Sabe quando a gente está fazendo algo que sempre acha que pode fazer melhor, mesmo sabendo que fazendo isso vai ter muito trabalho e dor de cabeça? Bom, este sou eu...
Se não bastasse todo o trabalho que já tive em minha pesquisa, sempre acho que falta mais um campo e mais uma amostra pra caracterizar aquilo que quero demonstrar. Pensando nisso, hoje fui parar na crista do Ferraria.
A crista do Ferraria é um esporão que desce do cume da dita montanha até o vale do rio Cotia em cerca de 1100 metros de desnivel. Ela aparenta ser uma antiga superfície escalonada em direção ao mar, dando impressão que a montanha caiu para leste, hipótese que está sendo aventada pelo amigo Edenilson Nascimento em sua tese de doutorado. Talvez as Apatitas possam me contar uma história bacana...
Pensando nisso e acompanhado pela Ana Paula Wanke e Jeremy Paul Benkendorf (caramba só nome alemão!), fui fazer o que eu acho que será minha ultima coleta de rocha em trilha na Serra do Mar. Uma trilha, diga-se de passagem maravilhosa e que ajudei abrir há 2 anos atrás com o convite do amigo Jamil, que se foi desta dimensão e deixou esta preciosidade como legado ao montanhismo.
Saímos antes do sol nascer de Curitiba, e apenas começamos a caminhar às 9 da manhã, para chegar na base do grande degrau cerca das duas da tarde, local que escolhi para coletar minha amostra. Pra variar, o granito estava bastante lixiviado, com uma casca de "choquito" de quartzo que é ruim para coleta.
Procurando bem, achei um bloco com umas fraturas, onde poderia obter uma amostras. Tal bloco ficava ao lado de um precipício de uns 600 metros de altura. Mirei a talhadeira na fratura e comecei a bater, até que um pedaço enorme do bloco, com uns 300 kg se soltou e quase me levou junto. A Ana estava do lado e não acreditou. O bloco rolou ribanceira abaixo e demorou cerca de 1 minuto até os estrondos da batida que ele fazia na encosta cessar. Que queda!
Fiquei muito bravo por perder tanta rocha sã no meio de tanta rocha podre e redonda, mas logo encontrei uma outra fratura e consegui tirar uma lasca com granito puro dos bons!
Não desci com muito peso, apenas metade do que trouxe da ultima vez, 30 kg.
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É aqui que vamos! |
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Jeremy e Ana na parte florestal da crista. |
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Jeremy e ana chegando na parte campestre da crista |
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Chegando perto do destino: base do grande degrau. |
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Vista da crista e do morro do Saci |
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Ibitirati visto da crista: Maior parede do Sul do Brasil |
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Precipicio! |
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Avistando o Caratuva e o Taipabuçu |
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O que restou do bloco que quebrei. Tudo isso aí era uma laca que caiu montanha abaixo. |
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Local de onde a laca caiu! Quase que fui junto... |