Blog do Pedro Hauck: Natal nevado no Nevado Del Cachi

26 de dezembro de 2012

Natal nevado no Nevado Del Cachi

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A sierra nevada de Cachi é um cordão montanhoso com diversos cumes e três montanhas de 6 mil metros, sendo que o Cume Libertador San Martin é o mais alto de todos. Estas montanhas são diferentes das demais da Provincia de Salta, pois enquanto as outras (de seis mil) são coesões que despontam ao meio do altiplano da Puna, a Sierra de Cachi é um sistema montanhoso não vulcânico, formado por dobras e falhas de rochas que se elevaram até estas grandes alturas, que é um bloqueio natural que barra a pouca umidade do ar do Chaco e dá condições para que nesta região haja alguma vegetação.

Da mesma forma que estas montanhas são distintas em suas formas, ela é distinta em sua escalada. Enquanto nas montanhas da Puna o acesso é facilitado pelo relevo aplainado, aqui ele é mais complicado, com aproximação feita à pé e um desnível topográfico maior (3 mil metros).

Nosso primeiro dia na montanha foi uma caminhada de 14 km, entre o local onde deixamos a Andina, há 3300 metros e nosso primeiro acampamento, a 4750, num local chamado de “Isla de Piedra”. A caminhada foi tranquila, sem grandes problemas, apesar do desnível e a distância, fizemos o percurso em 7 horas.

No caminho pudemos perceber como esta região é especial. A montanha é belíssima, com muita vida selvagem. Vimos em quantidade diversos Condores planando pelo céu (sim, condores imperiais, com colarinho branco e crista vermelha na cabeça, impressionante!), bandos de Guanacos e Vizcachas.

No dia seguinte caminhamos os 5 km restantes para o anfiteatro Khun, um acampamento localizado há 5250 m e circulado por montanhas. Ali seria nosso acampamento mais avançado. Neste dia, pegamos um tempo bom pela manhã e como está ocorrendo aqui todos os dias, pegamos uma nevágua no fim da tarde.

À noite, quando já estávamos nos retirando para dormir, ocorreu uma grande tormenta elétrica e se desarmou uma enorme tempestade que precipitou mais de 5 cm de neve no acampamento, deixando a paisagem toda branca.

Ficamos preocupados, pois nosso plano era acordar cedo para atacar o cume. À 1 da madrugada despertamos para nosso ataque, mas havia muita nuvem ainda. Esperamos até as 2 horas, quando algumas estrelas apareceram e o Waldemar achou que valeria a pena fazer o ataque.

Saímos da barraca às 3 da madrugada, caminhando rápido em direção à uma grande parede de rochas soltas que dá acesso à um mundo totalmente diferente do vale, o mundo da altitude.

O Waldemar foi achando o caminho no meio dos “acarreos” e em 1 hora e meia chegamos ao topo do anfiteatro. Dali em diante eu fui na frente navegando às cegas (por conta da escuridão) com o GPS e o tracklog que o Maximo nos forneceu.

Foi neste momento que o dia clareou e pudemos ver a Sierra de Cachi inteira nevada, uma paisagem que até os locais devem ter visto poucas vezes na vida. O visual era maravilhoso, a neve da tormenta do dia anterior havia deixado todos os cumes brancos e a montanha mais “montanha”.

Abrindo caminho na neve, costeamos o cume do monte Hoygaard e chegamos numa grande crista, cheia de pequenos cumes, que liga aquele monte ao cume Libertador San Martin, looooge dali.

Sem desanimar e perder tempo, fomos buscando os melhores locais para chegar ao San Martin, subindo e descendo diversos topinhos, que foram muito cansativos, dado que tal crista fica a mais de 6 mil metros de altitude. Calculo que caminhamos 5 km acima desta altitude.

Cada vez que a gente chegava em um destes topinhos, percebíamos que haviam mais e mais topinhos. Para piorar, a maior subida era a final, que dava acesso ao cume do Libertador.

Chegamos no cume por volta das 10:45 e lá encontramos a caixa com o livro, onde a ultima assinatura era de nosso amigo Maximo Kausch, que sozinho passou por ali para fazer uma travessia incluindo outras 2 montanhas. Encontramos um busto do General San Martin, e uma cruz marcando o cume. Comemoramos bastante!

Apesar de rápidos, nos cansamos bastante na ascensão. O próprio Waldemar disse que não esperava tanto desta montanha. Não foi uma ascensão técnica, mas foi bastante difícil em termos físicos, principalmente por conta da nevasca.

Na descida eu fiquei pra trás, mas às 15: 30 já estávamos de volta ao acampamento, onde a Sílvia nos esperava. Foram 13 km de caminhada ida e volta.

Esta montanha foi bem especial, não se trata de um cume fácil e acessível, como foi o Tuzgle. Esta foi uma escalada muito bela e desafiadora e acho que mandamos muito bem, fazendo este cume apenas 8 dias depois de quando saímos de Curitiba.

Sem dúvida foi um grande presente de natal. Tanto eu quanto o Waldemar fomos bons meninos neste ano e ganhar este cume de presente (no dia 24 de Dezembro) foi uma compensação.


 Estrada em Las Pailas, acesso ao Nevado Cachi

 A Andina com o Nevado Cachi ao fundo.

 Comeco da Caminhada em Las Pailas

 Mochila cheia de equipos na aproximacao

 Subindo para o primeiro acampamento.

 Silvia e Waldemar na trilha

 Jantar do primeiro dia.

 Mocó onde dormi na primeira noite.

 Primeiro acampamento a 4700 mts de altitude.

 Mochila com tudo.

 Vista do vale para cima, onde ja aparece no centro da imagem o Nevado Hoygaard

 Acampamento a 5250 mts com o tempo comecando a piorar.

 Grande nevasca na vespera do ataque ao cume.

 O amanhecer durante o ataque ao cume.


 Nevado del Quemado todo branco de neve ao fundo.

 Waldemar costeando o Hoygaard

Waldemar abrindo caminho.
 Eu apontando para onde é o cume do Libertador San Martin

 Muita neve no caminho, cena rara.


 Trilha que abrimos na neve.


 Rumo ao esporao final.

 Tem ateh cornija nesta neve!

 Cume!!!

 Cume!!!

Vista para o Quemado ao norte.

 Eu no cume

San Martin é corinthiano!!!


Waldemar Niclevicz e eu no cume da montanha! 

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::Veja o tracklog do Nevado Cachi no Rumos: Navegação em Montanhas!

Um comentário:

Miriam Chaudon disse...

Estou de olho na linda viagem!