Blog do Pedro Hauck: O caminho de Lobuche

1 de maio de 2017

O caminho de Lobuche

Saímos enfileirados de Dingboche e após vencer um breve passo, uma planície se espraia, permitindo que andássemos em grupo conversando.

Até aí a maldição do Monge não recaiu sobre a cabeça do Bruno e nem do japonês.

Todos caminham num bom ritmo até que a trilha se afina novamente. Lá paro e noto a bela paisagem que o Cholatse, uma montanha de 6 mil metros domina.

Cruzamos um rio e facilmente chegamos no local de nosso almoço: Dougla.

Fizemos uma ótima refeição. Todos descontraídos batem papo e se hidratam tomando suco quente, uma especiaria culinária local. Mas noto que Maximo demora para chegar. Infelizmente alguns clientes não estavam se aclimatando bem e por isso andavam bem lento. Seria a dividida com bota a culpada?

Como já estávamos há muito tempo esperando,  parto na frente com alguns sherpas e clientes e logo de cara enfrentamos uma grande subida, disputando espaço com yaks, dzopkios e carregadores.
A subida é longa, porém cadenciada. Com ritmo conseguimos vence-la e no topo percebemos que estávamos num memorial aos mortos do Everest.

Havia uma grande stupa, cheia de bandeiras de oração. Também haviam muitos totens simbolizando um morto na montanha. Pude ver o totem de Scot Fischer e de outros falecidos famosos, como Babu Sherpa, até hoje o homem que mais vez esteve no topo do mundo.

Sem perder tempo, ergui mãos dois totens no local, um em homenagem ao Parofes e outro ao Davi Marski.

Mesmo que eles não tenham morrido no Himalaia,  eles eram  mais montanhistas que muita gente ali.
Os totens de meus falecidos amigos foi bastante diversificado. Havia filito, milonito, gnaiss e anfibolito.  Só ali percebi que estava em uma moraina lateral. Que é o depósito da geleira do Khumbu, que desce direto do Everest. Daí toda essa variedade de rochas.

Dali não precisou muito tempo para enfim chegamos a Lobuche, um vilarejo que fica na base de uma montanha de nome homônimo, onde a Karina Oliani e Marcelo nos esperava. Eles haviam subido lá no dia de nosso descanso para agilizar a aclimatação para acenderem o Everest depois.

Após uma pausa para chá e de deixarmos as mochilas e duffels no quarto do lodge, fui dar uma volta com o Andrei, Jaime e Cláudio. Subimos a moraina e de lá tivemos uma linda visão para o Pumori, Lingtren e Nuptse. Na volta encontramos a Ilana toda encolhida numa pedra, protegida do vento admirando a mesma paisagem.

Estas montanhas fecham o vale do Khumbu. Dali não tem para onde ir senão subir a cachoeira de gelo do khumbu e escalar a montanha mais alta do mundo.

Tobuche (esquerda) e Cholatse, direita
Dzopikios
Pumori no fundo do vale e Nuptse na direita
Dougla e Pumori

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