Hoje teve a assembléia da FEPAM, onde, dentre várias coisas, escolheu-se uma nova diretoria. Agora estou oficialmente dentro da entidade, no cargo de diretor de escalada.
Pois é, quem te viu quem te vê! Sempre odiei trabalhos burocráticos. Não gosto de leis e regras e cá estou eu num cargo político que tem exatamente esta função. Será que mudei? Não, é uma necessidade!
Para quem tem uma boa base de educação e teve acesso à ela, ter uma conduta ética é (ou deveria) ser algo normal. Comigo é assim, ninguém teve que me ensinar a não jogar lixo no chão, a não fazer fogueira, a não fazer bagunça na montanha. Mas pra gurizada que está aí frequentando as Serras deste país é preciso ensinar até a amarrar as botas.
Fazer regras e cobrar que elas seja cumpridas é uma necessidade, pois a montanha está uma bagunça e seremos brevemente punidos por esta falta de educação se não tomarmos uma atitude.
Os fechamentos dos locais de escalada e dos parques de montanha tem tudo a ver com este problema. Pessoas mal preparadas resultam em absurdos, como os que ocorrem no Parque Nacional de Itatiaia. Eu fui sempre o cara que criticava, mas agora estou partindo pra ação e ter aceitado este cargo na FEPAM faz parte da minha indignação com estas coisas que estão acontecendo.
Participar da FEPAM significa trabalhar de graça, ou melhor, pagar para trabalhar. Eu não vejo desta forma, se hoje eu não fizer isso, no futuro meus filhos terão que trabalhar para resgatar o montanhismo, pois do jeito que está, nossa atividade será proibida nas montanhas que estão todas virando parque.
É um trabalho imenso a ser feito. Primeiro precisamos fazer que os clubes no Paraná voltem a ser clubes de fato, que tenham a possibilidade de formar novos montanhistas, de propagar a cultura da montanha e realizar a preservação das montanhas.
Hoje os jovens não estão mais indo ao clube. O montanhismo se individualizou e perdeu forças. Os parques estão fechando as portas ao montanhismo e não temos força para dizer que não somos os monstros que botam fogo na vegetação, que pixam as rochas e deixam lixo e fezes pelas trilhas.
A luta não é contra os farofeiros, mas sim contra nosso egoísmo. O farofeiro não é uma pessoa má, ele apenas quer diversão e paz como nós queremos, o que ele não sabe é que na montanha existe uma conduta, uma cultura, em que escalar não é tudo e que nesta conduta há uma série de comportamentos os quais o respeito ao próximo e à natureza está embutido.
Os clubes devem voltar a ser cheios. Devem ter atividades, gerar conhecimento e diversão. É assim que as coisas devem ser. Vejo as coisas sempre melhorando, só o montanhismo é que piora, isso tem que mudar!
Há vários projetos que desejo apoiar, dentre negociar a liberação da escalada no Parque Estadual da Gruta do Monge na Lapa. Para fazer isso já fiz contato com escaladores da cidade. Vamos ver o que o diretor do parque vai dizer. Com certeza teremos que trabalhar bastante, de repente criar uma associação na Lapa, adotar o parque pelo projeto Adote da CBME e liberar a escalada para quem é federado. Esta será a minha proposta, acho que só alguém muito insensível para dizer não.
Há muitos outros problemas. Os campeonatos estão vazios, não há escalada profissional, há pouca renovação no esporte. Há o problema da pedreira do Atuba que há pelo menos 12 anos vem sofrendo com problemas de assalto e que a prefeitura quer transformar em parque e que sabemos que se não tomarmos uma medida, irão destruir as vias como fizeram na Ópera de Arame e no Parque Tanguá.
Estou com muitas idéias e com vontade de contribuir. Se o montanhismo fez tanta coisa boa para mim, por que eu não posso também fazer algo de bom à ele?