:: Leia o relato anterior
Infelizmente o frio extremo que pegamos no Nevado Famatina fez sua vítima, o Conway, minha caminhonete 4x4. Fez tanto frio, mas tanto frio que o aditivo do radiador que estava com 60%, congelou.
Este congelamento expandiu as mangueiras e perdi o líquido de arrefecimento. Quando desci da montanha não percebi nada, pois era tarde e estava escuro. Mas no dia seguinte, quando ia da cidade de Famatina para Tinogasta, o carro perdeu potência e morreu. Quando fui ver ele estava fervendo.
Neste momento obtive a ajuda de um motoqueiro, que voltou uns 3 km e chamou um policial que estava fazendo blitz que foi me ajudar. Esperamos o carro esfriar, coloquei água no radiador e voltei para a cidade de Famatina.
Com a pressão da fervida, uma mangueira se soltou. Comprei uma braçadeira, coloquei mais água e continuei até Chilecito, que é a segunda maior cidade da província de La Rioja. Como era domingo, parei num hotel e passei o dia esperando.
Aproveitei este dia e entrei em contato com o Tito, da agencia “Salir del Crater”, quem me tinha dado as dicas na Mina La Mejicana sobre a ascensão ao Famatina. Liguei para ele e seu irmão e passei as informações sobre o vandalismo nos contêineres laboratórios. Eles ficaram bastante surpresos, também não sabiam do ocorrido. Me ajudaram dando o contato de uma boa oficina mecânica para consertar o Conway, que não tinha apenas o problema do sistema de arrefecimento, também apresentava um barulho feio quando ficava engatado em descidas.
Aproveitei este dia e entrei em contato com o Tito, da agencia “Salir del Crater”, quem me tinha dado as dicas na Mina La Mejicana sobre a ascensão ao Famatina. Liguei para ele e seu irmão e passei as informações sobre o vandalismo nos contêineres laboratórios. Eles ficaram bastante surpresos, também não sabiam do ocorrido. Me ajudaram dando o contato de uma boa oficina mecânica para consertar o Conway, que não tinha apenas o problema do sistema de arrefecimento, também apresentava um barulho feio quando ficava engatado em descidas.
No dia seguinte fui na oficina mecânica do Casiva. Fui muito bem atendido pelos irmãos que tocam o negócio e deixei o carro lá para eles acharem o problema. Mais tarde foi diagnosticado o barulho: Era a cruzeta.
Resolvemos o problema da cruzeta comprando uma paralela, que custou bem barato. Era idêntica com a da Land Rover, mas mudava a abertura de lubrificação. Sem problemas, dá pra rodar milhares de km’s sem lubrificar.
Casiva botou uma mangueira de alta pressão para descobrir aonde estava vazando liquido de arrefecimento e consertou tudo. No entanto ele mesmo me alertou que eu deveria comprar outra tampinha do radiador, pois lá vazava pressão. No entanto, como não há peças de Land Rover por aqui, fizemos uma adaptação com uma borrachinha pra ver o que acontece.
Hoje pela manhã peguei o carro para ir embora para o Chile e eis que percebo que o termômetro começou a aumentar. Paro, abro o capô e vejo fumaça saindo pela tampa e perda de liquido pelo ladrão. Foi desanimador ver esta cena.
Mas ainda estava perto da cidade e retornei para o Casiva. Usando sua internet entrei em contato com o grupo de ajuda Land Rover Latino América e de pronto me responderam. Consegui um contato em Mendoza e amanhã chega de ônibus duas tampas (por precaução).
Montanha é o pior lugar para você colocar um carro. Já estou acostumado com isso. A altitude, o frio, o calor, as subidas, pedras, buracos, tudo isso num lugar só feito para detonar seu carro. Como é a primeira viagem com o Conway, já esperava por isso. Ainda bem que são problemas pequenos. A tristeza é que Land Rover é um carro raro na América do Sul e por isso é difícil achar peças.
Já havia passado por Chilecito algumas vezes. A primeira durante aquela viagem de Corsa em 2006. Eu tinha uma outra expectativa da cidade, já que a avó do Maximo teve uma casa aqui e dizia maravilhas do local, que já foi uma estancia veranista de cordobeses.
Quando vim aqui pela primeira vez, me lembro de não ter achado um centro da cidade e ter ficado rodando em vão. Era uma cidade estranha e fiquei com raiva da siesta. Na segunda vez, com Waldemar Niclevicz, achamos o mesmo e quando eu estava aqui com o carro fervendo achei que iria ter o mesmo problema, mas encontramos um hotelzinho no centro e achando o centro ficamos melhor orientados. O centro é bonito, o resto é bem carente.
A praça central da cidade é bem bonita. Bastante arborizada e florida, é circulada de lojas, bares e restaurantes. Tem uma igreja, um tribunal, bancos e outros órgãos públicos. Me lembra a praça de Itatiba na década de 1980 quando ali era o centro de fato. Mas só a praça, pois andando poucos quarterões as casas bonitas dão lugar a casas simples, carros velhos na rua, cachorro solto e pobreza.
Passei 3 dias nesta praça, comendo e usando a internet de seus restaurantes. Olho para fora e vejo minha infância, quando ir à praça significava ver e ser visto. Vejo também meu pai mais jovem em seu Escort vermelho indo ao cartório, passando no banco e falando com as pessoas na rua.
Essas cidadezinhas argentinas me lembram minha infância e adolescência em Itatiba. Onde tudo é pequeno e não precisamos de muito mais do que aquilo que há em volta da praça. Só que pra mim a praça sempre pareceu pequeno e carente de significado. Vejo a praça de Chilecito igual à praça de Itatiba, não estou lá, estou apenas olhando de fora, como um estrangeiro que está de passagem e que seus objetivos não circulam por ali. É uma mistura de alívio e saudade ao mesmo tempo.
Atualização: Terremoto e situação do carro
Ontem à noite fui na casa do Robert, dono do restaurante que frequento na cidade e que uso o wifi. Ele se disse que me ajudaria com as coisas por aqui e quando estávamos conversando em sua cozinha à noite, de repente, umas garrafas começaram a vibrar e ele me disse:
_ Mire, um temblor!
Neste momento, suas panelas que ficam penduradas na parede começam a tremer e a luz também. Saímos no quintal e ao pisar no chão sinto ele mover e a sensação é que estou com enjoo e labirintite. O chão vibra por menos de 10 segundos e parece que estão numa onda. Ele não sacode, ele flutua.
O terremoto para e volta depois mais fraco. Fazendo que a luz se corte, mas retorne rapidamente.
Nos inteiramos pela TV e vemos que o terremoto chegou aos 7.9 graus na escala Richter. Vemos também que seu epicentro foi há 55 km da cidade chilena de Illapel, no meio já no Pacífico. O dados da intensidade do tremor, no entanto, são atualizados mais tarde para 8.3 e finalmente para 8.4 graus.
Foi o primeiro grande terremoto que vivenciei, mas fora o tremor, não aconteceu nada na cidade. Nenhuma construção foi destruída, ninguém se feriu, mas todos sentiram. Durante a madrugada houve outro, mas este nem senti.
No Chile, foi diferente, houve destruição e tsunami. Maximo estava lá, em Copiapó, no mesmo hotel que ficamos ilhados em Março deste ano durante a tempestade que inundou e destruiu a cidade. Os donos, que se tornaram nossos amigos ficaram admirados dele sempre estar lá quando algo ruim acontece.
Hoje pela manhã fui na oficina ver se conseguimos arrumar o Conway de uma vez por todas. As tampas do radiador chegaram de Mendoza, mas ao testar as mesmas, vemos que continua a fervura do motor e ele solta água pelo ladrão.
Achamos que fosse ar no sistema de arrefecimento, mas não. O congelamento lá em cima pode ter resultado em 3 problemas: 1) válvula do termostato, 2) Bomba d’água, 3) Junta do Cabeçote.
Atualização: Terremoto e situação do carro
Ontem à noite fui na casa do Robert, dono do restaurante que frequento na cidade e que uso o wifi. Ele se disse que me ajudaria com as coisas por aqui e quando estávamos conversando em sua cozinha à noite, de repente, umas garrafas começaram a vibrar e ele me disse:
_ Mire, um temblor!
Neste momento, suas panelas que ficam penduradas na parede começam a tremer e a luz também. Saímos no quintal e ao pisar no chão sinto ele mover e a sensação é que estou com enjoo e labirintite. O chão vibra por menos de 10 segundos e parece que estão numa onda. Ele não sacode, ele flutua.
O terremoto para e volta depois mais fraco. Fazendo que a luz se corte, mas retorne rapidamente.
Nos inteiramos pela TV e vemos que o terremoto chegou aos 7.9 graus na escala Richter. Vemos também que seu epicentro foi há 55 km da cidade chilena de Illapel, no meio já no Pacífico. O dados da intensidade do tremor, no entanto, são atualizados mais tarde para 8.3 e finalmente para 8.4 graus.
Foi o primeiro grande terremoto que vivenciei, mas fora o tremor, não aconteceu nada na cidade. Nenhuma construção foi destruída, ninguém se feriu, mas todos sentiram. Durante a madrugada houve outro, mas este nem senti.
No Chile, foi diferente, houve destruição e tsunami. Maximo estava lá, em Copiapó, no mesmo hotel que ficamos ilhados em Março deste ano durante a tempestade que inundou e destruiu a cidade. Os donos, que se tornaram nossos amigos ficaram admirados dele sempre estar lá quando algo ruim acontece.
Hoje pela manhã fui na oficina ver se conseguimos arrumar o Conway de uma vez por todas. As tampas do radiador chegaram de Mendoza, mas ao testar as mesmas, vemos que continua a fervura do motor e ele solta água pelo ladrão.
Achamos que fosse ar no sistema de arrefecimento, mas não. O congelamento lá em cima pode ter resultado em 3 problemas: 1) válvula do termostato, 2) Bomba d’água, 3) Junta do Cabeçote.
Conway na estrada... |
Praça de Chilecito |
Praça de Chilecito |
Praça de Chilecito |
Crise na Argentina |
Chilecito e a Serra de Famatina ao fundo |