Blog do Pedro Hauck: Chegando no Illimani

8 de agosto de 2015

Chegando no Illimani


Como em 2009, eu não poderia perder a oportunidade de descrever o fantástico caminho até o Illimani, que para mim é a mais bela montanha da Bolívia. A estrada até a base desta montanha, de apenas 60km, dá um toque especial para que esta montanha seja especial.

Vamos lá, o Illimani é considerado o guardião de La Paz, por ser visto de qualquer canto da capital boliviana. É uma impressionante montanha de 6 mil metros com pelo menos 4 cumes muito perto da cidade. Tão perto e tão longe...

Para chegar em sua base é necessário cruzar uma região muito dissecada por rios que nascem nas montanhas e no altiplano que contornam a montanha num emaranhado de vales profundos com vertentes muito inclinadas que são serpenteadas por estradinhas de terra com precipícios para cima e para baixo. Nem sempre cabem dois carros na estrada, então é bom contar com o baixo tráfego para evitar colisão frontal.

Caminho do Illimani, passando pelo Cañon de Palca

Rochas sedimentares no Cañon de Palca, rumo ao Illimani.

Erosão nos tilitos do Cañon de Palca. 

Vales e mais vales no caminho ao Illimani.

Estradinha perigosa

Buzine para passar.

A estradinha e o Illimani. Cuidado com curvas

Precipicio para cima e para baixo. Tem coragem de dirigir?

Apesar deste cenário bastante assustador, é uma região muito povoada por índios que vivem em estágio semi primitivo em aldeias e cidades minúsculas, mas presentes em todos os lados, as vezes penduradas em precipícios e sem estradas de acesso. Eles ainda falam o Aymará, são agricultores e pastores por excelência. Eles vestem suas roupas tradicionais e não se misturaram com os europeu e tudo isso faz parte dos encantos do Illimani, uma viagem que é muito mais que 60 km no espaço. É quase uma viagem ao tempo, saindo de hoje para uma época muito anterior a nossa.

Desta vez eu não tive o prazer e a preocupação de dirigir nestas estradinhas poeirentas. Fomos com uma van privada até a aldeia de Pinaya, o local mais próximo do Illimani. Na primeira vez que estive ali, em 2002, não conseguimos chegar em carro. Paramos em Unna e fomos à pé. Minha segunda vez vim com minha Ecosport e cheguei em Pinaya. Deixei o carro na mão de uma índia velha que cuidou direitinho, ela não falava nada de espanhol!

Neste ano as coisas melhoraram muito. A estrada, mesmo estreita, está bem melhor. Há até uma ponte para atravessar o rio pedregoso antes da aldeia. Ao chegar na dita cuja, uma surpresa, uma bandinha e toda a comunidade Kolla estava de festa, pois haviam inaugurado um serviço de transporte publico entre Pinaya e La Paz.

Os índios fizeram um circulo e os motoristas do sindicato Trans Illimani foram cumprimentando todos os moradores. Houve discurso, em aymará, e depois houve tribuna livre. Foi muito interessante ver Pinaya saindo do isolamento em 2015.

Após a inusitada experiência, acertamos um porteio de equipamentos com um burro e começamos a caminhar rumo ao campo base. Um caminho de subida não muito íngreme e muito bonito, por onde passamos pelas casas dos índios, feitas de adobe, como há 500 anos. Cruzamos com senhoras pastoreando ovelhas e lhamas, em cenários que só é possível saber que estamos numa era pós Cristóvão Colombo pois num quintal de um sitio havia um eucalipto.

Vans no novo serviço La Paz x Pinaya
Saindo do isolamento: Bandinha recepciona motoristas em Pinaya.
Indo para o base

Casinhas de adobe igual há 500 anos atrás. Só os eucaliptos é que são de hoje.
Paula, Maximo e Angela, parceiros nesta empreitada.

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