No ano passado escrevi um artigo, baseado em minha percepção sobre como estava a escalada daquele momento e minha experiência com a escalada no passado. O cenário daquele momento era bem pior do que o de 4 ou 5 anos atrás.
Como indicativo tínhamos a possibilidade do fechamento da Casa de Pedra, o mais importante ginásio de escalada de São Paulo, sobrevivente de uma turbulência que fez fechar outros 4 ginásios no Estado. Os campeonatos estavam esvaziados, as pessoas desmotivadas, os picos de escalada já não tinham mais tantos freqüentadores como antes...
Para piorar nossa atividade estava sofrendo uma marginalização, pois é assim que eu interpreto as proibições das escaladas em áreas públicas como em parques. Só para citar uma breve lista tínhamos naquele momento todas diversas restrições impostas pelos órgãos que administram parques: P.E. da Pedra Azul, ES; P.E. Gruta do Monge, PR; P.E. da Gruta da Lapinha, MG; P.E Canyon do Guartelá, PR; P.N. do Iguaçu, PR; P.E do pico do Jaraguá, SP, entre outras proibições particulares.
Agora nos princípios da temporada de 2009, vejo que esta história começa a mudar e há vários indicativos para isso.
Para começar, os campeonatos voltaram. Este ano já foi realizado etapa do campeonato catarinense, paranaense, carioca (de volta em 2008 depois de anos sem realizações), mineiro (que contará com diversas etapas), brasiliense e agora o gaúcho, que no ano passado teve só uma etapa, realizada às pressas em Dezembro. Há ainda o boulder fest da Casa de Pedra, que não vale como paulista, mas terá uma premiação como há tempos não se via em campeonato.
Para melhorar ainda mais, neste ano tivemos duas re-inaugurações de ginásios de escalada, um em Curitiba (Estilo Aventura) e outro em Belo Horizonte (7 cumes).
Alguns lugares de escalada foram reabertos, como o Parque do Jaraguá em SP. Claro que a situação atual não é a melhor de todas, mas fica mais ou menos claro que a escalada tem momentos de alta e de baixa. Estive falando com o Eliseu Frechou e ele me disse que em sua escola de escalada ele observa estas tendências, que é quando ele não ministra cursos de escalada básico. De acordo com ele, o pior momento foi entre os anos 2003 e 2004, quando o país sofreu uma recessão pela troca de governo e o dólar chegou ao patamar dos quatro reais.
Fora isso há também a questão da moda. Há épocas que a escalada fica mais em evidência. Lembro-me que até 2003 a escalada era negócio e as marcas estavam na feira de esportes de aventura em SP, mas depois desapareceram... e a tal feira virou um espaço para corrida (gincana) de aventuras, que tem um apelo para os patrocinadores muito grande.
Se estamos melhorando ou não só o tempo dirá... Mas iniciativas como a do projeto pró-escalar certamente estarão dando um sangue novo, assim como pessoas de associações e clubes que passaram a estar mais atuantes promovendo mais atividades.
Há ainda muito que percorrer para que a escalada atinja um nível de destaque no mundo, mas alguns sucessos individuais, como o Felipe Camargo são boas amostras e uma aposta para o futuro.