Recentemente comecei a escrever um blog em espanhol dentro do porta de escalada Barrabés, tendo como tema a escalada no Brasil (http://red.barrabes.com/pedrohauck/).
O blog foi muito bem recebido, elogiado, mas não esperava que ele iria se tornar uma dos mais populares do portal, com mais visitas do que este, em minha língua mãe.
Meu blog na Barrabés tem apenas 5 postagens, por enquanto! Ao contrário deste com mais de 100 em dois anos de atividade. Lá, minhas postagens são bem simples, apenas falei sobre alguns lugares e coloquei algumas fotos.
O sucesso deste blog, no entanto, se deve com certeza ao grande interesse dos estrangeiros em querer conhecer e escalar no Brasil. Recebi alguns emails de pessoas que se diziam surpresas, pois não achavam que aqui havia escalada e muito menos uma cultura da montanha bem sedimentada.
Fica então uma lição para as autoridades que insistem em ignorar a escalada como uma atividade em ambientes naturais, nos proibindo de escalar em parques e desenvolvendo um tipo de turismo ecológico meramente contemplativo, enquanto que a escalada é uma atividade que te põe em contato com a natureza sem causar grandes impactos.
A escalada, se bem planejada, poderia se transformar em uma fonte de renda em locais de economia pouco desenvolvida, como na Lapinha em Minas e outros lugares, se existisse uma politica de incentivo à este tipo de turismo ecológico.
Por conta deste blog, estou em contato com muita gente de fora e já publiquei um texto, com convite para outros, no portal Argentino de escaladas "Argentina Climb".
Sobre a crise na escalada
Hoje publiquei em minha coluna no Altamontanha uma matéria sobre o retrocesso que a escalada brasileira vem enfrentando. Nela, comento com tristeza a notícia do fechamento da Casa de Pedra de Perdizes, o maior ginásio de escalada de São Paulo.
Em várias ocasiões eu ralatei uma "crise" em nosso meio. Minha percepção sobre este declinio veio de minha experiência em ver os picos de escalada vazios nos fins de semana, ver lojas fechando, pouca participação nas listas e nos sites de montanhas e campeonatos vazios, isso sem falar em escaladores e montanhistas de nome e competência sem conseguir patrocinios para seus projetos.
Ao meu ver, apenas complementando o que escrevi no Altamontanha, foram vários fatores que levaram à esta crise, desde o declinio da "moda" da escalada, passando pelas proibições de se escalar em parques e propriedades privadas e chegando ao alto custo da atividade. Resumindo, ninguém vai pagar caro pra não poder escalar e não haver uma valorização da atividade. Aliás, incidentes como o fechamento de points de escalada, a destruição do muro público do viaduto de Florianópolis e a falta de apoio institucional mostram que a escalada vive uma fase infeliz.
Apenas espero que os escaladores que continuam que não fiquem retraídos em seus cantinhos. Peço que participem mais, vão aos campeonatos, mesmo que não tenham chances de vencer, que vão às festas, aos eventos, participem dos clubes... Se não ajudarmos uns aos outros, a escalada irá morrer com a gente, pois o que a minha geração não conseguiu fazer até agora foi passar seu conhecimento à frente, daí a falta de renovação que está se voltando contra nós.