De nosso acampamento a 5080 metros observávamos o cume da montanha como se fosse muito próximo. Como o Veladero é um vulcão, ele apresenta uma subida só. Esta visão aparentemente tão simples nos deixava ressabiados, seria tão simples assim?
Despertamos um pouco antes de o sol nascer e ao terminar nosso “café da manhã” o mesmo já brilhava no horizonte, acabando com a escuridão e com ele amenizando os ventos. Partimos então rumo à “neve dos 15 minutos do Vini”.
O terreno não era íngreme e nem difícil de caminhar, composto por rochas soltas, mas não empilhadas, não havia inclinação suficiente para formar um “acarreo”. Entretanto mesmo com boa velocidade, ainda assim levamos quase 2 horas para chegar na tal neve dos 15 minutos. Dali haviam trechos um pouco mais inclinados, formando “escadas” que não apresentavam grande dificuldade pois as rochas eram bem sólidas. No entanto ali fui percebendo uma lentidão no grupo.
Surgiu também uma nova preocupação, a partir deste local pude observar uma parede amarelada perto do cume que daquele ângulo parecia um cume mais alto atrás do que parecia ser o cume verdadeiro. No entanto eu já havia visto a montanha de vários ângulos e não havia outro cume mais alto. Será que o cume que avistávamos era um ante cume e teríamos mais caminhada montanha acima?
Achamos uma passagem que saiu num ombro aplainado a 5900 metros de altitude. Já passava do meio dia e a Paula estava muito cansada. Faltava ainda 500 metros verticais. Será que daria tempo? Pelo menos o tempo atmosférico estava perfeito e tinha certeza que ficaria assim até o anoitecer. Iríamos lentos, mas continuamente.
Da ombreira começamos a subir uma face que terminava em uma crista. Ainda sem vento estava bem, mas a Paula ficava cada vez mais devagar. Paramos muitas vezes para descansar, sempre de olho no tempo.
Ganhamos altura rapidamente e logo chegamos na base da crista, onde pude constatar que a parede amarelada era parte da crista e de fato não havia outro cume atrás. A tal parede ainda nos protegeu do vento que vinha de Noroeste, momentaneamente, pois logo que deixamos este local para trás, fomos açoitados pelo vento congelante.
Dali foi apenas uma questão de tempo e paciência com as rajadas, para chegar ao topo, onde encontramos uma plataforma incaica de mais de 500 anos que nunca foi escavada ou pesquisada, apesar de ser bastante famosa entre os montanhistas.
O Veladero, apesar de ser mais baixo que o Bonete, se destaca mais na paisagem e o motivo para isso é que ele se ergue desde os 5 mil metros. É mais baixo, porém mais “proeminente”. Apesar de tanto destaque, ele foi somente escalado em 1986! Fomos os segundos brasileiros a chegar no top, isso por que há alguns anos o fotografo paulista André Dib esteve por ali e chegou no topo.
Foi a ascensão mais cansativa da viagem, mas foi para fechar a expedição com chave de ouro. Ver todas as montanhas lá de cima e ainda a ruína Inca.
Subindo o vale para chegar na base do Veladero. Desta vez com mais água devido ao degelo. |
Veladero visto desde o local onde deixamos nossa comida estocada. |
Caminhando em direção ao nosso acampamento alto. |
Neveiro onde montamos nosso acampamento base e o cume com um arco íris. |
Acampamento base na véspera do cume, Houve até uma pequena nevasca. Acima está a neve dos 15 minutos |
Vista para o cume pela manhã |
Ascensão ao Veladero. |
Greissy durante a ascensão ao cume do Veladero. |
Vini no cume. |
Paulinha chegando no cume do Veladero com o Bonete ao fundo. Foi uma subida muito desgastante! |
Comemorando nosso terceiro cume. Posso pedir musica no fantástico? |
Vista do cume do Veladero, a ruína e os picos adjacentes.