E mais um ano termina e nesta época de passagem, quando todo
mundo dá para uma parada e descansada para começar o próximo ciclo, não dá para
não refletir sobre tudo o que aconteceu nas últimas 365 vezes que a Terra
rotacionou sobre seu próprio eixo.
Pois é, em 2018 completei 20 anos escalando montanhas. Não
que antes de 1998 eu não tenha feita nada. Na verdade já desde de 1994 eu
frequento trilhas, mas necessariamente para subir uma montanha. Antes disso eu
era muito novo, não tinha independência para escolher um lugar para viajar. Na
verdade quem fazia isso eram meus pais e eu apenas ia.
Foi em 1998 em que eu tomei as rédeas do meu destino e o que
era de principio uma fuga, se tornou minha vida, meu ganha pão, minha cultura e
minha maneira de ver o mundo. Tudo o que eu faço tem a ver com montanhismo,
minha vida se confunde com isso. São 20 anos me dedicando pra valer e fora isso
apenas 16 em que fazia isso e outras coisas mais. Pois é, também não sou tão
velho assim.
Acampando em 1998. Reconhece alguém? |
Entretanto em 2018 não escalei mais que outro anos. Em 2015,
por exemplo, passei mais noites numa barraca do que em minha casa. Neste ano
que se passou eu fiquei mais tempo em casa, trabalhando, ainda que meu trabalho
tenha a ver com montanha.
Passei 10 meses em casa tendo rotina, indo para meu trabalho
na Loja AltaMontanha. Neste ano vi a empresa que tenho com Rafael Wojcik e
Hilton Benke sair de uma casa, numa estrutura simples, para irmos para uma loja
de verdade, com uma estrutura digna de nosso tamanho e importância.
O bom disso é que pude escrever um livro sobre um pouco de minha trajetória nestas duas décadas de dedicação à montanha. Digo um pouco e já ficou com mais de 4 centenas de páginas. Trata-se do livro Arrisque-se, que tem um título, capa e histórias surpreendentes!
O bom disso é que pude escrever um livro sobre um pouco de minha trajetória nestas duas décadas de dedicação à montanha. Digo um pouco e já ficou com mais de 4 centenas de páginas. Trata-se do livro Arrisque-se, que tem um título, capa e histórias surpreendentes!
Leitora aproveitando o Livro Arrisque-se durante a aclimatação na montanha. |
Não tive muito tempo para me dedicar à minha outra empresa,
que tenho com minha mulher, Maria Tereza e meu amigo de infância, MaximoKausch, com quem comecei a escalar há 20 anos atrás. Estive à frente dos cursos
de escalada somente.
Não lembro quantos alunos eu tive em 2018, mas foram muitos
e foram motivo de orgulho, pois os vejo se desenvolverem nas rochas , se
desafiando e indo além.
Neste ano tirei minha cerificação de Instrutor de escalada
pela AGUIPERJ, Associação de Guias e Profissionais de Escalada do Rio de
Janeiro. Foi uma prova difícil, desafiadora. Tive que estudar de verdade, ficar
lembrando de nós e procedimentos e ainda viajar até o Rio fazer a prova com
outras pessoas super talentosas.
Durante a avaliação da AGUIPERJ no Rio |
Mas o ápice do ano foi ter escalado minha primeira montanha de 8 mil metros, o Manaslu, de 8163 metros de altitude. Todo mundo que sobe montanha um dia sonha em poder escalar pelo menos um dos 14 8 mil e neste ano pude ver o que é a altitude extrema, ter que usar oxigênio, fazer ciclos de aclimatação e conviver com sherpas e estrangeiros. Foi uma experiência incrível! Mais do que isso, eu fui líder da expedição e discuti estratégias que felizmente fez todo mundo chegar no cume. Eu e meus amigos Claudinha e Bernado.
Não éramos os únicos no Manaslu. Dividimos a expedição com
os clientes do Arnold, um amigo holandês que vive no Nepal. Além dos
brasileiros, que eram maioria, havia um belga, um espanhol que vivia na
Inglaterra, uma Jordaniana que mora nos Emirados Árabes, outro holandês e sua
esposa finlandesa. Uma salada mista que se entendeu, criou laços e curtiu
juntos o cume da oitava montanha mais alta do mundo.
Só não fomos os primeiros a chegar no cume pois horas antes
o espanhol Sergi Mingote e o brasileiro
Moeses Fiamoncini chegaram ao cume sozinhos ao lado de Kami Rita Sherpa.
E 2019?
Bom, sigo mais leve após ter cumprido este projeto que tanto
me consumiu que foi escalar o Manaslu.
Cume do Manaslu com Karma Sherpa |
Também não posso deixar de falar na maravilhosa experiência que vivi viajando sozinho pela China, um país que sempre sonhei em conhecer.
Agora, mais leve, pretendo dividir melhor meu trabalho de
guia de montanha e de empresário de loja de equipamentos de montanha. Pretendo
no ano que vem estar mais perto de minha mulher, a Maria Tereza, mas mais longe
de vocês. Vamos guiar roteiros distantes, conhecer novos países, visitar nossos
irmãos que moram longe há bastante tempo.
Espero que o próximo ano seja de realizações como foi este
ano, mas um pouco mais fácil.
Feliz 2019 para todos nós!