Após o curso de escalada em gelo no Huayna Potosi fomos com alguns alunos, Erick Volpini, Paulinha Kapp, Drica Faina e Maria Ulbrich até o Sajama, a montanha mais alta da Bolívia que fica perto da fronteira com o Chile na Cordilheira Ocidental, que é caracterizada por ter muito vulcões (ativos).
A viagem de van leva cerca de 6 horas de La Paz, dependendo do transito em El Alto, que é a cidade satélite periférica de La Paz, onde tudo é caótico.
O caminho é muito bonito, com paisagens interessantíssimas, com destaque para as Chullpas, que são câmaras mortuárias pré colombianas que ainda hoje tem caveiras e que ficam ao lado da estrada..
Chegamos em Villa Sajama, que faz o acesso às montanhas da região, quase à noite, passando antes em Lagunas para buscar o Vini, aluno das antigas que já fez 4 6 mil com a gente e que estava aclimatando na região para se juntar à gente.
Ficamos numa pousada simples na vila e fomos recepcionados pelo filho do dono, um indiozinho que falava enrolado e não parava de dizer "Hola, hola que tal? buenas noches, buen dia". O moleque era muito tagarela, mas não conseguimos entender o seu nome que parecia algo como Haagen Daz. Pronto, o moleque virou nome de sorvete.
Como todos estavam aclimatados, já fomos para a montanha diretamente no dia seguinte, realizando o curto e belo trekking até o acampamento base do Sajama, que diferente do trekking, não é tão legal assim. O CB do Sajama um dos acampamentos de montanha mais poeirentos que conheço, os equipamentos envelhecem ali. Passamos uma noite agradável, pois não fez vento e dormimos bem para encarar a aproximação do acampamento alto, que não é tão fácil.
Acordar, comer, desmontar barraca e arrumar mochila não é uma tarefa rápida. Apressamos os alunos e saí junto com eles enquanto o Maximo ficou para trás para desarmar acampamento. Fiquei um pouco para trás devido ao peso de minha mochila (levava comidas), e fui, ou melhor fomos ultrapassados pelo Maximo que estava muito mais pesado que eu.
Como previa, a subida da crista final e do "acarreo" antes do campo alto não foi fácil. Levamos 6 horas para realizar o percurso, e todos chegaram muito animados e com o acampamento montado.
Passamos a noite derretendo gelo, nos hidratando e comendo. O tempo estava ótimo, sem vento e não muito frio. Parecia tudo perfeito.
Despertamos por volta das 12:30 da noite e começamos o preparativos e logo começamos a subida, que se deu num ritmo lento no inicio. Infelizmente, quando chegamos no começo na "pala", a Maria teve que descer pois não se sentia bem. Acima, o Max estava fixando a corda neste trecho mais inclinado e teve um problema com um outro montanhista que achou que a corda que ele estava fixando já estava fixa e quase o derrubou.
Acabamos perdendo bastante tempo neste trecho mais técnico, pois ao invés de termos gelo glaciar, tínhamos penitentes com gelo verglass no chão que foi difícil transpôr. Chegamos cansados e um pouco adrenados no topo da pala e enfrentamos a crista rochosa, que é o trecho mais exposto.
Neste ano o caminho pela crista estava ainda mais exposto devido a queda de rochas. Com o cansaço, a madrugada e tudo mais, acabou que este trecho desgastou emocionalmente os alunos e nos cansou bastante.
Pegamos o amanhecer no começo da subida de penitentes, que estava mais derretida que o normal. Este gelo derretia durante o dia e congelava a noite no chão, formando gelo vítreo escorregadio e de dificil transposição, nos cansamos demais e logo tivemos que desistir, pois a manhã já chegara com tudo e não íamos ter energia para voltar. Chegamos a 6100, infelizmente a primeira expedição sem cume depois de 9 bem sucedidas.
Chegamos cansados no acampamento e logo descemos melhores, com a baixa na altitude, apesar de não termos chego ao topo, foi uma boa experiência e uma constatação: Esta região dos Andes está com um processo acelerado de degelo das montanhas.
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Payachatas visto de Vila Sajama. |
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Começo do trekking até o CB do Sajama. |
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A turma reunida com o Sajama atrás. |
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Parofito no Sajama |
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Campo Base à noite. |
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Campo base a noite. |
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Maria subindo para o campo alto. |
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Maximo com tudo. |
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Subinda pela crista final. |
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Descansando, paisagem desértica. |
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Barracas no campo alto. |
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Vista para o altiplano com as luzes de La Paz reluzindo a 300 km de distância. |
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Cume visto do campo alto à noite. |
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Sombra do Sajama sobre os payachatas pela manhã. |
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De volta à Vila Sajama. |