Blog do Pedro Hauck: Sajama

28 de julho de 2007

Sajama


Depois de voltar do Parinacota, descansei um dia e na segunda 23 voltei para outra montanha, o Sajama, a mais alta de toda a Bolívia.

Novamente infligi a tradição "gentedemontanha" e fui para a montanha com mulas. Entretanto tive que voltar no dia seguinte para Vila Sajama, pois para economizar "peso" na mochila, eu peguei uma barraca pequena do Marcio que se transformou num transtorno, e assim voltei continuarmos a ascensão com uma maior.

O tempo havia melhorado muito, os ventos haviam acalmado e o céu estava azul, sem nuvens.Toda a facilidade de acesso ao acampamento base do Sajama é inversamente proporcional à dificuldade de acesso ao acampamento avançado. Do base ao avançado são cerca de 1400 metros de desnível, tendo que andar em um terreno pedregoso o qual você dá dois passos e desce um. Infligindo totalmente as tradição (que vergonha!) um porteador carregou minha mochila até o próximo acampamento.

Estávamos com o cume na mão, era uma combinação de fatores que nos deixava extremamente à vontade: Estávamos descansados, o tempo estava bom e o cume ficava apenas 800 metros verticais de nosso acampamento.

Como montanhismo é uma caixinha de surpresas, no dia seguinte quando saímos para fazer ataque ao cume, fez muito frio e ao contrário do que parecia, a rota normal estava exaustivamente difícil de ser escalada devido ao derretimento do gelo que esculpiu da mesma forma que o Parinacota um mar de penitentes.

Ao regressar ao acampamento, a calmaria dos ventos tinha acabado e nossa chance de ir ao cume também, pelo menos pelos próximos dias... Por isso acabamos descendo.

Foi um tanto quanto sofrível caminhar com aqueles ventos, pois no Sajama havia uma poeira muito fina no chão e nosso corpo ficou empanado depois de algum tempo. Havia uns 10 dias que eu não tomava banho com toda a poeira que acumulou em meu corpo, meu estado estava deplorável.

Foi triste para mim perder a chance de escalar o Sajama. Há muito tempo tinha vontade de escalá-la. Mas acho que minha sina mesmo é ser um "gentedemontanha". Pela primeira vez na minha vida fui escalar num "estilo gringo", e não deu certo.

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Caminhada de aproximação ao acampamento base do Sajama com estranhas formações vegetais chamadas de Yareta.



Nosso acampamento base e a vista para o Sajama.



Aproximação a acampamento avançado, caminho muito difícil.



Nossa barraca à 5666 metros no acampamento avançado.



Marcio no dia de ataque ao cume.



Um dos trechos cheios de penintentes no caminho para o cume.



Sombra do Sajama sobre o altiplano ao amanhecer.

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