Blog do Pedro Hauck: Escalando o Macón a montanha sagrada de Tolar Grande

5 de janeiro de 2015

Escalando o Macón a montanha sagrada de Tolar Grande


Conheci o Macón meio sem querer em dezembro de 2012 quando estive pela segunda vez em San Antonio de los Cobres. Estávamos eu, o Waldemar e a Silvia almoçando em um restaurante quando ao ler um jornal local vi a notícia que a comunidade Kolla de Tolar Grande Grande tinha realizado sua ascensão anual à montanha, na hora pensei que esta montanha poderia ser uma boa alternativa para fazer uma aclimatação para escalar montanhas mais altas da região.

No ano seguinte, com Luiz Antoniutti e Luca, chegamos a ir em direção à esta montanha, mas o infortúnio de ter 2 pneus furados no mesmo dia nos levou ao Chile para aclimatarmos para escalar o Llullaillaco no Sairecabur e Licancabur.

Como não gosto de repetir montanhas e sempre conhecer coisas novas, neste ano escolhi o Macón para ser a primeira montanha da expedição Puna de Salta. Primeiro por sua facilidade técnica e altitude e depois por que o tempo que gastamos chegando em sua base já é parte da aclimatação (ler o ultimo post: Caminho de Tolar Grande).

Seguindo nossos planos, acordamos cedinho no dia 31 de dezembro para fazer nosso ataque ao Macón. A aproximação de jipe, desde Tolar Grande é fácil, pois a estrada é melhor do que a que liga San Antonio a Tolar, no entanto em determinado momento o caminho para a montanha deriva para a direita e aí ele se torna uma pegada que dada a inclinação e a altitude, é necessário ligar a reduzida. Assim, por volta das 8 da manhã, chegamos ao local onde se deixa o carro e começa a caminhada, a 4300 metros de altitude.

Estudando esta montanha, eu havia georreferenciado outra rota, mais a norte, no entanto o caminho que acabei fazendo chega mais alto, mas mesmo assim seria um ataque puxado para quem ainda estava aclimatando. A trilha não aparentava ser difícil, ela seguia uma crista que dava num antecume a sul do Macón, de onde daria acesso a outra crista que levaria até o topo desta montanha. 

Após um trecho inicial mais fácil, a trilha começa a zigzaguear logo após que desaparecem os únicos tipos de vegetação na montanha, que eram alguns arbustos e capins espinhentos. Neste trecho começou a aparecer alguns acarreos e a Maria também começou a sentir a altitude, embora não tenha reclamado. Dei a ela um energético, nos hidratamos e seguimos num ritmo lento, porém constante. 

Chegando ao topo da antecima, o terreno aplainou e ali conseguimos ganhar velocidade e chegar até a base da crista, após vencer diversos cocorutos que deixava o caminho ainda mais misterioso, pois ganhávamos um, aparecia outro.

Na crista, conseguimos achar uma trilha e o que aparentava ser mais difícil, acabou não sendo. Subimos este trecho final rapidamente, até que despontou uma cruz que evidenciava o fim da subida: cume!

A Maria veio a seguir e ficou muito feliz em fazer seu primeiro cume andino. No GPS a altitude marcada foi de 5523, diferente de outras medições que vi na internet, uma de 5611 e outra de 5450 metros. 

E este cume, apesar de desconhecido, foi um grande presente para coroar este final de ano. Apesar do Macón não ser tão bonito como as outras montanhas da região e também ser mais baixo, ele dá uma vista incrível de toda a puna de Salta. Dali eu pude ver o Nevado Cachi e toda sua serra que inclui também o Quemado e o Palermo. Mais a norte, avistei o Acay, Quewar, Tuzgle. No horizonte pude distinguir o Cerro Toco, no Chile e o Licancabur e o Juriques fazendo a fronteira daquele país com a Bolívia.

Ao Sul estava o Aracar, que é o cume mais proeminente dali, o Salin, Pular e Socompa, além do Llullaillaco, soberano. Mais distante, já na província de Catamarca, se via nitidamente o Antofalla e seus 3 cumes. Foi uma visão que deu ânimo para este começo de expedição.`


Cerro Macón (esquerda) pela manhã.

Começando a caminhada pela manhã.
Primeiros raios de sol pela manhã

Frio antes do sol chegar.

Visual da Puna, com o Vulcão Aracar em destaque.

Maria subindo

Começo do acarreo

Vista para o cume e os cocorutos

Acarreos

Enfim a crista final

Subindo a crista

Chegando no cume.

Cruz no cume do Macon

Jogando as cinzas do Parofes

Maria, Parofito e eu no cume do Macón

Vista para o Sul, com o Aracar dominando a paisagem.

Na esquerda o Llullaillaco, na direita o Socompa.


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