Deixamos Lobuche bem cedo rumo à Gorak Shep. Apenas uma pessoa do grande grupo não conseguiu ir adiante e teve que descer a Pheriche. Tiago de Brasília não conseguiu se aclimatar e um sherpa o levou até aquela vila onde ele poderia melhorar, uma vez que lá um hospital que é centro de referência em altitude.
O resto do grupo continuou firme e parte alcançou Gorak Shep em apenas uma hora e meia. Este vilarejo é um complexo de lodges que é o último ponto antes do acampamento base, que fica em cima do gelo e por isso não tem como ter construções permanentes.
Com os mais rápidos, entrei em nosso lodge e agilizei uma refeição. Agrupei 15 pessoas que no final deu 19 e partimos rumo ao EBC.
O caminho é praticamente uma caminhada em moraina, ou seja em pilhas de pedras que foram levadas pela geleira no passado.
Por conta disso, o terreno é bastante irregular e o passo fica mais lento.
No topo da moraina, após cerca de 1 hora de caminhada, consegui ver o Everest pela primeira vez. Despontava por trás do Nuptse sua inconfundível pirâmide negra.
Pouco depois, enfim, descemos até o glaciar do Khumbu e chegamos na entrada do acampamento, onde havia um chortén cheio de bandeiras de oração e cheio de gente também.
Saí um pouco da muvuca e fui admirar o local do topo de uma colina. Nós trekkers não temos permissão para ir muito além deste ponto. Me contentei a admirar a paisagem somente.
Parecia surreal estar ali. Um local que desde criança eu lia a respeito. Porém, como montanhista, não tem como não dizer que é um tanto quanto decepcionante não poder ir além, chegar na base da cachoeira de gelo, ver o Lhotse e tentar subir a montanha mais alta do mundo.
Apesar da massificação do Everest, ela não deixa de ser uma montanha que atrai montanhistas. Porém o alto custo das expedições limita quem tem condições financeiras para tal. Como há muitos trekkers e curiosos, ficaria também complicado se todos tivessem acesso.
Volto a nosso lodge feliz de pelo menos ter chego à base da montanha mais famosa do mundo. Ainda mais de ter levado muito gente para aquele lugar mágico e mais ainda sabendo que essa expedição fez a diferença para muitos sherpas do povoado de Pattle, que agora tem escola para suas crianças.