Apesar das informações terem sidas quase todas dadas pela mídia não especialista, tudo me leva a crer que o acidente ocorreu pois houve um erro na confecção de um nó.
Eram cinco pessoas escalando em duas cordadas, depois que eles se reuniram numa parada, resolveram unir duas cordas e fazer um rapel mais longo e rápido. Acontece que ao invés de descer um escalador por vez, eles decidiram fazer um rapel simultâneo com uma pessoa em cada ponta de corda.
Um bom nó deveria aguentar o peso de duas pessoas, mas não foi isso o que aconteceu. Os sobreviventes, que ficaram presos na parada da via e foram resgatados com helicóptero, disseram que foi tudo muito rápido e que de repente a corda se soltou, ou seja, o nó se desfez.
Recentemente houve um outro acidente, em São Bento do Sapucaí em São Paulo, em que uma escaladora faleceu também por problemas ao fazer o rapel. Entretanto ao contrário deste caso a pessoa já tinha uma boa experiência, mas mesmo assim se descuidou na hora de fazer um nó, também de união, em um cordelete que era para ser usado como abandono em um rapel de emergência.
Além do erro na hora da confecção de um nó de união de cordas, outra coisa que têm em comum estes dois casos recentes é o fato deles terem ocorridos em vias longas o que talvez nos leve a interpretar que o escalador atual não tem um perfil de fazer escaladas em parede e falte talvez em sua formação informações sobre técnicas de escalada tradicional.
Esta minha opinião não é embasada somente nestas interpretações. Eu vejo que cada vez mais as pessoas aprendem a escalar em ginásio e estão habituadas a fazer vias difíceis, mas treme na base na hora de fazer algo menos protegido. Este escalador moderno sabe usar o gri gri como ninguém, mas acha inseguro usar um ATC.
Como resultado destes vícios na escalada esportiva, muitas vezes o escalador que deseja fazer algo mais aventureiro está preparado para fazer lances difíceis, mas não tem uma boa noção de como fazer um nó pescador duplo, Azelha, um nó UIAA para fazer um rapel de emergência ou um prussik para ficar parado num rapel ou para subir na corda quando precisar.
Não gosto de julgar as pessoas precipitadamente, mas pensando bem. Será que os escaladores mais jovens sabem ser "safos" numa parede?
Outras opiniões sobre o ocorrido nos blogs e sites:
Levi Rodrigues Luciano Fernandes Hilton Benke