Pra quem não sabe, Geomorfologia é o estudo da evolução das formas da terra. Uma área de estudo muito interessante na qual faço pesquisa.
Estão acontecendo coisas muito boas. Apresentei meu trabalho: Paleosuperfícies da Serra dos Cocais: Setor oriental do Planalto Atlântico paulista. Trata-se de um trabalho simples onde eu reviso o conceito de superfícies erosivas e proponho que a cimeira da Serra dos Cocais seja uma superficie antiga preservada.
Apesar do simplismo do trabalho, fui super elogiado, não esperava tanto. Pra começar pela Dirce Suertegaray, geomorfóloga do Rio Grande o Sul que era coordenadora da mesa. Depois, vejam só... pelo Michael Thomas e pelo Jorge Rabassa.
O Thomas é autor de livros super clássicos de geomorfologia, entre eles: Geomorphology in the Tropics: A Study of Weathering and Denudation in Low Latitudes. Este é um livro que eu adorava folhear e ver as fotos e figuras quando ainda era aluno de graduação em Rio Claro na Unesp. Quando via aquelas fotos na África, ficava maravilhado e pensava: um dia quero ser um pesquisador como esse cara. Agora ele me elogiando, nossa, nem sei o que dizer!
O Jorge Rabassi é um pesquisador super famoso. Ele é da Argentina e faz estudos sobre paleosuperfícies também. Hoje, conversando com ele nos corredores, saiu a possibilidade de fazermos uma rede de estudos sobre este tema em conjunto. Logo fui pegando todos os pesquisadores desta temática no evento e combinamos firmar um grupo de pesquisas no CNPQ, pra dar inicio à esta cooperação. Já disseram que vai participar: Francisco Ladeira - Unicamp, Edison Fortes - UEM, Julio Paisani - Unicentro e Luis Felipe Brandini Ribeiro - Nucleargeo/Unesp.
Mandei um email para o meu orientador, o Everton Passos sobre esta boa novidade, vamos ver a reação. Já iamos montar um grupo, mas com a doença dele e do Bigarella, não pudemos fazer, até agora, mas já que os dois estão melhor de saúde, espero que isso se consolide e comece logo. De preferência com a presença do Bigarella e de pesquisadores da UFSC. Queremos ente também da UFRGS e da UFSM. Uau, que pretenção!!!
Outra coisa. Falando com o Brandini Ribeiro, vulgo "montanha" que ministrou um curso sobre termodatação, fiquei conhecendo o novo método do U-Th-He. Com ele podemos datar o ferro das lateritas. Esse cara datou a ruptura do Gondwana, suuuper interessante. Evento realacionado com o soerguimento do Arco de ponta Grossa que é o ponto de partida para a evolução da Serra do Mar, isso há 80 milhões de anos atrás.
O Brandini Ribeiro datou a superficie que eu estava estudando em Itatiba e confirmou minha hipótese de que ela era um superfície intermediária, correlativa à Pd2 do Bigarella datada do Mioceno, 20 milhões de anos!
BH não é somente Geomorfologia. Domingo tive folga e pude curtir um pouco dos afloramentos da calcáreo no sitio do Rod em Lagoa Santa. Conheci pessoalmente a Giselle Melo, que integrará a expedição ao Aconcagua-Ojos del Salado. Um pessoa muito bonita por dentro e por fora, hehe.
Só que nessa escalada percebi que esqueci algo muito importante. Minha cadeirinha! Escalei com uma emprestada do Rod. Agora estou esperando a minha cadeirinha chegar pelo Sedex. Obrigado Nilce! Preço da minha distração: 28 reais!
Usando a cadeirinha do Rod, consegui fazer algumas vias, mesmo estando desacostumado com o liso calcáreo. Fiz, entre outras, a Tapa na aranha 7A, Tente outra vez 7B. Quero, antes de ir embora, fazer a Sedativa, um 7b lindo.
Amanhã vou participar de uma excursão pelas paleosuperfícies do Quadrilátero Ferrífero. É a região estudada pelo King em 1956, onde ele interpretou superfícies Godwana, Post Godwana, Sulamericana, Velhas e Paraguaçu. A primeira é provavelmente uma mais recente deformada, mas parece que há mesmo uma post Gondwana do meio do Cretáceo (onde está o material correlativo?). Mas enfim, não quero criar polêmicas, quero ver esse que é um dos lugares mais importantes da História da Geomorfologia brasileira e também um lugar de ocorrência de grandes crostas lateríticas que ontem fiquei sabendo, são na mairia Pliocênicas, muito recente.... Quero ver amanhã as interpretações, depois posta as respostas.
Pra terminar, vou deixar o Terciário de lado e vou deixar uma foto dum afloramento pré-cambriano de uma das melhores rochas para escalada. O Calcáreo do Grupo Bambuí. Até a próxima!
Escalando a Tente outra vez, 7b, no sitio do Rod semana passada. Foto da Gisele Mello.