O Rio Iapó nasce no primeiro planalto e logo após a cidade de Castro, ele corta a Escarpa Devoniana, que é a continuação da Serrinha de São Luis do Purunã, provocando o enorme canyon de mais de 30 Km.
A grande questão que existe na existência deste canyon: Porque o Rio Iapó escavou a escarpa, formando o canyon, para depois afluir no rio Tibagi, que deságua no Paranapanema que deságua no Paraná e vai chegar ao oceano depois de milhares de quilômetros no Estuário do Prata entre Buenos Aires e Montevideo, se sua nascente está a cerca de 100 km do oceano?
O rio não escolhe o caminho mais curto para chegar ao mar, embora o nível de base continental ser este, ele vai escavando do topo para a base de acordo com as possibilidades e o Iapó iria enfrentar a Serra do Mar, se fosse “escolher” o caminho mais curto. Como as camadas de rochas paleozóicas do segundo planalto é mais “branda” que os granitos da Serra, e já havia a herança de um paleo relevo herdado do antigo continente Godwana e, a partir do Cretácio, houve um tectonismo que continuamente foi erguendo as bordas orientais da bacia do Paraná (que também encachoeirou vários rios que correm do Leste para o Oeste), houve então a condição para que este rio, muito antigo (que se remete ao Terciário) esculpisse o canyon do Guartelá.
Na verdade esta é uma história ainda mais antiga que se remete à época da separação da América do Sul e da África, subsidência no interior do cráton do Paraná, sedimentação do grupo Bauru, pediplanação generalizada entre cretáceo e o Oligoceno, dando origem à Superficie Sulamericana, soerguimento por compensação isostática desde o da quitação da sedimentação do Grupo Bauru até a atualidade e reativação tectônica pós Mioceno pelos eventos neotectônicos dos quais houve o efeito reflexo do choque entre Placa Sul Americana e Nazca e também a rotação do continente sobre seu próprio eixo no Terciário, isso tudo sem esquecer o esvaziamento erosivo da região através da circundesnudação pós cretácica da Bacia do Paraná, legal não? Pois então eu acho e aquele relevo é um livro aberto para você estudar, basta apenas aprender a interpretar esta linguagem da natureza geomorfológica.
A tradução para o montanhista disto tudo é: Parede de arenito alta, de qualidade e com muitas fendas, tetos, agarrão e diversão garantida com acesso fácil.
No canyon do Guartelá tem muita parede da mesma rocha de Sâo Luiz do Purunã, o Arenito Furnas, que é muito antigo, bem concretado e resistente. Lá existem algumas vias, mas muito pouca diante do tamanho das paredes.
A maioria dos paredões ficam em Tibagi. Na Fazenda São Damásio, há belas exemplares delas com algumas vias. Há também vias em Castro, no front da Escarpa devoniana e no vale do Rio Iapó que perfurou seu perceé nesta escarpa.
Reunindo a qualidade e altura destas paredes, com o acesso fácil e o clima subtropical mesotérmico e a infra estrutura existente (pois lá há muitos campings etc) o local mostra ser um dos com maior potencial para vias esportivas no Estado do Paraná e se bem aproveitado, poderá dobrar o número de vias e de setores no Estado, basta gente disposta a conquistar com responsabilidade e consciência. Alguém se habilita?
Canyon do Guartelá dentro do Parque Estadual
Trilha suspensa no interior do Parque do Guartelá
Vegetação de cerrado em meio aos campo gerais. Mais tarde falo disso com precisão...
Uma das paredes do canyon.
Parede virgem no canyon e cheio de possibilidades
Base da parede
Linda fenda
Mais paredes virgens
Mais e mais
... e não pára nunca...