"No tempo em
que era de chão a estrada entre Teresópolis e Friburgo, uma seta logo depois do
Barracão dos Mendes apontava uma bifurcação. Salinas, a seta dizia, e nós
tomávamos aquele caminho adotando o nome errado para o lugar certo.
O caminho
de terra levava-nos àquela mágica região que descobríamos aos poucos, à medida
que contornávamos morros e pastos até descortinar a plenitude dos cumes numa
curva da estrada. A esta altura já passáramos da bifurcação que leva à
verdadeira Salinas, lugar humilde e desconhecido onde talvez nenhum de nós
tenha ido. Ficou o nome preso às montanhas, estranha contradição para um anfiteatro
de cumes tão longe do mar, misterioso e atraente espetáculo de paredes
verticais de rocha nua. Um magnetismo invisível e poderoso sobre nossos sonhos,
prendendo-os definitivamente e fazendo-nos voltar vezes sem conta."
Extraído do
livro Horizontes Verticais de Jean Pierre Von Der Veid. Editora Montanhar 2006.