Ontem subimos de Las Grutas, onde ficam os policiais da aduana e os funcionários que mantem a rodovia que fica a 3900 mts e viemos até a fronteira que fica a 4700 mts.
São apenas 20km que separam estes locais. A Fronteira, chamada de Paso San Francisco, fica na base de um vulcão do mesmo nome que tem cerca de 6000 e que fazia parte de nossos planos escalá-lo para forçar uma aclimatação. Chegamos aqui por volta das 13 horas e nos instalamos em um pequeno refúgio que é um abrigo para quem tem problemas na estrada e é usado pelos andinistas como nós.
Passaram alguns carros por aqui, dentre eles três suíços que visitaram o refúgio, tomamos mate com eles. Quando os suíços se foram, Maximo me contou que sentia uma leve dor de cabeça. Entoa propus que ele subisse um pouco para forçar a aclimatação. Em pouco tempo ele se preparou e partiu, enquanto isso fiquei no refúgio cuidando das coisas e carregando a bateria do computador. Se lá embaixo o aquecimento do motor do carro era uma de minhas preocupações, aqui em cima passou a ser o congelamento dele.
Eu até então não havia pensado nesta hipótese, mas a agua do radiador pode facilmente ser congelada e isto poderá acarretar problemas nas mangueiras e no próprio radiador, como uma rachadura e vazamentos. Se isso acontecer, estamos ferrados aqui neste deserto. Maximo demorou três horas para voltar, subiu em um local tão alto que pelo rádio ele me explicava e eu não conseguia enxerga-lo nem mesmo com a lente de 300 mm da máquina fotográfica. Ele voltou exausto, a tempo que eu preparasse um macarrão que saiu uma gororoba horrorosa.
Ao invés da subida ter forcado nele uma aclimatação, resultou o contrário, ele se exauriu e passou a ter mais dor de cabeça. A noite chegou calma, com poucos ventos e um céu aberto cheios de estrelas. Eu dentro do refúgio resolvi tirar a agua do radiador, mas não consegui sacar quase nada. A noite foi terrível para ambos, mas pior para o Maximo que teve delírios e alucinações. Eu dormi muito mal também. Senti dores de cabeça e tive sonhos ruins que faziam minha cabeça girar como ondas do mar. me senti um pouco enjoado.
Pela manhã, antes do sol nascer, Maximo acordou para vomitar, o que é um mal sinal. Para a aclimatação. Subimos muito rápido, saindo do fundo da bacia do Paraná a 200 mts de altitude para os 4700 em apenas 3 dias, por isso ficamos assim... Para piorar, meu medo de dar algum problema no carro aconteceu. Agora pela manhã abri o capo do carro e a agua estava congelada no radiador. Não sei o que faremos hoje, mas o mais prudente é descer.
Se queríamos forcar a aclimatação já forcamos bastante subindo e dormindo aqui. Vou esperar o Maximo levantar e o carro descongelar para tomarmos uma atitude.
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