Na Puna as distâncias não são medidas em quilômetros, mas sim em horas. De San Antonio de Los Cobres à Tolar Grande são apenas 200 km, mas é fácil perder um dia inteiro de viagem.
O motivo disso é a que as estradas de terra são poeirentas, cheias de costelas de vacas, muitas vezes estreitas. Elas atravessam salares, passos altíssimos e sobem e descem o tempo todo, saindo de 3000 a 4500 ou até 4800 metros de altitude como é a Abra Del Acay.
Também são demoradas pela beleza cênica da paisagem desértica que deixa à mostra a rocha desnuda que tanto contrasta com o céu azul da altitude. Além disso, estamos numa região muito remota, onde quase tudo é selvagem e é possível avistar muitos animais, como Lhamas, Vicunhas, ñandus (ema), condores, raposas e chinchilas.
Ainda no começo de nossa jornada de “aproximação” de Tolar Grande, presenciamos uma lhaminha recém nascida, ainda com os olhos semi fechados, teve dificuldade para atravessar a estrada e foi amparada por sua mãe, que nos olhou com uma cara dizendo que não éramos bem vindos.
Um pouco depois, o caminho foi ficando sinuoso e fomos ganhando altitude até chegarmos próximos aos 4700 metros, para depois descer tudo de novo e chegar no Salar de Pocitos, onde a cor da paisagem muda para o branco e a turquesa das águas que afloram do salar. Em seguida, a paisagem muda novamente e chegamos num deserto de rochas vermelhas que domina a paisagem até Tolar Grande, nesta remota cidade, talvez a mais remota de toda argentina, uma cidade que surgiu em função da ferrovia Salta x Antofagasta, mas que ainda se preservou mesmo depois do sucateamento do trem.
As coisas mudaram aqui no ultimo ano. Há um banco em construção no vilarejo e o cacique mudou. Porém ainda não tem internet e nem posto de gasolina. Tolar Grande é um vilarejo “kolla”, palavra que designa o povo indígena do altiplano que é descendente do Kollasuyo, a região sul do império inca. Ali vivem menos de 500 pessoas, a maioria para as empresas de mineração. O dinheiro destas empresas, no entanto, estão transformando Tolar Grande. Hoje há um hotel municipal e um albergue, além de escritório de turismo. As atrações do local estão sendo preservadas e a cultura também. No entanto o local continua sendo para poucos, dado o difícil acesso e ao fato que poucos sabem que existe este lugar.
Nosso objetivo nesta primeira estada em Tolar é apenas aclimatar e para isso vamos escalar uma montanha de 5520 metros de altitude visível desde ali, o Nevado Macón.
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Lhama recém nascida e seu pais na estrada de Tolar Grande. |
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Salar de Pocitos |
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Maria e um "ojo" que é uma abertura no salar onde aflora a água subterrânea. |
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Ojo no salar de Pocitos |
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Escarpa de rochas sedimentares no meio do deserto |
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Estrada de Tolar Grande |
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Paisagem marciana na estrada de Tolar Grande |
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Paisagem marciana na estrada de Tolar Grande |
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Paisagem marciana na estrada de Tolar Grande |
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Deserto do Diabo e a Serra do Macón ao fundo. |
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No topo da escarpa das sete curvas. |
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O nascimento de um vulcão (no centro da foto na base da escarpa) |
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Da direita para esquerda: Vulcão Aracar, outras montanhas que não sei o nome, Salin, Pular, Socompa e ao fundo, bem longe, o Llullaillaco. |
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Cidade de Tolar Grande |
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Centro de Tolar Grande |
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Igrejinha de Tolar Grande |
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Casinhas de adobe da antiga Tolar Grande, hoje em ruinas. |
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Estação de trens de Tolar Grande |
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Placa da estação de trem de Tolar Grande |