Subimos a Puna pela Ruta 40, através do Valle de Calchaqui que quase chega aos 5 mil metros na chamada Abra del Acay, que é um colo desta montanha onde se chega mais alto numa estrada argentina. A experiência, no entanto, não foi a melhor, pois com a pressão e a força que colocamos no motor, todas as mangueiras do sistema de arrefecimento do Corsa do Marcio estouraram e por sorte não fundimos o motor.
Na descida em Salta, depois que arrumamos o carro, encontrei uns andinistas sem querer num supermercado e eles me contaram o caminho para chegar ao cume, que não era pela Abra, mas sim por um caminho mineiro que começava na estação abandonada de Muñano do Tren a Las Nubes. Foi procurando este caminho que georreferenciei o tracklog para chegar no Acay nesta expedição.
Seguindo este tracklog, no primeiro dia de 2015, fomos eu e a Maria ganhando altura com o Jimny, sem saber se aquele era o real caminho. Após atravessar um pequeno rio, o caminho se complica e é necessário usar a reduzida. Em diversos momentos a trilha 4x4 fica inclinada e parece que o carro vai cair tombando ladeira abaixo. Por este motivo não fomos até o final da trilha, pois ela não aparentava ser possível chegar ao fim. Por este motivo, aliás, tracei uma rota até o cume subindo por uma crista que começava ao lado do local onde acampamos, a 4700 metros de altitude, de onde pudemos ver uma tempestade elétrica se formando atrás do Nevado Chañi, na divisa de Salta com Jujuy.
Por conta da altitude, não tivemos a melhor noite da viagem, aliás, foi uma das piores. Acabou que pela madrugada não nos animamos a subir o Acay, mas pela manhã acordamos mais dispostos e mesmo tarde decidimos ir ao cume. Eram 9:45 AM.
Sem achar um caminho humano pela rota que tracei, fomos subindo por trilhas de vicunhas, alcançando os 5 mil metros onde cheguei no começo da crista, que era bastante escarpada e cheia de rochas soltas. Tentando evitar o “acarreo” fui contornando a crista e me dou de cara com a estrada que achei não valer a pena subir e logo mais encontro à frente a tal mina que era o final do caminho. Lá havia um acampamento e dali uma trilha visível. Georreferenciei errado a rota da montanha.
Andava rápida na ânsia de encontrar um caminho e por isso deixei a Maria atrás cansada. Quando ela me alcançou falei que não sabia onde era o caminho e mostrei as possibilidades. Ela calmamente me falou para irmos lá onde eu achava e assim, já tendo certeza que iríamos apenas “passear” por ali, já era meio dia. No entanto, aquele caminho se mostrou se a rota de fato, pois encontrei varias marcações de caminho, embora não tenha achado mais pegadas.
Este caminho nos levou até um vale que subia entre montes mais altos. Subindo este vale, chegamos em um colo e pelo GPS eu soube que a crista na esquerda deste colo levava direto até o cume. Apesar do GPS mostrar isso, no olho esta rota parecia mais difícil, pois a crista se inclinava em determinado momento e haviam muitas rochas soltas. Mesmo assim, continuamos.
No começo a crista era fácil, mas ao se inclinar havia muita rocha solta, rochas grandes que ficavam empilhadas uma sobre outra. Apesar do caminho ruim, fomos buscando uma maneira de ascender por ali. Por sorte os blocos eram grandes e pesados o suficiente para não ficarem escorregando com a gente como nos acarreos. O problema seria se eles se movessem, o que acabou não ocorrendo, ainda bem.
Assim vencemos este trecho ruim e acabamos chegando na região do cume do Acay, que é grande e plano. Lá vimos um monte de rochas empilhadas e no meio delas uma cruz. Era o cume 5770 metros.
A descida foi tranquila, mas devido ao horário que começamos a ascensão, chegamos no acampamento no anoitecer e acabamos dormindo por lá mesmo, passando nossa segunda noite a 4700.
O Acay geralmente é mais fácil, se você conhece o caminho, no entanto se perder e achar o caminho e ainda fazer o cume, quando você achava que iria apenas passear não é nada mal.
:: Continua...
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O Nevado Acay nevado no ano passado. Ele é assim, ora seco, ora nevado... |
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Aproximação do Acay em 4x4. |
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Nossa base no Acay |
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Vista para o Nevado Chañi a noite com tempestade elétrica. |
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Vista noturna para o Chañi |
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Vista para o Acay à noite. |
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Saindo para o cume pela manhã. |
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Ruínas a 4800 metros e o Cerro Quewar no fundo. |
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Maria no primeiro trecho pela manhã |
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Vista para o Vulcão Tuzgle e Maria na transversal que fizemos até onde seria o começo da caminhada. |
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Inicio verdadeiro da caminhada ao cume. Aqui quase desisti. |
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Maria subindo a canaleta que leva à crista do cume |
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Maria e a crista do cume. Bastante rocha solta. |
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Vista para o vale de Cachaquie e o Nevado Cachi. |
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Subindo a crista do cume. |
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Vista para onde está o cume verdadeiro |
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Maria chegando ao cume. |
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Maria e eu no cume do Acay com o Parofito. |
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Parofito no cume do Acay |
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Jogando as cinzas do Parofes no cume do Acay |
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Maria fazendo pose em seu segundo cume andino. |