Após a longa viagem de carro até La Paz, veio a hora de fazer aquilo que me trouxe até tão longe.
Perdi a conta de quantos alunos de escalada em rocha eu já tive, mas sei que passei dos 200. Está na hora de ensinar outra modalidade do montanhismo, o montanhismo de altitude, a alta montanha, uma modalidade viciante.
O tio Maximo já está há bastante tempo na estrada ensinando brasileiros a subir as montanhas de gelo. Acredito que em pouco tempo iremos incentivar e formar mais gente nesta modalidade. Cada vez mais brasileiros despertam interesse em escalar grandes montanhas, no entanto, a alta taxa de desistência nas estatísticas do Aconcagua (os brasileiros são os que mais desistem) e até a mesmo a fama que nós temos de maneira informal entre os guias bolivianos, com quem trabalhamos muito, é uma mostra de que o brasileiro está começando errado, sem boas informações, sem bons guias e sem bons equipamentos.
É isso que começa a mudar agora. Como já conhecemos bem o publico do Brasil, desenhemos este curso de escalada em gelo focado no brasileiro que precisa de mais tempo para aclimatação e também melhores equipamentos para frio.
Esta foi a quarta turma deste curso de escalada em gelo e alta montanha. Ele começa bem antes das pessoas chegarem na Bolívia, pois vamos orientando os alunos a lerem textos, treinar e também a comprar bons equipamentos com um desconto especial que a
loja altamontanha oferece aos clientes do curso.
Quando eles aterrizam na Bolívia, acomodamos todos num confortável hotel em La Paz, onde são ministradas as aulas teóricas e onde começamos a monitorar o estado de aclimatação dos clientes junto com um médico que trabalha para nós em La Paz. Neste ano realizamos uma pesquisa sobre os efeitos do chá de coca nos alunos, que ainda será publicado.
Após estes dias iniciais de aula teórica, fazemos uma primeira experiência em caminhada em altitude no Nevado Chacaltaya, de 5400 metros de altitude em um dia. Depois de descanso e mais monitoramento, vamos para um refúgio muito confortável localizado na base do Huayna Potosi, numa altitude de 4700 metros, local que vira nossa base de treinamento que é uma geleira numa altitude de 5000 metros.
Passamos alguns dias treinando caminhada no glaciar, uso dos equipamentos, ambiente de altitude, geografia e climatologia das montanhas e é claro, escalada em gelo.
Após o treinamento chega a hora da verdade. Ascendemos até um outro refúgio a 5300 metros de altitude que fica reservado a nossa expedição e chega a hora de subir até o cume do Huayna, de 6088 metros de altitude, uma montanha que não é fácil e é onde se coloca a prova todo o conhecimento estudado.
A maioria das pessoas que fizeram este curso continuam subindo outras montanhas, com a gente ou de maneira independente. É uma grande satisfação ver os resultados.
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Nosso caminhão ônibus a caminho do Huayna Potosi. |
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Vista para o Huayna do famoso cemitério dos mineiros. |
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Curiosidades no caminho. |
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Lhamas da janela do jipe. |
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Aula a noite em frente a lareira do refúgio. |
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Nossa cozinheira caprichando no jantar! |
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Grupo caminhando até a base da geleira. |
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Subida até o cume. |
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Superando a madrugada, uma das maiores dificuldades. |
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Maria e o amanhecer na montanha. |
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Mauro e Chicão com o Illimani ao fundo. |
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Amanhecer |
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Indo pro cume |
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Galera no cume. |