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Cansado dos dias anteriores, levando tarde, ajudado pelo
fato que ninguém dividiu o quarto comigo.
Deixo o hotel apressado e dirijo-me ao metrô, onde compro o
ticket para uma das estações mais distantes da rede. Zhujiajiao, localizada uns
60 km do centro de Shangai. Troco de trem da linha 7 para a linha 2 e na estação
de trem de Honqiao, onde no dia seguinte continuaria minha viagem até Ningbo,
pego a nova linha 17, que ficou pronto neste ano de 2018.
O metrô no começo é subterrâneo, mas após afastar-se do
centro urbano ele emerge na superfície e posso pela primeira vez ver como é o
subúrbio de Shangai. Pequenas vilas com sobrados grandes ao lado de canais se
repetem aos montes entremeados por campos de arroz. Novos condomínios gigantes,
com centenas de apartamentos surgem do lado, interligados por avenidas
espaçosas e bem equipadas com canaletas de ônibus e ciclovias. São cidades
completas criadas em meses com parques, fábricas e agora estação de metrô. Não
vejo pobreza, não há favela. Tudo é planejado e moderno.
Em cerca de uma hora o trem chega na estação de Zhujiajiao,
que é a penúltima da linha e quase todos saem na estação. No lado de fora, um
lago com um jardim bem ornamentado e cheios de carpas compõem o paisagismo.
Caminho numa avenida arborizada e florida apenas seguindo a
multidão. Atravesso a avenida e pego uma perpendicular, que apesar de seguir o
mesmo paisagismo, tem um comercio mais simples, com borracharia, lojas de
ferragens e mercadinhos.
Após caminhar por cerca de 1 km, chego em um centro
comercial e apenas seguindo a multidão chego em um local com lojas ornamentadas
no estilo arquitetônico tradicional chinês. Paro em um restaurante, onde peço
um Pato com molho agridoce e um tipo de teppaniaki com lula, mariscos e outros
frutos do mar. Estava ótimo!
Após o almoço, continuo caminhando pela rua exclusiva de
pedestres e chego em um canal que é cruzado por uma ponte de pedra. Há uma
grande multidão e na ponte, guardas falam no microfone algo que não entendo.
Pelo tom e pelos apitos concluo que não permitem que as pessoas parem na ponte,
pois o tráfego de gente acaba ficando todo congestionado.
Ruinha estreita |
Após cruzar a ponte, chegamos numa ilhota, onde as partes de
trás das casas são voltadas para o canal e na parte da frente há lojinhas e
restaurantes vendendo os mais diversos tipos de comidas exóticas. A rua, que
deve ter no máximo 3 metros de largura é congestionada.
Dobrando uma esquina, a ruinha acaba se tornando uma
marginal que circula um dos canais, onde avisto pela primeira vez gôndolas. Os
canoeiros, com chapéus triangulares, estilo Vietnam, navegam com turistas
chineses pelos canaizinhos. É uma perfeita Veneza, mas com arquitetura
completamente oriental.
Não me resta opção senão observar. Restaurantes há aos
montes. Servem caranguejo, lagosta e outros crustáceos. Não é barato. Um café
custa custa mais de 20 reais, um sorvete também. Fico com um refrigerante de 5,
para refrescar a garganta do calor que faz.
No entanto a Veneza chinesa não é totalmente histórica. A
ruinha que serpenteia o rio é cruzada por uma avenida moderna. Várias outras
ruinhas terminam em estacionamentos e por um tempo fico procurando a
Zhujiaojiao original, que encontro voltado pela primeira ponte que cruzei e
sigo paralelo ao canal. Lá encontro templos e outras pontes finamente
ornamentadas.
Gondolas de Zhujiaojiao. |
Comidas chinesas |
Comidas chinesas |
Uma das pontes de Zhujiaojiao |
Uma das pontes de Zhujiaojiao |
Canais de Zhujiaojiao |
Canais de Zhujiaojiao |
Canais de Zhujiaojiao |
Modelo com roupas tradicionais. |
Canais de Zhujiaojiao |
Arquitetura tradicional. |
Em Zhujiaojiao encontrei escorpião para comer. No entanto isso não é comum na China. É mais para turista ver. |
Jogo do Shangai em seu belo estádio. |
Zhujiajiao tem 1700 anos! Porém sua parte antiga é pequena
se comparado à Veneza italiana e no meio da tarde já sinto vontade de voltar à
Shangai. No entanto, como há tempo e o Marcos Costa, escalador teresopolitano
que morou na China por mais de 10 anos, apareceu online no meu Facebook, resolvo
perguntar onde há em Shangai uma loja de equipamentos de montanha. Ele me passa
o endereço e eu decido fazer uma espionagem industrial.
Acabo comprando o bilhete do metro para ir para a Sanfo, em
outra parte da cidade, na frente do maior estádio da cidade. A loja de
equipamentos de montanha me surpreendeu pelos preços altíssimos. Até pretendia
comprar uma calça, mas pagar R$1.000,00 me afugentou. Por outro lado me levou
de volta à frente do estádio, onde havia uma concentração de torcedores com
camisetas vermelhas. Um cambista me ofereceu um ingresso por 100 maos, achei o
preço razoável e comprei. Vou assistir um jogo do Shangai, time onde joga Oscar
(aquele que marcou o único gol brasileiro no 7x1 em 2014), Hulk, Elkerson e o
argentino Conca, que jogou no Fluminense.
O Estádio era impressionante. Dentro dele tem um ginásio de
escalada! No entanto, aproveitei o banco mais para descansar do que para ver o
jogo. Como era noite e dia no Brasil, pude conversar com várias pessoas, mas
deixei o estadio antes do fim, para não chegar muito tarde no Hostel. O jogo
terminou em 5x0 para o time local, que com o resultado passou para a liderança
do campeonato chinês.
O dia seguinte prometia. Iria pela primeira vez fazer uma viagem de trem pela China. Percorrendo cerca de 400 Km até a cidade de Ningbo, onde fica a sede da NatureHike, empresa de equipamentos de montanhismo e trekking a qual temos grande parceria. Melhor não acordar tarde!
:: Continua
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