Como em
2009, eu não poderia perder a oportunidade de descrever o fantástico caminho até o Illimani, que para mim é a mais bela montanha da Bolívia. A estrada até a base desta montanha, de apenas 60km, dá um toque especial para que esta montanha seja especial.
Vamos lá, o Illimani é considerado o guardião de La Paz, por ser visto de qualquer canto da capital boliviana. É uma impressionante montanha de 6 mil metros com pelo menos 4 cumes muito perto da cidade. Tão perto e tão longe...
Para chegar em sua base é necessário cruzar uma região muito dissecada por rios que nascem nas montanhas e no altiplano que contornam a montanha num emaranhado de vales profundos com vertentes muito inclinadas que são serpenteadas por estradinhas de terra com precipícios para cima e para baixo. Nem sempre cabem dois carros na estrada, então é bom contar com o baixo tráfego para evitar colisão frontal.
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Caminho do Illimani, passando pelo Cañon de Palca |
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Rochas sedimentares no Cañon de Palca, rumo ao Illimani. |
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Erosão nos tilitos do Cañon de Palca. |
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Vales e mais vales no caminho ao Illimani. |
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Estradinha perigosa |
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Buzine para passar. |
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A estradinha e o Illimani. Cuidado com curvas |
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Precipicio para cima e para baixo. Tem coragem de dirigir? |
Apesar deste cenário bastante assustador, é uma região muito povoada por índios que vivem em estágio semi primitivo em aldeias e cidades minúsculas, mas presentes em todos os lados, as vezes penduradas em precipícios e sem estradas de acesso. Eles ainda falam o Aymará, são agricultores e pastores por excelência. Eles vestem suas roupas tradicionais e não se misturaram com os europeu e tudo isso faz parte dos encantos do Illimani, uma viagem que é muito mais que 60 km no espaço. É quase uma viagem ao tempo, saindo de hoje para uma época muito anterior a nossa.
Desta vez eu não tive o prazer e a preocupação de dirigir nestas estradinhas poeirentas. Fomos com uma van privada até a aldeia de Pinaya, o local mais próximo do Illimani. Na primeira vez que estive ali, em 2002, não conseguimos chegar em carro. Paramos em Unna e fomos à pé. Minha segunda vez vim com minha Ecosport e cheguei em Pinaya. Deixei o carro na mão de uma índia velha que cuidou direitinho, ela não falava nada de espanhol!
Neste ano as coisas melhoraram muito. A estrada, mesmo estreita, está bem melhor. Há até uma ponte para atravessar o rio pedregoso antes da aldeia. Ao chegar na dita cuja, uma surpresa, uma bandinha e toda a comunidade Kolla estava de festa, pois haviam inaugurado um serviço de transporte publico entre Pinaya e La Paz.
Os índios fizeram um circulo e os motoristas do sindicato Trans Illimani foram cumprimentando todos os moradores. Houve discurso, em aymará, e depois houve tribuna livre. Foi muito interessante ver Pinaya saindo do isolamento em 2015.
Após a inusitada experiência, acertamos um porteio de equipamentos com um burro e começamos a caminhar rumo ao campo base. Um caminho de subida não muito íngreme e muito bonito, por onde passamos pelas casas dos índios, feitas de adobe, como há 500 anos. Cruzamos com senhoras pastoreando ovelhas e lhamas, em cenários que só é possível saber que estamos numa era pós Cristóvão Colombo pois num quintal de um sitio havia um eucalipto.
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Vans no novo serviço La Paz x Pinaya |
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Saindo do isolamento: Bandinha recepciona motoristas em Pinaya. |
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Indo para o base |
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Casinhas de adobe igual há 500 anos atrás. Só os eucaliptos é que são de hoje. |
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Paula, Maximo e Angela, parceiros nesta empreitada. |