica delicioso. O preço para minha refeição e de Tendu: 900 rupias. Quase 10 doletas. Tô falando que esse negócio de dinheiro tá me deixando preocupado...
No almoço a mulher que nos serviu diz que estamos perto de Thangnak, o local que iríamos dormir. Porém as duas horas que nos separava de lá parecia tão pouco que pensei em subir mais 2 horas até Dig Kharka. Tendu não gostou da idéia, vamos ver.
Caminhamos menos de 40 minutos e já enxergo algumas construções. Seria lá Thangnak? Tengdu não andava ali havia 3 anos e não soube me dizer. Nos aproximamos e quando vejo são construções inacabadas e um templo entalhado num rochedo, muito parecido ao famoso templo do Butão, mas bem menor.
Continuamos a caminhada, um grupo de carregadores nos acompanha de perto. Nuvens fecham o céu e já não consigo ver o Tangtsé, uma montanha piramidal que marcava o horizonte do vale o tempo todo.
Logo casinhas aparecem no horizonte e enfim entramos em Thangnak apenas às 13:30 da tarde. A vila não é tão charmosa como Khote, mas tem até um comércio e muitos lodges onde vejo gringos.
Chego até a discutir com Tendu para prosseguirmos, mas ele acha melhor ficar, pois se em Dig Kharka não tiver lugar, chegaríamos tarde em Khare. Decido acatar a decisão dele, contrariado.
Vendo pelo lado bom, o lodge em Thangnak é confortável, tem Internet por 5 doletas, o que tentarei mais tarde. Tem banho quente, o que não tentarei. Ficar a tarde aqui pode ser bom para eu descansar bem e chegar tranquilo em Khare na hora do almoço do dia seguinte.
Porém não deixo de ficar inquieto, pois não sei a previsão do tempo. Não conheci meu climbing Sherpa e sem isso não consigo tecer minhas estratégias de ascensão.
Agora estou muito perto de minha primeira montanha do Himalaia. Espero que o tempo e minha falta de dinheiro colabore.
Primeiro sol da manhã invade o lodge em Tashing Ongma |
Primeira vista para o Mera Peak |
Belo bosque de Ginepro |
Vila de Khare |
Entrada do Parque Nacional de Barun |
Vista para o Tangtsé ou Kyashar |
Local onde almoçamos |
Vila de Tangnak |