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Tivemos um noite difícil em Las Peladas, não tanto por causa da altitude de 4 mil metros, mas sim por que o refúgio é equipado com um rádio de emergência que sofria interferência o tempo todo. Foi uma tortura tentar dormir com aquele barulho, tanto que a Suzie decidiu dormir no carro. Eu até sonhei, mas no sonho estava destruindo o rádio.
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Tivemos um noite difícil em Las Peladas, não tanto por causa da altitude de 4 mil metros, mas sim por que o refúgio é equipado com um rádio de emergência que sofria interferência o tempo todo. Foi uma tortura tentar dormir com aquele barulho, tanto que a Suzie decidiu dormir no carro. Eu até sonhei, mas no sonho estava destruindo o rádio.
Como não havia previsão de abertura do passo, pela manhã decidimos
descer até Fiambalá e comprar comida normal para não gastar nosso liofilizado.
Mas ao chegar na cidade vimos que a previsão não era animadora e como não seria
legal ficar dentro do refúgio sem poder sair por causa do vento, acabei olhando
a previsão do Nevado Famatina, localizado uns 200 km de distância dali. Lá
teríamos um tempo melhor, então acabamos em cima da hora mudar de planos e rumando
ao sul.
Nem deu tempo de avisar os amigos e já pegamos a estrada
rumo à Província de La Rioja. O caminho estava bom, então chegamos em El
Carrizal, onde começa a estradinha que sobe a montanha relativamente cedo.
Dali para cima a estrada é quase uma trilha. É bem difícil e
exige experiência em direção 4x4. Por um longo tempo ela segue o leito de um
rio e é bom ter cuidado. Esta estrada é da antiga mina La Mejicana, que está
desativada há uns 100 anos. O local parece uma cidade fantasma. Há construções
abandonadas e muitas coisas das antigas lavras. Chama atenção um teleférico de
minérios de dezenas de kms que levava os minérios dali até a cidade de
Chilecito e que hoje não passa de uma estrutura em ruinas.
Estive ali em 2013 com o Waldemar Niclevicz e sua esposa
Silvia durante uma etapa do Projeto Mundo Andino. Infelizmente naquela
oportunidade nem pudemos tentar o cume. Era inevitável lembrar daquela
expedição.
Chegamos até a mina La Mejicana, onde começa a ascensão ao
Famatina no pôr do sol. Sem querer eu dei ré e bati a lateral do Conway num
carrinho de ferro onde era escoado os minérios e quebrei o para-choque. Fiquei
muito, mas muito bravo! Depois de dirigir por aquela estrada perigosa fui bater
o carro no lugar mais fácil.
Fomos dormir ouvindo o vento. A altitude de 4300 metros
dificultou pegar no sono. Tive sonhos estranhos à noite. Como sempre tendo
Itatiba, a cidade onde cresci, como pano de fundo.
Acordei cedo com bastante preguiça. Ventava e fazia frio. Lá
fora pude ver o estrago no meu carro e notar que a paisagem continuava igual a
2013, inclusive com os adesivos do AltaMontanha e do Mundo Andino que eu e Waldemar
colamos na velho construção.
Tentei inutilmente colar o para-choque do Conway, mas fazia
muito frio. Desisti e com a Suzie usamos arame para prender a luz da seta, que
estava pendurada. Gambiarra argentina.
E falando em Argentina, fizemos um almoço bem típico deste
país. Usei a grelha portátil da Guepardo que a Maria me deu, acendi fogo na
lareira da velha construção abandonada e com a brasa fiz um delicioso churrasco
com Bife de Chorizo e linguiça. Aproveitamos e hidratamos com mate. Bem
argentino.
Mais tarde duas caminhonetes de agencias locais chegaram com
turistas e pudemos conversar um pouco. Uma das caminhonetes tinha adesivo do
AltaMontanha e o guia nos explicou o caminho para o cume. Foi muito bom ouvir
suas dicas, pois ia fazer o caminho mais difícil. Descobri que descendo mais há
uma estrada que leva até os 5 mil metros, onde há uns contêineres que são
laboratórios de uma universidade local. Não sei do que? Mas pelo menos soube
que podemos montar acampamento lá.
Depois que os argentinos foram embora ficamos sozinhos de
novo, ouvindo o som do vento e observando o fogo. Aclimatar é mesmo chato. Pelo
menos o carro está bem estamos utilizando os dias de tempo ruim para isso.
Espero poder fazer cume em breve. Por ficar esperando nesse frio e ouvindo o
barulho do vento é muito “aburrido”. Por enquanto nada de Incas, apenas
gauchices.
:: Continua
:: Continua
A bordo do Conway |
Estrada para Mina La Mejicana |
Estrada para Mina La Mejicana |
Estrada para Mina La Mejicana |
Estrada para Mina La Mejicana |
Mina La Mejicana: Ruínas. |
Cagada. Detonando meu carro. |
Ruínas da Mina La Mejicana |
Ruínas onde dormimos 2 noites na Mina La Mejicana |
Fazendo churrasco estilo argentino: Fazendo brasa com lenha e colocando ela embaixo da "Parilla" |
Fazendo churrasco estilo argentino: Fazendo brasa com lenha e colocando ela embaixo da "Parilla" |