Por que motivos a sociedade, mesmo após tanto evolução
filosófica e civilizatória ainda convive e tolera a violência? O leitor mais
civilizado e adaptado às regras e leis dos homens pode contestar: A violência é
intolerável e criminosa, seja ela realizada pela força bruta ou verbal.
A penalidade contra os valores morais humanos, o patrimônio
e a violência em si justificam a aceitação da coibição feita pela própria violência.
Exemplos podem ser dados na vida privada das pessoas, aquele sujeito que traiu
a mulher, causa a ojeriza de todos no círculo de relacionamento dela e não é
incomum alguém desejar dar uma “coça” no traidor. Outros atos ainda mais
hediondos, como um homem que molestou uma jovem, causam sentimentos ainda mais
repulsivos, ao ponto de que muitos cheguem a desejar sua morte.
A violência é desejada e tolerada pela sociedade ocidental contemporânea,
mesmo após o processo civilizatório.
A violência é aceita como punição, feita pela dor e pela
humilhação. Ela, no entanto, não é aceita em qualquer ocasião. Ela é um ato
machista pois é uma ferramenta para defender a honra do homem e seu território.
Por isso, a covardia não é aceita, pois não é honrada.
Usando o mesmo exemplo anteriormente citado, um homem traído
não pode usar a violência contra sua mulher, mas pode contra seu amante, ainda
que ele não tenha culpa, ou consciência que participou de um adultério.
Estes fatos corroboram para a afirmação que a sociedade
ocidental, mesmo tão evoluídas em seus princípios e conceitos, evoluiu sobre
conceitos machistas, onde o mais forte prevalece sobre o mais fraco e até hoje
a violência, mesmo sendo proibida, é aceita.
A aceitação ao direito à violência permite resolver pendências
através da porrada à favor, mas também contra quem dela pratica. Logo, fica
demonstrado que prevalece lei do cão conta a razão e a lei dos homens. Ela é
injusta, pois o forte, mesmo estando errado, sempre vence.
Ainda que eu não concorde com o direito à violência e à
ignorância, é melhor quebrar um nariz (do outro) do que dar um murro na porta
de vidro, nunca, obviamente, aplicando a lógica do contrário.