Vila Velha é um típica sítio de relevo ruiniforme, ou seja, são formas de relevo em estágio final de erosão. Assim como Vila Velha, há muitos outros sítios de relevo ruiniforme no Brasil, como o Parque Nacional de 7 cidades no Piauí, o salão de Pedra em Conceição do Mato Dentro em Minas, e também a Chapada dos Guimarães no Mato Grosso, entre outros.
Todos estes lugares (menos Conceição do Mato Dentro, que é quartzito) tem em comum a litologia sedimentar de arenito, que é uma rocha pouco resistente.
A história morfológica destes lugares passou por diversas fases e processos erosivos, desde processos morfogenéticos, que são aqueles de climas secos e também pedogenéticos, em climas úmidos.
Entretanto o que chama atenção, no caso de Vila Velha, são os sulcos provocados por água com grande energia, o que indica que no topo dos arenitos havia um grande planalto que drenava uma grande quantidade de água que caía exatamente naquele local, provocanado grandes cachoeiras que sulcaram todo o arenito. O estranho é que este arenito, que era o limite daquela escarpa, ainda está lá, enquanto que tudo o que havia para trás foi erodido, o que mostra que aquele arenito em especial é mais resistente, ou seja, mostra que ali ocorreu uma erosão diferencial.
Em todos os locais da ocorrência destas formas fantásticas, há interpretações fantasiosas sobre suas origens. Fala-se em extraterrestres, Egípcios e Fenicios trabalhando para erguerem monumetos e por ai vai. A criatividade popular é muito grande para explicar as origens e também para ver formas, daí o nome das formações, como Taça, Bota, Garrafa...
Estes sítios de relevo em ruínas são paisagens dotadas de grande excepcionalidade. Mais do locais propícios para conduzir estudos geomorfológicos de processos e de história do relevo, devemos enxergar a totalidade da paisagem e notar quão excepcional se comporta a geoecologia destes locais.
Em Vila Velha encontramos espécies arbóreas endêmicas dos Planaltos meridionais e subtropicais do Brasil, mas também encontramos espécies de gramíneas e palmeiras típicas de cerrado. Temos Araucárias, mas temos também Angicos e Perobas tipicas da Mata Atlântica, isso pra não dizer em cactaceas, cuja origem eu ainda não sei dizer, mas que é uma vegetação relictual de um clima mais seco que existiu na região durante o começo do Holoceno, já que no Pleistoceno terminal as médias de temperaturas por lá deviam ser muito baixas para a existência de espécies suculentas.
Tenho muito a dizer sobre esta paisagem. Esta será minha missão até Abril do ano que vem. Estou escolhendo a região de Ponta Grossa como área laboratório para comprovar uma hipótese sobre como se comportou a paisagem na região com as mudanças ambientais que existiram há 10 mil anos atrás em decorrência do último máximo glacial. O que tinha nesta época e como a paisagem se transformou para aquilo que nossos avós conheceram, já que vou ignorar a história ecológica da ação antrópica, quero apenas saber da originalidade (uso de histórico solo fica pra quem se interessar depois).
Enfim é isso, vamos por a mão na massa.














