Enchentes e deslizamentos são muito comuns, é uma mistura entre um clima onde há uma estação de chuvas bem marcadas, um relevo de mares de morros com latossolos, desmatamento fora de controle e falta de planejamento. Entretanto este atual evento em Santa Catarina foi anormal, pois ocorreu de uma maneira muito mais violênta e destrutiva.
Aqui mesmo no meu blog, em diversas postagens, eu reclamei do excesso de chuvas em Curitiba. Tá Curitiba não é Santa Catarina, mas o vale do Itajaí não é longe e o mesmo sistema atmosférico que atinge a região norte de Santa Catarina também atinge o leste do Paraná. Inclusive, o vale do Itajaí, é o fim, ou o começo, da Serra do Mar e é esta morfologia de uma grande barreira ao lado da costa que misturou todos os elementos para a grande tragédia.
A questão é que este ano fez muito calor e calor do mar significa evaporação. Quando estas massas de ar úmidas chegaram na costa e precipitaram na Serra do Mar o vale do Itajaí funciona como um grande escoadouro dessas águas, até por que é o único grande rio da região que corre para o litoral, enquanto as demais bacias drenam para o rio Paraná.
Desde Agosto vem chovendo muito no Sul. Em outras postagens você viram eu contar os fins de semana chuvosos (14!) Isso sem falar nos dias de semana. Para terem uma noção como vem chovendo absurdamente no Sul, no Morro do Anhangava há meses que há um rio que só corre na época do auge das chuvas correndo quase todos os dias, o que demonstra como o solo está saturado de água.
A saturação de água dos solos e a alta declividade são as causas dos deslizamentos que destruíram Blumenau, Ilhota, Luis Alves etc. Em seguida, a magnitude fora do comum do temporal veio por quase "liquefazer" o solo e provocar avalanches de lama que destruiram inclusive regiões florestadas. Em seguida, com os rios muito mais caudalosos e com grande energia, foram causar grandes estragos em Itajaí e Navegantes, na desembocadura do rio.
Cheias de rios, deslizamentos, acontecem em nosso meio natural. Na década de 60, em Caraguatatuba, SP, houve o mais trágico incidente de deslizamento de massa que matou milhares de pessoas. Esta que aconteceu em Santa Catarina foi de magnitude semelhante e com resultados trágicos.
Se são normais estes eventos, eles só tornam catastróficos por que existe um desconhecimento sobre suas causas ou pior, quando a ganância pela grana empurra quem não tem para áreas de risco, embora que nesta tragédia áreas que não era consideradas de risco também foram atingidas, o que demonstra que uma mudança na normalidade do clima pode ter efeitos devastadores e isto serve de exemplo aos que não acreditam em mudança no clima.
Que esta tragédia sirva para que a população e as autoridades saibam das consequências do desrespeito à natureza e à falta de planejamento. Também fique bem claro que isso é um exemplo de que áreas na Serra do Mar não podem de maneira alguma serem ocupadas, ficando um aviso àqueles entusiastas à rodovia BR 101 no Estado do Paraná. O que aconteceu recentemente em Santa Catarina poderá acontecer no futuro em Antonina e Morretes se este projeto sair do papel.
As fotos abaixo são de autoria da Geógrafa Eliza Tratz, mestranda em Geografia Física na UFSC.
A trilha no Anhangava em pleno mes de Setembro. Muita água fora de época!
Locais de deslizamente e corridas de lama na Serra em Ilhota. As cicatrizes mostram que áreas florestadas foram afetadas (foto Eliza Tratz).
Vale de rio totalmente destruido pelo fluxo de lama em Ilhota. Ao fundo o Morro do Baú (Eliza Tratz).
Vertente que foi destruida pelo desbarrancamento. Imagine todo essa massa de terra vindo abaixo e seu poder destrutivo (Eliza Tratz).
A alta energia da água nos baixo curso dos rios foram responsáveis por grande destruição (Eliza Tratz).
Casa destruida por corrida de lama em Ilhota (Eliza Tratz).
O vale de um rio totalmente arrasado pelo afluxo torrencial de água e um desmoronamento (Eliza Tratz).
Detalhe de vertente que sofreu avalanche de lama (Eliza Tratz).
As Avalanches de lama foram tão fortes que tiveram energia para transportar veiculos dezenas de metros e também pedras do tamanho de um micro-ônibus (Eliza Tratz).
Muita tristeza....
Locais de deslizamente e corridas de lama na Serra em Ilhota. As cicatrizes mostram que áreas florestadas foram afetadas (foto Eliza Tratz).
Vale de rio totalmente destruido pelo fluxo de lama em Ilhota. Ao fundo o Morro do Baú (Eliza Tratz).
Vertente que foi destruida pelo desbarrancamento. Imagine todo essa massa de terra vindo abaixo e seu poder destrutivo (Eliza Tratz).
A alta energia da água nos baixo curso dos rios foram responsáveis por grande destruição (Eliza Tratz).
Casa destruida por corrida de lama em Ilhota (Eliza Tratz).
O vale de um rio totalmente arrasado pelo afluxo torrencial de água e um desmoronamento (Eliza Tratz).
Detalhe de vertente que sofreu avalanche de lama (Eliza Tratz).
As Avalanches de lama foram tão fortes que tiveram energia para transportar veiculos dezenas de metros e também pedras do tamanho de um micro-ônibus (Eliza Tratz).
Muita tristeza....