Blog do Pedro Hauck: Mudança de destino: Aclimatação no Nevado Famatina.

14 de setembro de 2015

Mudança de destino: Aclimatação no Nevado Famatina.

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Tivemos um noite difícil em Las Peladas, não tanto por causa da altitude de 4 mil metros, mas sim por que o refúgio é equipado com um rádio de emergência que sofria interferência o tempo todo. Foi uma tortura tentar dormir com aquele barulho, tanto que a Suzie decidiu dormir no carro. Eu até sonhei, mas no sonho estava destruindo o rádio.

Como não havia previsão de abertura do passo, pela manhã decidimos descer até Fiambalá e comprar comida normal para não gastar nosso liofilizado. Mas ao chegar na cidade vimos que a previsão não era animadora e como não seria legal ficar dentro do refúgio sem poder sair por causa do vento, acabei olhando a previsão do Nevado Famatina, localizado uns 200 km de distância dali. Lá teríamos um tempo melhor, então acabamos em cima da hora mudar de planos e rumando ao sul.

Nem deu tempo de avisar os amigos e já pegamos a estrada rumo à Província de La Rioja. O caminho estava bom, então chegamos em El Carrizal, onde começa a estradinha que sobe a montanha relativamente cedo.

Dali para cima a estrada é quase uma trilha. É bem difícil e exige experiência em direção 4x4. Por um longo tempo ela segue o leito de um rio e é bom ter cuidado. Esta estrada é da antiga mina La Mejicana, que está desativada há uns 100 anos. O local parece uma cidade fantasma. Há construções abandonadas e muitas coisas das antigas lavras. Chama atenção um teleférico de minérios de dezenas de kms que levava os minérios dali até a cidade de Chilecito e que hoje não passa de uma estrutura em ruinas.

Estive ali em 2013 com o Waldemar Niclevicz e sua esposa Silvia durante uma etapa do Projeto Mundo Andino. Infelizmente naquela oportunidade nem pudemos tentar o cume. Era inevitável lembrar daquela expedição.

Chegamos até a mina La Mejicana, onde começa a ascensão ao Famatina no pôr do sol. Sem querer eu dei ré e bati a lateral do Conway num carrinho de ferro onde era escoado os minérios e quebrei o para-choque. Fiquei muito, mas muito bravo! Depois de dirigir por aquela estrada perigosa fui bater o carro no lugar mais fácil.

Fomos dormir ouvindo o vento. A altitude de 4300 metros dificultou pegar no sono. Tive sonhos estranhos à noite. Como sempre tendo Itatiba, a cidade onde cresci, como pano de fundo.

Acordei cedo com bastante preguiça. Ventava e fazia frio. Lá fora pude ver o estrago no meu carro e notar que a paisagem continuava igual a 2013, inclusive com os adesivos do AltaMontanha e do Mundo Andino que eu e Waldemar colamos na velho construção.

Tentei inutilmente colar o para-choque do Conway, mas fazia muito frio. Desisti e com a Suzie usamos arame para prender a luz da seta, que estava pendurada. Gambiarra argentina.

E falando em Argentina, fizemos um almoço bem típico deste país. Usei a grelha portátil da Guepardo que a Maria me deu, acendi fogo na lareira da velha construção abandonada e com a brasa fiz um delicioso churrasco com Bife de Chorizo e linguiça. Aproveitamos e hidratamos com mate. Bem argentino.

Mais tarde duas caminhonetes de agencias locais chegaram com turistas e pudemos conversar um pouco. Uma das caminhonetes tinha adesivo do AltaMontanha e o guia nos explicou o caminho para o cume. Foi muito bom ouvir suas dicas, pois ia fazer o caminho mais difícil. Descobri que descendo mais há uma estrada que leva até os 5 mil metros, onde há uns contêineres que são laboratórios de uma universidade local. Não sei do que? Mas pelo menos soube que podemos montar acampamento lá.

Depois que os argentinos foram embora ficamos sozinhos de novo, ouvindo o som do vento e observando o fogo. Aclimatar é mesmo chato. Pelo menos o carro está bem estamos utilizando os dias de tempo ruim para isso. Espero poder fazer cume em breve. Por ficar esperando nesse frio e ouvindo o barulho do vento é muito “aburrido”. Por enquanto nada de Incas, apenas gauchices. 

:: Continua

A bordo do Conway

Estrada para Mina La Mejicana

Estrada para Mina La Mejicana

Estrada para Mina La Mejicana

Estrada para Mina La Mejicana

Mina La Mejicana: Ruínas.

Cagada. Detonando meu carro.

Ruínas da Mina La Mejicana

Ruínas onde dormimos 2 noites na Mina La Mejicana

Fazendo churrasco estilo argentino: Fazendo brasa com lenha e colocando ela embaixo da "Parilla"

Fazendo churrasco estilo argentino: Fazendo brasa com lenha e colocando ela embaixo da "Parilla"

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