Blog do Pedro Hauck: 16 brasileiros no cume no Huayna Potosi, incluindo eu

2 de agosto de 2015

16 brasileiros no cume no Huayna Potosi, incluindo eu


Sim, foi este total de gente no cume de uma das montanhas mais desejadas dos Andes. Um numero que me deixou muito feliz orgulhoso, pois foram nossos alunos colocando em prática o que ensinamos ao longo destes 10 dias intensos.

Esta história começa com nossa ascensão ao acampamento alto da montanha, um caminhada que começa aos 4700 e termina aos 5300 metros, num refúgio exclusivo à nossa equipe. 

Como sempre nem tudo começa a mil maravilhas. Alguns alunos passaram mal na subida e chegaram lá muito cansados e com saturação muito baixa. Medicamos e ficamos na espera por melhoras, mas no meio da madrugada, na correria de aprontar tudo e subir eles não tiveram força ou animo de continuar. Fomos em 17 alunos, eu e o Maximo como guias e os assistentes bolivianos.

Na minha cordada fui com Felipe Magazoni e Willliams Oliveira, que foram meus alunos do curso de escalada em rocha e por lá já estão independentes, escalando sozinhos. Foi uma honra também ensinar a eles este mundo novo do gelo e da alta montanha.

Saímos às 1:30 da madrugada, num passo lento e contínuo que nosso amigo argentino Diego "Coco" Calabro chama de "Jamon y Queso". 

Após uma travessia diagonal longa começamos uma subida mais acentuada que começa ao lado de uma greta. Ali, o Williams parou por conta de sua forte tosse, que de tão forte o fez vomitar.

Ficamos ao lado da rota deixando as outras cordadas passar e fomos encontra-los mais tarde em campo argentino, onde outras cordadas, de expedições estrangeiras, nos passavam com velocidade. Hidratamos, comemos um chocolate congelado e continuamos rumo à Pala Chica.

"Pala" é um trecho mais vertical de escalada. Embora este primeiro escalão do Huayna tenha este nome "pequeno", ali é um gargalo. No ano passado muitas pessoas ficaram ali esperando e começaram a sentir frio e voltaram.

Ao chegar neste local nos deparamos com dezenas de pessoas esperando sua vez de subir. Eu fiquei muito bravo com alguns franceses que vieram atrás furando o caminho e passaram na nossa frente atropelando a todos, sem a mínima educação.

Quando entramos na Pala Chica, não perdemos tempo e rapidamente escalamos aquele trecho, parando para descansar no alto, onde me senti mais confiante por ter vencido aquele gargalo num horário ainda cedo.

A vantagem no tempo, no entanto, se tornou um contra tempo. O frio da madrugada aos poucos foi sugando a energia de todos, principalmente do Felipe que era o mais magro. Paramos algumas vezes para descansar, mas parar no frio da madrugada é muito custoso, pois a gente começa a congelar.
Por volta das seis da manhã o Felipe começou a pedir para desistir. Paramos um pouco mais e eu insisti para que ele continuasse, pois sabia que ao amanhecer um novo dia e novo animo nos dá energia que falta para chegar ao topo. No entanto o sol não vinha nunca, a madrugada parecia interminável. 

Numa destas paradas fomos alcançados pela Angela Santos e Marcos Cruz, que estavam com o guia Celestino. Acho que a reunião com outros companheiros foi fundamental para que Felipe desistisse da idéia de voltar. O sol nasceu para alegria de todos e começamos a subir a "Pala Grande", o trecho final de ascensão que neste ano não é pela estreita crista que tanto assustam os montanhistas.

Fizemos esta subida no passo Jamon y Queso, passando pelas cordadas que desciam, dentre eles nossos colegas, que deram o incentivo final para alcançarmos o cume. Chegamos lá com ele totalmente vazio e um solzinho tênue de uma bela manhã de inverno boliviano. Pouco depois de fazermos cume, tivemos a companhia de Juan levando mais três colegas: Rafael Penna, Jeni Valentin e Tatiana Batalha. Reunimos todos ali em cima para celebrar o bom resultado do curso.

De 19 alunos que subiram ao campo alto, 15 fizeram cume. No total foram 16 brasileiros, incluindo eu mais o Maximo, que é argentino. Talvez tenha sido um recorde tantos brasileiros num cume de montanha de altitude num único dia. Tenho orgulho de ter participado disso. Claro que não foram só eles. Também levei o Parofes em pó para o cume e lá soltei suas cinzas. Imediatamente a montanha deu sinal de vida e formou-se uma enorme avalanche perto de onde estávamos.

Alunos cruzam a represa de Zongo para começar a aproximação ao Acampamento Alto do Huayna Potosi.

Aproximação ao Acampamento alto do Huayna Potosi

Subida ao campo alto do Huayna

Subida ao campo alto do Huayna

Carregador

Represa de Zongo e Charquini.

Subida ao acampamento alto.

Maximo no refúgio alto.

Chegando ao acampamento alto.

Claudia Bento

Rafael e Felipe.

Antonio e Tiago.

Billy

Refúgio alto, 5300 metros.

Esperando o amanhecer.

Primeiros raios de sol.

Pala Grande antes do sol nascer.

Williams no cume.

Piolet de Parofes no cume.

Williams e eu no cume do Huayma

O estreito cume.

Vista para a cordilheira Real.
Parte do grupo no cume.

Nenhum comentário: