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O Cerro Mercedário se situa na mesma região geográfica do Aconcagua, que é chamada de “Andes Centrais”. Por isso as características da montanha são muito parecidas com o ilustre vizinho do Sul. Dentre estas características está o fato de que são montanhas formadas pelo cavalgamento de placas e que seus acessos de se dão pela penetração de vales, daí a necessidade de fazer aproximações à pé.
Apesar da longa pernada para chegar até o acampamento de onde sai para fazer cume, esta caminhada lenta e pesada montanha acima pode ajudar no processo de aclimatação, que é fazer com que o corpo de adapte às condições de baixa pressão e falta de oxigênio de altitudes elevadas.
O carro chega somente a 3600 metros em Laguna Blanca, onde passamos a primeira noite ao lado de uma casa em ruínas que as pessoas usam como refugio. A partir dali a rota segue pelo vale do rio Guanaquitos por uma antiga estrada mineira intrafegável, até que tomamos outro vale tributário que sobe a montanha por um lugar mais suave. Na junção entre estes dois rios fica o acampamento 1, Guanaquitos, 3900 mts.
Nosso primeiro dia na montanha foi bem leve. Começamos a caminhar após farto café da manhã.
Carregávamos pouco peso, pois no começo contávamos com o apoio de Negro Villaroel, nosso arriero que carregou a maior parte da carga nas mulas. Assim, não demoramos em chegar em Guanaquitos e montar nosso primeiro acampamento.
Como chegamos lá cedo, aproveitamos para subir mais o vale e apreciar a face Oeste do Mercedário e tentar encontrar o “Arroyo turquesa” um rio que nasce do degelo de um glaciar e tem uma cor clara como a água do caribe. Eis que no retorno de nossa caminhada, Maximo percebeu que faltava um bidão com combustível para fogareiro. Procuramos freneticamente, mas não encontramos. Havíamos esquecido o importante combustível! Sem titubear, peguei a mochila e o rádio e desci até o refúgio, procurando o galão. Tive certeza que ele não estava lá e acabei pegando o jipe e retornando a Barreal, onde cheguei por volta das 10 noite e encontrei o dito cujo na pousada.
Passei mais uma noite na cidade e retornei ao amanhecer. Por sorte uma moto niveladora havia passado e liberado o barro da estrada. Assim foi mais fácil retornar ao acampamento a tempo de arrumar a mochila e partir para o acampamento superior. Desta vez com combustível. Este episódio apenas mostrou como numa montanha um pequeno detalhe pode estragar uma expedição inteira. Ainda bem pudemos corrigir o problema antes de ele ocasionar algo mais grave.
Após carregar as mulas e preparar as mochilas, iniciamos nossa caminhada pelo vale do Rio Blanco acima. O começo deste vale é muito bonito, com muito verde e bastante vida selvagem. Num momento até conseguimos avistar um condor. Como o Mercedário é muito menos frequentado que o Aconcagua, lá é possível ver também Guanacos, raposas e coelhos.
No entanto, este verde não dura muito e uma centena de metros para cima já começa a imperar a paisagem periglacial, com muitas rochas soltas e antigos depósitos de geleiras que derreteram.
Acabamos por finalizar nossa caminhada diária estabelecendo acampamento num local chamado de Cuesta Blanca, a 4300 metros de altitude, que é até onde as mulas chegam. Passamos 3 noites ali. A primeira logo após chegarmos, a segunda após um dia de descanso e a terceira após um dia de porteio, que é o ato de carregar equipamentos a um local mais alto e voltar a dormir baixo. Uma estratégia bastante conhecida da aclimatação: Carrega alto e dorme baixo.
No quarto dia começamos a subir até Pirca de Incas. Este é um itinerário curto, mas com uma dificuldade inicial grande: Vencer a Cuesta Blanca! Esta é uma pronunciada vertente cheia de zig zags que os carregadores detestam. Para variar, fui junto com o Maximo e o Edu carregado de comida, panelas e barracas. Mesmo assim foi uma tirada sem problemas. Estabelecemos o acampamento em Pirca de Incas de maneira bastante confortável, até porque há uma boa fonte de água de degelo neste local, que tem este nome por abrigar ruínas de escaladores pré colombianos.
Novamente repetimos a estratégia da movida anterior. Descansa um dia, porteia outra e sobre no terceiro. Assim estabelecemos o acampamento mais alto do Mercedário, chamado de La Hoyada, 5600 metros.
Este acampamento fica na base de uma grande geleira, num local plano onde costuma nevar bastante. Estabelecemos um acampamento seguro e ainda descansamos um dia antes de atacar, aprimorando a aclimatação. Com a gente estava um alemão solitário e um casal com um argentino e uma francesa. Todos ficaram ligados na previsão de tempo do telefone satelital do Maximo e decidimos atacar o cume num mesmo dia.
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O grupo inteiro: Edu Tonetti, Maurão, Edinho, Rose, Ana Licia, Paulão e Maximo. |
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Aproximação a Guanaquitos |
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Aproximação ao campo base e o Mercedário atrás. |
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Rose e Ana Licia |
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Maurão |
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Edu Tonetti |
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Paulão |
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As mulas do Negro Villaroel |
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Vale do rio Blanco e o Mercedário ao fundo. |
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Acampamento Guanaquitos |
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Arroio Turquesa. |
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Glaciar Caballitos. |
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Acampamento Guanaquitos. |
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Anda mula anda... |
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Caminho de Cuesta Blanca |
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Caminho de Cuesta Blanca |
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Acampamento Cuesta Blanca |
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Pessoal no acampamento Cuesta Blanca. |
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Café da Manhã vip. |
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Edinho, pra girar pratinhos. |
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Indo pra Pirca de Incas. |
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Indo pra Pirca de Incas. |
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Glaciar em Pirca de Incas |
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Anoitecer na montanha |
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Rose mostra madeira inca queimada. |
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O grupo indo para La Hoyada |
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Acampamento La Hoyada |
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Pôr do sol em La Hoyada. |