Blog do Pedro Hauck: De Tolar Grande a Antofagasta de la Sierra

28 de janeiro de 2015

De Tolar Grande a Antofagasta de la Sierra

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Com a escalada do Socompa ficamos muito cansados e infelizmente não tínhamos tempo suficiente para descansar e escalar outras montanhas da Puna salteña. Aproveitamos os últimos dias da expedição para empreender uma travessia pela altiplanície argentina de jipe e curtir um a solidão do deserto.
Assim, tomamos o caminho pelo salar de Arita que passa por um pequeno vulcão com formato perfeitamente cônico, tanto que se chama “Cono de Arita” (cono pelo formato e Arita por que fica no meio do salar). Ali é visitado até por turistas em carros normais, porém depois deste ponto se inicia mais uma daquelas estradinhas da puna onde é necessário ter um 4x4, tanque extra e coragem, pois se algo der errado, serão centenas de quilômetros a se percorrer a pé ou uma espera de semanas até passar alguém por ali.

Realizei uma travessia destas com a caminhonete andina do Waldemar Niclevicz entre 2012 e 2013 e foi bastante perrengoso. Esta, no entanto, foi surpreendentemente tranquila, com um caminho muito bom, nenhum perrengue e apenas umas costelas de vacas.

Realizamos a travessia em um dia inteiro, cruzando além do salar de Arita, a parte norte do Salar de Antofalla e passando novamente pela vila de Antofalla, que fica aos pés do gigantesco vulcão de nome homônimo que escalamos em 2012 e que no cume encontramos uma perfeita Apacheta incaica que até pouco tempo me fazia duvidar de sua ancestralidade (só comprovei recentemente que de fato tem mais de 500 anos).

Também cruzamos planícies vulcânicas, campos de escória, e deserto com lindos capins dourados que contrastam com o azul do céu.

Enfim, depois de um dia inteiro de direção, cumprimos nossos 180 km e chegamos na pequena Antofagasta de la Sierra, uma cidade indígena no meio da Puna de Catamarca que já pertenceu ao Chile e à Bolívia e se tornou argentina quando o país platino trocou a região de Tarija por toda esta região sul altiplânica.  Antofagasta é bem antiga, e tem histórias milenares, pois ali já era habitado por povos pré históricos, foi conquistado pelos Incas e depois pelos espanhóis, logo no começo da colonização, que acompanharam o Capac Ñan (trilha inca) para chegar ao Chile. Parece que Antofagasta parou no tempo, com casas de adobe, vida parada, é fácil imaginar estar muito tempo no passado.

Uma das atrações da cidade é o museu de arqueologia, onde é contada esta história. Apesar de bastante rudimentar, a atração principal são duas múmias verdadeiras encontradas na região, uma criança bastante antiga e uma mulher inca que morreu por volta do ano 1470, quando os Incas dominavam a região.
Outros atrativos são a paisagem regional. As paredes rochosas de ignimbrito que circulam a cidade e que possibilitam algumas escaladas curtas, tanto que o próprio Edmilson Padilha já aproveitou para abrir umas vias por ali. Fora isso os desertos e travessias em 4x4, como a que fizemos, que é apenas um pouco do que ali tem para fazer.

Infelizmente não pudemos ficar mais para conhecer mais profundamente estas travessias, deixaremos para um futuro. Acabamos puxando o jipe e começando nossa jornada de volta, claro que aproveitando um pouco mais das paisagens do Noroeste argentino.


Vulcão Aracar ao fundo

Cono de Arita

Maira e o cono de Arita


Vulcões no deserto

Atravessando a Puna

Passando ao lado de um campo de escória vulcânica

Estrada no exato local onde fica a divisa entre Salta e Catamarca

Um oásis no deserto

Um monte de de micas

Detalhes das micas gigantes

Pavimento desértico

Salar de Antofalla

Jipe e o Antofalla (montanha) ao fundo

Lhamas no caminho a Antofagasta


Chegando em Antofagasta de la Sierra e as paredes de Ignimbrito

Igrejinha de Antofagasta de la Sierra.

Lhamas curiosas e orgulhosas

Morrinho testemunho de ignimbrito

Lhamas ignorando a Maria

Vulcão Antofagasta
:: Continua...

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